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Francisco de Goya é Francisco José de Goya y Lucientes. É espanhol!

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Francisco de Goya é Francisco José de Goya y Lucientes. É espanhol!
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Por ANGELO CAVALCANTE* Nasceu no ano da graça de 1746; na miúda cidadela de Fuendetodos , região de Saragoça e faleceu em 1828, na França. Foi extraordinário pintor e é tido e considerado por muitos como o principal artista espanhol do século XVIII. É de Goya a obra " Saturno devorando a un hijo " [Saturno devorando a um filho]. Essa foi perturbadora pintura feita a óleo sobre uma parede pessimamente rebocada; tempos depois, esse trabalho fora cuidadosa, meticulosa e especialmente transplantado para uma tela. A cena mostra, enfim, um homem velho, Chronos , ( Saturno nas velhas tradições romanas ) devorando seus filhos! A produção de Goya revela de maneira impressionante um deus feroz, bestializado e incontrolado desfazendo, desmembrando um corpo menor, não por acaso, um dos seus filhos. A razão de toda essa ira, essa ferocidade está no fato de que Chronos teme ser destituído, derrocado, destruído por um dos seus filhos, daí o morticinio que perpetra contra sua prole. Bom... Esse preâmbulo ligeiro busca ou tenta retratar a gula política e, sobretudo, orçamentária que o presidente da câmara dos deputados, Arthur Lira, demonstra no trato com as assim denominadas emendas parlamentares . É algo absolutamente original e sem paralelo no mundo contemporâneo onde, de maneira cínica e desavergonhada, Lira criminosamente, contraria regras básicas e essenciais de legalidade, publicidade e moralidade a envolver recursos públicos; mais ainda, o sujeito busca subverter o racional e o legal em "inovação" única e absolutamente singular. Em outras letras, Lira faz e determina suas próprias leis! Não fosse o ágil peso e contrapeso do ministro Flávio Dino ( sem trocadilhos! ) por frenar a orgia das emendas parlamentares e conduzida pelo dito cujo Arthur Lira, o caudaloso rio dos recursos públicos estaria fruindo em bicas, trombas e cachoeiras não se sabe de onde, tampouco para onde. E atenção... Sem prestar contas a nada ou a ninguém! Lira é Chronos e desembestado, devora sua base com uma causa já irremediavelmente perdida. Nessa pororoca de absurdos, Dino, reparem bem, exigiu o essencial e óbvio; determinou apenas que as tais emendas, as mesmas " emendas pix " fossem devidamente registradas de sorte que os nomes dos parlamentares requerentes fossem devidamente registrados, com CPF e endereço; bem como o destino objetivo e descrito desses mesmos recursos. Em síntese: de quem e para onde? O Chronos alagoano, imaginem isso... Foi contra! Agora, me digam... Dá para acreditar que um homem público, percebendo ordenados pagos pelo público, se negue a prestar contas e satisfações do dinheiro público e público e absolutamente público? Valha-me... O Brasil é um universo paralelo... Não tem jeito! É público e notório que na semana que passou, antes da ceia de Natal, o ministro Flávio Dino travou, bloqueou 4,3 bilhões de reais de emendas parlamentares saídas " sabe-se lá de onde " com destinações ignoradas, não registradas e muito menos anunciadas. É incrível! Lira arrasa, penaliza e devora a nação!     * Angelo Cavalcante é Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara. Foto de capa: Vicente López Portaña. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Programas 01/01/ 2025 

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Programas 01/01/ 2025 
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Por Léa Maria Aarão Reis* * Sem festas de fim de ano na Faixa de Gaza: quase meio milhão de pessoas enfrentam os níveis mais altos de insegurança alimentar com a falta de comida; e ao menos 30% das crianças do território estão gravemente desnutridas, é a informação de Philippe Lazzarini, da Agência ONU para Refugiados Palestinos, a UNRWA. E mais: segundo ele, ‘’em média, dez crianças perdem uma ou ambas as pernas todos os dias, ou seja, cerca de duas mil crianças, após mais de 260 dias dessa guerra brutal. A maioria das amputações é realizada em condições horríveis e, às vezes, sem anestesia. Isso também se aplica às crianças .’’ * Segundo Lazzarini, a UNRWA tem o dinheiro necessário para suas operações até o final de agosto. A agência das Nações Unidas sofreu um corte significativo no financiamento, depois que Israel acusou alguns de seus 13 mil funcionários de envolvimento com o Hamas. * E a hipocrisia natalina: Israel liberou, no norte de Gaza, a entrada de caminhões com cargas de alimentos. Mas ... fechou a fronteira de Rafah, no sul, com o Egito. * O programa para 2025, segundo o advogado criminalista mineiro, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay, como é conhecido) é este: “ Bolsonaro precisa ser preso para o Brasil mudar de página”. Segundo ele, o inelegível deve ser processado por ‘’crimes chaves, cuja materialidade já está posta’’. * Mesma opinião do professor Lizst Vieira, sociólogo e ambientalista, esperando ‘’provas irrefutáveis e esmagadoras’’ sobre o tema: ‘’ Quanto antes Bolsonaro vier a ser preso, melhor. Sua prisão contribuirá para inibir eventuais tentativas futuras de golpe militares, uma espada de Dâmocles sempre pendente sobre a democracia no Brasil. E embora a Polícia Federal já tenha reunido provas suficientes para que o STF decrete sua prisão preventiva’’. * O livro O 1o golpe do Brasil, de Ricardo Lessa, está na terceira edição. Trata-se do golpe político desferido contra o governo, um ano após a declaração de independência de Pedro I. (Ed. Máquina de Livros). * Leitura de férias: Machado de Assis e as primeiras incertezas, de Wilton José Marques, trata da ‘‘juventude literária’’ do mestre, contém informações inéditas de sua vida durante o período 1854/1860, e descreve a entrada na redação de O Diário do Rio de Janeiro. O autor é professor titular de Literatura Brasileira da Universidade Federal de São Carlos. (Ed. Alameda). * Entre os livros mais procurados, neste fim de ano: Litoral. A costa brasileira com esplêndidas fotos do jornalista Ricardo Martins, páginas repletas de imagens de pássaros, águas, peixes, e belezas naturais realizadas durante a viagem de 50 dias do autor pelo nosso litoral. Martins foi Premio Jabuti 2012 com o seu A Riqueza de um Vale, viagem ao Vale do Paraíba. (Ed. RM). * Livro que pode ser útil: As Motivações do Amor, do psicanalista Francisco Baptista Neto, de Santa Catarina, sugerido pela Esquina do Livro, do site Tempo Contemporâneo. Tema até certo ponto ‘enigmático’: porque os casamentos acontecem, porque os casamentos acabam. “Ele vem ao encontro das preocupações da maioria dos casais, tanto os que têm poucos anos de relacionamento como aqueles que já têm mais experiência de vida em comum’’, diz a apresentação dos editores. ( Ed. Insular* *Do professor, médico e antropólogo Didier Fassin, do Collège de France e diretor da Escola de Ciências Sociais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, sobre o massacre de Gaza: ‘’O genocídio em curso é o abismo moral mais profundo no qual o mundo caiu desde a Segunda Guerra Mundial’’. Fassin acaba de publicar Une étrange défaite. Sur le consentement à l’écrasement de Gaza ( Ed. La Découverte). * Chegou ao Brasil O Seminário, livro 14: A lógica do fantasma, tido como indispensável para o conhecimento integral da leitura de Lacan sobre a obra de Freud. Com texto de Jacques-Alain Miller, encontram-se neste volume as 21 lições proferidas por Jacques Lacan entre 1966 e 1967. (Ed. Zahar) * Até o próximo dia 5, no Canal Brasil, o documentário Quebrando Mitos, de Fernando Grostein Andrade e Fernando Siqueira, sobre o desastre do governo do inelegível e as consequências negativas das suas políticas. O filme aborda a homofobia de Bolsonaro e a resistência ao fascismo no Brasil”. Roteiro de Carol Pires. * Orbital, da britânica Samantha Harvey (Booker Prize de 2024), relata o drama dos seis astronautas estacionados na Estação Espacial Internacional orbitando a Terra, desde junho. A mais recente previsão da operação de resgate do grupo é abril próximo. A edição em português deve sair em 2025 pela Editora DBA. * Cinemas não narrativos - Experimental e Documentário: Passagens, de Francisco Elinaldo Teixeira, cientista social, ensaísta e fotógrafo, é uma ‘’análise sobre a nossa cultura audiovisual que tem como ponto central tratar o cinema como catalisador da sociedade’’, diz a Editora Alameda. * Israel dedica-se à destruição de lugares santos cristãos na Cisjordânia como o Mausoléu de Pedro, apóstolo de Cristo, de dois mil anos de existência, e a igreja Melkite St. George. Há também vídeos realizados pela armada israelense profanando lugares santos e aproveitando para destruir paredes da Mesquita Al-Salam, em Tulkarm, no sul da Cisjordânia. Nesse vídeo, o rabino Beck, filho de sete gerações judias nascidas na Palestina, lembra do seu passado distante: ‘’ Nos dávamos bem, judeus e árabes, todos vizinhos, amigos, os filhos brincando juntos’’. (Informações e vídeos CaPjJP0- Europalestine). * Cristãos deslocados em Gaza viveram uma véspera de Natal sombria na terça-feira, 24, no interior do complexo latino da Igreja da Sagrada Família, onde buscaram refúgio em meio ao conflito. * Em uma correspondência do jornalista Jamil Chade com o título A noite de Natal em Gaza: ‘’Ataque de Israel deixa 70 mortos em campo de refugiados’’. *Léa Maria Aarão Reis é Jornalista. Foto de capa: Reprodução Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Sílvio Almeida merece uma nova chance na história da luta contra o racismo brasileiro

