Cultura

Programas – de 13 a 20 de setembro

Destaque

Programas – de 13 a 20 de setembro
RED

Por LÉA AARÃO REIS* *Autoridades palestinas assumiram um assento oficial na Assembleia Geral da ONU. Primeira resolução em mais de 70 anos de existência da Organização das Nações Unidas, após ocuparem o posto: pedir a retirada de Israel dos territórios ocupados dentro de um prazo de seis meses. *Do professor do Instituto de Ciência Política da UnB, Luis Felipe Miguel, autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil, da Editora Expressão Popular: “As potências ocidentais fingem que não se dão conta do que está acontecendo. Os Estados Unidos continuam financiando o genocídio. Seja o governo Biden, seja qualquer um dos dois candidatos favoritos a sucedê-lo, o que se vê é a manifestação do apoio inquebrantável aos assassinos sionistas, temperada, às vezes, somente às vezes, com declarações hipócritas e inócuas de piedade por suas vítimas.” *O professor continua: “Os países da Europa não fazem muito diferente. Numa decisão considerada muito ousada e severamente criticada pelos apoiadores mais delirantes de Israel, o Reino Unido decidiu interromper as vendas de 30 tipos de armamento para Tel Aviv. Mais de 300 outros continuam sendo enviados para contribuir no massacre. Nós nos sentimos impotentes – e, de fato, em grande medida somos – no sistema internacional tal como ele é. Mas há três coisas que podemos fazer: não esquecer, não deixar de falar da Palestina, não parar de denunciar. Boicotar as empresas que sustentam o sionismo.” *Pelo menos 40 pessoas morreram e 60 ficaram feridas em ataque israelense a um campo de refugiados na área de Al Mawasi, em Khan Yunis, sul da Faixa de Gaza, informa a emissora palestina Al-Aqsa TV. Segundo o oficial da Defesa Civil de Gaza, 20 tendas com refugiados foram destruídas como resultado da operação. *Entre os livros mais vendidos nesta semana nas livrarias do Rio de Janeiro: o clássico Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães (Companhia das Letras), e Ainda Estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva (Editora Alfaguara), sobre o desaparecimento do seu pai, o deputado federal Rubens Paiva, cassado no golpe militar de 1964 e torturado e morto por militares em 1971. *Sobre o prêmio de Melhor Roteiro recebido no Festival de Cinema em Veneza e inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, diz o diretor Walter Salles: “Foram sete anos de trabalho para chegar ao roteiro que filmamos. Nesse processo foram feitas mais de 15 versões do trabalho agora premiado”. *A pernambucana Marianna Brennand ganhou, com o filme Manas, também em Veneza, o Director’s Award, principal prêmio da mostra Giornate Degli Autori. *O cenário do Palácio do Soul, no bairro de Rocha Miranda, no Rio de Janeiro, foi escolhido pelo antropólogo e cineasta Emílio Domingos para o seu belo documentário Black Rio! Black Power!, em cartaz esta semana nos cinemas. O diretor tem se dedicado à cultura negra em filmes como A Batalha do Passinho, de 2012, e Deixa na Régua, de 2016. Em tempo: o Palácio do Soul começou nos anos 70, no Grêmio de Rocha Miranda, zona norte do Rio, e foi palco de uma revolução cultural que repercute até hoje em expressões artísticas como o funk, o hip-hop e o Passinho Carioca. Os bailes começaram em plena ditadura civil-militar com a resistência de jovens negros. *O programa é relembrar o clássico Zero, de autoria de Ignácio de Loyola Brandão, leitura ícone dos que resistiram de várias formas à ditadura civil-militar. Censurado e proibido pelo Ministério da Justiça do Brasil da época com o argumento de ser uma obra que afetava as instituições e… os bons costumes(!). As editoras do país se negaram a publicá-lo, e o volume só veio à luz em primeira edição na Itália, em 1974. Memória e sugestão de (re)leitura do professor Daniel Aarão Reis no programa Tempo Contemporâneo (Zero está editado pela Global). *O programa também é prestar atenção ao filme Alma do Deserto, de Mônica Taboada-Tapia, igualmente premiado no Festival de Cinema de Veneza com o Queer Lion, láurea LGBTQIA+ na mostra competitiva Giornate degli Autori. Objeto de grandes elogios, é coprodução Brasil-Colômbia, uma narrativa de resistência e símbolo de luta por justiça. Veja Também:  O Brasil de Grande Othelo *A história de Alma do Deserto é esta: