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Os seis recados que saíram das urnas nestas eleições municipais

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Os seis recados que saíram das urnas nestas eleições municipais
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Por RODRIGO PEREZ* Depois da divulgação dos resultados oficiais da eleição, tem início uma nova fase da disputa. Vencedores e perdedores começam a interpretar a realidade que foi representada pelo voto. Autocrítica, depressão coletiva, cantos de vitória muitas vezes exagerados, lavagem pública de roupa suja. Estamos vendo de tudo, à direita e à esquerda. Meu objetivo neste texto é destacar aqueles que me parecem ser os seis principais recados que os eleitores dos mais de 5.500 municípios brasileiros deram à classe política. 1°) Depois de ter sido praticamente varrido do mapa político do país em dois ciclos eleitorais (de 2016 a 2022), o centro político foi efetivamente reconstruído. O arquiteto da reconstrução tem nome e sobrenome: Gilberto Kassab, o principal estrategista em ação no tabuleiro do jogo político brasileiro. Kassab está apostando no cansaço da sociedade em relação à constante agitação ideológica que há anos movimenta as disputas políticas no país. A intuição me parece correta. Entre todas as capitais, somente Cuiabá e, principalmente, Fortaleza espelharam a polarização que pautou as eleições presidenciais de 2022. Nas outras capitais e nas cidades de pequeno e médio porte, a disputa esteve mais pautada em questões locais, cotidianas, do que exatamente em critérios ideológicos, apesar de a rejeição à Maria do Rosário, em Porto Alegre, e a Guilherme Boulos, em São Paulo, não ter outra explicação a não ser o veto ideológico.   2°) As contundentes derrotas de Rosário e Boulos reforçam a percepção de que, nesta quadra histórica, as portas do poder executivo parecem fechadas às lideranças muito identificadas com partidos políticos e movimentos sociais de esquerda, com a exceção de Lula, é claro. Penso que os nomes mais emblemáticos da esquerda deveriam se empenhar nas disputas legislativas, enquanto nas corridas pelo poder executivo, o campo progressista precisará caminhar um tantinho para o centro, e aqui têm destaque as figuras de João Campos e Eduardo Paes, que estão entre os principais vencedores destas eleições. Aquilo que Campos e Paes fizeram, respectivamente, no Recife e no Rio de Janeiro está na escala do impressionante e deveria ser cuidadosamente estudado.   3°) A “esquerda puro sangue” deveria se esforçar em apresentar um projeto disruptivo para a sociedade que consiga rivalizar com a ruptura proposta pela extrema direita, fundada no signo do combate à corrupção. O horizonte disruptivo hoje apresentado pela esquerda está baseado em performances escatológicas no campo do comportamento, o que acaba sendo um suicídio político pois confronta a moralidade hegemônica na sociedade. A radicalização deveria ser performarda em temas de interesse coletivo, como jornada de trabalho 4 X 3, salário-mínimo de 4.000 reais, sem tributação, transporte público gratuito, como vem fazendo o vereador eleito Rick Azevedo, o mais votado do PSOL no Rio de Janeiro. Basear o discurso político nas teses identitárias só interessa à extrema direita, cujo identitarismo é socialmente dominante.   4°) A quantidade enorme de prefeitos reeleitos (80%) é explicada pelo oceano de dinheiro que foi derramado nos municípios através das emendas parlamentares. Instaura-se, assim, um ciclo que se retroalimenta: os parlamentares investem recursos para eleger seus aliados nos municípios e dois anos mais tarde esses aliados retribuem o favor, ajudando nas eleições legislativas. Em 2026, o resultado das eleições municipais, portanto, tende a interferir mais nas eleições legislativas do que propriamente nas eleições presidenciais. Durante a Primeira República, vimos a “política dos governadores”, com protagonismos dos executivos estaduais. Depois da redemocratização, vimos o “presidencialismo de coalizão”, com o executivo nacional dando as cartas do jogo político. Agora, estamos vendo o “parlamentarismo orçamentário paroquial”, com o Congresso Nacional sendo o mais forte entre os poderes da República. A constituição de 1988 não regula mais o contrato social e político brasileiro.   5°) No campo da direita radical, importantes movimentações podem ser observadas. Nem de longe, Jair Bolsonaro se mostrou o trunfo eleitoral que prometia ser. Os bolsonaristas estão comemorando os quase 20 milhões de votos que o PL conseguiu, mas cabe questionar qual o tamanho desse eleitorado é efetivamente ideológico e qual parte foi conquistada pela máquina municipal, tão influente nas cidades de pequeno e médio porte. A resposta para o questionamento está sendo disputada dentro do PL, onde as relações entre Waldemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro estão longe de serem harmônicas. Como se não bastassem os problemas internos ao seu partido, o ex-presidente viu sua autoridade ser desafiada nas eleições de São Paulo por dois aspirantes a herdeiros. Primeiro, Pablo Marçal tomou para si a semântica da ruptura, que cada vez mais colará menos em Jair Bolsonaro, conforme ele vai sendo identificado com as forças políticas tradicionais. Em seguida, Tarcísio de Freitas desobedeceu a orientação do suposto líder e manteve seu empenho na defesa da candidatura de Ricardo Nunes, o que mostrou ser uma aposta bem-sucedida. Bolsonaro sequer estava no palanque da vitória de Ricardo Nunes.   