Cultura

Nazismo de ontem, perigo de hoje

Destaque

Nazismo de ontem, perigo de hoje
RED

Por Léa Maria Aarão Reis Mais que oportuna é a estreia da série Hitler e o Nazismo: Começo, Meio e Fim, de Joe Berlinger, em seis episódios de uma hora cada um, bem produzidos e envolventes, lançada este mês no streaming. Mesmo não se constituindo arte cinematográfica, é uma série do modelo audiovisual que deve ser considerada neste momento, apesar do tema histórico visitado e revisitado milhares de vezes. Não só pela qualidade da sua montagem e produção, mas por ser tão atual nesse tenso momento em que se vive internamente e no mundo, e pela linguagem visual, formal, atraente e pedagógica. É uma série a ser vista pelos mais idosos, para alguns que se esqueceram do que foi vivido e do quanto custou ao mundo, nos anos 30/40, a guerra genocida nazista. Uma série que deve ser conhecida também pelas novas gerações, estudantes e jovens em geral. Hitler and the Nazis: Evil on Trial se inicia com um Adolf Hitler jovem e pobre vendendo as pinturas de cartão postal produzidas em casa, como um camelô de rua. Hitler não sabia retratar pessoas. Vê-se também o desinteresse dos eventuais fregueses pelos seus trabalhos e a sua paixão pela ópera, especialmente pelas obras de Wagner. Hitler gastava o dinheiro que não tinha para frequentar a ópera até que a guerra veio e ele correu para se inscrever no exército como mensageiro, onde permaneceu durante quatro anos. Mas o conjunto de imagens de cenas do julgamento de Nuremberg é protagonista da série, desse ‘julgamento do Mal’ com sequências remasterizadas de sessões do tribunal e imagens inéditas até então que ajudaram historiadores a conhecerem detalhes históricos, preciosidades de arquivo que esclareceram os horrores do dia a dia no campo de concentração de Auschwitz e pormenores do incêndio do gueto de Varsóvia. Vozes originais dos réus, sequências encenadas ou tratadas com Inteligência Artificial fornecem um tom de atualidade e um novo impacto às ações denunciadas e praticadas pelos asseclas mais próximos de Hitler, que ainda eram vivos durante Nuremberg: Joachim Von Ribbentrop, Rudolph Hess, Wilhelm Keitel, Albert Speer e tantos outros que não tinham se suicidado. Por meio da IA, por exemplo, foi remasterizada a voz de William Shirer, autor do famoso livro Ascensão e Queda do Terceiro Reich, renomado jornalista e historiador estadunidense que cobriu o início da Segunda Guerra Mundial diretamente da Alemanha, onde trabalhou para o rádio norte-americano até 1940. Ele é interpretado pelo ator húngaro Balázs Kató. Mas, em geral, as vozes dos atores que encenam personagens reais não são ouvidas. As vozes gravadas dos personagens reais é que são usadas e alternam com entrevistas de autores que escreveram sobre a corte de Nuremberg e sobre as lúgubres ações praticadas pela Alemanha nazista na Europa ocupada. Contra judeus, em sua maioria, e contra minorias, populações da região dos Sudetos, da Polônia, da Europa central e, em seguida, de praticamente todo o continente não-ariano. Foram seis milhões de vítimas entre os judeus, segundo a Enciclopédia do Holocausto, do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos. Os seis episódios de Hitler e o Nazismo: Começo, Meio e Fim exploram a ascensão e queda de Adolf Hitler e do partido nazista, e seguem até os julgamentos de Nuremberg, que duraram dez meses, de 1945 a 1946, com a presença na sala de 400 jornalistas acompanhando os trabalhos. São 35 horas de filmagens inéditas e 1.200 horas de áudio. A força dessa série vem, em especial, de áudios e das gravações recuperadas há poucos anos e exibidas no documentário Nuremberg – As Fitas Perdidas, do National Geographic e disponível no Star+. Segundo o Museu Memorial do Holocausto, o julgamento histórico terminou em outubro de 1946 com a pena de morte para doze dos acusados, prisão perpétua para três, quatro penas de dez a vinte anos de prisão, e três absolvições. Joseph Goebbels e Heinrich Himmler se suicidaram quando estavam presos em Nuremberg. Nos seis episódios assiste-se e ouve-se trechos da interpretação de Hitler como competente ator em seus comícios, que eram autênticos espetáculos de teatro dramático, ele como um desavergonhado mentiroso, como manipulador de militares alemães veteranos e aposentados, e cuspindo slogans familiares e ainda hoje copiados e utilizados pelos grupos de extrema direita neofascista nas suas manifestações grotescas em países do mundo ocidental. Alguns dos mantras: “Toda cobertura de imprensa é boa, mesmo quando é negativa”. Ou “Faremos a Alemanha great again”, prometido durante a formação do partido nazista. Os anúncios da criação de forças/milícias SAS, paramilitares; o impulso dado à autodissolução do parlamento; e a prática hoje repaginada fielmente de destruir instituições democráticas realizada ‘por dentro do regime’. Até suicidar-se no seu bunker em companhia de Eva Braun, Hitler foi responsável por sessenta milhões de corpos assassinados e de outros milhares de restos de cadáveres espalhados pela Europa. Os episódios desse documentário sobre o julgamento do Mal são: 1. Origem do Mal 2. Ascensão do Terceiro Reich 3. Hitler no Poder 4. O Caminho para a Ruína 5. Crimes contra a Humanidade 6. O Acerto de Contas Atualmente, está se realizando, até julho próximo, uma reunião de membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, da qual sairão um relatório e um documento oficial informando a expansão dos movimentos neonazistas mais preocupantes, atuais e atuantes em vinte países (manifestações públicas e organizadas de ódio, crimes violentos, perseguições de professores nas escolas, etc.), e a formação de um grupo de Combate ao Crescimento de Células Neonazistas. O Brasil está na lista. Para ver o trailer oficial da série clique aqui https://youtu.be/gxyrzZs8m4I *Jornalista **Foto: Divulgação

