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A esquerda diante da extrema direita na Europa

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A esquerda diante da extrema direita na Europa
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Por CELSO JAPIASSU* Para enfrentar o avanço da extrema direita, a esquerda precisaria desenvolver uma capacidade renovada de abordar os desafios contemporâneos e apresentar um novo projeto de sociedade que esteja alinhado com as demandas do século XXI. A extrema direita tem avançado nos países da Europa de uma forma que muitos consideram avassaladora. É a onda marrom, como foi chamada. As últimas eleições legislativas foram uma advertência para a ameaça que significou o crescimento de partidos neonazistas, neofascistas e reacionários em geral. Seus apelos de ação contra o que chamam “sistema”, contra a imigração e contra a própria União Europeia têm conquistado o apoio eleitoral de uma classe média perplexa, insegura e atônita pela vivência de uma crise que se arrasta no tempo. O que já foi diagnosticado como a crise do modelo capitalista e a organização da sociedade por ele determinada. Os movimentos de esquerda têm procurado estabelecer estratégias para o enfrentamento com a formação de coalizões e frentes unidas. Na França, nas últimas eleições, uma frente popular uniu as organizações de esquerda e foi bem-sucedida num panorama em que despontava uma quase certa vitória do partido de Marine Le Pen. No Reino Unido, o Partido Trabalhista adotou uma abordagem moderada com um candidato pragmático e uma plataforma de propostas para enfrentar problemas reais da população. E foi igualmente bem- sucedido. Líderes de centro-esquerda, como Rolf Mützenich na Alemanha, alertam que a própria democracia está em risco. Há reconhecimento da necessidade de enfrentar as causas do sucesso da extrema direita, entre elas as questões econômicas e as preocupações com a imigração. Partidos como a Aliança de Esquerda, na Finlândia, o Partido Popular Socialista na Dinamarca e o Partido de Esquerda na Suécia têm se destacado como alternativas à extrema direita. Plataformas Há esforços para manter a grande coalizão entre partidos populares, socialistas e liberais que já governaram a União Europeia, em oposição a alianças com partidos de extrema direita. Partidos de esquerda, como o La France Insoumise, estão defendendo plataformas de cunho social, rejeitando medidas de austeridade e políticas xenófobas e antiecológicas. Os partidos de centro- esquerda passaram a se posicionar firmemente contra os valores da extrema- direita, como a glorificação da violência, xenofobia, homofobia e ultranacionalismo. Há um esforço para denunciar o populismo de direita em todas as suas formas, seja no campo político, laboral ou cultural. Os partidos de centro-esquerda e de esquerda defendem a implementação de programas nas áreas de educação, mídia, saúde mental e apoio às famílias, visando prevenir a radicalização e desradicalizar indivíduos já envolvidos em movimentos extremistas. Buscam o fortalecimento de iniciativas como a Rede de Conscientização sobre Radicalização (RAN) da União Europeia, que permite a troca de experiências e práticas bem-sucedidas entre diferentes países. Investem no financiamento de centros de pesquisa especializados no estudo do extremismo, como o Centro para Pesquisa do Extremismo na Universidade de Oslo, para melhor compreender e prevenir o fenômeno. Alemanha A Alemanha está enfrentando o crescimento da extrema-direita, principalmente representada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), através de várias estratégias. Os partidos tradicionais mantêm uma política de não-cooperação com a AfD, recusando-se a formar coalizões ou acordos com o partido de extrema-direita. Após revelações sobre reuniões secretas da AfD com figuras neonazistas, ocorreram protestos massivos em toda a