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Sílvio Almeida merece uma nova chance na história da luta contra o racismo brasileiro
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Por EUGÊNIO BORTOLON* Demitido, boicotado em universidades e editoras, o ex-ministro dos direitos humanos virou pária social. Para virar um dos piores sujeitos do Brasil foi questão de dias. A reputação de um dos maiores intelectuais negros do país e do mundo foi para a lata do lixo da história. Acusado de abuso ou importunação sexual e assédio moral, Silvio Luiz de Almeida perdeu o cargo de ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, foi demitido da universidade onde lecionava, a editora Record deixou de publicar seus antigos e novos livros e ele foi visto na rua como uma figura abjeta, desprezível e evitável. Não é convidado mais para palestras e talvez “nem para reunião de condomínio”. Está refugiado em casa e lutando para se defender das acusações que sofreu. Tem filho pequeno e mulher, que estão ao seu lado. Filósofo, advogado, escritor e professor, Sílvio foi um dos raros negros brasileiros que chegou e galgou postos importantes e fundamentais na vida brasileira. Chegou a lecionar na Columbia, uma das universidades americanas mais respeitadas globalmente, em razão do seu nível intelectual e do seu ativismo político antirracista. Era filho de Barbosinha, um ex-goleiro de futebol que passou com certo destaque pelo Corínthians de São Paulo. O que até agora Sílvio conseguiu para aliviar a dor de ter sido achincalhado e destruído depois de todo um passado de lutas e vitórias? Muito pouco. Terminando o ano e quase quatro meses da sua derrocada – em 6 de setembro de 2024 –, o 15º ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil por 20 meses vive à margem de tudo e quase todos. A Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou na 2ª feira (25.nov.2024) um processo contra o ex-ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida. O caso analisado não tem relação com as acusações de assédio e importunação sexual que levaram à sua demissão do governo em setembro, segundo informou a Casa Civil.... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/poder-governo/comissao-de-etica-arquiva-processo-contra-silvio-almeida/) © 2024 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas. Silêncio As investigações da Polícia Federal não avançaram ou não se tem notícia de que estão em andamento, conforme diz o jornal Folha de São Paulo. O ex-ministro afirmou no dia da sua demissão que todas as denúncias são “mentiras” e “ilações absurdas” sem provas. Agora, não recebe mais a imprensa. Prefere o silêncio até o fim do processo. Amiga muito próxima aqui de Porto Alegre – que prefere não se identificar – continua acreditando na sua inocência. “Ele, como intelectual, jamais foi pedante, desrespeitoso, arrogante e grosseiro com os funcionários do ministério como chegaram a insinuar”, diz ela, integrante do Movimento Negro Gaúcho. “E quanto ao assédio sexual não se tem prova nenhuma.” A Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou na 2ª feira (25.nov.2024) um processo contra o ex-ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida. O caso analisado não tem relação com as acusações de assédio e importunação sexual que levaram à sua demissão do governo em setembro, segundo informou a Casa Civil.... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/poder-governo/comissao-de-etica-arquiva-processo-contra-silvio-almeida/) © 2024 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas. Um processo da Comissão de Ética da Presidência sigiloso e sem relação com as acusações feitas pela ONG Mee Too, segundo a Casa Civil, foi arquivado em novembro. A ministra pouco falou na ocasião, mas não negou nada. E a Mee Too ficou quieta depois disso. Também arrolou outras supostas vítimas de Almeida na universidade onde lecionou em São Paulo – Mackenzie, na Fundação Getúlio Vargas, na Universidade São Judas e na Universidade Zumbi dos Palmares, na Universidade de Columbia, em Nova York, e na Universidade de Duke, ambas nos Estados Unidos. Com 48 anos e ainda uma longa carreira pela frente, quem seria o responsável pela destruição de sua reputação e de sua vida? Ele próprio por achar que podia tudo dada à sua posição ou a imprensa através de denúncias e mais denúncias – muitas exageradas – naquela época da demissão, em setembro. O site Metrópoles foi o primeiro a lançar as notícias. A partir daí foi uma cachoeira de destruição da sua imagem em todos os veículos. O governo teria embarcado no mar de insinuações e acusações? A notícia ficou em destaque alguns dias e depois foi para o