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Macron, a Frente Popular e a extrema direita

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Macron, a Frente Popular e a extrema direita
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Por Celso Japiassu* Macron alertou que o "aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo" e que os resultados das eleições europeias foram "um desastre que não pode ser ignorado".  Uma vitória do RN poderia "bloquear" a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa. As próximas eleições na França, a se realizarem em dois turnos, neste domingo 30 de junho e em 7 de julho, serão um momento crucial para o país e para a Europa. O presidente Emmanuel Macron enfrenta o desafio do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen. Após a derrota do seu partido nas eleições europeias de 2024, o presidente francês tomou uma decisão ousada: dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, numa manobra de alto risco visando recuperar o controle do Parlamento, atualmente dominado pela oposição de extrema-direita. O RN, que vem ganhando força nos últimos anos, lidera as pesquisas de intenção de voto, com projeção de obter 35% dos votos, mais que o dobro da coligação de Macron. Em segundo lugar encontra-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular, com 29,5%. O partido de Macron tem 19,5% das intenções de voto. Este resultado consolidaria o RN como a principal oposição a Macron, que já declarou não ter a intenção de renunciar e vai cumprir seu mandato até o fim. A ascensão da Extrema-Direita O candidato do RN, Jordan Bardella, de 28 anos, é definido pela revista Le Nouvel Observateur como uma "armadilha" para os eleitores franceses. Apesar de uma imagem mais refinada do que a de sua líder Marine Le Pen, Bardella carrega o mesmo nacionalismo arcaico e a xenofobia do partido. No entanto, o RN tem conseguido atrair um apoio crescente, inclusive de setores da elite econômica francesa, tradicionalmente avessos às ideias do partido.  Isso mostra que Bardella e o RN têm conseguido trabalhar sua imagem e derrubar as últimas barreiras ao seu avanço. O documentarista Pierre-Stéphane Fort pesquisou os lados ocultos de Bardella e escreveu o seu perfil: "A sua ascensão na política francesa é um conto de fadas sombrio, um caminho pavimentado com oportunismo e traição, uma ambição que o consome. Acima de tudo, Bardella é um produto de marketing com um impacto retumbante, adaptado aos desejos da sua amante, Marine Le Pen". A vitória do RN representaria um cenário inédito de "coabitação" na França, com um partido de extrema-direita governando e escolhendo os ministros, em oposição ao presidente Macron, trazendo sérias implicações, tanto para a política interna francesa quanto para a posição do país na União Europeia. Macron alertou que o "aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo" e que os resultados das eleições europeias foram "um desastre que não pode ser ignorado".  Uma vitória do RN poderia "bloquear" a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa. A vitória do RN significaria a consolidação da Extrema-Direita, pois o partido obteria maioria absoluta, permitindo-lhe governar e escolher os ministros, em oposição ao presidente Macron. Isso pode ter sérias implicações para a política interna francesa e para a posição do país na União Europeia. Uma vitória do RN pode "bloquear" a União Europeia, de acordo com Macron. Isso pode levar a uma redução da influência francesa na UE e a uma maior fragmentação política no continente. O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso pode incluir cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista. O RN tem também uma história de críticas a direitos humanos, incluindo a imigração, a igualdade de gênero e a liberdade de expressão. Uma vitória do partido pode levar a uma redução dos direitos humanos na França e na UE. Manifestações Milhares de manifestantes saíram às ruas para se opor ao avanço da ultradireita, sinalizando uma maior polarização política e a desestabilização do sistema político francês. Grandes passeatas de mulheres convocadas por associações feministas, sindicatos e ONGs foram às ruas no domingo passado em Paris e outras cidades em protestos contra o RN e suas anunciadas políticas de extrema direita. A população francesa está reagindo com um misto de emoção e preocupação. O ex Presidente francês François Hollande vai concorrer às eleições, apoiando a criação da nova Frente Popular, num esforço de contrabalançar o crescimento da extrema-direita. O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso inclui cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista. Essas reações demonstram a complexidade e a importância dessas eleições. A Frente Popular está se preparando com uma estratégia que inclui a aliança entre o Parti Socialiste (Partido Socialista), a France Insoumise (França Insubmissa), o Parti Communiste (Partido Comunista) e Les Écologistes (Os Ecologistas). As chances da esquerda são incertas e dependem de várias fatores, incluindo a unidade dos partidos e a capacidade de apresentar um candidato único forte. Embora os líderes dos principais partidos de esquerda tenham anunciado a formação da aliança, a escolha de um candidato único ainda não foi definida. A unidade da esquerda será essencial para seu desempenho, mas a falta de um candidato único e a divisão entre os partidos podem prejudicar a coalizão. Além disso, a escolha de um candidato que não tenha legitimidade para chegar a primeiro-ministro pode também afetar as chances da esquerda. *Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Foto:  Marine Le Pen e Emmanuel Macron -  Elle France - Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Quem é Kaja Kallas, a próxima ministra dos Negócios Estrangeiros da UE que “come russos no café da manhã”?