Georgina, uma mulher trans da etnia indígena Wayúu, luta para obter seu direito de ter a identidade reconhecida. Após perder seus documentos em um incêndio criminoso provocado pelos próprios vizinhos, que não aceitavam sua presença, Georgina decide recuperá-los. Apenas com seus documentos recuperados ela poderá exercer direitos civis fundamentais, como o seu direito ao voto nas eleições colombianas. “Documentário poderoso, comovente e cativante, um dos filmes mais marcantes sobre a identidade queer dos últimos anos”, anunciou a respeitada International Cinephile Society sobre Alma do Deserto. *Historiadores pela democracia: o golpe de 2016 e a força do passado é de autoria de Sidney Chaloub, Luiz Felipe de Alencastro, James Green, Luiz Carlos Villalta, Kátia Gerab Baggio, Martha Abreu, Silvia Hunold Lara e Suzette Bloch, e organizado pelas historiadoras Hebe Mattos, Tânia Bessone e Beatriz G. Mamigonian. Na sua mira, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que colocou a democracia brasileira em risco. O livro é uma seleção de textos que compõem uma crônica dos acontecimentos, do ponto de vista histórico (Editora Alameda). *Mostra gratuita de cinema, Fantasmas da Terra: A Poética de Apichatpong Weerasethakul, de 17 a 27 deste mês, na Caixa Cultural Rio de Janeiro. Serão exibidos seis longas-metragens e 29 curtas do cineasta tailandês, um dos mais importantes do cinema contemporâneo. Apichatpong já foi Palma de Ouro e também Prêmio do Júri em Cannes. Não é pouca coisa. Haverá também um curso gratuito, intitulado Imersão Apichatpong, com emissão de certificado para aqueles que assistirem ao menos a quatro das seis aulas. Também será distribuído um livro-catálogo com textos inéditos e traduzidos sobre Apichatpong. *Ailton Krenak é o autor homenageado da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, na última semana. Para ele, ninguém fica de fora do extrativismo determinado pela escolha do petróleo como matriz energética e presente em todos os lugares e em diversas versões. “Sabia que a capa do seu celular é feita de petróleo? Que a minha sandália é feita de petróleo? Que o seu tênis é de petróleo? Os seus óculos, o seu boné?”, ele indaga. O mais recente lançamento de Krenak é para crianças: Kuján e os meninos sabidos. Ele explica que kuján, na língua krenak, significa tamanduá. *É necessário revisar o acontecido e compará-lo com o presente. Por isto, o Portal Desacato e o Coletivo Memória, Verdade e Justiça Profa. Derlei de Luca convidam para o Seminário Ditadura e Jornalismo no Cone Sul. Os expositores(as) foram testemunhas e vítimas do Plano Condor e avaliam o ressurgimento do fascismo em suas novas versões. A professora Rita Coitinho, da Universidade Federal de Santa Catarina, fará a mediação. Dia 20 deste mês. catarse.me/ditaduraJornalismo. *Bravo mundo novo – Novas configurações da comunicação e do consumo, de Clóvis Barros Filho, Vladimir Safatle, Gisela Castro e outros, é uma sugestão de leitura marcante. A prestar atenção na sua apresentação: “Há uma percepção geral e difusa, a crença de que nossa época é um momento de ruptura e reconfiguração. Tal percepção ecoa entre aqueles que estudam as articulações entre comunicação e consumo. A de que algo de extremamente novo está em gestação, não só em comerciais ou propagandas, mas também na política ou no entretenimento”. *E segue: “Estamos no limiar de um novo mundo novo, onde nada será como antes. Mas, como analisá-lo? Para onde caminha a mídia?” Em Bravo mundo novo, os pesquisadores da CAEPM/Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing abordam o assunto. “Pois se há algo que nossa época nos ensina é como economia, política e sociedade não conseguem mais se separar” (Editora Alameda). *Anarquismo e Espiritismo é o tema do encontro, na próxima segunda-feira, dia 16 deste mês, ao vivo, no Canal Anarquismo e Geografia, com a pesquisadora e professora de História da Unesp, Samantha Lodi, e com a jornalista Dora Incontri. No mesmo canal se encontram textos de Mikhail Bakunin. *O programa é mais uma vez comprovar que a mentira não tem limites. E que a megalomania é um fato nesse tal The Milei Series, From Zero to President que vem reforçar o envenenamento da blogosfera. *Léa Aarão Reis é jornalista. Ilustração da capa de Marcos Diniz Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Cultura