limbo da história, como tantas outras coisas. A velocidade do noticiário e a busca da verdade é fugaz. Sílvio hoje é passado para quase todo o país. Não se fala mais nele e nem na sua luta feroz contra o racismo. Foi abatido como tantos outros. Questão específica Estas questões se referem apenas a Sílvio, não estou aqui analisando o possível sofrimento de Anielle Franco. O abuso e assédio moral que teria sofrido são outras situações, merecem outras análises, e aconteceram em 2023. Só estou falando do benefício da dúvida que Sílvio merece. Não pode ser executado. Ele esperneou, mas foi massacrado impiedosamente. Alceni Guerra, um médico branco, também foi execrado no governo Collor por possível envolvimento em corrupção na compra de bicicletas para agentes sanitários. Foi demolido pela imprensa da época, mas pouco depois foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal. Ganhou notinha de rodapé, nenhuma desculpa depois de manchetes espalhafatosas. Com notória reputação acadêmica, primeiro presidente do Instituto Luiz Gama – ONG que carrega o nome do abolicionista e que tem por objetivo a luta contra o preconceito racial, Sílvio vive dias de solidão social, conforme relato de amigos ao jornal Estadão. A chegada dele ao Ministério dos Direitos Humanos, em 2023, foi comemorada por ativistas devido ao seu reconhecimento como um dos principais nomes do movimento negro no país. Em seu discurso de posse como ministro, comprometeu-se a “não esquecer os esquecidos” e a lutar por um país que ponha a vida e a dignidade em primeiro lugar. Ele citou um ditado iorubá, os rappers Emicida e Mano Brown, Mandela, Pelé, Zumbi, Marielle Franco, Luiz Gama e Martin Luther King, entre outras referências negras, para exaltar a ancestralidade e também o futuro. Fez muito e poderia fazer mais. Em suas obras, trabalha com conceitos de autores como Jean-Paul Sartre e György Lukács. Em seus textos, trata de questões como direito, política, filosofia, economia política e relações raciais. Foi responsável por popularizar o conceito de racismo estrutural (proposto desde os primeiros estudos raciais críticos ainda nos anos 1960), em que o racismo é concebido como decorrente da própria estrutura da sociedade. Em seu livro, que leva o mesmo nome do conceito que aborda, Almeida aplica essa noção às mais diversas áreas, como o direito, a ideologia, a economia e a política. Não se trata de absolvê-lo por eventuais fraquezas, mas será que Sílvio, por toda a sua trajetória antirracista, merece passar para a história como um verme irrecuperável? Não. Acho que ele ainda tem um grande papel a desenvolver no movimento negro e na formação de uma sociedade mais igualitária. Nada é impossível, mas é preciso admitir que será muito difícil. É preciso justiça e política nesta história. O seu expurgo da política, de universidades, editoras e da vida como cidadão não podem ser jogadas nas sarjetas da história.     Publicadp originalmente em Brasil de Fato. *Jornalista Publicado originalmente no Brasil de Fato. Foto de capa: Rovena Rosa/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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A guerra à inteligência

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A guerra à inteligência
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Por CELSO JAPIASSU* Quando o general fascista espanhol José Millán-Astray interrompeu a palestra do poeta e filósofo Miguel de Unamuno, reitor da Universidade de Salamanca, aos gritos de “abajo la inteligencia, viva la muerte”, não bradava apenas um impropério ou fazia mera provocação política. Era o princípio da sangrenta guerra civil e a frase do general enunciava uma cláusula pétrea da ideologia nazifascista e da extrema direita em geral: o culto da violência e a negação da humanidade pela adoração da morte. Essa tradicional crença da extrema direita perdura no seu negacionismo, nos movimentos antivacina, na recusa de adotar comportamentos de segurança, na oposição às políticas de preservação do meio ambiente e na ação de líderanças neofascistas como Bolsonaro, Trump, Orbán ou Le Pen. Em várias capitais da Europa, dezenas de milhares de neofascistas, neonazistas e extremistas de direita manifestam-se desfilando suas turbas pelas ruas, numa cópia dos desfiles das SS dos tempos de Adolf Hitler. Esta semana, nas eleições da Áustria, mais uma democracia foi sitiada com a vitória sem precedentes do neonazista Partido para a Liberdade da Áustria (FPÖ, na sigla em alemão). O FPÖ, não por coincidência, foi fundado nos anos 1950 por ex-militares das SS nazistas. As eleições legislativas na Áustria foram realizadas no domingo, 29 de setembro de 2024 e marcam um perigoso momento no cenário político europeu. O FPÖ obteve aproximadamente 29% dos votos, um significativo aumento de 13 pontos percentuais em relação às eleições de 2019. Colocou o partido à frente dos conservadores do ÖVP (Partido Popular Austríaco), que ficaram em segundo lugar com 26,3% dos votos, e dos social-democratas do SPÖ, que alcançaram 21% dos votos.   