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Quem é Kaja Kallas, a próxima ministra dos Negócios Estrangeiros da UE que “come russos no café da manhã”?
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Traduzido do RT News A primeira-ministra estoniana, pouco conhecida no cenário internacional antes de 2022, se tornou um dos aliados mais confiáveis do regime de Kiev e um de seus mais duros críticos da Rússia após o início do conflito ucraniano. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, foi indicada pelos líderes dos países da União Europeia para o cargo de nova Alta Representante do bloco para Relações Exteriores e Política de Segurança, substituindo Josep Borrell. Após uma votação no Parlamento Europeu para aprovar a decisão em julho, ele assumirá o cargo no outono. Classificando sua nomeação como uma "honra", Kallas disse que era "uma enorme responsabilidade neste momento de tensões geopolíticas". "A guerra na Europa, a crescente instabilidade na nossa vizinhança e a nível mundial são os principais desafios da política externa europeia. O meu objetivo será trabalhar no sentido de alcançar a unidade da UE, proteger os interesses e valores da UE no contexto geopolítico em mutação e construir parcerias globais.», ela escreveu em sua conta no X. Postura excessivamente crítica em relação à Rússia  Kallas, de 47 anos, se tornou a primeira mulher primeira-ministra da Estônia em janeiro de 2021. Pouco conhecida no cenário internacional antes de 2022, desde o início do conflito ucraniano ela se tornou uma das aliadas mais confiáveis do regime de Kiev e uma de suas críticas mais duras à Rússia. Ela chamou repetidamente Moscou de uma ameaça constante à segurança dos países ocidentais. Ela também pressionou por uma proibição em toda a UE de vistos de turista para cidadãos russos, declarando que "visitar a Europa é um privilégio, não um direito humano". Ela também apoiou e promoveu a demolição de monumentos soviéticos na Estônia dedicado aos soldados que caíram na luta contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Por isso, em fevereiro deste ano, o Ministério do Interior russo a incluiu na lista de procurados. "Ele gosta de comer russos no café da manhã" Em março passado, o jornal Político, citando um funcionário da UE não identificado, relatou que a ideia de Kallas servir como diplomata da UE "permanece sensível" em várias capitais da UE por causa de sua postura excessivamente crítica em relação à Rússia. "Vamos realmente colocar alguém que gosta de comer russos no café da manhã nessa posição?", teria dito o funcionário. Em resposta, a presidente postou uma foto de seu café da manhã nas redes sociais, composto por iogurte com granola e mirtilos e uma bebida. "Meu café da manhã, queridos leitores do Político", escreveu. Envio de tropas para a Ucrânia não está descartado  Como um aliado ferrenho de Kiev, Kallas é a favor do envio de tropas para a Ucrânia. Afirmando que os países ocidentais "Não deve ter medo" de se opor à Rússia e "não deve ter medo de seu próprio poder". Em março, ele também recusou garantir que os militares estónios não seriam enviados para a zona de conflito. "Não faço tais promessas, porque as circunstâncias podem mudar", disse, sublinhando que vários países ocidentais já estão prestando assistência militar à Ucrânia, sobretudo com treinmento. Escândalo sobre os negócios do marido na Rússia Recorde-se que, em agosto de 2023, a primeira-ministra esteve envolvida num escândalo relacionado com os negócios de seu marido, Arvo Hallik, que, de acordo com vários relatos, continuou a trabalhar com a Rússia após a eclosão das hostilidades. A mudança provocou uma onda de acusações de "hipocrisia" sobre os contínuos apelos do governo estoniano para que as empresas estonianas cortem os laços com Moscou. Também houve pedidos para que ela renunciasse ao cargo. No entanto, Kallas disse que não tinha o que fazer com o trabalho do marido e recusou demitir-se, negando qualquer irregularidade. Foto: Kaja Kalas - Primeira-Ministra Estoniana - Pinterest Publicado originalmente no RT News - https://actualidad.rt.com/actualidad/514385-quien-kaja-kallas-jefa-diplomacia-union-europea-desayunar-rusos

