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Opinião

Esquecidos à força, outros injustamente louvados

Esquecidos à força, outros injustamente louvados

Artigo por RED
28/11/2022 07:15 • Atualizado em 28/11/2022 21:38
Esquecidos à força, outros injustamente louvados

De ADELI SELL*

Na luta contra o esquecimento é preciso lembrar-se dos que foram esquecidos e lembrar-se dos que foram injustamente louvados. Isto é uma dura tarefa nos pampas gaúchos e mais difícil o que isto possa reverberar na sociedade construtora de mitos, lendas e mentiras. Já escrevi que é “Lembrando é que se aprende a não esquecer”. É necessário lembrar que dois escravagistas são nomes de importantes vias da cidade: Rua Barão de Cotegipe e Barão do Ubá. Lembrar que Walter Spalding ganhou nome daquela rua perto da Zero Hora, onde tem a Polícia Federal. Está de bom tamanho para ele. Sei que vai chover um mar de críticas. Mas se souber ler o que escreveu e pesquisar vai saber que ele não foi o historiador que tanto propalam por aqui.

O problema é que Porto Alegre ainda não homenageou o professor, pesquisador e arquiteto Francisco Riopardense Macedo, que mostrou os embustes cometidos por Spalding sobre a fundação de Porto Alegre. Além de tudo o mais que fez pela cidade.

Alguns são injustamente louvados, por isso mesmo terão que ser lembrados como o caso de Moysés Vellinho que dá nome ao nosso Arquivo Histórico local. Por quê? Porque seu contendor nas páginas do Correio do Povo, Rubens de Barcellos, morto aos 55 anos, já mostrara que era superior, trazendo contribuições aos estudos sociológicos e históricos do Rio Grande do Sul bem mais elaborados daquele louvado e agraciado com nome de importante instituição pública. Por que razão este foi “esquecido” ou quase apagado? Hoje se diria que foi um “pensador fora da curva”. Não foi lembrado nem para a denominação de um acesso na periferia.

Não se podem esquecer os prefeitos que causaram males a Porto Alegre: Célio Marques Fernandes, tomando populações à força e levando para os confins da cidade, como fez com o pessoal da região do Areal, da Ilhota etc; Thompson Flores, o destruidor do nosso patrimônio histórico.

Em bom momento estamos tendo uma Exposição sobre Theodor Wiederspahn no prédio da Prefeitura, o maior arquiteto de todos os tempos em Porto Alegre. Lembrar que aos 96 anos o arquiteto Emil Bered lançou neste mês um livro que fala de seus próprios feitos.

Voltando ao nosso sociólogo Rubens de Barcellos, cito seu livro – Estudos Rio-grandenses – lançado pela Editora Globo. A edição que tenho é de 1955, parece ser a primeira. São textos coligidos e selecionados por Mansueto Bernardi e Moysés Vellinho. A primeira parte é importante para conhecer o estado gaúcho: esboço da formação social do Rio Grande; a ideologia separatista e o caráter rio-grandense, perfil de Júlio de Castilhos e reflexões sobre a revolução de 23, este um dos textos mais emblemáticos que já se produziu por aqui, que vai merecer outro texto de análise. Talvez melhor fosse chamar de Guerra Civil 2, pois o autor mostra que foi uma continuação em outra dimensão da Guerra Civil de 1893.

Na segunda parte, temos sua visão sobre Alcides Maya e outros autores. A visão que ele apresenta da obra do nosso grande regionalista, autor de Tapera, Ruínas Vivas e Alma Bárbara, é profunda, séria, de um mestre da crítica literária. Comungo, não apenas da sua visão, como é um autor que precisa ser urgentemente reeditado. Em 1971, a L&PM e a MPM lançaram como presente de final de ano um livro com a recuperação de vários de nossos autores, no qual vamos encontrar um conto de Alcides Maya, digno de frequentar qualquer Seleção no país: O Alvo.

Esperamos alcançar com nossas provocações o maior número de leitores e aqui ter retorno dos mesmos. Por isso, vai
meu e-mail: adeli13601@gmail.com; E WhatsApp 51 999335309.


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem – Pixabay.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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