Um pedaço de história A vitória do FPÖ representa a primeira vez, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, que um partido de extrema-direita vence as eleições legislativas. O FPÖ, no entanto, não obteve maioria absoluta e precisará formar uma coligação para poder governar. O líder do FPÖ, Herbert Kickl, celebrou o resultado como "um pedaço de história". O atual chanceler Karl Nehammer e o líder social-democrata Andreas Babler fizeram declarações e disseram que não formarão coligação com a extrema-direita. O sucesso eleitoral do FPÖ é atribuído à frustração dos austríacos com a política tradicional. Esse descontentamento com os partidos tradicionais tem impulsionado o apoio à extrema direita que se apresenta como alternativa. Em sua campanha o FPÖ capitalizou as preocupações com a imigração, propondo medidas como a "reemigração de estrangeiros não convidados". A crise econômica, a inflação alta e as dificuldades econômicas da classe média têm alimentado o sentimento anti-establishment. A Áustria é o país europeu que tem recebido mais refugiados per capita e desenvolveu um sentimento anti-islã e anti-imigração. Durante a pandemia de Covid 19, a oposição às medidas sanitárias também ajudou no fortalecimento dos partidos da extrema direita. Alguns eventos recentes, como a ameaça de um atentado terrorista em Viena, reforçaram o discurso de segurança do FPÖ.   O cenário europeu A vitória do FPÖ na Áustria se insere em um contexto da ascensão da extrema-direita na Europa. Partidos similares vêm ganhando força em países como Itália, Hungria e Países Baixos, fenômeno que reflete a tendência de polarização política e desafio aos partidos tradicionais. A nova situação na Áustria levanta questões sobre a formação do próximo governo e o futuro político do país. A possibilidade de uma coligação entre conservadores e extrema-direita, ou uma aliança mais ampla excluindo o FPÖ, são cenários em discussão, mas, independentemente do desfecho, o crescimento do FPÖ sinaliza uma mudança no panorama político austríaco e reforça a necessidade de atenção às dinâmicas que têm impulsionado movimentos similares em toda a Europa.   Na Alemanha Em Berlim, um ajuntamento de 18 mil pessoas, segundo contagem da polícia, autodenominou-se “festival de liberdade e paz”, liderada pelos “pensadores livres”, ativistas antivacina, partidários de teorias de conspiração e simpatizantes do neonazismo em geral. Atiraram pedras e garrafas contra a polícia. Sentaram-se no chão e gritaram “resistência” ou “nós somos o povo”, slogan de extrema direita que está em uso atualmente. Depois da manifestação, militantes tentaram invadir o Palácio do Reichstag, onde funciona a câmara baixa do Parlamento alemão. O presidente Frak-Walter Stanmeier condenou o ataque. “Bandeiras nazis e obscenidades de extrema direita frente ao Bundestag alemão são um ataque insuportável ao coração da nossa democracia. Nunca o aceitaremos”, disse ele. O partido neonazista Alternative für Deutscheland (Alternativa para a Alemanha) acaba de ser bem-sucedido nas eleições dos estados da Turíngia e da Saxônia. A extrema direita tem feito crescer sua influência no cenário político europeu. Encontra-se no governo, atualmente, na Hungria, Itália, Países Baixos (Holanda), Finlândia, República Checa e Croácia. E aproxima-se de outros.   Os temas Os temas que os diversos partidos europeus de extrema direita têm em comum entre si em busca do apoio dos eleitores são a Imigração; Identidade nacional (oposição ao multiculturalismo); Economia e custo de vida; Críticas e oposição à União Europeia (euroceticismo), Segurança; Críticas às políticas ambientais (rotuladas de "terrorismo climático"); Desconfiança nos partidos tradicionais; Críticas aos direitos das mulheres, aborto e educação nas escolas e universidades; Críticas à mídia tradicional e utilização das redes sociais; Apelo aos jovens enfatizando questões como moradia e saúde.     *Celso Japiassu é autor de Poente (Editora Glaciar, Lisboa, 2022), Dezessete Poemas Noturnos (Alhambra, 1992), O Último Número  (Alhambra, 1986), O Itinerário dos Emigrantes (Massao Ohno, 1980), A Região dos Mitos (Folhetim, 1975), A Legião dos Suicidas (Artenova, 1972), Processo Penal (Artenova, 1969) e Texto e a Palha (Edições MP, 1965). Foto de capa: IA Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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Por uma democracia liberal plena!

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Por uma democracia liberal plena!