Politica

Moradores de rua e a crueldade sem limites

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Moradores de rua e a crueldade sem limites
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Por Adeli Sell* Do dia para a noite, centenas de porto-alegrenses - que tinham conquistado um abrigo - foram deixados ao deus-dará pelo governo local. A Prefeitura rompeu o contrato, e não deu explicações. Isto depois de um incêndio numa das pensões que serviam de albergue ter matado 10 pessoas. Com as enchentes vê-se novos ocupantes de calçadas e viadutos. E faz um frio danado de "renguear cusco" na capital dos gaúchos. E não é "fake news" quando você ler por aí que a "Câmara de SP aprova em 1ª votação projeto que prevê multa de R$ 17 mil a quem doar comida a moradores de rua". É a mais pura verdade. O papo é que “dar comida na rua faz a pessoa querer ficar na rua". Isto até pode ter sido em tempos pretéritos, mas na realidade atual, de quatro tenebrosos anos de bolsonarismo no país, de governos de extrema-direita nos municípios, onde apenas o Capital é valorizado, e o ser humano, desprezado, trata-se uma crueldade sem limites. Já lemos que depois do Katrina, em New Orleans, houve uma gentrificação brutal, expulsando negros e pobres, dando mais espaço para que a construção imobiliária extraísse mais valia daquela cidade. Aqui no Brasil quem tenta mandar são os capitalistas selvagens. É mais do que hora de aprofundar a cobrança de impostos dos mais ricos, impostos sobre grandes fortunas, livrando os pobres dos impostos sobre a comida. O foco do governo Lula em relação aos danos das enchentes no Sul é dar uma casa a todos aqueles que a perderam. E isto está certo. Vamos estar atentos. Uma existência digna para a pessoa humana é ter o mínimo existencial que começa com uma casa para morar. Morar nas ruas é uma crueldade sem limites. Esta é uma luta essencial. Estou nela!  *Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito, vereador. Foto: Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Comunicação e Mídia

PROGRAMAS – DE 28 DE JULHO A 5 DE JULHO

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PROGRAMAS – DE 28 DE JULHO A 5 DE JULHO
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Por Léa Maria Aarão Reis* *Meio milhão de pessoas estão morrendo de fome na Faixa de Gaza neste momento. Não comem há dias. Muitas crianças e inúmeros idosos entre eles. Segundo a ONU, estão em “regime de alerta vermelho de insegurança alimentar”, eufemismo para famélico, esfomeado. *Um dos programas prioritários desta semana: acompanhar o desenrolar do retorno de Julian Assange para Canberra, na Austrália. Sobre o acordo firmado entre a justiça estadunidense e a sua defesa, a jornalista independente Caitlin Johnstone escreveu no seu blog um texto que não deve nem pode ser ignorado. O título: Liberdade não significa justiça para Assange nem fim de perseguição a jornalistas. A Luta Continua. Ela ressalta: “Justiça seria desculpas formais a Assange e a sua família por parte dos conselhos editoriais de todos os principais meios de comunicação que fabricaram consenso para a sua perseguição cruel – incluindo e especialmente o The Guardian – e a completa destruição das reputações de todos os jornalistas prostitutos que ajudaram a difamá-lo ao longo dos anos”. Texto no Viomundo e na revista eletrônica Diálogos do Sul em parceria com Opera Mundi (link aqui). *Do jornalista Moisés Mendes: “Assange livre é um constrangimento para a farsa das liberdades defendidas pelos jornalões com o mesmo molde do discurso bolsonarista. Procurem nos editoriais de Folha, Globo e Estadão, paladinos da liberdade de imprensa (para grampear Dilma), uma linha, uma só, sobre a libertação de Julian Assange”. *Do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST, João Pedro Stedile sobre a liberdade do jornalista australiano de 52 anos: “Foi um presente a todos militantes brasileiros que lutaram por sua liberdade e contra toda forma de imperialismo”. *Da