‘Nau dos Insensatos’: exposição de cartunistas denuncia a dimensão política das enchentes

Destaque

‘Nau dos Insensatos’: exposição de cartunistas denuncia a dimensão política das enchentes
RED

Mostra com desenho gigante que retrata 'Naufrágio do Estado Mínimo' estreou na Capital antes de percorrer o RS Por MARCELO FERREIRA*/Brasil de Fato/RS Após dois meses de trabalho, cerca de 20 cartunistas da Associação de Artistas Gráficos do Rio Grande do Sul (Grafar) inauguraram em Porto Alegre a exposição “Nau dos Insensatos - O Naufrágio do Estado Mínimo”. Com o tradicional humor crítico do cartum, a mostra retrata a devastação e a dimensão política das enchentes que atingiram o estado. A exposição estreou no início deste mês, em uma curta temporada no salão de eventos da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS). Depois, deve se tornar itinerante. São 60 cartuns em formato A3, que acompanham a obra principal, um desenho gigante e coletivo de sete metros de comprimento por três de altura. Grandeza que, segundo o cartunista e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, representa o tamanho da tragédia. [caption id="attachment_15710" align="aligncenter" width="2560"] Exposição Nau dos Insensatos O fracasso do estado mínimo CUT-RS[/caption] “Nos veio à cabeça imediatamente a Guernica do Picasso, que foi feita para registrar o bombardeio na cidade de Guernica. E nós imaginamos uma espécie de Guernica da enchente”, explica. O nome “Nau dos Insensatos”, prossegue Schröder, também veio quase imediatamente. “Ela representa uma alegoria muito conhecida na história da arte, que é uma pintura do Hieronymus Bosch, que registra um barco sem comando, no meio do oceano, cheio de gente insana, descontrolada, entregues aos seus desejos privados, sem nenhuma articulação, sem nenhuma saída coletiva.” O cartunista afirma que as obras provocam questionamentos sobre elementos que estão por trás da tragédia, como o enfraquecimento da legislação ambiental e a falta de ação política. Ele pontua que a “falta do rigor” nas leis fez com que “esse canteiro de soja que o Rio Grande do Sul se transformou possibilitasse às águas descerem nessa velocidade, nessa quantidade muito superior, por exemplo, à enchente de 1941”. “É uma crítica de dirigentes eleitos para tal que apostaram, primeiro, no neoliberalismo, onde o Estado foi reduzido ao seu mínimo. Em segundo lugar, um niilismo, um negacionismo ambiental que resultou, por exemplo, num governante municipal que sequer azeitou as comportas que existiam há mais de 50 anos e que tinham funcionado até então, sequer colocou graxa nessas comportas e que manteve os disjuntores das bombas num nível abaixo da enchente”, completa Schröder. Função social do humor Os cartunistas se reúnem na Grafar desde os anos 80. Atualmente, contam com o jornal eletrônico mensal O Grifo. O grupo destaca a função social do humor, que para o cartunista Edgar Vasques, passa por “não deixar a gente enlouquecer”. “Funciona como uma válvula de escape para as frustrações, para a enorme gama de problemas que a gente vive”, prossegue. Outra finalidade é mostrar as realidades “através da linguagem sedutora e pílula dourada do humor”. “O humor promete o prazer do riso e entrega a consciência. E para chegar no riso, você tem que entender o que o cara está dizendo. Então, o papel do humorista são essas duas pontes principais”, comenta Vasques. A cartunista Fabiane Langona entende que “um artista é o reflexo do seu tempo”. Ela destaca o papel do grupo como artistas gráficos para além do registro histórico do tema tratado. “Nesse trabalho da charge é importantíssimo para que a gente traga nossas reflexões e talvez abra o olhar das pessoas para novas interpretações dos fatos, independente de aspectos, seja de mídia impressa, seja de veículos oficiais, mas acho que a arte conversa com as pessoas de uma forma mais abstrata, mais emotiva.” Entidades sindicais parceiras na exposição A exposição tem apoio de entidades sindicais e produção da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), que vai torná-la itinerante. A ideia é levar as denúncias a outros territórios atingidos no estado. “Nós estamos discutindo com universidades do Interior, sindicatos que tenham espaços grandes, para que a gente possa não só expor, como também levar esses cartunistas para falar com as pessoas que vão apreciar e vão, digamos assim, ao nosso ver, se engajar nessa luta”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. Cartunistas e representantes de entidades apoiadoras da exposição reunidos em frente à obra principal / Foto: Katia Marko O dirigente sindical ressalta que a luta “é feita de manifestações de rua, protestos, manifestações de todo tipo, atos públicos”, e é sempre crítica. “Aqui nós estamos falando de cartunistas gaúchos que são inconformados, que são resistentes a essa ideia do planeta destruído, de um sistema que quer explorar a natureza, de uma ideia de um Estado mínimo, de desregulamentação do sistema de proteção ambiental, de exclusão, de desigualdade.” Com curadoria de Celso Schröder, a obra que arrancou uma salva de palmas ao ser revelada na inauguração em Porto Alegre é assinada por Edgar Vasques, Santiago, Bier, Hals, Kayser, Fabiane Langona, Uberti, Bruno Ortiz e Eugênio Neves. A exposição também conta com o apoio do Sindjors, Sindbancários-RS, Sintrajufe-RS, CPERS, Adufrgs Sindical, Fetrafi-RS e Grafar. Foto da capa: "Nau dos Insensatos - O Naufrágio do Estado Mínimo" tem sete metros de comprimento por três de altura / Foto: Joni Oliveira/CPERS Artigo originalmente publicado no portal Brasil de Fato RS