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Por JOSÉ FORTUNATI* “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” – Rosa Luxemburgo. Após os lastimáveis acontecimentos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023 quando uma turba enlouquecida invadiu e depredou os prédios do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, se impôs a discussão sobre os parâmetros adequados para o país usufruir do conceito de Estado Democrático de Direito. A primeira questão a frisar é a de que não estamos falando apenas de um Estado de Direito que se caracteriza por um exercício do poder do Estado limitado por um ordenamento jurídico, muitas vezes sustentado por governos autoritários e despóticos, com leis draconianas e injustas. De forma mais ampla e correta, o conceito de Estado Democrático de Direito é aquele que tem por obrigação garantir os direitos básicos e essenciais para uma vida justa e adequada a todos os cidadãos, independente de cor, religião ou orientação política ou sexual. Ao sacramentar o Estado Democrático de Direito em nossa Carta Magna, no artigo 1º os constituintes deixaram claro de que o Estado deve estar subordinado ao interesse de todos os cidadãos, e não refém do governante, e, para que se consolide efetivamente, deve respeitar os direitos básicos garantidos na Constituição que em seu artigo 5º, afirma: “todo o cidadão deve ter direito à moradia, acesso à saúde, à educação básica, ao sistema jurídico, às informações pessoais e ao sufrágio universal”. Dito de forma mais ampla, o que se exige do Estado Democrático de Direito é que ele se caracterize por respeitar os direitos humanos fundamentais, garantir os direitos individuais, coletivos, sociais e políticos e a eleição democrática dos seus governantes. E mais, que imponha limites igualmente estabelecidos na Constituição sobre a atuação do Estado através da proteção jurídica, que previna abusos do Estado em relação aos indivíduos, que tenha uma separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário, que crie leis com base na soberania popular, que consiga superar as desigualdades sociais e regionais na promoção da justiça social. Comungo com a tese de que para garantir o Estado Democrático de Direito, o adequado formato de governo é a Democracia Liberal, ou Democracia Constitucional, que é a forma de governo na qual o Estado é regido e limitado por um texto constitucional que garanta a existência de pesos e contrapesos (executivo, legislativo e judiciário), amplos direitos políticos e liberdades civis aos cidadãos como a liberdade de associação, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, o direito ao voto, a elegibilidade para cargos públicos, as eleições livres e justas, a igualdade perante a lei, respeito pelos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana, entre outros. Cabe aqui um questionamento: no momento em que as democracias liberais estão sendo questionadas em todo o mundo, o Brasil segue os pressupostos acima? Naturalmente temos que considerar que a história brasileira tem períodos de altos e baixos na sua vida política democrática, com estrangulamentos autoritários em várias fases em que o regime ditatorial tentou se consolidar. Infelizmente, o “golpismo” se mantém presente em nosso meio assombrando os nossos corações e mentes. Apesar disso, é inegável que com muita luta, persistência e resistência, estamos avançando, mesmo que esta caminhada não aconteça com a velocidade esperada pela maioria da população. Infelizmente temos hoje uma grande parcela da população que deixou de acreditar no “sistema” e passou, através de campanhas forjadas pela extrema-direita e bem articuladas fazendo uso de Fake News, a colocar em dúvida o “status quo” vigente e as estruturas de poder existentes. Ninguém em sã consciência pode afirmar que a Democracia Liberal está consolidada no Brasil diante dos dados assustadores que apontam que 59 milhões de brasileiros se encontram abaixo da linha da pobreza (IBGE); que o desempenho dos nossos alunos em matemática, leitura e ciências está entre os piores países do mundo (PISA); as taxas de mortalidade infantil absurdas, de desemprego elevada (felizmente em patamares muito melhores agora) e de criminalidade que não param de crescer , atingindo especialmente as populações que vivem nas periferias das grandes cidades. Que a concentração de renda no topo cresce e os 5% mais ricos já detêm 40% da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas 2% (FGV). Constata-se, indiscutivelmente, que um dos pilares básicos da Democracia Liberal, o pilar social, está corroído e é necessário que o poder público tenha uma atuação mais incisiva para diminuir as injustiças sociais. O que dizer do “pilar político”, que deve dar sustentação à Democracia Liberal? Com o fim do Regime Militar o país deu um grande salto de qualidade em 1988 ao apresentar um novo texto constitucional, onde os parâmetros de consolidação das normas para o fortalecimento do “pilar político” foram sacramentados. O artigo 14 da Constituição Federal reza que “a soberania popular será exercia pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei mediante I – plebiscito, II – referendo, e III – iniciativa popular”. No campo político, dispomos de um conjunto de artigos na Carta Magna que demonstram que o Brasil deu passos largos à Democracia Liberal - nossa grande referência - criando e consolidando normas muito claras para preservar a liberdade individual perante os representantes do poder político, em especial em face ao Estado. A garantia da liberdade de expressão, de opinião e da vontade política de cada um, a igualdade de direitos políticos e a possibilidade de oportunidade iguais para que o povo e os partidos políticos possam se pronunciar sobre decisões de interesse público, está perfeito, no