advogada Stella Assange, companheira do australiano, em seu depoimento no documentário Ithaka – A Luta de Assange, exibido nos cinemas em agosto de 2023; e seria oportuno reprisá-lo agora: “O que este caso significa para a liberdade de imprensa? Que jornalismo é crime? É controlar a democracia? O que está em jogo é a liberdade de imprensa em todo o mundo. A extradição de Assange é o colapso do poder do jornalismo”. *Segundo o WikiLeaks, Julian Assange passou mais de cinco anos na prisão de segurança de Belmarsh em uma cela de 2×3 metros e isolado 23 horas por dia. *Outro programa dessa semana é acompanhar a retaliação do governo russo reagindo à censura dos meios de radiodifusão originários da Rússia no Velho Continente: Voice of Europe, Izvestia, RIA Novosti e Rossiyskaya Gazeta. Em contrapartida, 81 meios de comunicação europeus foram cortados do território russo pelo governo do país. Entre eles, os portugueses RTP, Publico, Expresso e Observador. Os meios europeus divulgam sistematicamente informações falsas sobre o desenrolar da operação especial na Ucrânia, denuncia Moscou. *Após passar por Santa Catarina, o grupo da Comissão do Conselho Nacional de Direitos Humanos coordenado pelo Conselheiro Carlos Nicodemos, presidente da Comissão de Litigância estratégica do CNDH, passou a última semana no Rio de Janeiro investigando denúncias sobre o crescimento exponencial de discursos de ódio e manifestações neonazistas, nos últimos anos, período do governo J. Bolsonaro. No Sul, onde esteve antes de chegar ao Rio, o grupo ouviu relatos de professores perseguidos por pais de alunos, diretores de escolas, prefeitos e políticos de partidos à direita e suas ações violentas de racismo e homofobia. Hoje, às 10 horas, na ABI/Associação Brasileira de Imprensa, que solicitou a investigação, será realizada uma Roda de Conversa com Comunicadores Sociais encerrando o trabalho da Comissão no estado. *A Arte da Crítica é o título do livro de autoria de Luiz Zanin Oricchio, um dos principais críticos de cinema do Brasil, recém-lançado. A partir de sua experiência de mais 30 anos como crítico, e da cobertura de festivais no país e lá fora, Zanin procura responder, com seu estilo leve, porém elaborado, certas questões centrais sobre o tema: o que é a crítica de cinema? Qual é a sua finalidade? Qual o estilo de texto de uma crítica? O que é preciso para ser um crítico? (EditoraLetramento). *Outro lançamento precioso: a edição bilíngue, russo-portuguesa, de Maiakovski, Eu! É o primeiro livro do poeta precedido de alguns poemas anteriores às primeiras publicações do seu trabalho, em 1913. Tradução e Notas de Astier Basílio (Editora Arribaçã, de Cajazeiras, Pernambuco). *O Grupo Autêntica marca presença na terceira edição da Feira do Livro, promovida pela Quatro Cinco Um e pela Maré Produções Culturais, atésete de julho, na Praça Charles Miller, defronte do estádio do Pacaembu, São Paulo. Na tenda 49 da editora estão sendo realizados encontros com escritores e sessões de autógrafos. *Uma leitura sugerida pelo professor da PUC/SP e ex-Procurador do estado de São Paulo, Pedro Serrano, durante a sua excelente aula sobre O crescimento da extrema Direita: o volume O Estado Dual, de Ernst Fraen Keal, em tradução de Pedro Davoglio, lançado no Brasil em janeiro passado. Um dos temas principais da dissertação de Serrano e do livro mencionado é a análise da nova forma de autoritarismo que surge “por dentro da lei” e o conceito de “inimigo interno” (Editora Contracorrente). Veja Também:  General é preso na Bolívia após tentativa de golpe *Exposição Cantos, Cores e Telas – Tecnomacumba, de Rita Benneditto pelo traço de Fernando Mendonça, reinaugurando o Museu da História e da Cultura Afro-brasileira/MUHCAB, na região portuária do Rio de Janeiro. Tecnomacumba é o título do álbum de Rita Benneditto. E Fernando Mendonça cria algumas das suas obras ao vivo, no palco, simultaneamente às apresentações da cantora. *Programa importante: o 8ª Encontro Nacional de Comunicadores e Ativistas Digitais para jornalistas, comunicadores populares, acadêmicos e