Alemanha, pedindo a proibição do partido. A AfD foi expulsa do grupo de extrema-direita Identidade e Democracia no Parlamento Europeu, em resposta a escândalos recentes e o governo alemão adotou leis mais rígidas sobre porte de armas e controles mais apertados para requerentes de asilo, em resposta a ataques terroristas. Há na Alemanha um esforço para alertar sobre os perigos da normalização de mensagens extremistas na sociedade. Especialistas e acadêmicos estão estudando o fenômeno do crescimento da extrema-direita para melhor compreendê-lo e combatê-lo. Apesar desses esforços, a AfD continua a ganhar força em algumas regiões, especialmente na Alemanha Oriental, onde chegou a vencer eleições estaduais. Isso tem gerado preocupações sobre a eficácia das estratégias atuais e debates sobre como lidar com um partido que, embora extremista, tem conquistado apoio entre os eleitores. A AfD, fundada por antigos oficiais nazistas e se diferencia de outros partidos de extrema direita na Europa pelo seu grau de radicalismo. É o mais extremista entre todos os partidos de extrema-direita na Europa e foi expulsa do grupo Identidade e Democracia no Parlamento Europeu devido a escândalos e posições extremistas. O partido agora faz parte de um novo grupo chamado Europa das Nações Soberanas, considerado ainda mais à direita do que outros grupos de extrema-direita no Parlamento Europeu. A AfD tem sido protagonista de múltiplos escândalos envolvendo a presença de negacionistas do Holocausto, racistas e outros extremistas nas fileiras do partido. Andreas Kalbitz, ex-líder estadual, foi expulso devido a antigas ligações com um movimento juvenil neonazista e Christian Lüth, ex-porta-voz, foi desligado após sugerir que imigrantes deveriam ser mortos “com tiros ou gás”. Maximilian Krah, principal candidato às eleições europeias, fez declarações polêmicas que levaram à sua demissão da comissão executiva federal do partido. Jian Guo, assistente de Krah, foi detido por suspeita de ser “um empregado dos serviços secretos chineses”. Petr Bystron, segundo nome na lista do AfD, foi acusado de aceitar mais de 20 mil euros de uma agência de influência apoiada por Moscou e Siegbert Droese posou em frente ao bunker de Hitler e fez campanha com um carro com placa alusiva ao líder nazista. Em Portugal Em Portugal, onde o partido Chega tem se fortalecido e hoje é a terceira força eleitoral do país, os partidos de esquerda (Partido Socialista (PS), (Bloco de Esquerda (BE), Partido Comunista Português (PCP) Partido Ecologista “Os Verdes”(PEV) e Livre (L), discutem estabelecer uma frente única e procuram demarcar-se clara e constantemente da extrema-direita, reafirmando os valores democráticos e progressistas. Denunciam o populismo em todas as suas formas e recusam estratégias políticas que estigmatizam o diálogo entre correntes centristas. Procura também focar na integridade moral e política, combatendo ofensas à lei e desvios éticos no serviço público. Tem havido debates internos para reavaliar estratégias políticas, como a  conferência nacional do Bloco de Esquerda para discutir as eleições autárquicas e o crescimento da extrema-direita, procurando manter a unidade entre as forças de esquerda e dificultar as manobras extremistas de direita. Comentaristas assinalam que a esquerda atualmente não possui um projeto alternativo bem definido que ofereça uma visão convincente para a construção de uma nova ordem social ou reformas profundas no modelo atual. Para enfrentar o avanço da extrema direita, a esquerda precisaria desenvolver uma capacidade renovada de abordar os desafios contemporâneos e apresentar um novo projeto de sociedade que esteja alinhado com as demandas do século XXI.     *Celso Japiassu é autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965).   Foto de capa: Drive/Poder 360 Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.         (mais…)