papel, pois viabiliza um sistema político onde o cidadão tem direito a participação elegendo seus representantes através da denominada democracia representativa. Aqui começam os problemas da representação da nossa população. Em primeiro lugar temos a destacar que o sistema partidário brasileiro é absolutamente anacrônico e ultrapassado, imperando a proliferação de siglas partidárias, na sua maioria sem qualquer consistência política, filosófica ou ideológica aparecendo para o cidadão como uma verdadeira “sopa de letrinhas”, onde o que predomina é a presença dos indivíduos, e não da concepção política que defendem. A maioria das atuais siglas partidárias, não passa de usurpadores de esperanças criando falsos discursos em que o cidadão não consegue diferenciar propostas e projetos. Não obstante, o Brasil adotou o sistema de “lista aberta” para a escolha dos seus representantes ao Legislativo, o que redunda na valorização individual do candidato deixando de lado as questões programáticas ou filosóficas. Desta forma, o eleitor vota no candidato que é mais conhecido nas redes sociais, o que mais xinga os adversários, o que fala e discursa para o seu público especifico independentemente do teor da matéria ter base legal ou de veracidade, o “influencer” das redes sociais , e conduz esse eleitor a não levar em consideração as propostas que serão posteriormente defendidas no Legislativo. Uma parte significativa dos partidos hoje existentes, termina por se tornar uma sigla de aluguel aos oportunistas de plantão. O resultado concreto destas escolhas é que o candidato eleito não se sente comprometido com o programa partidário ou com as propostas defendidas no estatuto e no programa partidário, esfacelando completamente a vida partidária nos legislativos. Uma outra distorção consiste em dar pesos diferenciados para o voto dos cidadãos. É verdade que conquistamos uma universalidade do direito ao voto ao sacramentarmos, como exemplo, o direito do deficiente visual e do analfabeto em votar. No seu artigo 14 a nossa Carta Magna, estabelece: “ a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos”. Mas, ao determinar que os estados federados deveriam ter um mínimo de 8 e um máximo de 70 deputados, os Constituintes de 1988 consolidaram uma enorme distorção no princípio básico da democracia liberal que é “cada cidadão, um voto”. Desta forma o que temos hoje é uma representação distorcida do voto do brasileiro, onde o voto do cidadão acreano vale muitas vezes o voto do paulista, como exemplo. Trata-se de um erro crasso onde se pressupõe que todos os eleitores de um determinado estado têm os mesmos interesses, defendem os mesmos valores éticos e morais e que as decisões que irão atingir o trabalhador do Acre serão diferentes das que interessam ao trabalhador de São Paulo. A proposição não considera o interesse de cada cidadão de acordo com a sua situação social, política e religiosa. A norma parte de pressuposto de que o interesse de todos os cidadãos de um estado são iguais pensando e agindo de forma unificada. É importante lembrar que o tratamento equânime entre os estados federados está garantido na escolha dos três senadores. Neste caso, cada unidade federativa, seja o pequenino Acre ou o todo poderoso estado de São Paulo, terá a mesma representação no Senado da República. Com o passar do tempo esses interesses particulares e pessoais terminaram impondo uma série de normas e ações que têm tornado a disputa eleitoral cada vez mais desigual e antidemocrática, especialmente em relação à Câmara dos Deputados. O pressuposto de uma Democracia Liberal é que todos tenham idênticas condições de disputar um pleito eleitoral. Mas, o Congresso Nacional tem operado para consolidar os mandatos dos atuais deputados através da criação de verbas pesadas de gabinetes, a existência de 25 assessores em cada gabinete, onde apenas uma meia dúzia está voltada para o trabalho parlamentar e os demais estão nas “bases” dos deputados trabalhando para preparar a reeleição dos seus chefes. O que falar então das “emendas impositivas”, uma verdadeira excrescência do Estado Democrático de Direito, que desarmoniza todo o processo eleitoral com farta distribuição de recursos, sem qualquer critério, tendo um enorme impacto eleitoral especialmente em cidades de pequeno e médio porte. Neste quesito é importante destacar o papel pró-ativo do Ministro Flávio Dino (STF) que decidiu, de forma corajosa e republicana, enfrentar o Congresso Nacional numa clara tentativa de tornar transparente o uso do dinheiro público. A própria distribuição dos recursos do Fundo Eleitoral, dinheiro público, é realizada de acordo com a vontade do presidente do partido onde são agraciados, na maior parte das vezes, os candidatos mais próximos da direção partidária, servindo inclusive para punir possíveis desafetos. E sobre isso, posso afirmar que já fui vítima desta emboscada. Em relação à escolha dos nossos parlamentares, o atual sistema cada vez mais reforça a reeleição dos atuais mandatários ou termina favorecendo os que possuem maior número de seguidores nas redes, mesmo que não possuam um trabalho concreto ou não saibam exatamente o que irão fazer junto ao Poder Legislativo. Para demonstrar que o processo está eivado de distorções também na escolha dos nossos representantes para o Executivo, cito o exemplo da disputa para o Governo dos entes federados. Se o atual mandatário, por exemplo, ocupante da cadeira de Governador optar por concorrer à reeleição, ele não precisa se desincompatibilizar, ou seja, não precisa se afastar do cargo e mantém o uso, de forma direta, do prestígio do cargo, da estrutura e da “máquina pública” a seu favor. Em contrapartida, se um prefeito de uma pequena cidade do interior resolver enfrentar o ocupante do cargo de Governador, ele terá que se desincompatibilizar, ou