Economia

Carta a Sua Excelência o senhor Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva

Destaque

Carta a Sua Excelência o senhor Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva
RED

CARTA PRÓ-RS - Movimento Cívico Lançada por meio do Instituto Novos Paradigmas e reunindo intelectuais, ativistas, lideranças sociais e sindicais, Carta Dirigida ao Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aborda a grave catástrofe ambiental que atingiu o estado do Rio Grande do Sul. Os signatários, entre os quais encontram-se também políticos e empresários de diferentes partidos políticos e ideologias políticas, unidos como cidadãos além das diferenças políticas, destacam a necessidade urgente de novas estratégias e estruturas governamentais para lidar com desastres dessa magnitude. Eles apontam a gravidade do evento, que terá consequências prolongadas, ressaltando que tragédias semelhantes têm ocorrido em outras regiões do mundo, como Nova Orleans e Indonésia. Entre as preocupações destacadas, está o risco de desilusão entre os afetados, a migração crescente de jovens e profissionais do estado, e a limitação das instituições públicas para enfrentar adequadamente essas crises. Nesse contexto, a carta sugere a criação de uma Agência Interinstitucional de Recuperação e Desenvolvimento, inspirada em modelos internacionais bem-sucedidos, como a Canterbury Earthquake Recovery Authority, para coordenar ações governamentais e não governamentais em prol da recuperação e desenvolvimento do estado. A proposta visa fortalecer o Rio Grande do Sul e transformá-lo em um exemplo de reconstrução sustentável. Por fim, os autores expressam confiança no compromisso do presidente com a causa e esperam colaboração para recriar os sonhos do povo gaúcho. https://youtu.be/G3O6JNEkfPs?si=sw27MxSX_GSr6HA2 Leia abaixo a íntegra do documento. Carta a Sua Excelência o senhor Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva Excelentíssimo Senhor Presidente da República, A catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul, estado dos signatários, desta carta, é o maior desastre ambiental não só de nossa região, mas do nosso país. E uma catástrofe que seguramente vai se repetir, o que implica pensarmos em estruturas e meios de planejamento para definir fins estratégicos a serem alcançados. O senhor está ciente e sensibilizado pelo sofrimento de cada gaúcho neste momento. Nosso povo deu demonstrações comoventes de união, solidariedade e apoio mútuo. Esta carta é uma ambiciosa demonstração desse sentimento e atitude, buscando novos objetivos, novas engenharias institucionais de governo e políticas estratégicas de interesse comum. Os signatários desta carta lhe escrevem como cidadãos, para além de nossa heterogeneidade social e diferenças políticas. Neste momento duro, neutralizamos nossas divergências ideológicas, partidárias e institucionais, e nos unimos na fraternidade, pela qual compartilhamos nossa vocação democrática. Enquanto alguns de nós estavam resgatando pessoas outros tantos estavam pesquisando e elaborando meios factíveis e consistentes de recriarmos nossa história, para sairmos mais fortes dessa tragédia, que nos assolou e ainda assola. Motivam esta carta ponderações que, embora ligadas às deletérias consequências do desastre climático, precisam também ser ressaltadas. Não somos, infelizmente, a primeira comunidade a padecer de uma catástrofe climática dessas, que se tornarão cada vez mais comuns. New Orleans, Indonésia, Nova Zelândia e tantas outras são regiões que já sofreram com desastres ambientais. Nós podemos aprender com as suas duras lições. A primeira ponderação diz respeito aos afetos: a resignação, vizinha da desilusão, trazida pela catástrofe climática, pela fragmentação do processo de recuperação, caldo de cultura para o ressentimento e para a formação de atitudes em geral voltadas a busca cega de “responsáveis” e o surgimento de versões inadequadas de interesse político. A segunda, anterior aos efeitos do desastre atual, mas que está em aceleração em consequência dos efeitos econômicos, sociais e sanitários da enchente, é a dos fluxos migratórios atuais, que vêm levando para fora do Rio Grande do Sul, não só contingentes populacionais