Vazio

A blitz do establishment contra Lula e o Brasil

Destaque

A blitz do establishment contra Lula e o Brasil
RED

Por Jeferson Miola As oligarquias dominantes ficaram viciadas no padrão obsceno de apropriação do orçamento e dos fundos públicos, e não aceitam viver sem o patamar de pilhagem que se acostumaram depois de derrubarem a presidente Dilma com a fraude do impeachment. O assalto voraz ao butim é um caso de dependência existencial. Com o golpe de 2016 o establishment [i] interrompeu o ciclo de modernização do Brasil com inclusão social iniciado no primeiro governo Lula, em 2003; [ii] rasgou a Constituição Cidadã, e [iii] instituiu o regime brutal de espoliação da renda nacional às custas da austeridade nos gastos sociais. O Teto dos Gastos, equivocadamente substituído pelo Novo Arcabouço Fiscal/NAF pelo atual governo; e a independência do Banco Central, são dois instrumentos fundamentais deste regime turbinado de saqueio. Com o Teto/NAF, o mercado e as finanças se garantem com a apropriação dos superávits que o governo é obrigado a realizar comprimindo o orçamento social e cortando investimentos. E o sequestro da soberania monetária pelo BC confere ao rentismo o poder de definir o quantum quer desviar do Tesouro. A cada 1% da taxa de juros, pelo menos R$ 80 bilhões são retirados do SUS, da educação, dos investimentos e transferidos para o capital financeiro. Só para o pagamento de juros da dívida, em 2023 sangraram do orçamento da União R$ 614 bilhões para encher os bolsos de credores brasileiros e estrangeiros – valor superior aos R$ 578 bilhões dos orçamentos somados dos ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, que desenvolvem programas que beneficiam dezenas de milhões de pessoas. A torneira por onde jorram recursos orçamentários para os ricos e privilegiados também é abastecida pelas despesas tributárias. Entre benefícios, renúncias fiscais e créditos favorecidos, são 6% do PIB – R$ 646 bilhões– em muitos casos sem contrapartidas ambientais, sociais e de garantia de emprego de parte do empresariado. O céu desabou depois que o governo propôs a Medida Provisória para compensar a perda de 26 bilhões de reais causada pelo próprio Congresso, que impôs a continuidade da desoneração da folha salarial para 17 setores econômicos, causando desequilíbrio nas finanças públicas. Numa blitz bem orquestrada, as finanças, o capital e sua mídia emparedaram Lula com a exigência de cortes que prejudicam a imensa maioria pobre do povo brasileiro para manter intacta a apropriação do orçamento pelos ricos. No receituário, a extinção dos pisos constitucionais da saúde e da educação, o fim da política de aumento real do salário mínimo e da sua vinculação com os benefícios previdenciários pagos. Ao mesmo tempo em que defendem cortes drásticos nos orçamentos para os pobres, não aceitam cortar os gastos tributários e financeiros feitos pelo Tesouro com desonerações, privilégios fiscais, isenções, pagamento de juros altos; itens que em 2023 drenaram mais de 1,2 trilhão de reais dos impostos arrecadados e que foram embolsados por uma minoria rica e endinheirada. O establishment quer continuar a barbárie ultraliberal iniciada com Temer e aprofundada no governo militar com Bolsonaro, por isso