6) Já o presidente Lula arcou com o ônus da derrota de Boulos em São Paulo. Por mais que a esquerda tente dourar a pílula, esse revés foi impactante, quase humilhante. Com 58 milhões de reais investidos, Boulos manteve-se no mesmo patamar de 2020. Não conseguiu avançar nada, e ainda precisou lidar com dois episódios, no mínimo, desconfortáveis: a linguagem neutra no hino nacional e a "entrevista de emprego" com Pablo Marçal. Os eventos já estão registrados no anedotário político nacional e, certamente, provocarão desgaste à esquerda em geral e a Boulos em particular durante algum tempo. Para o governo, fica o desafio de aumentar sua margem de aprovação ao longo dos próximos dois anos, para que seja possível chegar em 2026 com alguma segurança.   *Historiador e professor universitário Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.      

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Haddad e o FMI

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Haddad e o FMI
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Por PAULO KLIASS*   As relações econômicas e financeiras formais entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sempre foram marcadas por algum grau de conflito e tensão. Afinal, apesar da motivação das negociações ser o ingresso de recursos externos para auxiliar a situação do balanço de pagamentos de nosso País, em geral os governos apresentavam divergência com relação às condições impostas pelas diferentes equipes do Fundo. A primeira operação ocorreu em 1954, com a assinatura de um empréstimo para o governo presidido por Getúlio Vargas. Tratava-se de um aval concedido pelo FMI a um empréstimo, no valor de US$ 300 milhões, oferecido pelo Eximbank dos Estados Unidos ao governo brasileiro. Porém, 5 anos depois, em 1959, Juscelino Kubitschek rompe o acordo com a instituição multilateral em função dos compromissos assumidos em seu Plano de Metas. Tendo em vista a necessidade de promover uma flexibilização no rigor fiscal imposto pelo FMI, o Presidente decide sair da austeridade para conseguir espaço orçamentário para projetos como a construção da nova capital em Brasília e outras medidas envolvendo despesas públicas elevadas, além de investimento estatal direto. A relação só voltaria se normalizar após o golpe militar de 1964 e a consequente implementação de uma política econômica de natureza ortodoxa e conservadora. Entre 1965 e 1972 são assinados e renovados anualmente acordos classificados como “stand by”, cuja intenção era auxiliar em eventuais problemas de balanço de pagamentos. No entanto, como os governos da ditadura cívico-militar ofereciam benesses e atratividade ao capital internacional, tais acordos operavam mais como uma garantia de expectativas, uma vez que o fluxo de recursos externos não parava de crescer no período.   Brasil e FMI: décadas de tensão. A situação muda de figura a partir do final da década de 1970 com a crise do petróleo na esfera internacional. Logo na sequência tem início uma fase de grandes dificuldades nas contas externa dos países do chamado Terceiro Mundo – a chamada crise da dívida. Em 1982, durante a gestão de Delfim Neto como o superministro da área econômica do último governo dos generais, o Brasil assina um acordo com o Fundo para assegurar o ingresso de recursos externos para cumprir as obrigações com os credores. Delfim teria assinado 6 cartas de intenção com o organismo e nunca cumpriu com as cláusulas ali constantes. Foram diversos anos de dificuldades em honrar os compromissos constantes nas cláusulas dos títulos de endividamento. É desta época a frase que ficou famosa proferida pelo Ministro, quando afirmou que “dívida pública não se paga, dívida se rola”. Com o início da transição política para superar a fase ditatorial, o governo Sarney promove algumas importantes na área econômica. Dentre elas estava a formalização da moratória da dívida externa em 1987. Na sequência, com a eleição de Collor de Mello para a Presidência da República, as sucessivas equipes de economia buscam um acordo com o FMI entre 1990 e 1992, mas não obtêm resultado. Com o fracasso de tais negociações, a situação só volta a se “normalizar” no final do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (FHC). O Ministro da Fazenda Pedro Malan logra assinar um acordo com o Fundo em 1998, por meio do qual o Brasil recebe um total de US$ 41,5 bilhões. O problema são as contrapartidas impostas pelo Fundo. Como sempre, trata-se da exigência de implementação das orientações previstas no Consenso de Washington, tais como a privatização de empresas estatais, a liberalização geral da economia e a imposição de regras rígidas de austeridade fiscal. Boa parte de tais iniciativas já estavam em curso desde a posse de Collor de Melo em 1990, mas FHC acelera em 1998 a venda do sistema público de telecomunicações e de energia elétrica. Além disso, o seu governo encaminha um projeto de lei ao Congresso Nacional que se converte na Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei Complementar nº 101 de 2000.   