estudantes. Regulação das plataformas será um dos principais e urgentes assuntos a debater assim como o fortalecimento das mídias alternativas e comunitárias, os jovens nesse contexto e comunicação e desafios da inteligência artificial. De 5 a 7 de julho. Imperdível. No Auditório Sindicato Jornalistas/SP. *Quais e quantas combinações são possíveis entre o marxismo e a ciência política? No volume Marxismo e política: modos de usar, o cientista político Luis Felipe Miguel debate a importância do marxismo na análise da política. Na apresentação da Editora Boitempo escreve Andreia Galvão: “A obra busca introduzir e enfatizar a utilidade desse marco teórico para a produção de uma ciência política capaz de entender o mundo social e orientar a ação nele. Ao longo dos nove capítulos, o autor cruza diferentes temas da tradição marxista com o campo da ciência política como as classes sociais, o Estado, o gênero, alienação e fetichismo e muitos outros. O autor é da Unicamp e é professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades. *Mais uma pauta de costumes que brota de repente, na Câmara dos Deputados, tirada do bolso com o objetivo de provocar: o projeto que diminui a idade legal para o trabalho infantil, no país, de 16 para 14 anos. Lembra a jornalista Patrícia Faerma no GGN: “Após o polêmico projeto de punir mulheres por aborto como homicídio, inclusive crianças e vítimas de estupro, a Câmara traz em sua agenda de votações outra polêmica: a de permitir que adolescentes de 14 anos de idade trabalhem. Os deputados querem descriminalizar o trabalho infantil, como é definido hoje pela Constituição brasileira o trabalho de crianças e adolescentes até os 16 anos de idade. Em países mais desenvolvidos, a idade mínima para o emprego é de 17 anos”. *No Clube de Leitura do site Fronteiras+ está disponível A vida mentirosa dos adultos, de Elena Ferrante, pseudônimo da escritora italiana cuja identidade é mantida em segredo. Ferrante é autora de oito romances e de alguns livros de não ficção com cerca de 12 milhões de exemplares vendidos. Está traduzida para mais de cinquenta países. *Estreando esta semana nos cinemas, o primeiro longa-metragem de Alex Carvalho, Salamandra. No filme, Marina é Catherine, uma francesa que chega ao Brasil. Hospedada em Recife, onde mora sua irmã (Anna Mouglalis), ela conhece o jovem Gil (Maicon). O colonialismo é retratado no livro que inspirou o filme, de Jean-Christophe Rufin, La Salamandre. Rodado em Olinda e em Recife. *Leitura recomendada e destaque nas prateleiras das livrarias do Rio de janeiro, o volume 8/1, A Rebelião dos Manés – Ou Esquerda e Direita nos Espelhos de Brasília, de Pedro Fiori Arantes, Fernando Frias e Maria Luisa Meneses. *Na análise do livro, o professor aposentado do Departamento de Sociologia da Unicamp, Laymert Garcia dos Santos, escreve no blog do Instituto Humanitas Unisinos: “Os manésse sentem heróis de uma guerra contra o establishment, acreditam piamente na pantomima canalha de Bolsonaro contra “o sistema”, desejam intensamente uma ruptura constitucional em favor de uma regressão colonial. E nem mesmo seu abandono pelo líder máximo e pelas “forças da ordem” os fará acordar para o fato de terem sido usados e abusados o tempo todo. São pobres coitados fazendo selfies na beira do abismo, imaginando que a batalha estava ganha com a ocupação e depredação consentidas das instalações dos Três Poderes da República” (Editora Hedra). *A escritora mineira de Divinópolis, Adélia Prado, de 88 anos, venceu a edição deste ano do prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Uma das mais sensíveis poetas da língua portuguesa no Brasil, Adélia estreou com Bagagem e O Coração Disparado. Os volumes O Pelicano e Vida Doida acompanharam outros dos seus livros em prosa e para crianças. No ano passado Adélia foi Prêmio Jabuti. *Léa Maria Aarão Rei é jornalista

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A Fraport Contribuiu para o Agravamento da Inundação

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A Fraport Contribuiu para o Agravamento da Inundação