continuará sabotando o governo Lula para inviabilizá-lo e, assim, derrotá-lo em 2026. Lula fez uma importante inflexão de discurso e reagiu à ofensiva das oligarquias reafirmando o programa pelo qual foi eleito em outubro de 2022. O PT divulgou nota reforçando a posição do governo e condenando “a forte campanha especulativa e de ataques ao programa de reconstrução do país com desenvolvimento e justiça social”. Como esperado, o establishment respondeu com mais especulação com o dólar, queda da Bolsa de Valores, manutenção da taxa estratosférica de juros e terrorismo econômico. O momento clama por mobilização social para a disputa aberta pela sustentação do governo Lula e seu futuro. A denúncia esclarecedora e o combate político duro foram decisivos para os reveses recentes [e provisórios] impostos à ultradireita no debate sobre o Projeto de Lei do estuprador e a PEC das Praias. A luta política intensa e a radicalização na defesa do governo Lula e do programa eleito é o caminho para enfrentar a ofensiva dos indecentes e indignos que saqueiam o Brasil. *Jornalista **Legenda da Foto: Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva - Autor Ricardo Stuckert/PR *** artigo ampliado de texto para a edição número 47 do Grifo, jornal de humor e política. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Artigo

Junho foi um mês de péssimas notícias para as esquerdas

Destaque

Junho foi um mês de péssimas notícias para as esquerdas
RED

Por Moisés Mendes* Junho chega ao fim com notícias ruins para a democracia e para as esquerdas. A extrema direita vence as eleições parlamentares na França, o que significa o fortalecimento da autoestima do fascismo em todo o mundo, incluindo o Brasil. Os democratas não conseguem se livrar de Joe Biden para escolher outro candidato e enfrentar Donald Trump em igualdade de condições, mesmo que Biden seja incapaz de atravessar a rua sozinho. Depois da tentativa de golpe, o que prevalece na política boliviana é o racha no MAS (Movimento ao Socialismo) com a guerra entre Evo Morales e Luis Arce, com acusações que usam o mesmo padrão da linguagem da extrema direita. Na Argentina, apesar de desmoralizar os governadores e arrochar as províncias, de mandar prender manifestantes, de humilhar o Congresso e de aumentar pobreza e miséria, Javier Milei ainda tem o apoio de quase metade da população. No Brasil, a extrema direita impune fortalece a certeza de que não será alcançada pelo sistema de Justiça, enquanto o ativismo bolsonarista volta a atuar com força nas redes sociais e no Congresso. Uma das poucas notícias boas de junho foi a eleição de Claudia Sheinbaum no México. Por perto, a única notícia favorável às esquerdas é a de que a Frente Ampla de José Mujica pode voltar ao poder no Uruguai. As prévias dos partidos para a eleição de 27 de outubro foram realizadas nesse domingo, e dois candidatos disputavam a preferência na Frente, Yamandú Orsi, ex-prefeito de Canelones, e Carolina Cosse, prefeita de Montevidéu. É um consolo, mas é o que nos resta. Torcer para que as esquerdas voltem a governar o Uruguai, enquanto o centro desaparece no mundo todo. E sem o centro não há democracia. *Jornalista Ilustração: Sinal Center - Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Artigo