FMI e as recomendações conservadoras. Com a posse de Lula em 2003, houve uma melhoria sensível nas contas externas brasileiras. Com isso, em 2005 o País quitou sua divida junto ao Fundo e em 2009 avançou ainda mais, comprando U$10 bi em bônus da instituição e tornando-se, pela primeira vez na História, credor do FMI. Apesar da falta de exigência formal de uma política econômica seguindo as regras da ortodoxia conservadora, a duplinha Antonio Palocci no Ministério da Fazenda e Henrique Meirelles no Banco Central (BC) mantiveram a essência do austericídio, com rigor fiscal de índices de superávit primário até então inéditos e taxas de juros também rolando na estratosfera. Durante os 14 anos em que o Partido dos Trabalhadores esteve no governo federal, a presença do FMI sempre passou ao largo do debate e da subserviência explícita ao organismo. A existência de um estoque significativo de reservas cambiais e a manutenção de uma recorrente folga na Balança Comercial deixaram para um segundo plano a necessidade de eventual ajuda para solucionar eventuais problemas nas contas externas. Em 2003, elas estavam em US$ 39 bi. Em 2007 superam a marca dos US$ 100 bi. Em 2008, atingem US$ 200 bi. Em 2011, as reservas atingem e superam os US$ 300 bi. Atualmente estão na faixa de US$ 370 bi. Ocorre que o “golpeachment” praticado contra Dilma Roussef e a posterior eleição de Bolsonaro em 2018 institucionalizaram o conservadorismo na política econômica de forma escancarada. Sem nenhuma pressão formal do FMI, os governos recuperaram a pauta da privatização das estatais, da redução do Estado à sua dimensão mínima e do aprofundamento da pauta da austeridade fiscal.   Lula 3.0 e a esperança de mudança. No entanto, as esperanças depositadas na eleição de Lula para um terceiro mandato em 2022 começaram a se verem frustradas com a indicação de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. O que se assistiu desde então foi a retomada da agenda conservadora de austeridade, com a troca do Teto de Gastos de Temer pelo Novo Arcabouço Fiscal (NAF). Com isso, manteve-se a essência da estratégia de redução do peso do Estado na economia e a preparação para que parte dos serviços públicos, das políticas públicas e da infraestrutura sejam assumidos pelo capital privado. Nesse contexto de aproximação com os interesses do financismo local e global, Fernando Haddad acaba por incorporar de forma plena a pauta do povo da finança. A manutenção da austeridade fiscal como ponto essencial da política econômica termina por comprometer toda a capacidade de recuperação do protagonismo do Estado. O Ministro da Fazenda busca se apresentar como representante do bom mocismo junto aos representantes do financismo e se concentra em obter bons resultados fiscais. Isso se concretiza, por exemplo, na obsessão em zerar o déficit fiscal primário em 2024. Mas o aspecto recente mais impressionante foi a aceitação e a concordância passiva de Haddad com as orientações do FMI. O Fundo apresentou um novo relatório a respeito da situação da economia brasileira e realizou algumas projeções para os próximos períodos. Como era de se esperar, as conclusões apontam para uma suposta “explosão” da dívida pública brasileira. Esse é um dos principais argumentos em favor de um endurecimento ainda maior no controle dos gastos governamentais.   Haddad: conversão ao conservadorismo neoliberal. O documento do FMI faz coro às manifestações dos escribas do sistema financeiro nos grandes meios de comunicação: o governo estaria sendo conivente com o retorno ao espírito da “gastança generalizada”, uma vez que ele não se compromete seriamente com o rigor necessário na condução da política fiscal. Haddad assume esse sentimento de culpa e declara: (…) “Estamos agora tendo que repensar essa estratégia para fortalecer o arcabouço fiscal. Mas do ponto de vista fiscal, eu penso que o fortalecimento do arcabouço fiscal é o remédio mais adequado para o momento que estamos vivendo” (…)   Além disso, o Ministro avança em suas afirmações, cedendo às pressões para aprofundar ainda mais o extremismo fiscal. Indagado a respeito da suposta incapacidade em atingir as metas este ano e nos próximos exercícios, ele deixa aberta possibilidade de um maior rigor nas regras previstas atualmente no NAF. O dispositivo que se converteu na Lei Complementar 200 estabelece a obrigatoriedade de que as despesas só possam crescer a 70% do ritmo de elevação das receitas. Como existem algumas garantias constitucionais para saúde e educação, além do compromisso de Lula com a valorização do salário mínimo acima da inflação, é possível que as metas austerizadas não sejam efetivamente cumpridas. Mas o Ministro, ao invés de defender a maioria da sociedade brasileira contra os intentos do financismo, termina por concordar com o diagnóstico conservador e sugere um aprofundamento ainda mais severo dos mecanismos de contenção. Segundo ele, o diferencial entre despesas e receitas poderia ser ainda mais elevado. Uma loucura!   (…) “é necessário manter os gastos entre 50% e 70% da receita para retomar a uma posição de equilíbrio” (…) Se Lula quiser efetivamente cumprir com suas promessas de campanha e com a es exigências de um País que precisa romper o círculo vicioso da pobreza e da desigualdade, é fundamental sair da camisa de força imposta pela austeridade fiscal. Não faz sentido um governo presidido pelo Partido dos Trabalhadores somar esforços junto ao FMI para completar a imposição da pauta neoliberal em nossas terras.   *Paulo Kliass é doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal. Foto: Reuters/ Arnd Wiegmann/ Direitos Reservados As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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O bloqueio contra Cuba tem que acabar

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O bloqueio contra Cuba tem que acabar
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Por JOSÉ DIRCEU* São 64 anos de embargo, que virou bloqueio por envolver outros países. Cuba tem dificuldade de acesso a crédito e de comprar insumos A repercussão do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba é tão avassaladora que, se o embargo fosse suspenso, em nove meses de operações comerciais cotidianas seriam gerados recursos para acabar com o déficit habitacional no país, que precisa construir 467 mil moradias ao custo de US$ 3,9 bilhões. Oito meses de embargo equivaleriam a recursos suficientes para garantir a compra de 14 mil ônibus e 12.200  carros e micro-ônibus, necessários para modernizar o transporte público do país, que usa veículos velhos e em número insuficiente que precisam ser substituídos. Mais um exemplo: apenas 38 horas sem bloqueio garantiriam os US$ 21,78 milhões que Cuba está investindo este ano em educação. Estes exemplos, publicados em um suplemento especial do jornal cubano Granma, procuram chamar a atenção dos demais países para o impacto do bloqueio na economia cubana, que enfrenta grandes dificuldades nos últimos anos, especialmente após o governo Trump ter retomado, em 2019, as medidas restritivas – e algumas foram até ampliadas – em relação ao comércio e viagens que tinham sido abrandadas no governo Obama. Há uma redução na atividade econômica, com queda na produção industrial e de alimentos. Em função desse cenário de retração econômica e bloqueio, o país enfrenta escassez de itens essenciais, como energia, medicamentos e alimentos. A partir de19 de outubro, o país voltou a viver apagões, quando sua maior usina de energia foi desligada deixando 10 milhões de pessoas no escuro. O sistema foi reativado mas novas quedas se sucederam em função das deficiências no sistema de manutenção pelas dificuldades de compra de peças de reposição decorrentes do bloqueio econômico que também cria barreiras intransponíveis ao acesso ao crédito e à compra de petróleo, só possível graças à solidariedade de países como Rússia e Venezuela. Para contornar a crie energética e substituir a atual matriz, baseada no petróleo, por um modelo sustentado em fontes renováveis, a China doou a Cuba uma usina solar, no valor de 107 milhões de euros, que deverá ser seguida de doações de outras usinas. Na área de medicamentos, faltam 51% das 651 linhas que compõem o Quadro Básico de Medicamentos do Sistema Nacional de Saúde. O protocolo nacional está organizado para garantir um estoque de 120 dias para cobrir a demanda do país, mas a cobertura foi reduzida para 30 dias. Como consequência, o mercado informal entrou em ação, elevando os preços dos remédios que não podem ser pagos pela maioria da população. Mas faltam medicamentos em Cuba não apenas porque o país está sem divisas. Também há escassez de alguns fármacos, como a toxina botulínica, entre outros, porque são produzidos por laboratórios estadunidenses que não podem vender para Cuba, um país que já produziu 13 vacinas, entre elas uma contra a Covid-19 cuja efetividade foi comprovada. E que tem excelência em áreas da biotecnologia. É bem verdade que nem todos os problemas da ilha são decorrentes do embargo econômico dos Estados Unidos, que começou logo depois da revolução cubana, em outubro de 1960, envolvendo todo tipo de exportação/importação, à exceção de alimentos e remédios. Em 1962, as exceções foram incluídas. Para Cuba e