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Lula confirma indicação de Flávio Dino para vaga no STF e Paulo Gonet para PGR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou, nesta segunda-feira (27), os nomes de Flávio Dino para ocupar vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) e de Paulo Gonet para ser o novo procurador-geral da República. A informação foi confirmada através de comunicado do Palácio do Planalto. https://twitter.com/LulaOficial/status/1729184420312007143?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1729184420312007143%7Ctwgr%5E0f9f7d5729aa99df85b2142cddee860c0b721a58%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.brasildefato.com.br%2F2023%2F11%2F27%2Flula-indica-flavio-dino-para-o-stf-e-gonet-para-a-pgr-ambos-devem-passar-por-sabatina-no-senado Agora, ambos deverão ser sabatinados na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. Posteriormente, os nomes precisam passar pela aprovação da maioria absoluta da Casa, ou seja, pelo menos 41 de 81 votos. Após esse processo, se aprovados, terão a cerimônia de  posse marcada pelos respectivos órgãos. O novo ministro do STF assumirá a vaga deixada pela ministra Rosa Weber, que se aposentou compulsoriamente da Corte, ao completar 75 anos, no início do mês. Rosa foi nomeada pela então presidenta Dilma Rousseff, em 2011. A indicação de Dino não atendeu à demanda dos movimentos negro e de mulheres que pediam a indicação de uma mulher negra para o cargo. Apesar disso, Flávio Dino deve ser aprovado tranquilamente no Senado, onde o presidente Lula tem mais entrada do que na Câmara dos Deputados. Já na Procuradoria-Geral da República (PGR), Gonet ocupará a vaga aberta com a saída de Augusto Aras. O mandato de Aras na PGR terminou no fim de setembro, e a vice-procuradora Elizeta Ramos assumiu o comando do órgão interinamente. A nomeação de Gonet enfrenta resistência entre juristas progressistas e movimentos populares, que o classificam o subprocurador como "ultraconservador". No último dia 19, a Coalização em Defesa da Democracia enviou uma manifestação ao gabinete do presidente Lula contra a possível indicação. Imagem de Agência Brasil


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Logística tradicional transporta leite dos produtores às cooperativas gaúchas

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Logística tradicional transporta leite dos produtores às cooperativas gaúchas
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De LUIZ RENI MARQUES* O caminhão GMC 1952 percorria de madrugada os 18 quilômetros da estrada de chão batido entre Vila Mariante e Linha Chafariz, distritos de Venâncio Aires, no final dos anos sessenta, recolhendo os tarros de leite deixados na frente das dezenas de minifúndios para serem transportados até a cooperativa em Estrela onde seriam usados na fabricação de nata, iogurte, manteiga, queijo e leite pasteurizado. O sistema facilitava a vida dos produtores que, no final do mês, conferiam se o depósito de pagamento havia sido feito na sua conta corrente bancária, do fabricante, que contava com o fornecimento certo de matéria-prima e da população, que consumia produtos frescos por preços mais adequados. Esse modelo logístico funciona até hoje ganhando constantes aperfeiçoamentos nessa eficiente e racional cadeia de produção e movimentação de cargas. A estrada bucólica que serpenteia o Rio Taquari desde a ponte do Chafariz, formalmente Rodovia ERS-130, mantém parte do traçado ainda coberto de terra, sendo aos poucos pavimentada. Exceto nos períodos de chuva intensa, que provocam inundações nas margens do rio, a via atende satisfatoriamente a demanda da região. A comunhão de interesses entre produtores e fabricantes é uma tradição de mais de um século no Rio Grande do Sul, consolidada pelos imigrantes alemães, que começaram a chegar ao estado em 1824 e italianos, a partir de 1870, sem desprezar gente de outros países que também aportou no Sul do Brasil em busca de um futuro para suas vidas, deixando para trás, especialmente, uma Europa em crise. E com eles desembarcou o sistema cooperativista, surgido junto com a Revolução Industrial, na Inglaterra, França e outros países. A sua bandeira era combater as péssimas condições econômicas, sociais e de trabalho daquela transformação do mundo. Pensadores, como o inglês Robert Owen, discutiam uma forma de humanizar as relações