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Comunicação transparente: o desafio de Sidônio

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Comunicação transparente: o desafio de Sidônio
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Por RUDOLFO LAGO* do Correio da Manhã Nas conversas anteriores ao aceite para ser o secretário de Comunicação da Presidência, o publicitário Sidônio Palmeira perguntou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Qual é o seu horizonte na Presidência? Dois anos ou seis?" Se o horizonte for dois anos, ponderou Sidônio, não é preciso fazer nada de novo: dois anos o mandado conquistado já garante. Mas se o horizonte for estar de fato competitivo para um segundo mandato, ponderou, então há diversas coisas a serem mudadas. Sidônio já começou a fazer mudanças na prática. E os vídeos nos quais o próprio Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desmentem taxação do PIX já fazem parte da nova estratégia. Falas claras, dirigidas diretamente às pessoas.   Sem taxa No vídeo de Lula, ele aparece no Palácio do Planalto usando um casaco do Corinthians. Faz, então, um PIX de pouco mais de R$ 1 mil para "ajudar as finanças" do seu time de coração. E demonstra ali, claramente, que nenhuma taxa adicional foi cobrada na operação.   Além do Palácio Há um problema sério, porém, que Sidônio já identificou, como ele mesmo declarou, e precisa resolver. Não é só a comunicação do Planalto que é ruim. É ruim em todo o governo. E se ela não for integrada e aperfeiçoada, o governo seguirá apanhando.   Site de empresa que gere mais de R$ 5 bi é exemplo Na comunicação, empresa de Pimentel é fantasma | Foto: Instagram     Um exemplo veemente dos problemas de comunicação pode ser acessado no endereço emgea.gov.br. Trata-se do site da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), presidida pelo ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel e vinculada ao Ministério da Fazenda.Ela gerencia mais de R$ 5 bilhões decorrentes do Fundo de Compensações de Variações Salariais (FCVS). Além da gestão dos seus próprios ativos, ela também propõe soluções para terceiros. Como a Emgea faz isso? O que ela faz com os recursos que administra? Como isso retorna para a União? As ferramentas de comunicação da empresa estão longe de responder.   Sem contatos A Emgea não tem sequer uma assessoria de comunicação. Se tem, não há nenhum telefone de contato ou e-mail no site. A página tem apenas um e-mail da sua ouvidoria que está desativado. Remete a uma resposta automática que recomenda contato com o Fala.BR.   Sem telefone O único telefone disponível no site é um número de 0800. A última notícia publicada no site data do dia 31 de janeiro de 2023, ou seja de um mês somente depois do início do atual governo. Com uma declaração ainda do presidente anterior, Rodrigo Brandão.   Transparência Tudo parece levar a crer que não há um interesse real em tornar pública e transparente a atividade de uma empresa estatal que gerencia R$ 5 bilhões. Alguém poderia argumentar que a empresa não está interessada nos meios tradicionais de comunicação.   Redes sociais O que já seria um erro. Mas a Emgea não está também nas redes sociais. O Correio Político encontrou apenas um perfil, identificado como "não oficial", no Facebook. Mas nunca foi feita uma postagem sequer nele. No Instagram, é mencionada em outros perfis.       *Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade   Publicado originalmente no Correio da Manhã Foto de capa: No lugar de Pimenta, Sidônio terá trabalho |  Marcelo Camargo/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

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Um ano letal para a atuação do jornalismo

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Um ano letal para a atuação do jornalismo
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Por EDELBERTO BEHS* No Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro passado, a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) anunciava a morte de 104 jornalistas no ano de 2024. Terminado o ano, novo informe teve que ser divulgado, porque em 21 dias de dezembro a lista aumentou mais 18 nomes. O ano concluiu com 122 jornalistas mortos, dentre eles 14 mulheres. O organismo lamenta que 2024 tenha sido um dos anos mais mortíferos para profissionais da imprensa. O relatório teve que ser atualizado com o registro de novas mortes, principalmente no Oriente Médio: nove na Palestina e dois na Síria. No ano, a região acusou a morte de 77 jornalistas. Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, o número de jornalistas palestinos mortos chega a 147 casos. Em segundo lugar, na lista macabra, aparece a região da Ásia-Pacífico, com 22 casos, outros dez na África. As Américas tiveram nove casos: cinco no México, dois na Colômbia e dois no Haiti. Como em anos anteriores, assinala a FIJ, jornalistas da região sofrem ameaças, intimidações, sequestros e assassinatos por causa das denúncias sobre o tráfico de drogas. Na Europa, a guerra na Ucrânia fez quatro vítimas no ano que passou. Mas a região continua o continente mais seguro para trabalhadores da imprensa. Em comparação a anos anteriores, o número de jornalistas presos aumentou consideravelmente. Foram 375 em 2022, 427 em 2023 e 516 no ano passado. A China, incluindo Hong Kong, é a maior prisão do mundo para jornalistas, com 135 detidos em 2024, seguido por Israel, com 59 jornalistas palestinos, e de Mianmar, com 44. A América Latina teve apenas um jornalista preso em 2024.       *Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC). Foto de capa: iStock/iStock Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

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No Fio da História: biografia de Leonel Brizola  será lançada em março deste ano