muitos países que defendem a suspensão do bloqueio econômico contra a ilha, o que os Estados Unidos impuseram e impõem à Cuba não é um embargo porque não se limita à suspensão do comércio bilateral entre os dois países. As medidas são de tal ordem que acabam por prejudicar os laços econômicos e comerciais de Cuba com vários países do mundo. Há vários relatos de autoridades cubanas sobre as limitações enfrentadas pelo país para ter acesso a créditos, para atrair capital, para realizar pagamentos e para cobrar por produtos e serviços. E há reflexos até sobre o turista que visita Cuba. Os Estados Unidos passaram, em anos recentes, a dificultar o visto de entrada para europeus e canadenses que tenham carimbo do governo cubano em seu passaporte. Os efeitos da pandemia, somados às dificuldades econômicas enfrentadas por Cuba, levaram a uma queda de 44% entre os anos 2019 e 2023 no número de visitantes internacionais procedentes dos sete principais países da União Europeia: em 2019, 730 mil turistas oriundos desses países viajaram a Cuba; em 2023, o número caiu para 324 mil. A manutenção dos hotéis e pousadas de Cuba na relação de Alojamentos Proibidos do Departamento de Estado dos EUA e na Lista das Entidades Cubanas com Restrições não ajuda a melhorar a situação.   Medidas necessárias O presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel Bermúdez, comemorou a solidariedade de vários países à ilha contra o embargo econômico dos Estados Unidos, durante a Assembleia Geral da ONU, realizada no final de setembro, em Nova York. Sua expectativa é que, mais uma vez, talvez no final deste mês, a ONU vote, pela 32a vez, resolução condenando o bloqueio de Cuba. Desde 1992, quando a resolução foi aprovada pela primeira vez, só os Estados Unidos e Israel votaram contra. A cada ano, torna-se mais urgente suspender o bloqueio econômico, que impede o desenvolvimento de Cuba, limita suas possibilidades de parcerias com outros países, afasta investimentos. Não há dúvida de que se trata de um bloqueio criminoso, que afeta todo o povo cubano. Do ponto de vista legal, a maioria das mudanças necessárias para levantar o bloqueio contra Cuba depende de medidas a serem adotadas pelo presidente dos Estados Unidos. Entre elas, destaco: 1. Tirar Cuba da lista de estados patrocinadores de terrorismo, que é elaborada pelo Departamento de Estado. No governo Obama,  em 2015, Cuba saiu da lista e foi reincluída por Trump, em 2021. 2. Suspender a política de perseguição financeira contra Cuba, incluindo a relacionada com a venda de combustível ao país. 3. Alterar o limite de 10% de componentes estadunidenses nos bens que Cuba pode importar de qualquer país do mundo. 4. Instruir os representantes dos EUA nas instituições financeiras internacionais para que não bloqueiem a concessão de crédito e outras facilidades financeiras a Cuba. 5. Possibilitar a entidades cubanas, incluindo bancos e empresas, abrir contas em bancos nos EUA. 6. Autorizar a importação, pelos EUA, de qualquer produto, fabricado ou derivado de produtos cultivados, produzidos ou manufaturados em Cuba por empresas estatais (níquel, açúcar, tabaco, rum e outros). 7. Permitir a exportação a Cuba de insumos e equipamentos médicos que possam ser utilizados na fabricação de produtos biotecnológicos cubanos; e de matéria-prima para a produção de medicamentos. 8. Flexibilizar a política de licenças para a inversão de companhias estadunidenses em Cuba. 9. Permitir formas mais amplas de colaboração, comercialização e administração de medicamentos e produtos biomédicos de origem cubana, por exemplo, através de inversões diretas de companhias estadunidenses e empresas mistas. 10. Autorizar cidadãos estadunidenses a receber tratamento médico em Cuba. Certamente, avançar nesse elenco de propostas depende da evolução da negociação entre os dois países em um momento em que o mundo enfrenta dois sérios conflitos – Israel e a guerra no Oriente Médio, e a guerra entre Ucrânia/Otan e Rússia –, e os Estados Unidos estão envolvidos em eleições presidenciais. Mas é inexorável que esse bloqueio termine. Ele já dura 64 anos. Todos os países, a exceção dos Estados Unidos e de Israel, que é seu satélite, são contra. A pressão internacional vai acabar contando. E Cuba é resiliente. Seu povo é resiliente. A frase do presidente Diaz-Canel resume esse espírito: “Um dia vamos superar o bloqueio. Quantos serão capazes de fazê-lo?”.   *José Dirceu é ex-ministro-chefe da Casa Civil, ex-deputado federal e ex-deputado estadual pelo estado de São Paulo Publucado originalmente em Metrópoles. Foto: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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CORREIO POLÍTICO | Insatisfação do PT com Padilha já era anterior

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CORREIO POLÍTICO | Insatisfação do PT com Padilha já era anterior