entre o chão das fábricas, principalmente das tecelagens de Manchester, e os operários desde os primeiros anos do século 19. Mas foi o padre francês, Charles Founiér, o idealizador do que conhecemos hoje como cooperativismo, que prolifera por quase todo o globo e encontrou solo fértil para se desenvolver no Brasil. A primeira cooperativa no Rio Grande do Sul nasceu em 1902, criada em Nova Petrópolis por Theodor Amstad. O cooperativismo no Brasil, diferente da motivação inicial que levou ao seu surgimento na Europa, desde o começo objetivou suprir a lacuna que dificultava aos pequenos e médios produtores, sozinhos, escoar suas mercadorias e se tornarem mais competitivos no mercado. As cooperativas tiveram seu auge no Brasil nos anos 1970, enfrentaram crises, manchadas por gestores desonestos que fizeram o sistema balançar por corrupção. Contudo, aos poucos ratificaram sua força e atualmente formam um modelo de atuação indispensável à economia brasileira e presente em diversos segmentos produtivos do país, da criação de aves ao fornecimento de crédito. A vizinha Guiana, ao se emancipar do Reino Unido, em 1996, levou tão a sério o princípio que adotou o nome de República Cooperativista Guiana, a única no mundo. O país é, de fato, uma nação democrática com uma economia baseada no açúcar e no arroz e em minérios. Mas, voltando ao objeto básico dessa matéria, os produtores, além da segurança de ter o seu leite recolhido diariamente pelo comprador, e do dinheiro que, faça chuva, faça sol, entra na sua conta todo mês, recebem apoio técnico e financeiro para manter e melhorar a saúde das suas vacas, o manejo correto, a alimentação adequada e outras medidas garantidoras do sucesso do seu empreendimento. As cooperativas, e também as empresas que operam no setor de leite e laticínios estimulam seus fornecedores a controlarem melhor seus rebanhos e utilizarem equipamentos modernos, assegurando matéria-prima de mais qualidade para a confecção da sua linha de produtos. Eventualmente, o sistema enfrenta maçãs pobres que precisam ser banidas do cesto, como transportadores desonestos presos por colocarem água e outras substâncias no leite. A adoção de métodos mais avançados e rigorosos também ajuda a dificultar esses desvios e garantir o fornecimento de produtos saudáveis para a população. O Brasil tem um rebanho de cerca de 16 milhões de vacas leiteiras e Minas Gerais é o principal polo nacional do setor, responsável por 70% do rebanho e da produção. A região Sul vem em segundo lugar, com mais de 2 milhões de animais. O Rio Grande do Sul, além de ter dois terços das vacas leiteiras dos estados meridionais, apresenta a maior produção, com 2,3 bilhões de litros anuais e, junto com Santa Catarina e Paraná, a mais alta média de litros por vaca por ano, com 1.269 kg, contra 828 do índice nacional. A maior parte dos produtores de leite em todo o país são pequenos e médios fazendeiros. Apesar de ser um dos cinco maiores produtores, o Brasil não está entre os grandes exportadores de leite e isso se deve à qualidade, ainda considerada baixa, comparada à União Europeia, Nova Zelândia e outros exportadores, e aos altos custos de produção, que prejudicam a competitividade nos mercados internacionais. Ainda assim, o país vende leite para Argélia, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Filipinas. E, de tempo em tempo, enfrenta a concorrência do leite uruguaio, que chega ao mercado brasileiro, principalmente em épocas de crise na produção nacional. O apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aos produtores de todos os portes, e investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), financiando programas de aperfeiçoamento do segmento, vêm ajudando a melhorar a qualidade e a competitividade dos nossos produtores. O apoio é importante também para evitar a diminuição do número de criadores no Rio Grande do Sul. A Emater/RS (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) cumpre atuação destacada nessa tentativa. Essa melhoria beneficia também o consumidor gaúcho e brasileiro. Quanto ao caminhão citado na abertura da matéria, ele remonta a um período que faz parte dos meus tempos de guri, época em que passei algumas férias no sítio de um tio, criador de vacas leiteiras, em Linha Chafariz. Eventualmente, pescávamos jundiás e pintados nas águas do Taquari antes do amanhecer e, quando de longe ouvíamos o ronco do motor do velho GMC verde escuro, deixávamos os caniços de lado e corríamos para a beira da estrada para ver o veículo parar em meio a uma nuvem de poeria da estrada e o motorista descer e recolher os enormes tarros cheios de leite. Quer saber mais sobre o assunto? O autor explora o tema na segunda edição do programa “Logística na sua Vida”, o novo podcast da RED. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=y_tHzdOOeZo *Estudou Direito e História. Formado em Jornalismo. Foi repórter em Zero Hora, Jornal do Brasil, o Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Senhor e Isto É, e correspondente free lancer da Reuters, entre outros veículos de comunicação. Redator e editor na Rádio Gaúcha, diretor de redação da Revista Mundo, professor de Redação Jornalística na PUCRS e assessor de imprensa na Câmara dos Deputados durante a Assembleia Nacional Constituinte. Atualmente edita blog independente. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Municípios precisam entrar no século XXI

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Municípios precisam entrar no século XXI
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De FERNANDO LUIZ ABRUCIO* A transformação do sistema político brasileiro começa com um debate mais qualificado sobre o destino de nossas cidades. As eleições municipais ganharam uma centralidade impressionante no sistema político brasileiro. Elasnão só selecionam os governantes que vão gerir políticas públicas fundamentais para a garantia dos direitos dos cidadãos, como também são peças-chave para as estratégias eleitorais de políticos estaduais e federais, que imaginam ter um terreno mais sólido para suas ambições futuras caso tenham aliados fortes nos governos locais. A despeito dessa relevância, os últimos pleitos municipais têm sido marcados por um debate público que não enfrenta os principais desafios contemporâneos das cidades brasileiras. A noção de que o município faz diferença na política e nas políticas públicas é muito recente no país. Ahistória brasileira, desde a Independência, foi de sufocamento do poder local, dando mais poderes aos estados/províncias e/ou ao governo central/governo federal. A Constituição de 1988 alterou radicalmente essa rota, dando aos municípios o caráter de ente federativo, o que significou um repasse inédito de autonomia política, financeira e administrativa. Junto com a autonomia vieram novas, amplas e desafiadoras responsabilidades. O fato é que o Brasilcombinou uma forte expansão do Estado de Bem-Estar Social, antes muito restrito a poucos, com uma grande descentralização municipalista dos encargos. Não foi um processo fácil, uma vez que as municipalidades tinham poucas funções de garantia universal dos direitos dos cidadãos. A maior parceladas prefeituras funcionava tal qual a famosa Sucupira de “O Bem-Amado”, que fez sucesso na década de 1970 na TV Globo. Para quem não se recorda, a principal bandeira do prefeito Odorico Paraguaçu era tentar inaugurar um cemitério - e, ironicamente, ninguém morria na cidade. Tratava-se de uma excelente metáfora sobre o sentido dos governos municipais de então. A maior parte dos municípios teve que se inventar como governos com políticas públicas amplas a partirda década de 1990. O balanço de mais 30 anos de municipalização de tarefas centrais do Estado de Bem-Estar Social brasileiro é duplo. Por um lado, ampliou-se o rol de serviços públicos, foram garantidos direitos que os cidadãos mais pobres nunca tinham experimentado na história, bem como os governos locais produziram inovações tanto no plano das políticas públicas - algumas delas depois disseminada são governo federal - como em termos de democratização do Estado. Por outro, no entanto, o saldo desse processo municipalista revela lacunas e insuficiências. Na lista de problemas, destaca-se primeiramente que os resultados foram muito díspares entre as municipalidades. Ainda há muita heterogeneidade territorial no que se refere à capacidade de produzir políticas públicas com qualidade adequada. Na verdade, a maioria dos governos municipais temcarências significativas que os impede de avançar mais. Além dessa desigualdade federativa, após décadas com importantes inovações, o municipalismo parece ter perdido grande parte de seu ímpeto modernizador. Ao clientelismo tradicional somaram-se novas formas antirrepublicanas, como o poderio do crime organizado nas