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No Fio da História: biografia de Leonel Brizola será lançada em março deste ano
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Livro do jornalista Cleber Dioni Tentardini é resultado de vinte anos de pesquisas, entrevistas e reportagens. Leonel de Moura Brizola não é uma personalidade que se encaixe nos padrões tradicionais dos políticos. Carismático, arrojado, seria o clássico demagogo, que cativa a massa instintiva e instantaneamente. Mas não era isso. Era um gestor, um planejador, um realizador, tudo isso temperado por uma capacidade de trabalho descomunal e uma refinada sensibilidade para a questão social. Deputado estadual, deputado federal, prefeito de Porto Alegre, governador do Estado, em dez anos – de sua estreia em 1947 à eleição espetacular de 1958. Brizola pagou o preço de permanecer fiel ao povo de onde emergiu. Se o tivessem apanhado nos dias do golpe de 1964, ele teria sido morto. Voltou ao Brasil depois de 15 anos de exílio e perseguições que nunca cessaram, para retomar o fio de sua trajetória. Foi duas vezes governador do Rio de Janeiro, mas as elites mais uma vez o impediram de chegar à presidência da República. Pois, esse personagem fascinante da história do Brasil vai ganhar uma biografia, muito bem ilustrada, resultado de, pelo menos, duas décadas de pesquisas, entrevistas e reportagens feitas pelo jornalista gaúcho Cleber Dioni Tentardini. O lançamento, pela D’fato Editora Jornalística, está previsto para março deste ano. No Fio da História, a vida de Leonel Brizola teve edição minuciosa de João Borges de Souza, a quem é feita uma homenagem a sua memória, e a contribuição decisiva de jornalistas e editores como Elmar Bones da Costa e Fernando Brito. O autor foi a campo vasculhar arquivos históricos, museus, bibliotecas, secretarias de escolas, igrejas e cartórios, até reconstituir a vida dos pais do menino que se tornou Brizola e da região onde nasceu e cresceu no Norte do Rio Grande do Sul. Tentardini foi o único a entrevistar os irmãos de político e a sobrinha, criada como sua irmã. Também encontrou outros familiares, colegas e professores das séries iniciais, amigos de infância, todos já falecidos. Localizou, inclusive, a senhora que trouxe Brizola de trem, aos 14 anos, do Interior para a capital gaúcha. E, recentemente, foi quem trouxe a público, pela primeira vez, parte da história da mais nova e única filha viva do ex-governador, cuja paternidade não foi reconhecida pela Justiça. Outras revelações ficaram reservadas para o livro. A obra está recheada de curiosidades, vitórias, derrotas, decepções, amores, fúrias, perseguições, reconciliações, conchavos, e dezenas de fotos, antigas e atuais, charges e reproduções de jornais, inclusive um achado inédito, guardado em cofre: a histórica metralhadora com que o governador gaúcho se movimentava no Palácio Piratini durante o Movimento da Legalidade, o maior acontecimento político que sacudiu o Brasil após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. O livro remonta cenários e esclarece passagens marcantes da política nacional e internacional através de entrevistas e valiosos trabalhos acadêmicos, divulgados recentemente, e das memórias inabaláveis de jornalistas como Flávio Tavares e Carlos Bastos, e de militares como Emilio Neme e Pedro Alvarez. A obra já está sendo vendida com preço promocional de pré-lançamento, de R$ 80,oo por R$ 65,oo. Informações pelo e-mail dfatoeditora@gmail.com.     Foto de capa: Divulgação Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

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Trabalho de base nas vilas: algumas perspectivas