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RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Brasília Era feriado na administração, o Dia do Servidor Público. O PT fazia a reunião da Executiva para um balanço do desempenho do partido no segundo turno. A reunião apresentava números que marcavam o que o partido avaliava como o "início de uma recuperação do PT" depois da grande crise iniciada em 2016 no processo que levou à cassação de Dilma Roussef, à prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e aos demais desdobramentos da Lava Jato. Os dados apresentam avanços nas eleições municipais em comparação com o desempenho petista em 2020. Pouco depois dessa apresentação ser feita, chegou aos celulares dos presentes a informação sobre as declarações que o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, acabara de fazer. Rebaixamento Ao contrário da visão que a apresentação mostrara, Alexandre Padilha declarava no Palácio do Planalto que o PT "continuava no Z4", o grupo de rebaixamento. A grita foi geral. E acabou ensejando uma dura resposta pública da presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Resposta Antes da reunião da Executiva, Gleisi estivera no Planalto, com Lula e Padillha, também para uma avaliação do desempenho do partido. "Convidei-o para vir aqui, mas ele não pode, o que é triste. Como ele disse de forma pública, faço uma resposta de forma pública", disse. Ministro foi na direção oposta ao partido Para Gleisi, números mostrariam recuperação do PT | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil O que especialmente irritou os presentes na reunião da Executiva é que não deveria vir de um ministro filiado ao partido, que cuida da articulação política, um reforço na linha de interpretar que o PT tinha se saído mal. Argumentos na direção contrária tinham acabado de ser lançados na reunião. O quadro apresentado mostra avanços na comparação com a eleição de 2020. O PT elegeu mais prefeitos (252 agora contra 183); fez mais vices (290 contra 206); mais vereadores (3.129 contra 2.663); um prefeito de capital (Fortaleza, não tinha feito nenhum em 2020); cinco prefeitos em cidades com mais de 200 mil habitantes (antes quatro). Processo Na visão do PT, então, se deveria considerar que a eleição de Lula em 2022 era ainda um início de processo de recuperação, e não algo que já recolocasse o partido nos mesmos patamares de antes. Num jogo bem mais complexo. Assim, julgava que Padilha em nada ajudou. Queixas Internamente, o que se comenta é que a reação a Padilha não foi um episódio isolado, pelo que disse agora. Mas uma insatisfação que já vinha há tempos. A bancada do PT reclama que ele, na articulação, privilegiaria mais os outros partidos integrantes do governo. Feitos "O governo não faz a disputa política dos seus feitos", chegou a dizer Gleisi. Ou seja, não alardearia a propriedade dos seus próprios programas. E esse não seria exatamente um problema de comunicação, mas de estratégia política, na sua relação com os demais atores do jogo. Orçamento Um jogo que fica mais complicado com o poder que o Congresso ganhou na questão orçamentária. As verbas dependem menos do governo. E as que dependem, os ministérios na área de infraestrutura estão com outros partidos. Quem poderia ajudar a equilibrar? Padilha. *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade Artigo originalmente publicado no Correio da Manhã / Brasília Foto: Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil | Já há algum tempo o PT não dá bom dia a Padilha | Foto: Fabio Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Os jovens e a atração por candidatos radicais nas eleições municipais

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Os jovens e a atração por candidatos radicais nas eleições municipais
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Por MARA TELLES* Em capitais como Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo, segmento preferiu nomes da extrema direita, indicam pesquisas de véspera do 2º turno Helcimara Telles mara-telles@uol.com.br Presidente da Abrapel – Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (www.abrapel.org.br). Doutora em Ciência Política (USP) e professora da UFMG. O Barômetro das Américas mede o apoio à democracia através da pergunta até que ponto os indivíduos concordam ou discordam da afirmação “democracy may have its problems, but it is better than any other form of government”. No último relatório do projeto em 2023, a resposta dos latino-americanos mostra que o suporte à democracia é hoje menor do que foi há duas décadas e sofreu erosão em quase todos os países da região. Ao mesmo tempo, a confiança nos tribunais superiores, nas legislaturas e nos executivos permaneceu em níveis baixos, ao passo que a confiança nas Forças Armadas e nas Igrejas conserva-se alta. Contudo, observa-se que o apoio de algumas confessionalidades ao regime democrático e a determinadas pautas dos direitos humanos tem decrescido na América Latina. A combinação de baixa adesão ao sistema e a baixa tolerância