Macron, a Frente Popular e a extrema direita

Destaque

Macron, a Frente Popular e a extrema direita
RED

Por Celso Japiassu* Macron alertou que o "aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo" e que os resultados das eleições europeias foram "um desastre que não pode ser ignorado".  Uma vitória do RN poderia "bloquear" a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa. As próximas eleições na França, a se realizarem em dois turnos, neste domingo 30 de junho e em 7 de julho, serão um momento crucial para o país e para a Europa. O presidente Emmanuel Macron enfrenta o desafio do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen. Após a derrota do seu partido nas eleições europeias de 2024, o presidente francês tomou uma decisão ousada: dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, numa manobra de alto risco visando recuperar o controle do Parlamento, atualmente dominado pela oposição de extrema-direita. O RN, que vem ganhando força nos últimos anos, lidera as pesquisas de intenção de voto, com projeção de obter 35% dos votos, mais que o dobro da coligação de Macron. Em segundo lugar encontra-se a aliança de esquerda Nova Frente Popular, com 29,5%. O partido de Macron tem 19,5% das intenções de voto. Este resultado consolidaria o RN como a principal oposição a Macron, que já declarou não ter a intenção de renunciar e vai cumprir seu mandato até o fim. A ascensão da Extrema-Direita O candidato do RN, Jordan Bardella, de 28 anos, é definido pela revista Le Nouvel Observateur como uma "armadilha" para os eleitores franceses. Apesar de uma imagem mais refinada do que a de sua líder Marine Le Pen, Bardella carrega o mesmo nacionalismo arcaico e a xenofobia do partido. No entanto, o RN tem conseguido atrair um apoio crescente, inclusive de setores da elite econômica francesa, tradicionalmente avessos às ideias do partido.  Isso mostra que Bardella e o RN têm conseguido trabalhar sua imagem e derrubar as últimas barreiras ao seu avanço. O documentarista Pierre-Stéphane Fort pesquisou os lados ocultos de Bardella e escreveu o seu perfil: "A sua ascensão na política francesa é um conto de fadas sombrio, um caminho pavimentado com oportunismo e traição, uma ambição que o consome. Acima de tudo, Bardella é um produto de marketing com um impacto retumbante, adaptado aos desejos da sua amante, Marine Le Pen". A vitória do RN representaria um cenário inédito de "coabitação" na França, com um partido de extrema-direita governando e escolhendo os ministros, em oposição ao presidente Macron, trazendo sérias implicações, tanto para a política interna francesa quanto para a posição do país na União Europeia. Macron alertou que o "aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo" e que os resultados das eleições europeias foram "um desastre que não pode ser ignorado".  Uma vitória do RN poderia "bloquear" a União Europeia, de acordo com o presidente francês. As eleições francesas significam, portanto, um momento decisivo não apenas para o país, mas também para o futuro da Europa. A vitória do RN significaria a consolidação da Extrema-Direita, pois o partido obteria maioria absoluta, permitindo-lhe governar e escolher os ministros, em oposição ao presidente Macron. Isso pode ter sérias implicações para a política interna francesa e para a posição do país na União Europeia. Uma vitória do RN pode "bloquear" a União Europeia, de acordo com Macron. Isso pode levar a uma redução da influência francesa na UE e a uma maior fragmentação política no continente. O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso pode incluir cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista. O RN tem também uma história de críticas a direitos humanos, incluindo a imigração, a igualdade de gênero e a liberdade de expressão. Uma vitória do partido pode levar a uma redução dos direitos humanos na França e na UE. Manifestações Milhares de manifestantes saíram às ruas para se opor ao avanço da ultradireita, sinalizando uma maior polarização política e a desestabilização do sistema político francês. Grandes passeatas de mulheres convocadas por associações feministas, sindicatos e ONGs foram às ruas no domingo passado em Paris e outras cidades em protestos contra o RN e suas anunciadas políticas de extrema direita. A população francesa está reagindo com um misto de emoção e preocupação. O ex Presidente francês François Hollande vai concorrer às eleições, apoiando a criação da nova Frente Popular, num esforço de contrabalançar o crescimento da extrema-direita. O RN é conhecido por suas propostas econômicas conservadoras e nacionalistas, que podem ter efeitos negativos sobre a economia francesa e a União Europeia. Isso inclui cortes de impostos, reduções nos gastos sociais e uma política mais protecionista. Essas reações demonstram a complexidade e a importância dessas eleições. A Frente Popular está se preparando com uma estratégia que inclui a aliança entre o Parti Socialiste (Partido Socialista), a France Insoumise (França Insubmissa), o Parti Communiste (Partido Comunista) e Les Écologistes (Os Ecologistas). As chances da esquerda são incertas e dependem de várias fatores, incluindo a unidade dos partidos e a capacidade de apresentar um candidato único forte. Embora os líderes dos principais partidos de esquerda tenham anunciado a formação da aliança, a escolha de um candidato único ainda não foi definida. A unidade da esquerda será essencial para seu desempenho, mas a falta de um candidato único e a divisão entre os partidos podem prejudicar a coalizão. Além disso, a escolha de um candidato que não tenha legitimidade para chegar a primeiro-ministro pode também afetar as chances da esquerda. *Poeta, articulista, jornalista e publicitário. Foto:  Marine Le Pen e Emmanuel Macron -  Elle France - Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Internacional