comunidades locais. O enfraquecimento do federalismo cooperativo durante os governos Temer e Bolsonaro, ademais, reduziu a ajuda federal aos municípios mais frágeis e favoreceu uma lógica de mera sobrevivência individualista. A política local nos grandes centros também entrou, em boa parte, na mesma lógica polarizadora e dominada por temas secundários com ibope em redes sociais que cegam o debate público. Como corolário dessa nova fase de desafios ao municipalismo, surgiram novas questões noséculo XXI, ou alguns temas se tornaram mais complexos, o que, de todo modo, exigirá governos municipais muito mais preventivos, ágeis e capazes de construir amplas alianças para resolver tais problemas. O fato é que os municípios precisam entrar no século XXI se quisermos garantir uma vida melhor à população brasileira. O governo federal não tem como resolver todos os problemas desse país enorme e heterogêneo, tampouco os estados. A melhoria da cidadania começa na transformação da vida citadina,com prefeituras melhores e a construção de elites políticas mais qualificadas - afinal, grande parte da classe política nacional advém e/ou depende das ligações com a esfera local. Tomando como base as últimas eleições municipais e o debate feito pelos principais polos partidários atéagora, avizinha-se um debate eleitoral pouco frutífero em prol da modernização da gestão municipal. Não obstante, há ainda tempo para tentar modificar os rumos dessa discussão e do embate político, emvez de ficar apenas na identificação dos políticos que merecem ganhar - ou nos que têm de perder, que tem sido nosso primeiro cálculo atualmente. Melhorar a qualidade argumentativa da competição eleitoral de 2024, ademais, pode ser uma forma de influenciar o que ocorrerá em 2026. Podem ser destacadas aqui cinco questões inescapáveis para adequação do municipalismo aos desafios do século XXI. A primeira diz respeito à governança federativa. É fundamental melhorar aarticulação intergovernamental no país, em prol de um novo federalismo cooperativo, incentivando maisas parcerias das prefeituras com os governos estaduais e federal, bem como a cooperação intermunicipal. Os municípios não resolverão muitos de seus problemas de forma autárquica e isolada. Soluções regionalizadas, disseminação de boas práticas locais por todo o território nacional e apoio daUnião e dos governos estaduais para coordenar melhor a descentralização e reduzir as desigualdades territoriais são essenciais. Em poucas palavras, os governos locais são peça-chave na resolução dosproblemas brasileiros, mas não são ilhas e não podem ser tratadas enquanto tais pelas instâncias federal e estadual. Um segundo tema central para a modernização da agenda municipalista está no fortalecimento das relações dos governos municipais com a sociedade local. Houve um tempo no pós-1988 em que mecanismos de democratização, como conselhos e orçamentos participativos, expandiram-se bastante pelo país afora. Todavia, esse processo democratizador está em refluxo faz mais de uma década. Não que todos esses instrumentos fossem perfeitos. Só que agora tem havido um aumento da privatização do espaço público, seja pela via do crime organizado, seja por meio de muros que separam o andar décima do andar de baixo da escala social. O apartheid territorial está aumentando nas cidades brasileiras, especialmente nas áreas metropolitanas. A preparação dos governos municipais para os desafios do século XXI passa necessariamente pelaampliação das formas de consulta, participação e, sobretudo, de diálogo entre os desiguais. A sociedade pode aportar muito de seu conhecimento e capilaridade às políticas públicas locais. Além disso, os instrumentos de transparência, accountability e de decisão coletiva reduzem as chances deconcentração de poder em poucos grupos, algo que aumenta a desigualdade, bem como a miopia para enfrentar problemas mais profundos e de longo prazo. Um terceiro vetor modernizador dos municípios refere-se à melhoria das capacidades estatais locais. Oscidadãos querem e merecem serviços públicos de maior qualidade, porém tal processo não deriva damera vontade política dos governantes. A profissionalização da burocracia, o uso de evidências sobre aspolíticas públicas e a adoção de instrumentos de planejamento e gestão são substitutos do clientelismo,do personalismo e da descontinuidade administrativa que, infelizmente, ainda