expressivos, mas parte importante de nossa juventude e de nossos melhores quadros, os quais, além disso, com frequência, saem daqui para o exterior. A terceira é a limitação das instâncias institucionais do Estado como um todo para enfrentar este tipo de tragédias, de maneira harmônica e articulada. Desastres desse tipo necessariamente abrem uma estrada dupla: ou as comunidades saem destroçadas e entram vertiginosamente em uma espiral descendente, ou elas saem mais fortalecidas do que antes. Do ponto de vista econômico, comunidades que seguiram o segundo modelo atingiram níveis 20% mais altos de desenvolvimento do que no período anterior ao desastre. Do outro lado, sociedades que padeceram cometeram erros similares umas às outras: dispersão de ações, disputas políticas, oportunismos individuais e empresariais, burocracia excessiva, gestão fragmentada e respostas de pouco fôlego estratégico. Hoje estamos passando da fase de respostas imediatas, ainda urgentes, para a fase de recuperação e há uma série de ações de diferentes órgãos governamentais e não governamentais que buscam atender aos diferentes efeitos dessa emergência. Lentamente, todavia, as demandas se acumulam e uma coordenação estrutural das ações torna-se fundamental, em especial aliada a uma visão estratégica de longo prazo. Esta avaliação e sensação são frutos não só da intuição e da impressão, mas do estudo e da experiência. As comunidades que saíram fortalecidas de desastres ambientais souberam percorrer as diferentes fases de uma emergência e conseguiram coordenar ações de modo estratégico e inteligente. E uma iniciativa compartilhada entre todas, que se tornou referência de eficiência, modernidade e competência, foi a criação de uma agência interinstitucional (também conhecida mundialmente como Authority) para a organização dessas ações. Foi o que fizeram a Nova Zelândia com a CERA (Canterbury Earthquake Recovery Authority), os Estados Unidos da Crise de 29 com a Tennessee Valley Authority e a Indonésia com a BRR (Agência de Reabilitação e Reconstrução de Aceh e Nias). Estas agências foram as responsáveis por organizar uma resposta coordenada, viabilizando a colaboração dos diferentes agentes governamentais e não governamentais, envolvendo as comunidades locais em um pacto de crescimento e garantindo a alocação eficiente e inteligente de recursos. Deste modo, com esta avaliação, apresentamos nesta carta a proposta de criação de uma Agência Interinstitucional de Recuperação e Desenvolvimento. A função da agência será a coordenação das ações desenvolvidas pela União, pelo Estado e pelos municípios e também pelo setor privado em vista da execução de um plano estratégico recuperação do desastre climático e de implementação de ações de médio e longo prazo para desenvolvimento do Estado. A Agência estará submetida a Vossa Excelência, estando em coordenação com as esferas estadual e municipal, contando com a participação significativa de membros da comunidade gaúcha e de membros solidários de outras regiões do país, para garantir uma recuperação modelar do estado que represente muito mais do que uma história de reconstrução, tornando-se um exemplo de uma construção concertada de desenvolvimento sustentável, alinhada às mais modernas concepções ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais do terceiro milênio. Entre as funções da Agência, citamos a captação regional, nacional e internacional de recursos, a coordenação das ações de resposta e recuperação da infraestrutura pública e privada do estado respeitadas as normas de competência da federação, o fomento à inovação e ao empreendedorismo responsável e republicano, e o planejamento estratégico do desenvolvimento do estado em todas as esferas, garantindo uma recriação histórica da comunidade gaúcha com saúde, segurança e educação de qualidade. Cientes de seu elevado espírito público e de sua já comprovada solidariedade ao povo brasileiro, aguardamos esperançosos a possibilidade de construirmos uma solução duradoura e inovadora que possa recriar os sonhos do povo gaúcho, que agradece comovidamente e tanto espera retribuir à altura a fraternidade de todo o povo brasileiro. Para ver os signatários e assinar o documento, clique aqui.  

