Editorial

Nota de repúdio às declarações antidemocráticas do prefeito Sebastião Melo

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Nota de repúdio às declarações antidemocráticas do prefeito Sebastião Melo
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O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito manifesta seu mais veemente repúdio às declarações antidemocráticas do prefeito Sebastião Melo durante a cerimônia de posse, no dia 1º de janeiro. O prefeito cai em clara contradição ao considerar que a defesa da ditadura deve ser aceita em nome do princípio da “liberdade de expressão”, pois eliminá-la é exatamente um princípio básico da ditadura. Ao contrário, para garantir a liberdade de expressão, a democracia jamais pode permitir o pretenso direito daqueles que pregam sua eliminação. Ao apoiar a liberdade de defesa da ditadura, o prefeito também ignora toda a repressão social e política e os horrores de um regime que violou de forma criminosa direitos humanos em nosso país. Tais declarações antidemocráticas são ainda mais graves por ocorrerem no momento em que o Brasil se aproxima do aniversário de um dos episódios mais sombrios de sua história recente: os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Ao banalizar atos antidemocráticos e minimizar a violência política de forças de extrema-direita que defendem a ditadura, o prefeito incentiva o desrespeito ao estado democrático de direito, enviando um perigoso recado à sociedade e cometendo crime, que deve ser punido nos termos da legislação vigente. O Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito reafirma seu compromisso inabalável com os valores democráticos e conclama todas as lideranças sociais e políticas a rejeitarem discursos que flertem com o autoritarismo ou que justifiquem atos que atentem contra as instituições democráticas. Porto Alegre, 2 de janeiro de 2025 Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito

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Desperdícios II

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Desperdícios II
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Por ADELI SELL* Sou obrigado, neste inicio de 2025, voltar novamente minha indignação com respeito ao desperdício, em especial de alimentos. No mundo ainda passam fome 733 milhões de seres humanos. Este número assustador se mantém há anos. No Brasil, mesmo com uma diminuição de quase 7% ainda há 14 milhões de famintos. O desperdicio de alimentos é um elemento fomentador da insegurança alimentar no mundo e talvez os dados reais do Brasil sejam mais alarmantes. Não se trata apenas dos casos que citei no primeiro artigo, como os grãos perdidos da lavoura até seu destino. A comida que é jogada no lixo nas casas e nos restaurantes, é uma série de outras questões como olhar o alimento pela aparência, deixar de ir com mais frequência ao mercado, cuidar da validade, não aproveitar promoções. O reaproveitamento das sobras poderia gerar novas receitas, quem negaria um bom bolinho de arroz, com algum condimento a mais? Lembrando que dois pratos nossos como a feijoada e o mocotó são feitos do que se riam "restos". No Rio Grande do Sul tudo é pior, pois desde os tempos de prear gado, se aproveitava o couro e o resto era alimento para os corvos. Quem faz compostagem? Quem usa para adubar? Alimentar animais? Mais fácil é ir tudo para o lixão. Neste sentido, os catadores por sua vez na busca pelos resíduos sólidos cumprem uma função que não acontece com o lixo orgânico. Eu já disse e repito: quanto tempo vsmos conviver com isso? E lembrei que nas eleições este tema não frequentou a plataforma dos candidatos. Mais um recado dado, agora vamos aos leitores.     Leia também Desperdícios. *Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito. Foto de capa: Reprodução/Instituto Cidade Amiga    Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.      