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Por Solon Saldanha* A denúncia é muito grave, mas vem acompanhada de documentação que comprova a veracidade dos fatos, assegura o deputado estadual Matheus Gomes, que é quem a está fazendo. Segundo ele, a Fraport, empresa alemã que assumiu o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em 2017, contribuiu para que o alagamento da região onde está instalado fosse muito mais extenso do que poderia ter sido, na última enchente. Teria agido priorizando interesses financeiros, reduzindo o valor que deveria ser gasto na implementação das mudanças da estrutura que assumiu, tudo com a conivência da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Engenheiros do antigo DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que foi extinto no mesmo ano em que a Fraport chegou a Porto Alegre, elaboraram na ocasião uma série de diretrizes que a empresa deveria seguir, para garantir e qualificar o sistema de prevenção contra cheias, que atravessa a área do aeroporto. Temos naquele território a Casa de Bombas Silvio Brum, um dique e ainda o conduto forçado do Arroio Areia. Entretanto, os alemães não realizaram obra alguma e nem sequer disponibilizaram quaisquer dados técnicos para a prefeitura. Além disso, se recusou a aceitar fiscalização por parte da administração pública municipal, que de forma surpreendente se curvou a isso. O que a Fraport fez foi criar um sistema de drenagem paralelo e concorrente ao então existente. Algo simplificado, economizando recursos, sempre com a conivência de servidores públicos que ocupavam cargos comissionados, os CCs. Na hora de ser feita a análise dos projetos da empresa, por exemplo, no ano de 2018, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental teve essa atribuição interrompida por ordem expressa de um desses elementos, o então coordenador jurídico da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. E a Fraport iniciou as obras sem aprovar o projeto de drenagem. Técnicos do município só puderam acessar o local entre 2021 e 2022, com tudo concluído de forma errada. Com isso, o volume de água que o aeroporto “descarregaria” tanto no Arroio Areia quanto no Rio Gravataí, com efeito danoso sobre o escoamento, nunca foi estimado. Como consequência temos a casa de bombas número seis de tal forma sobrecarregada que se tornou ineficiente na proteção das avenidas Severo Dullius e dos Estados. O Jardim Floresta passou a ser vitimado constantemente por alagamentos. E os moradores de áreas adjacentes passaram a viver em total insegurança. A empresa alemã passou a administrar o Salgado Filho mediante um processo de concessão do serviço à iniciativa privada, quando Michel Temer estava na presidência. Ganhou esse direito até o ano de 2042, mediante contrato de R$ 382 milhões, valor bem menor do que aquele que agora tentou obter de “ajuda” para continuar com as operações. A presidente da empresa Fraport Brasil, Andrea Pal, chegou a externar para a imprensa que estariam inclusive dispostos a devolver à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a concessão, caso não recebessem recursos do Governo Federal para uso na recuperação dos danos sofridos pela estrutura do complexo. Mas, não demorou muito e voltou atrás, pela postura governamental e pela cobrança da opinião pública, evidenciando de certa forma que se tratava apenas de uma forma de pressão, para não se dizer chantagem. Também – e nisso parece que com sucesso – foi considerada a hipótese de um empréstimo junto ao BNDES, com juros subsidiados. Não se pode esquecer que esse mesmo banco de desenvolvimento já financiou R$ 1,25 bilhão para a Fraport Brasil S.A em 2018, para modernização e manutenção da infraestrutura do Salgado Filho. Uma terceira alternativa para beneficiar a empresa seria atender o pedido feito por ela, prorrogando o prazo da concessão. Ou seja, permitindo que por mais tempo ela prossiga tendo lucros aqui. O que não se sabe é que impacto terá nessas negociações os documentos que o deputado Matheus Gomes está encaminhando ao Ministério de Apoio à Reconstrução