Comunicação e Mídia

Nova Cooline 46, com Caio Túlio Costa

Destaque

Nova Cooline 46, com Caio Túlio Costa
RED

Por JOSÉ ANTÔNIO VIEIRA DA CUNHA* Caio Túlio Costa, o pioneiro como ombudsman na Folha de S.Paulo e também no digital, como um dos implantadores do UOL em 2002, foi entrevistado pelo grupo NOVA COONLINE, formado por 22 jornalistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. As dificuldades do Jornalismo no ambiente digital, a crise dos jornalistas, que de protagonistas passaram a ser atores coadjuvantes, e a turbulência pela qual passam as empresas de comunicação com sua inaptidão para serem sustentáveis na web pontuam a conversa. Caio defende que o jornalismo tem que continuar sendo feito de acordo com suas características tradicionais, que incluem apurar da forma mais criteriosa possível, fazer tudo com independência, ouvir o outro lado, mas precisa saber como encontrar sustentabilidade para o negócio, desafio que praticamente todas as grandes empresas de comunicação não têm conseguido superar. O jornalista analisa com detalhes a questão da diversidade trazida pela ascensão de diferentes veículos digitais, no Brasil e no exterior, e seu impacto na pauta do jornalismo tradicional. No seu entender, os jornalistas não conseguirão recuperar o papel de protagonistas na difusão de informações, e por isso precisam aprender a exercer o novo papel no ambiente digital. Caio Túlio trabalhou durante 21 anos na Folha, onde foi editor, secretário de redação, correspondente na Europa e pioneiro nos investimentos da empresa em internet. E foi escolhido o primeiro ombudsman da imprensa brasileira, cargo que exerceu na FSP e que ocupou, segundo ele disse ao longo da conversa com a Nova Coonline, “por ingenuidade”. Atualmente ele atua no Torabit, uma plataforma de monitoramento digital da qual foi um dos fundadores em 2017. *José Antônio Vieira da Cunha é jornalista, tendo e atuado e dirigido os principais veículos de Comunicação do Rio Grande do Sul, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente. Foto da capa: Caio Túlio Costa - Fonte: Portal dos Jornalistas Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.   https://youtu.be/MnuQ5-JY8X4?si=6rHEwyibwYrOsWb9  

Internacional

Rússia na ONU: a OTAN desencadeará uma “guerra direta” se permitir que Kiev use armas de longo alcance

Notícia

Rússia na ONU: a OTAN desencadeará uma “guerra direta” se permitir que Kiev use armas de longo alcance
RED