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Trabalho de base nas vilas: algumas perspectivas
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Por FABIANO NEGREIROS* "Precisamos transformar os discursos em prática na melhor compreensão da pedagogia do exemplo de Ernesto Che Guevara". Se existe alguma leitura de conjuntura inquestionável é aquela que atesta a crise de representatividade que vive a esquerda no Brasil e no mundo. As causas são inúmeras, e tampouco é minha intenção abordá-las neste breve texto. O que me motiva a escrever essas linhas é justamente sobre o verdadeiro “mantra” que se tornou a questão do trabalho de base, no qual a unanimidade em defender a sua necessidade é inversamente proporcional à sua efetividade a partir de uma proposta minimamente adequada à realidade dos territórios. Se por um lado temos muitos discursos em defesa do trabalho de base, por outro lado pouco se fala sobre como efetivamente fazer e aplicá-lo nos territórios. Logo, é sobre essa perspectiva que procurarei apresentar algumas ideias. Geralmente quando se fala no trabalho de base se parte de uma premissa equivocada, a qual é possível traduzi-la na seguinte reflexão: “precisamos falar sobre política com o povo”. Essa abordagem me parece apresentar uma espécie de equívoco cronológico, ou seja, ignora uma questão fundamental e anterior: como criar as condições objetivas e subjetivas que levem à construção de uma relação de confiança para no momento oportuno tratar de questões de natureza política em seu aspecto amplo, como, por exemplo, a fundamental necessidade de organização do povo pelo próprio povo para ocupar uma posição de protagonismo na luta contra as desigualdades que lhes atingem tão ferozmente. Nesse sentido, as condições objetivas estão representadas pela premissa que me parece elementar: estar fisicamente nos territórios a partir de um verdadeiro sentimento e interesse de vivência e convivência com os moradores das vilas que possibilite uma relação de interação e fraternidade forjada pelos sentimentos mais altruístas possíveis que levará a um reconhecimento mútuo pelo convívio intenso e de longo prazo. Nas palavras de Eduardo Galeano: “Não conheço felicidade maior que a alegria de me reconhecer nos demais”. Em relação às condições subjetivas, temos a perspectiva do conteúdo, ou seja, estando nos territórios, o que fazer lá? Nesse sentido, é decisivo partir de vivências cotidianas e projetos de natureza profundamente significativas para a disputa de sentidos dos moradores, por exemplo, iniciativas voltadas ao esporte, cultura, costura, computação etc. Dessa forma, favorecendo um campo mais fértil para o interesse coletivo de participação nesses projetos. A partir da relação entre essas condições apresentadas, surge a inevitável pergunta: quem são as pessoas dispostas a construir um verdadeiro exército de militantes para conviver e militar nos territórios de forma organizada e articulada? Se pensarmos apenas no número de filiados dos partidos de esquerda em Porto Alegre temos uma possibilidade concreta. Estamos falando de milhares de pessoas com as mais variadas formações cognitivas que representam um imenso potencial para formar esse grande exército de militantes. Os partidos, bem como os movimentos sociais progressistas, têm responsabilidade decisiva para o convencimento e mobilização de seus quadros para uma retomada histórica dos espaços que outrora já foram ocupados e que contribuíram para um momento histórico de significativa organização popular. Não tenho dúvidas de que o trabalho de base precisa ter como marca indelével o protagonismo dos territórios. Todavia, para esse protagonismo é fundamental a construção coletiva com todas e todos que acreditam na possibilidade de construção de um mundo mais igualitário. Obviamente, que esse breve texto não pretende de forma alguma esgotar o assunto, mas trazer algumas perspectivas que ajudem a construir um caminho concreto para a construção do trabalho de base que até o presente momento conta apenas com iniciativas elogiáveis, mas esparsas e desarticuladas entre si, e muito aquém do desafio quantitativo que vivemos na conjuntura política contemporânea. Precisamos transformar os discursos em prática na melhor compreensão da pedagogia do exemplo de Ernesto Che Guevara. Do contrário, seguiremos tergiversando sobre o tema que até o momento não fez outra coisa senão ajudar a direita a seguir inserindo-se cada vez mais nos territórios. Publicado originalmente Brasil de Fatohttps://www.brasildefators.com.br/2024/12/26/trabalho-de-base-nas-vilas-algumas-perspectivas *Fabiano Negreiros é Militante comunitário.   Foto de capa:  Foto: Caroline Ferraz/Sul21 Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Flávio Dino e a sucessão (IV)