tem polarizado a região e põe em risco a democracia. Ainda que tal tema aparentemente possa parecer desconectado dos resultados das eleições municipais brasileiras, ele nos diz muito sobre um fenômeno ainda pouco analisado: o atual comportamento político do jovem eleitor brasileiro, situado na faixa dos 24 aos 35 anos. Ainda em 2010, coordenei através do grupo Opinião Pública (UFMG) e com o apoio do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), pesquisa em Belo Horizonte. Os resultados demonstraram indícios do que viria ser a atitude quase que generalizado da juventude: uma enorme aversão à política, a valorização da vida privada sobre a esfera pública, a participação em associações religiosas, o apoio à obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas, o afastamento dos partidos, a valorização da família, a descrença e desencanto com as instituições democráticas, em geral. Passados 14 anos dessa pesquisa, a literatura tenta entender o porquê de o eleitor mais jovem se sentir atraído por grupos de extrema direita, como no caso do Chega, legenda portuguesa. As eleições em capitais como Belo Horizonte, Fortaleza e São Paulo ilustram o que já havia sido indicado desde a citada pesquisa: se a eleição para prefeito ocorresse apenas no segmento “jovem”, candidatos mais radicais, antissistema e com base religiosa seriam eleitos. Os resultados da Quaest, divulgadas às vésperas do 2o. turno, comprovaram que os jovens votariam em perfis mais radicais. Em Belo Horizonte, elegeriam o bolsonarista-raiz Bruno Engler (PL), que foi apoiado pelo jovem parlamentar do PL (Nikolas Ferreira), pelos evangélicos e pelo ex presidente Bolsonaro; em Fortaleza, optariam por André Fernandes (PL), um influencer com recente participação na política e forjado nas redes sociais com discursos antidemocráticos e altamente perigosos, inclusive desdenhando do feminicídio. E, em São Paulo, a juventude se encontrou com o coaching Pablo Marçal (PRTB), um candidato antipolítica que contava com base evangélica e que apostava propriamente no milagre da “prosperidade” e do mérito para a mobilidade social. Em direção oposta a essa, eleitores com mais de 60 anos dessas capitais, ainda segundo pesquisas de intenção de voto da Quaest, tiveram comportamento antagônico, pois, indicaram majoritariamente candidatos mais moderados ou se orientaram por seus partidos preferidos. Eleitores mais maduros têm memória dos tempos de autoritarismo e, ademais, contrariando o senso comum, embora uma (já) pequena parte deles tenha sido socializada nos anos da Ditadura Militar e seja anti-partidário, grande parcela dessa geração foi exposta aos partidos políticos que emergiram após os anos de chumbo, e valorizam mais essas instituições. Os jovens da “geração crítica”, nascidos no século XXI, estão cada vez mais distantes das instituições representativas - como partidos, governo e Congresso - e vice-versa, desencantados com a democracia e são presas fáceis de interpretações simplificadoras sobre o mundo, como proposto pela extrema direita, que divide a política entre o bem e o mal. Por outro lado, o da oferta, o que se nota é que os três candidatos preferidos pelos jovens nas capitais citadas são igualmente “jovens” e representam a renovação dos quadros da extrema-direita. Tanto Engler, quanto Fernandes e Marçal são neófitos na política e com idade média inferior ao da média dos parlamentares e prefeitos eleitos . Ao contrário, a esquerda apresentou, com raras exceções, pouca renovação de candidatos. A maioria deles, mesmo sendo técnicos e políticos experientes e de grande envergadura, vem há anos repetindo seus nomes nas urnas, especialmente no caso do PT. A baixa renovação torna a esquerda bastante dependente do presidente Lula. Desse modo, ainda que o PT tenha crescido um pouco em 2024 em relação à 2020 nas eleições municipais, seus números estão ainda longe de se aproximar dos anos de ouro do partido e a esquerda foi derrotada nessas eleições, quando comparada aos robustos números dos prefeitos eleitos por siglas de direita. O conflito geracional entre eleitores mais maduros e os mais jovens ultrapassa a questão local e tem sido objeto de inúmeros estudos da ciência política. O fato é que as mídias sociais são veículos fundamentais para a comunicação dos Alt-Rigths (Direita Alternativa), que através de memes e propagação do “ódio ao sistema” tem fascinado os jovens com suas ideias simplistas. Se um dia “ser jovem” significou rebeldia crítica, as três capitais elencadas parecem nos dizer que não é mais assim. A esquerda ou se renova, abrindo espaços para a entrada da geração do futuro, ou morrerá na praia, tão logo Lula saia de cena. Tudo que parecia sólido se desmanchou no ar.   *Cientista política, professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidenta da ABRAPEL (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais). Foto: Divulgação TSE As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.  