são muito fortes no planolocal. Mais desafiador ainda é sair da lógica imediatista e meramente curativa, predominante em todo o país, efortalecer o modo preventivo de governo, a quarta mola propulsora de transformação proposta aqui. Os problemas estruturais do século XXI, como a questão climática, a remodelação urbana da vida nosgrandes centros e a adoção de políticas específicas a grupos etários ou vulneráveis, como nas áreas de primeira infância e dos idosos, são temáticas de longo prazo e que exigem ações antes que a emergência tome conta da agenda. Os municípios serão os mais afetados por essa nova agenda e ainda engatinham neste debate, embora os recentes eventos climáticos extremos realcem o alto custo de seatrasar neste processo. A agenda modernizadora do municipalismo, por fim, passa pelo diagnóstico de que não há um único tipo de município no Brasil, de modo que haverá mais um cardápio de soluções do que uma receita de bolo. É preciso pensar nas singularidades dos municípios amazônicos, das localidades do semiárido, das grandes cidades - e estas últimas terão um conjunto ainda maior de desafios e necessidades de mudanças, mas seus governantes atuais, no geral, estão bem atrasados neste debate. Mais do que nomes, precisamos de novas ideias e projetos para o debate eleitoral de 2024. Melhorar a governança municipal é fundamental para garantir o bem-estar dos cidadãos e, com isso, fazer com que acreditem que a democracia é a única forma de resolver os problemas coletivos. A transformação do sistema político brasileiro começa com um debate mais qualificado sobre o destino de nossas cidades. A questão é saber se um cenário dominado pela polarização norteada pelas redes sociais e por um Centrão vitaminado pelas emendas parlamentares permitirá esse salto rumo ao século XXI. *Professor e pesquisador da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EASP) desde 1995. Possui graduação em Ciências Sociais pela USP (1990), mestrado em Ciência Política e doutorado em Ciência Política pela mesma instituição, além de graduação incompleta em Comunicação Social com Habilitação Em Propaganda pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (1987-1989). No período de agosto de 2019 a fevereiro de 2020, atuou como pesquisador visitante no Massachusetts Institute Of Technology (MIT), Estados Unidos, estudando o tema das reformas educacionais, sob supervisão do professor Ben Ross Schneider. Artigo publicado originalmente no site da FGV. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

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A Argentina, a sua Constituição federal e a mudança

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A Argentina, a sua Constituição federal e a mudança
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De RAÚL GUSTAVO FERREYRA* A Argentina tem uma das mais antigas e distintas Constituições republicanas do mundo. Foi sancionada em 1853 e reformada em 1860, 1866, 1898, 1957 e 1994. O seu texto original de mais de 5.000 palavras tem, atualmente, mais de 12.000 palavras. Trata-se, portanto, de um dos documentos fundamentais mais escassos jamais redigidos na história do constitucionalismo.  É precisamente a sua brevidade e a sua duração de mais de 170 anos que constituem as características básicas ou propriedades primárias do instrumento de governo da Argentina.  Essa brevidade foi imaginada por Juan Bautista Alberdi, o arquiteto da constitucionalidade. Não creio que ele tenha imaginado essa duração para a sua obra jurídica, mas foi ele quem, no seu Projeto de 1852, abriu caminho para a mudança da Lei Fundamental. Por esta razão, o próprio dispositivo previsto para formalizar a "reforma" da Constituição, o artigo 30, foi redigido em 1853, pensado no ano anterior, e permanece intocável desde o início dos tempos jurídicos do direito constitucional nacional.  Eis o seu texto: "A Constituição pode ser reformada no todo ou em qualquer das suas partes. A necessidade de reforma deve ser declarada pelo Congresso com o voto de, pelo menos, dois terços dos seus membros; mas não pode ser executada senão por uma Convenção convocada para o efeito". O processo de reforma constitucional inclui: 1) A iniciativa propriamente dita, que pode ser tomada pelos membros do Congresso ou pelo Presidente.  