Quem é Kaja Kallas, a próxima ministra dos Negócios Estrangeiros da UE que “come russos no café da manhã”?

Destaque

Quem é Kaja Kallas, a próxima ministra dos Negócios Estrangeiros da UE que “come russos no café da manhã”?
RED

Traduzido do RT News A primeira-ministra estoniana, pouco conhecida no cenário internacional antes de 2022, se tornou um dos aliados mais confiáveis do regime de Kiev e um de seus mais duros críticos da Rússia após o início do conflito ucraniano. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, foi indicada pelos líderes dos países da União Europeia para o cargo de nova Alta Representante do bloco para Relações Exteriores e Política de Segurança, substituindo Josep Borrell. Após uma votação no Parlamento Europeu para aprovar a decisão em julho, ele assumirá o cargo no outono. Classificando sua nomeação como uma "honra", Kallas disse que era "uma enorme responsabilidade neste momento de tensões geopolíticas". "A guerra na Europa, a crescente instabilidade na nossa vizinhança e a nível mundial são os principais desafios da política externa europeia. O meu objetivo será trabalhar no sentido de alcançar a unidade da UE, proteger os interesses e valores da UE no contexto geopolítico em mutação e construir parcerias globais.», ela escreveu em sua conta no X. Postura excessivamente crítica em relação à Rússia  Kallas, de 47 anos, se tornou a primeira mulher primeira-ministra da Estônia em janeiro de 2021. Pouco conhecida no cenário internacional antes de 2022, desde o início do conflito ucraniano ela se tornou uma das aliadas mais confiáveis do regime de Kiev e uma de suas críticas mais duras à Rússia. Ela chamou repetidamente Moscou de uma ameaça constante à segurança dos países ocidentais. Ela também pressionou por uma proibição em toda a UE de vistos de turista para cidadãos russos, declarando que "visitar a Europa é um privilégio, não um direito humano". Ela também apoiou e promoveu a demolição de monumentos soviéticos na Estônia dedicado aos soldados que caíram na luta contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Por isso, em fevereiro deste ano, o Ministério do Interior russo a incluiu na lista de procurados. "Ele gosta de comer russos no café da manhã" Em março passado, o jornal Político, citando um funcionário da UE não identificado, relatou que a ideia de Kallas servir como diplomata da UE "permanece sensível" em várias capitais da UE por causa de sua postura excessivamente crítica em relação à Rússia. "Vamos realmente colocar alguém que gosta de comer russos no café da manhã nessa posição?", teria dito o funcionário. Em resposta, a presidente postou uma foto de seu café da manhã nas redes sociais, composto por iogurte com granola e mirtilos e uma bebida. "Meu café da manhã, queridos leitores do Político", escreveu. Envio de tropas para a Ucrânia não está descartado  Como um aliado ferrenho de Kiev, Kallas é a favor do envio de tropas para a Ucrânia. Afirmando que os países ocidentais "Não deve ter medo" de se opor à Rússia e "não deve ter medo de seu próprio poder". Em março, ele também recusou garantir