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Flávio Dino e a sucessão (IV)
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Por J. CARLOS DE ASSIS* O sistema partidário brasileiro é disfuncional. Dividido em 29 partidos legalizados, com bancadas de 513 deputados e 81 senadores no Congresso, não constitui uma base institucional firme para assegurar governabilidade ao País. O presidente Lula teve de fazer uma verdadeira colcha de retalho partidária a fim de estabelecer alianças que lhe assegurassem um mínimo de apoio no Legislativo para governar. Isso não representa nada em termos de um projeto político nacional. Cada ministro constitui um braço independente do Executivo. Responde mais aos interesses de seu partido do que ao interesse geral. E os interesses de seu partido nem sempre são republicanos. No mínimo, são paroquiais. Em geral, o ministro, que é um parlamentar, dedica-se principalmente a sua reeleição. Isso fragmenta a estrutura do governo e sabota o princípio de planejamento único da ação governamental, que é violado sobretudo pelo uso generalizado das emendas parlamentares. O exercício do governo não reflete um consenso nacional de prioridades. São iniciativas picotadas, do Executivo ou do Legislativo, negociadas pontualmente sem um sentido de coerência com um programa comum. Diante de cada projeto de lei os grupos parlamentares avaliam seus interesses fisiológicos e suas alianças na sociedade civil, que estabelecem as decisões majoritárias do parlamento. Ao Executivo cabe aprovar ou vetar, e mesmo seu veto não corresponde a uma decisão definitiva, pois está sujeito à aprovação legislativa. Diante disso é um milagre que haja ainda um resíduo de governabilidade e de funcionalidade governamental no País. Isso se deve quase exclusivamente às qualidades de Lula como negociador. Contudo, a arte da negociação consiste muitas vezes em ceder posições, o que implica sacrificar objetivos e princípios. No limite, é um risco, pois a posição do negociador pode não ser bem compreendida pela opinião pública, e sua credibilidade pode ficar em risco. Esse risco pode ser menor se surgir um líder que assuma valores que não possam ser questionados pelas classes dominantes, pelas elites e pela opinião pública, e cuja defesa seja constatada na ação concreta, e não na retórica. É nesse sentido que vejo no ministro Flávio Dino um candidato viável à Presidência, se Lula não concorrer à reeleição. Ele não está anunciando para o futuro que vai combater a corrupção das emendas parlamentares secretas, que se tornaram odiadas e repudiadas por toda a sociedade. Ele já está combatendo a corrupção parlamentar de público, com ampla cobertura da mídia, atraindo para si uma enorme simpatia. A tradição política brasileira, cujos exemplos mais recentes de políticos que se apresentaram como grandes combatentes contra a corrupção, traz à memória, principalmente, Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello. Uma vez eleitos, revelaram-se notórios corruptos. Não estou garantindo que Dino também não o seja ou venha a ser. Estou dizendo que ele já se apresenta como combatente contra a corrupção de alta credibilidade, não pela retórica ou pela demagogia, mas pela ação. A luta contra uma facção corrupta do Congresso Nacional não é tarefa fácil. Especialmente quando estamos falando de um Congresso que tem maioria absoluta de parlamentares envolvidos direta ou indiretamente na fraude das emendas e pode, portanto, estabelecer emendas constitucionais em seu próprio benefício - como, aliás, tem feito. Vêm aí as eleições gerais de 2026. Nada está garantido em relação à composição do futuro Congresso. Se ficar como está, será ainda pior. Portanto acredito que uma eventual candidatura de Dino à Presidência, ocupando o vazio de lideranças com credibilidade em que nos encontramos, pode ajudar a ampliar uma base de apoio parlamentar ao futuro governo (se ele for eleito), sem os vícios da atual maioria absoluta no Congresso. Para as eleições, isso seria possível uma vez articulada uma base de aliança consistente entre partidos que, sem líderes de expressão, não conseguiriam eleger o presidente sozinhos. Já chamei a atenção para outro aspecto positivo da eventual candidatura de Dino à Presidência. Ele deu mostras de que está a par dos impactos para o mundo e para o Brasil dos desastres climáticos extremos. Esses desastres trarão imensos custos de reconstrução e prevenção que vão repercutir de forma recorrente no “arcabouço fiscal” e na meta fiscal do orçamento. O ministro autorizou o Governo a “furar” essa meta. Com isso, impediu que oportunistas tentem um impeachment contra Lula. Publicado originalmente na “Tribuna da Imprensa” online. Leia também Flávio Dino e a sucessão (II). https://red.org.br/noticia/flavio-dino-e-a-sucessao-iii/   *J. Carlos de Assis é jornalista, economista, doutor em Engenharia de Produção, professor aposentado de Economia Política da UEPB, e atualmente economista chefe do Grupo Videirainvest-Agroviva e editor chefe do jornal online “Tribuna da Imprensa”, a ser relançado brevemente. Foto de capa: Agência Brasil. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.    

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