Transcrito do site RT em espanhol* Segundo Vasili Nebenzia, nesse caso, o país "seria forçado a tomar as decisões certas". Se a OTAN permitir que a Ucrânia ataque as profundezas do território russo internacionalmente reconhecido com armas ocidentais de longo alcance, ela desencadeará uma "guerra direta" com a Rússia, disse o representante permanente da Rússia na ONU, Vasily Nebenzia, na sexta-feira, 13/09/2024. "Essa possível evolução da situação mudaria fundamentalmente nossas relações com o lado ocidental. Se a decisão for tomada a decisão para suspender as restrições, isso significará que a partir desse momento os países da OTAN iniciarão uma guerra direta com a Rússia", disse ele. [caption id="attachment_15704" align="aligncenter" width="1201"] O Presidente da Rússia Vladímir Putin. Crédito: Alexander Kazakov / Sputnik.[/caption] Segundo Nebenzia, nesse caso, seu país "seria forçado a tomar as decisões certas com todas as consequências que surgem para os agressores ocidentais". "Nossos colegas ocidentais não poderão mais se esquivar de sua responsabilidade e colocar toda a culpa em Kiev. Como é sabido, o uso de tais armas só é possível se você tiver acesso à inteligência dos satélites dos EUA e da UE. A Ucrânia nem tem essa possibilidade", enfatizou. O diplomata sênior também denunciou que Kiev há muito ataca o território russo "fora da zona de combate e organiza ataques terroristas contra civis, infraestrutura civil". Nesta quinta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, já explicou que o exército ucraniano "é incapaz de realizar ataques com modernos sistemas de precisão de longo alcance fabricados no Ocidente por conta própria", e os ataques só são possíveis através do uso de dados de inteligência dos satélites da Aliança Atlântica, que Kiev não possui. Além disso, "esses sistemas de mísseis só podem ser pilotados por militares da OTAN", acrescentou. Para assistir ao vídeo (em espanhol) com o pronunciamento do Presidente Vladímir Putin, clique aqui: https://vk.com/video-61174019_456273755 *Traduzido automaticamente do espanhol pelo serviço Microsoft Translator. Foto da capa:Bandeira da União Europeia - Freepik Esta notícia foi reproduzida integralmente do portal RT em espanhol, que é o veículo que se responsabiliza pela veracidade das informações divulgadas.  

Esporte

Mais medalhas, menor cobertura

Destaque

Mais medalhas, menor cobertura
RED

Por EDELBERTO BEHS* A cobertura da imprensa hegemônica dos atletas e das atletas paraolímpicas que disputaram 20 das 22 modalidades previstas nos campos esportivos de Paris foi inversamente proporcional, olhando o quadro de medalhas, ao que recebeu a equipe brasileiras nas Olimpíadas recentes. O Brasil conquistou nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 um total de 20 medalhas: três de ouro, sete de prata e dez de bronze. Atletas paraolímpicos deram de relho nos colegas olímpicos: conquistaram 89 medalhas, das quais 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, ficando em quinto lugar no quadro geral de medalhas! A cada Paraolimpíada o grupo de atletas brasileiros se supera. Nos jogos do Rio atingiu o recorde de 72 medalhas e superou as 22 medalhas de ouro nos jogos de Tóquio, em 2020. Esses atletas e essas atletas não mereceriam mais atenção da imprensa? A atleta Rayane Soares, deficiente visual, conquistou ouro nos 400 metros. Não só isso. Ela garantiu novo recorde mundial da prova com o tempo de 52 segundos e 55 centésimos. Ela foi reverenciada com o destaque – merecido – que a imprensa prestou à Rebeca Andrade, medalha de ouro no solo nos Jogos de Paris? Das Olimpíadas em Paris participaram 277 atletas. A delegação brasileira na Paraolimpíada contou com 280 atletas, que conquistaram 69 medalhas a mais do que seus companheiros e companheiras olímpicas. A diferença é gritante. Nos Jogos de Paris, em agosto, empresas de comunicação do Brasil estavam presentes com equipes de repórteres, comentaristas, e todo aparato televisivo na cobertura dos jogos, o que nem de longe se viu nas Paraolimpíadas. As Olimpíadas e as Paraolimpíadas refletem o quadro da sociedade brasileira. Já registramos avanços, é verdade. Se no passado pessoas com qualquer tipo de deficiência ficavam restritas ao espaço privado, hoje elas estão presentes no espaço público, com méritos e conquistas. Mas ainda há graus a alcançar para que atletas com deficiências visuais, deficiências intelectuais, paralisados cerebrais, com deficiência nos membros inferiores, nos membros superiores, cadeirantes, amputados cheguem ao Olimpo dos “atletas perfeitos”. Assim como ainda há graus a atingir na sociedade brasileira. *Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC). Foto da capa: Patrícia, Daniel, Joana e Talisson no pódio do 4x100m livre 20 pontos — Foto: Alê Cabral/CPB Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Mostrando 6 de 4827 resultados
Carregar mais