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Opinião

Da escuridão as luzes e a volta ao breu

Da escuridão as luzes e a volta ao breu

Artigo por RED
08/01/2024 05:30 • Atualizado em 11/01/2024 08:28
Da escuridão as luzes e a volta ao breu

De ADELI SELL*

Imaginem vocês há 140 anos em Porto Alegre… Seria uma capital iluminada ou jogada ao breu da noite?

Em 1874, com a inauguração da usina do gasômetro, a Praça da Matriz recebeu postes de iluminação pública a gás no entorno do chafariz central. Atentem, havia aquele lindo chafariz em mármore como contei na Memória das Águas. Não era esta Usina que se vê aí, chamada de Usina do Gasômetro, pois esta só veio a surgir em 1928.

 Em 1887, uma usina elétrica começa a operar em Porto Alegre, dando origem ao primeiro serviço municipal de iluminação elétrica.

Antes disso, não era uma escuridão total porque havia lampiões com óleo de peixe, ou seja, de baleia.

Já em 1830 havia uma preocupação em iluminar a Rua da Praia e outras vias. 250 lampiões a óleo de baleia foram adquiridos do Rio. Acesos ao anoitecer por um encarregado da Câmara.

Em 1832 a Presidência da Província manda estabelecer orçamento para a instalação e manutenção da iluminação pública. 

Em 1854, o óleo de peixe seria substituído por um sistema que queimava um tipo de gás hidrogênio.

Em 1864 entra o uso do querosene, 20 anos antes do que citei acima com a vinda do gás.

Até pouco tempo atrás, a capital era servida pela CEEE – Cia Estadual de Energia Elétrica, pertencente ao Estado.

Dos seus desmembramentos surgiram duas empresas, no interior do estado e aqui, e com a sua venda por uma ninharia para a chamara Equatorial, voltou o drama da escuridão, das quedas de energia, do mau atendimento, dos aparelhos queimados, das comidas estragadas. E povo se revoltando formando barricados na Lomba. É a guerra contra a miséria do capitalismo selvagem…

Voltamos a ser dominados pelo pior capital selvagem, não mais com os pés amarrados na senzala, mas pés e mãos amarrados num contrato unilateral deles, a Equatorial.

Seu péssimo funcionamento nos deixa sem água, porque não tocam as máquinas que levam água às periferias.

Não tem como voltar a matar baleias, até porque seria crime, não tem como voltar a queimar carvão, porque  não tem usina e poluiria cada vez mais nosso ambiente já sufocante.

Estamos, repito, de pés e mãos amarrados. Cabe a nós um grito de libertação, colocando em cheque a venda da empresa que nos servia, pois agora somos nós que servimos este monstrengo de quinta categoria para nos esvaziar o que resta nos bolsos e ainda ficamos a viver noites no breu, com calor, sem água e sem banho.

Isto não pode continuar. Isto tem que mudar. Pode mudar. Vai ter que mudar!


*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Imagem em Pixabay.

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