do RS, à Agência Nacional da Aviação Civil, ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal. Fica difícil imaginarmos que todas essas instâncias venham a ser tão omissas quanto foi o ex-prefeito Nelson Marchezan Jr. e costuma ser o atual, Sebastião Melo. Esses dois se mostraram sempre subservientes a todos os desejos do grupo empresarial alemão e não se preocuparam em momento algum com o preço que a população porto-alegrense iria pagar. Aliás, falando em pagamento, fosse esse um país sério e com um poder judiciário mais atento e atuante, a empresa ao invés de cobrar deveria indenizar o governo federal. E também todas as empresas e famílias que terminaram atingidas pela sua irresponsabilidade. Um outro detalhe na conduta da Fraport está necessitando atenção. Consta ter ela informado, ao apresentar as suas demandas ao Governo Federal, que o seguro não cobriria os custos de recuperação do terminal. Entretanto, o jornalista Leandro Demori, em seu comentário no Desperta ICL, declarou ter tido acesso ao contrato firmado com a Chubb Seguros Brasil. Ele prevê cobertura de R$ 2,9 bilhões para perdas de alagamento e inundação. Matheus Gomes é um porto-alegrense de 32 anos que se engajou nos movimentos estudantil e negro com apenas 17. Filho de uma comerciária e de um barbeiro, ingressou no curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul graças à política de ações afirmativas da instituição superior. Muito atuante e combativo, em 2020 ele foi eleito vereador da capital gaúcha pelo PSOL, que concorrera sem coligação nas proporcionais, recebendo 9.869 votos. Em 2022 se tornou deputado estadual pelo mesmo partido, com 82.401 votos. Ele atua fortemente em questões como ativismo social, os impactos da tributação sobre os mais pobres, os efeitos adversos das mudanças climáticas e outros temas sensíveis. *Jornalista e editor do Blog Virtualidades: A FRAPORT CONTRIBUIU PARA O AGRAVAMENTO DA INUNDAÇÃO – Virtualidades Fotos: Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre) alagado pelas enchentes que atingiram o estado. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Justiça

Moraes diz que ministros podem barrar anistia do 8 de Janeiro: ‘STF que interpreta a Constituição’

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Moraes diz que ministros podem barrar anistia do 8 de Janeiro: ‘STF que interpreta a Constituição’
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Weslley Galzo - Estadão Segundo notícia publicada hoje no Estadão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicou nesta sexta-feira, 28, que o Poder Judiciário dará a última palavra caso prospere no Congresso a proposta de anistia aos presos e envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro do ano passado. “Quem admite anistia ou não é a Constituição Federal e quem interpreta a Constituição é o Supremo Tribunal Federal”, disse Moraes durante o Fórum de Lisboa, evento promovido por instituição de ensino superior do ministro Gilmar Mendes. A anistia é defendida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e tem sido citada nos bastidores do Congresso como moeda de troca pelo apoio do campo bolsonarista nas eleições pelas Presidências da Câmara e do Senado, em 2025. “O Supremo Tribunal Federal é uma instituição centenária. Obviamente que quando a democracia é mais atacada e a Constituição é mais atacada o Supremo Tribunal Federal tem a missão de defendê-la e assim o fez”, disse Moraes em alusão às eleições de 2022. Moraes ainda reforçou a necessidade de regular a atuação das big techs donas das redes sociais, sob o argumento de que outros País não permitem a existência de setores sem regulação. “É um absurdo que as big techs queiram continuar sendo uma terra sem lei, sendo instrumentalizadas contra a democracia”, afirmou. “Não existe mais nenhuma dúvida que as redes sociais, as big techs, precisam ser regulamentadas e responsabilizadas. Não há dúvida disso”, completou. Foto do Ministro Alexandre de Moraes. Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

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