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Cenários para a disputa de 2026 ao Palácio Piratini

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Cenários para a disputa de 2026 ao Palácio Piratini
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Por CARLOS EDUARDO BELLINI BORENSTEIN* Faltando mais de um ano e meio para as eleições ao Palácio Piratini, temos hoje três campos estabelecidos no tabuleiro: 1) o centro, que será representado pelo candidato do governo Eduardo Leite (PSDB); 2) o bolsonarismo; e 3) a esquerda, que será liderada pelo PT. Reeleito em 2022, o governador Eduardo Leite (PSDB) tem seu futuro político indefinido. Embora seu nome continue sendo ventilado como um potencial pré-candidato ao Palácio do Planalto, a possibilidade de Leite viabilizar uma candidatura presidencial é complexa. Outra opção seria Eduardo Leite concorrer ao Senado. No entanto, o governador ainda não dá sinais se buscará um mandato de senador. Leite também poderá não concorrer a nenhum cargo público nas eleições de 2026. Do futuro de Eduardo Leite dependerá o destino da aliança PSDB e MDB, construída em 2022 em torno de Leite e do vice-governador Gabriel Souza (MDB). Embora Gabriel desponte como um pré-candidato ao Palácio Piratini, o MDB está dividido. A reeleição do prefeito de Porto Alegre (RS), Sebastião Melo (MDB), com mais de 61% dos votos válidos, fortaleceu os segmentos mais à direita do MDB gaúcho. Mesmo que Melo tenha prometido que será prefeito nos próximos quatro anos, uma eventual renúncia para concorrer a governador não deve ser descartada. Vale recordar que Tarso Genro (PT), em 2002; e José Fogaça (PMDB), em 2010 renunciaram ao comando da capital gaúcha para disputar o Palácio Piratini. Porém, para se viabilizar no MDB, Sebastião Melo teria que enfrentar internamente Gabriel Souza. Outra incógnita envolve o PSDB. Comandando o Piratini desde 2019, e sendo o Rio Grande do Sul (RS) um dos poucos estados onde os tucanos tiveram um resultado positivo nas últimas eleições, poderá levar o partido a não abrir mão da candidatura própria. Caso este seja o caminho, o nome mais forte seria o da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB). Neste complexo jogo também poderá entrar na agenda uma eventual fusão do PSDB com outras legendas, assim como uma mudança de partido por parte de Eduardo Leite. Uma ida, por exemplo, ao PSD não deve ser descartada. Caso isso ocorra, haveria impactos importantes na política gaúcha. O cenário também é marcado por indefinições no bolsonarismo. O forte crescimento do PL nas eleições municipais – o partido elegeu 37 prefeitos, avançando nos grandes centros urbanos do Estado, faz com que o PL seja novamente protagonista em 2026. No pleito de 2022, o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Eduardo Leite. Hoje, além de Onyx, o deputado federal Luciano Zucco (PL) também aparece como uma possível alternativa. Também não devemos descartar uma eventual troca de Sebastião Melo do MDB pelo PL para concorrer a governador, embora essa possibilidade seja improvável neste momento. Outra indefinição envolve o PP. No pleito de 2022, o partido teve candidatura própria, com o senador Luiz Carlos Heinze. O que fará o PP em 2026? Terá uma aliança com o candidato de Leite? Uma composição com o bolsonarismo? Ou a apostará novamente em uma candidatura própria? No campo da esquerda, também há dúvidas. O mais provável hoje é que o presidente da Conab, Edegar Pretto (PT) concorra novamente ao Palácio Piratini, com o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT), disputando o Senado. Porém, uma eventual candidatura de Pimenta a governador não deve ser descartada. Outra incógnita é a capacidade do PT gaúcho em construir alianças para além do PCdoB e PSOL. Embora o PSB deva apoiar a candidatura petista em 2026, um acordo com o PDT parece improvável. Basta recordar que PT e PDT nunca estiveram juntos já no primeiro turno nos pleitos para governador. Partidos mais ao centro como o PSD e o União Brasil também estão distantes de uma aliança formal com o PT neste momento. Nas últimas duas eleições ao Palácio Piratini, o PT não conseguiu chegar ao segundo turno, sendo precocemente derrotado no primeiro turno. Os resultados de 2018 e 2022 mostraram uma alteração no padrão de competição entre um campo de esquerda/centro-esquerda contra outro de direita/centro-direita. Caso PSDB e MDB estejam unidos em 2026 e o PT continue isolado à esquerda, sem construir alianças ao centro, uma nova derrota em primeiro turno poderá acontecer, com o segundo turno sendo disputado entre uma alternativa que represente o governo Leite contra o bolsonarismo, repetindo o que ocorreu em 2022. Porém, caso Sebastião Melo seja o candidato do MDB ao Piratini, haveria uma reconfiguração do cenário da disputa. Nessa hipotética situação, Melo ocuparia o centro do espectro político, atrairia o bolsonarismo e parte expressiva da direita gaúcha, construindo uma robusta aliança de centro-direita, similar ao que ocorreu na disputa de outubro em Porto Alegre. Já se Sebastião Melo migrar para o PL para ser candidato a governador ou então a direita bolsonarista lançar uma candidatura própria, teríamos a repetição da disputa em três campos de 2022. Hoje o mais provável é que Melo somente faça o movimento de ser candidato a governador se isso for possível dentro do MDB. Por quê? Para ter candidato ao Piratini, Melo precisaria renunciar à Prefeitura de Porto Alegre, o que já traria desgaste. Se Melo também trocar de partido para concorrer a governador, isso significaria um duplo desgaste. Por outro lado, se a base de Eduardo Leite se fragmentar, com a aliança PSDB e MDB não sendo reeditada, o segundo turno poderá ser disputado entre o PT contra o bolsonarismo, espelhando o que se desenha no quadro nacional. Conforme podemos observar, a disputa de 2026 ao Palácio Piratini está em aberto e com muitas indefinições, tornando o pleito bastante complexo.     *Carlos Eduardo Bellini Borenstein, Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes). Analista político da Arko Advice pesquisas. Foto de capa: Gustavo Mansur/Palacio Piratini Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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Sobre a prisão de Bolsonaro