que os militares estónios não seriam enviados para a zona de conflito. "Não faço tais promessas, porque as circunstâncias podem mudar", disse, sublinhando que vários países ocidentais já estão prestando assistência militar à Ucrânia, sobretudo com treinmento. Escândalo sobre os negócios do marido na Rússia Recorde-se que, em agosto de 2023, a primeira-ministra esteve envolvida num escândalo relacionado com os negócios de seu marido, Arvo Hallik, que, de acordo com vários relatos, continuou a trabalhar com a Rússia após a eclosão das hostilidades. A mudança provocou uma onda de acusações de "hipocrisia" sobre os contínuos apelos do governo estoniano para que as empresas estonianas cortem os laços com Moscou. Também houve pedidos para que ela renunciasse ao cargo. No entanto, Kallas disse que não tinha o que fazer com o trabalho do marido e recusou demitir-se, negando qualquer irregularidade. Foto: Kaja Kalas - Primeira-Ministra Estoniana - Pinterest Publicado originalmente no RT News - https://actualidad.rt.com/actualidad/514385-quien-kaja-kallas-jefa-diplomacia-union-europea-desayunar-rusos

Politica

Moradores de rua e a crueldade sem limites

Destaque

Moradores de rua e a crueldade sem limites
RED

Por Adeli Sell* Do dia para a noite, centenas de porto-alegrenses - que tinham conquistado um abrigo - foram deixados ao deus-dará pelo governo local. A Prefeitura rompeu o contrato, e não deu explicações. Isto depois de um incêndio numa das pensões que serviam de albergue ter matado 10 pessoas. Com as enchentes vê-se novos ocupantes de calçadas e viadutos. E faz um frio danado de "renguear cusco" na capital dos gaúchos. E não é "fake news" quando você ler por aí que a "Câmara de SP aprova em 1ª votação projeto que prevê multa de R$ 17 mil a quem doar comida a moradores de rua". É a mais pura verdade. O papo é que “dar comida na rua faz a pessoa querer ficar na rua". Isto até pode ter sido em tempos pretéritos, mas na realidade atual, de quatro tenebrosos anos de bolsonarismo no país, de governos de extrema-direita nos municípios, onde apenas o Capital é valorizado, e o ser humano, desprezado, trata-se uma crueldade sem limites. Já lemos que depois do Katrina, em New Orleans, houve uma gentrificação brutal, expulsando negros e pobres, dando mais espaço para que a construção imobiliária extraísse mais valia daquela cidade. Aqui no Brasil quem tenta mandar são os capitalistas selvagens. É mais do que hora de aprofundar a cobrança de impostos dos mais ricos, impostos sobre grandes fortunas, livrando os pobres dos impostos sobre a comida. O foco do governo Lula em relação aos danos das enchentes no Sul é dar uma casa a todos aqueles que a perderam. E isto está certo. Vamos estar atentos. Uma existência digna para a pessoa humana é ter o mínimo existencial que começa com uma casa para morar. Morar nas ruas é uma crueldade sem limites. Esta é uma luta essencial. Estou nela!  *Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito, vereador. Foto: Pinterest Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Mostrando 6 de 4651 resultados
Carregar mais