seja, renunciar ao cargo de prefeito no mínimo seis meses antes da data das eleições e enfrentar o difícil e quase impossível páreo. Coisas do casuísmo eleitoral brasileiro. O grande sonho utópico de Rosa Luxemburgo , “um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” encontra-se ainda distante da nossa realidade. Mas não é jogando a toalha que vamos virar o jogo. A luta democrática urge envolver todos os atores num só espaço, trazendo os movimentos sociais, as entidades de classe, os partidos políticos em torno de uma grande Frente Ampla e que crie as condições concretas para elegermos fortes e representativas bancadas nos legislativos, governantes progressistas e defensores da democracia nos executivos da federação, dos estados e dos municípios. Relembrando um não distante passado de nossa história política, conseguimos avançar. Sim, tivemos vários recuos. Mas é preciso resgatar a utopia e olhar para o futuro com a confiança de que a Democracia Liberal é o caminho correto para a consolidação de um Estado Democrático de Direito, que realmente permita a construção de uma sociedade mais justa e que possibilite igualdade de condições para que as pessoas possam viver melhor e mais felizes. Esse é o verdadeiro sentido da vida.     *José Fortunati, foi Prefeito de Porto Alegre (2 mandatos), Deputado Federal e Secretário de Estado da Educação do RS Foto da capa: Adriana Loureiro/Reuters Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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O Brasil está novamente sob ataque e Lula será golpeado em várias frentes

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O Brasil está novamente sob ataque e Lula será golpeado em várias frentes
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Por LEONRDO ATTUCH * Assim como ocorreu em junho de 2013, o Brasil está novamente sob ataque. O sintoma mais visível da nova guerra contra o País é o ataque especulativo contra o real, que parece estar sendo comandado pelos grandes fundos financeiros internacionais. O objetivo claro deste ataque é desestabilizar o governo do presidente Lula, que fecha o ano de 2024 com excelentes números econômicos: o menor desemprego da série histórica e um crescimento do PIB que deve se aproximar de 4%. Mas é exatamente por estar indo bem que Lula entrou na mira dos golpistas de sempre – os daqui e os de fora. A tese é de que Lula não pode chegar forte demais em 2026. Na pior das hipóteses, para os golpistas, é claro, ele precisa necessitar da frente ampla para se eleger. Na melhor das hipóteses, para este mesmo grupo, o ideal é que ele não dispute a reeleição e o PT seja derrotado, abrindo espaço para a volta do projeto da extrema-direita, que hoje conta com três forças principais: a família Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas e o ex-coach Pablo Marçal, que, até agora, não perdeu seus direitos políticos e aparentemente não os perderá. O ataque contra o real, no entanto, não é o único sintoma da guerra contra o Brasil. Um exemplo recente é a fake news disparada pela Folha de S. Paulo sobre o inexistente “rombo das estatais". Uma mentira que foi compartilhada pela Globo, pela família Bolsonaro e pelas redes da extrema-direita. O objetivo é criar no imaginário da população a ideia de que o PT estaria “quebrando o Brasil", quando o que ocorre é exatamente o contrário. Lula está reconstruindo o Brasil e retomando o desenvolvimento. Mas, se é assim, por que então os grandes fundos internacionais e a mídia brasileira estariam atacando um governo que traz de volta a perspectiva do desenvolvimento econômico e social? A resposta é simples: no estágio atual do capitalismo, o grande negócio não é mais o desenvolvimento. O grande negócio é a crise. É, por exemplo, a guerra direta, como ocorre na Ucrânia. Ou também a guerra indireta, como ocorreu durante a Lava Jato, quando várias empresas brasileiras entraram em crise e foram forçadas a colocar à venda ativos valiosos, que foram assumidos por grupos ou fundos financeiros internacionais. Quem melhor compreendeu essa nova lógica do sistema capitalista foi o professor Alysson Mascaro, da Universidade de São Paulo, que, não por acaso, foi cancelado sob a acusação de assédio sexual – uma das armas usadas pelo imperialismo para afastar os indesejáveis. O presidente Lula, no entanto, não será atacado em 2025 apenas pelo capital financeiro e pelos grupos midiáticos que o representam. Já se forma, no Brasil, um novo ecossistema de comunicação, que atacará o presidente Lula também “pela esquerda". Para estes, Lula seria “neoliberal”, “bunda-mole", “rendido ao sistema financeiro” ou, na melhor das hipóteses, “excessivamente conciliador". Assim funciona a máquina de destruição, pela lógica da dominação de espectro total. Se alguém estiver disposto a odiar o presidente Lula, poderá odiá-lo pela direita, pelo centro ou até mesmo pela “esquerda". Ocorre que, no Brasil atual, só dois projetos políticos são viáveis: o representado por Lula, que reduz o desemprego e melhora as condições de vida da população, e o da extrema-direita, que pretende privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, além de fechar o BNDES. O resultado do segundo projeto, obviamente, seria a volta de uma parcela significativa da população brasileira à fila do osso e à pobreza extrema, como ocorre na Argentina de Javier Milei. Nesta nova etapa da guerra contra o Brasil, só existem duas alternativas reais: ou se está com Lula ou com a extrema-direita. Que cada cidadão brasileiro faça a sua melhor escolha. Feliz ano novo!   Publicado originalmente em Brasil 247. *Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste. Foto de capa: Ricardo Stuckert/PR Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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