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Sobre a prisão de Bolsonaro
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  Por LISZT VIEIRA* O inquérito da Polícia Federal sobre a insurreição de 8/1/2023 já reuniu provas suficientes para que o STF decrete a prisão preventiva de Bolsonaro. No entanto, o Ministro Alexandre de Moraes preferiu não decretar a prisão preventiva. Ao que consta, ele preferiu esperar a apresentação de provas irrefutáveis e esmagadoras para impedir ou pelo menos contrabalançar eventuais manifestações de rua dos bolsonaristas em apoio de seu líder. Se isso for mesmo verdade, temos pela frente um problema. É que o tempo corre a favor de Bolsonaro e contra todos nós. Ninguém sabe bem o que Trump vai fazer. Tudo é possível, mas não podemos ignorar os cenários mais pessimistas. Preocupado com a Guerra da Ucrânia, que prometeu acabar, e com a guerra de Israel no Oriente Médio, que prometeu apoiar ainda mais, Trump pode ignorar o Brasil e a América Latina durante um bom tempo. Mas pode também, desde logo, apoiar tentativas de golpe militar na região. Isso é apenas uma hipótese, mas uma hipótese que não pode ser abandonada a priori. Todos sabemos que o golpe militar no Brasil estava preparado e só não foi consumado porque o Alto Comando não apoiou. E não apoiou principalmente porque o presidente Biden enviou diversos diplomatas ao Brasil para dar recado aos militares: Nada de golpe! Ele não tinha interesse em ver como ditador do Brasil um aliado de Trump, seu adversário. Assim, se o novo governo americano decidir apoiar as tentativas de golpe na América Latina – o que não seria nenhuma novidade – pode também ameaçar o Brasil se Bolsonaro vier a ser preso. Há quem diga que isso é improvável. Admito. Improvável, mas não impossível. Trump é imprevisível. Assim, quanto antes Bolsonaro vier a ser preso, melhor. Sua prisão contribuirá para inibir eventuais tentativas futuras de golpe militar, uma espada de Dâmocles sempre pendente sobre a democracia no Brasil. Como disse acima, o tempo corre contra nós.     *Ļiszt Vieira é integrante da Coordenação Política e Conselho Editorial do Fórum 21 e do Conselho Consultivo da Associação Alternativa Terrazul. Foi Coordenador do Fórum Global da Conferência Rio 92, secretário de Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (2002) e presidente do Jardim Botânico fluminense (2003 a 2013). É sociólogo e professor aposentado pela PUC-RIO.   Foto de capa: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia

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2025 já é 2026

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2025 já é 2026
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Por MARCO PIVA* Então, cabe a Lula dar um cavalo de pau e mostrar que seu projeto não é apenas um revival de boas práticas públicas. Os movimentos do mercado e as manobras do Congresso no último mês do ano mostraram que a campanha eleitoral de 2026 já começou. E o candidato a ser derrotado é Lula. A dúvida é quem vai disputar contra ele no campo do centro, centro-direita, direita e extrema-direita. Coloco assim porque não resta dúvida que o presidente é um estorvo para o andamento do projeto privatista que vê no Estado o seu maior obstáculo. Não é por outro motivo que tem se observado um intenso ataque às estatais, vocalizado principalmente pelos jornais que restaram do que outrora se auto reivindicava “grande imprensa”. A manipulação em torno do desempenho das empresas públicas é simplesmente vergonhoso. Talvez, mais do que isso: é desonesto na medida que usa métricas falsas de avaliação. Tais críticos não passariam na prova de matemática básica. O ataque contra as estatais se insere nos movimentos citados no primeiro parágrafo (mercado e legislativo). Fazem parte de um combo anti-Lula. Por mais que o governo possa alardear que fez muito ao resgatar políticas públicas fundamentais para a população mais pobre, a percepção captada nas pesquisas de opinião é que pouco se fez em dois anos. Daí que o cenário que se apresenta em 2025 se assemelha à preparação de um campo de batalha para uma guerra anunciada. E essa guerra tem nome: a eleição de 2026, embora ainda falte o nome do general que comandará  operação. Lula não tem alternativa. Terá que suportar as dificuldades naturais da idade e do jogo político que atualmente não lhe favorece. A base de apoio é minoritária e incipiente, deixando o Congresso livre para alimentar a ideia de um impeachment, embora a tese sirva mais como ameaça do que um passo viável. Muitos se perguntam como pode o governo não sair do seu um terço de apoio se a economia vai bem, com baixo índice de desemprego, PIB robusto e renda em boa performance, o que favorece o consumo? A resposta é simples e complexa. Lula tem boa popularidade, mas o governo, não. O governo liderado por Lula não colabora com Lula. Mesmo o Ministério da Saúde, que deveria ser um natural contraponto à tragédia que foi a administração anterior, apresenta dificuldades básicas como a gestão do estoque de vacinas e a regularização na oferta de exames. Então, cabe a Lula dar um cavalo de pau e mostrar que seu projeto não é apenas um revival de boas práticas públicas. Ele deve ir além e apresentar um projeto de desenvolvimento que seja compreensível para o conjunto da população. Somente com expressivo apoio popular, o presidente poderá escapar da armadilha que o mercado financeiro e a maioria do Congresso impõe a cada dia, com medidas que sufocam o investimento produtivo e alimentam a ideia de um governo sem rumo e fraco. Lula é o maior dos líderes políticos brasileiros vivos. Sua história de vida é a força de sua popularidade. Seus governos I e II mudaram a face e a cor do país. Nunca o Brasil havia obtido reconhecimento internacional à altura de uma superpotência mesmo sem sê-la. Só que agora a história é outra e muito mais complicada. Não se trata de um problema de comunicação como alguns insistem em dizer visando, quem sabe, uma oportunidade de trabalho. A dificuldade é política, arte na qual Lula se especializou com PhD. Porém, o melhor aluno da classe parece cansado e sem muito humor para enfrentar a prova de fogo. Tirar 10 em 2026 não será fácil.     *Marco Piva é jornalista e editor-chefe dos canais de Youtube China Global News e O Planeta Azul. Foto de capa: Ricardo Stuckert Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia