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Obrigado, Fortaleza!

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Obrigado, Fortaleza!
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Por MANUEL DOMINGOS NETO* Fortaleza, nunca fostes bela nem musical quanto um poema, como dizia Lourenço Filho quando em tuas ruas circulavam famintos fugidos do interior. Mas tens mágico diadema e de teu feitiço sou cativo. Sempre fostes um pequeno amontoado de gente bem de vida cercado de multidão desesperançada. Retratas um país injusto com seus filhos. Demonstras a necessidade de reformas sociais profundas. Mas me deixastes alegre neste domingo. Obrigado, aos que, mesmo sem gostar de Lula e do PT, repeliram a aberração da extrema direita. Vocês decidiram essas eleições. Gratidão aos que, revoltados com Fernando Haddad pelos agrados aos banqueiros, compreenderam a importância de barrar a onda fascista. Gratíssimo aos colegas e ex-alunos que temeram prestigiar Camilo Santana, mas foram alertados de que não seria razoável votar na extrema direita. Como lhes prometi, repasso o recado: ministro Camilo, não estimule o ensino superior privado em detrimento do ensino público. Educação é direito, não mercadoria. Não pode ser meio de formação de grandes fortunas. O desenvolvimento do Brasil precisa de boas universidades públicas, com professores e funcionários dignamente remunerados. Meu carinho especial para você, Antônia, que perdeu filho e sobrinho para o tráfico. Foi difícil compreenderes que a segurança de todos não pode vir de quem promete mais violência. Tua ausência das urnas foi importante para derrotar os fascistas. Que o governador Elmano entenda teu recado silencioso e o repasse a Lula. Governantes precisam assegurar a vida de tua prole. Beijo, Antônia. Obrigadíssimo a todas as vítimas do planejamento urbano segregador por compreenderam que, se Evandro Leitão não efetivar melhorias na vida do povo, a outra opção seria mais desastrosa. A institucionalidade existente não é boa. Não assegura função social ao solo urbano, agride o ambiente e permite especulação imobiliária desenfreada. Mas a ampliação da bagunça na gerência pública tornaria Fortaleza o paraíso da bandidagem engravatada. Vocês, exaustos que acordam de madrugada para chegar ao trabalho e tresandam em motos nas ruas de Fortaleza, mesmo desesperançados votaram no PT. Dessa forma, livraram Fortaleza do caos e ajudaram o Brasil à resistir ao pandemônio. Carlinhos, analisamos as inconsistências do programa petista para Fortaleza. Discutimos a postura oligárquica dos políticos cearenses. Vimos a arrogância dos que se apresentam como “esquerda” e desrespeitam as reações populares, tratando os aturdidos como “gado” e arrotando a imbecilidade sociológica do “pobre de direita”. Não obstante, te engajastes na campanha de corpo e alma durante dias a fio. Valeu, continuemos nossa peleja! Obrigado, Nati querida, por colocares o adesivo do 13 no domingo apesar do descaso dos petistas com os animais de rua. Tens razão, essa gente precisa respeitar os indefesos. Finalmente, agradeço aos cearenses que, sem chances na terra natal, ligaram de longe pedindo aos familiares que não votassem no deputado abjeto. Vocês, que estão em São Paulo, no Rio, Brasília, Acre, Nova Iorque, Lisboa, Belém, Teresina amargando a saudade de Fortaleza, são continuadores da saga multissecular dos sobreviventes da seca. Não percamos a esperança. Lutemos! Um dia, nossa terra amada deixará de produzir hostes errantes. Aí, Fortaleza será bela e musical quanto um poema.   *Doutor em História pela Universidade de Paris, escreveu O que fazer com o militar – Anotações para uma nova Defesa Nacional (https://gabinetedeleitura.com/). Foto: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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