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Opinião

O que permitiu ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

O que permitiu ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

Artigo por RED
08/01/2023 18:29 • Atualizado em 09/01/2023 18:15
O que permitiu ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

De NUBIA SILVEIRA*

Os governos federal e do Distrito Federal sabiam que 100 ônibus, com bolsonaristas radicais e golpistas, se dirigiam a Brasília para protestos nada democráticos. Isso leva a crer que a inteligência dos serviços de segurança funcionou corretamente. Tanto que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino,  autorizou, no sábado, 7, o  uso da Força Nacional para coibir os atos dos cerca de 4 mil brasileiros e brasileiras que ainda não aceitam o resultado das eleições presidenciais. Estes terroristas antidemocráticos, logicamente, liderados e orientados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, seus filhos, apoiadores e seguidores com dinheiro no bolso para sustentar tais atos, que não saem baratos, pretendem manter no poder o “mito” que destruiu o país em apenas quatro anos.

As imagens, mais chocantes do que as do ataque ao Congresso norte-americano, em 6 de janeiro de 2021, pelo número de envolvidos no  protesto e pelos ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, são e estão sendo possíveis porque as forças policiais civis e militares ainda abrigam grande número de bolsonaristas.  Este ataque já vinha sendo anunciado desde a campanha eleitoral: se o ex-presidente perdesse o pleito, seus seguidores tentariam entrar no Congresso, a exemplo do que fizeram os terroristas comandados por Donaldo Trump. Eles querem demonstrar força, provocar balburdia, confrontar-se com os democratas, exibir mortos e feridos, que se tornarão seus mártires e heróis. Tudo isto, comandado por um morto – Olavo de Carvalho, que aconselhava os brasileiros a seguir ações realizadas em outros países – e um muito vivo – Bolsonaro – que incita os atos de longe, em Orlando, nos Estados Unidos, protegido na residência de um casal que fraudou o Auxílio Brasil.

Por que as forças de segurança falharam contra os terroristas bolsonaristas?  Para mim, a explicação é uma só: porque tanto o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, aliado de Bolsonaro, quanto os policiais civis e militares de Brasília, que ainda contam com grande número de bolsonaristas, seguem rindo, fazendo selfies, sem tomar qualquer atitude frente aos que bloqueiam estradas, atacam e destroem prédios palácios considerados patrimônio histórico do país.

Do meu ponto de vista, o de uma simples eleitora democrática, a outra falha se deve ao comportamento do governo federal, recém-empossado, que ainda não teve tempo para mexer nas bases das polícias federais. Tratar vândalos, antidemocráticos e terroristas com luvas de pelica e acreditar que um governador, que ajudou a colocar no Planalto um capitão autoritário e reelegeu-se grudado na imagem do capitão é pura ingenuidade, algo que nunca se admitiu e não se admite em política. Por que não foram convocados  já no sábado a Polícia, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional, para fazerem a defesa dos Palácios?

E onde está – até este momento, 18h, de domingo, 8 – o ministro da Defesa, José Múcio? Ele segue achando que estes ataques são protestos puramente democráticos, dos quais familiares e amigos seus participavam/participam? Nós, que defendemos a democracia, devemos estar cientes da força destruidora do bolsonarismo, de sua organização e capacidade de manter desocupados prontos a se dedicar apenas a atos antidemocráticos. Eles não precisam se preocupar em trabalhar, já que são mantidos por empresários, que defendem um governo autoritário, que trabalha para manter os privilégios da classe alta, sem pensar nos desfavorecidos.


*Jornalista, trabalhou em jornal, TV e assessoria de imprensa, em Porto Alegre, Brasília e Florianópolis. Foi repórter, editora e secretária de redação. É coordenadora do programa Espaço Plural da RED – Rede Estação Democracia.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

 

 

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