Comunicação e Mídia

Manobra noticiosa

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Manobra noticiosa
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Por NUBIA SILVEIRA* A manchete do jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira, primeiro dia do ano de 2025, não surpreende: Otimismo do brasileiro com ano novo é de 47%, menor nível de 2020. Se uma pesquisa do Instituto do jornal serviu de manchete neste dia, por que a pesquisa do mesmo Datafolha, informando, na terça, 31, último dia de 2024, que 71% são favoráveis à ampliação do Bolsa Família rendeu apenas uma pequena chamada, não visível para muitos dos eleitores? Neste dia, fica também para um pequeno espaço a notícia de que Lula assina decreto que eleva o mínimo para E$ 1.518. Não diz que o aumento foi de 7,5%, mas ressalta, na matéria da página A9, que “se a regra anterior estivesse valendo, o salário mínimo subiria para R$ 1.528”, subentendo-se que o pacote de contenção de gastos, proposto pelo Executivo e aprovado pelo Congresso, tungou os trabalhadores em R$ 10 mensais. A manobra diária dos jornais nacionais, valorizando, na maioria das vezes, as más notícias, introjetam no leitor a ideia de que o governo Lula não tem futuro, porque só toma decisões erradas. Vamos relembrar as manchetes, apenas da FSP, nos últimos dias, de segunda a quarta-feira, desta semana. Na segunda, o jornal informa em grandes caracteres que o “dólar atual está mais caro que na crise de 2015, sob Dilma Rousseff”. Diga-se, de passagem, que o valor do dólar é uma grande fixação da imprensa nacional, ligada ao mundo financeiro. Na terça, dia 31, o dólar segue dono da manchete: “Com alta do dólar, bitcoin e ações dos EUA lideram rendimentos em 2024”. Logo abaixo da manchete uma chamada que o jornal considera influir negativamente na avaliação dos leitores sobre o governo Lula: Trajetória da dívida pública e desaceleração do PIB desafiam Haddad até 2026. Estes são exemplos rápidos e de apenas um dos três jornais – FSP, O Estado de S.Paulo e O Globo – que mantêm uma guerra, manobrando o noticiário, contra Lula no poder. Eles estão em campanha, que vai durar até o final de 2026, para derrotar o presidente, se ele for candidato à reeleição, ou quem ele indicar para disputar a presidência. Até agora, não podem ser acusados de se valer de fakenews. Sua arma é esconder as boas notícias, como a queda do desemprego (foram gerados, em 2024, 3,5 milhões de novos empregos) e o déficit primário que será de 0,4% do PIB, “um dos melhores resultados em uma década”, como informa o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em artigo publicado, no primeiro dia de 2025, em Tendências / Debates, da FSP, com o devido contraponto de Luiz Guilherme Paiva, economista e doutor pela USP. Os donos destes jornais e os jornalistas em cargo de direção, que seguem e implantam as diretrizes da empresa, vão dizer que manchete sobre o PIB não interessa ao leitor. Interessa a do dólar e da Bolsa de Valores, que têm leitores de alta renda, o grupo que quer ter mais e mais, sem dividir com quem não tem nada. Este grupo quer tirar o governo de quem é de esquerda e pensa nas chamadas minorias, que é a maioria do povo, que vive de salário mínimo ou nem isto. O sonho deles é ter no Planalto alguém de direta, como o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, que promova políticas para as maiorias, na verdade as minorias, a elite do topo da pirâmide social. Se a sociedade não se mobilizar e enfrentar, a partir de agora, esta guerra de informações, Lula terá muita dificuldade para se manter no poder. *Nubia Silveira é jornalista Foto de capa: JA Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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