2) A discussão no Congresso. A declaração do Congresso sobre a necessidade de reforma. E, principalmente, a obtenção de 66% dos votos favoráveis contados do total de membros do Congresso para viabilizar a reforma. 3) Finalmente, após o consenso do Congresso, abre-se um debate público e cidadão sobre os temas da Constituição que serão objeto de uma eventual alteração, seguido da eleição dos constituintes, da constituição da Assembleia, do seu regimento interno e da configuração adequada da reforma, que pode ampliar, reduzir ou rever o texto da Lei Fundamental. No entanto, há um consenso suficientemente consistente na doutrina dos autores que sustenta que a "República" e a "Democracia", ainda que não se constituam como limites explícitos ao processo de mudança constituinte, devem ser julgados como limites materiais implícitos para validar a sequência de validade de uma reforma.   Em outras palavras, equivale dizer: para além da República e da Democracia não há continuidade da Constituição Federal, mas sim, a sua abolição. Sem dúvida, a rigidez do processo de mudança constituinte foi a base rochosa que impediu a variação contínua do livro secular da cidadania argentina. O presidente recentemente eleito não apresentou rigorosamente uma plataforma de governo. No entanto, com base em debates públicos, programas de rádio e televisão, apelou à adoção de uma proposta de governança que inclui, por exemplo: (a) Dolarização da economia; b) A eliminação do Banco Central; c) A negação das alterações climáticas; d) O porte de arma; e) A venda de órgãos humanos; f) A privatização do espaço público; g) A destruição ou pulverização da justiça social; e, h) A desnaturalização da relação com o Brasil Em diferentes níveis discursivos, todas e cada uma destas propostas exigiriam uma reforma da Constituição de acordo com o processo acima descrito. Nenhuma destas medidas poderia ser adotada sem alterar-se a Constituição. Além disso, há que ter em conta que, desde 1994 quando da última reforma constitucional, a Argentina dispõe de regras de "raiz e hierarquia" constituinte e de regras de "hierarquia constitucional" indicadas e detalhadas no artigo 75, nº 22, e que decorrem do direito internacional dos Direitos Humanos e das condições da sua vigência. O que é que eu quero insinuar? Que, mesmo que se tentem ou se combinem as reformas previstas nas alíneas "a) a h)", a Argentina está agora "submetida" a "limites heterônomos" de fontes internacionais, que proíbem e punem com nulidade, por exemplo, a impunidade dos crimes contra a humanidade cometidos pelo terrorismo de Estado implementado pela ditadura militar entre 24/3/1976 e 1012/1983. A Argentina, com sua Constituição, o modelo de auto-representação assumido por seus cidadãos, está inserida na comunidade internacional de Estados; entidades comunitárias baseadas na dignidade do ser humano, na divisão do poder, no núcleo dos direitos intangíveis do homem e na submissão ao direito positivo. *Professor Titular de Direito Constitucional, Faculdade de Direito, Universidade de Buenos Aires (UBA)  Doutor em Direito (UBA). Texto traduzido por Ben-Hur Rava, advogado. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Cultura

Programação cultural – de 25 a 30 de novembro

Cultura

Programação cultural – de 25 a 30 de novembro
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Por LÉA MARIA AARÃO REIS** *A frase de Antonio Gramsci é mais do que conhecida. Mas não é demais relembrá-la: “O velho mundo está morrendo. O novo tarda a aparecer. Nesse claro-escuro surgem os monstros”. *Em 2019, estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, a UNCTAD, revelou: “Geólogos e economistas de recursos confirmaram que o território palestino ocupado possui reservas significativas de petróleo e gás natural, na costa mediterrânica voltada para a Faixa de Gaza”. Explicado? *Milicianos, livro recém-lançado do jornalista Rafael Soares, é didático ao esmiuçar o problema da segurança no Brasil. O subtítulo informa: “Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele”. O livro reproduz trechos da conversa de Bolsonaro com a BBC sobre as milícias, em 2008: “Elas oferecem segurança e conseguem manter a ordem e a disciplina nas comunidades. O governo deveria apoiá-las. E no futuro deveria legalizá-las”, opinou o presidente de ocasião. *A obra Estação etnográfica Bahia: a construção transnacional dos Estudos Afro-brasileiros (1935-1967), do sociólogo e antropólogo Livio Sansone, da Universidade Federal da Bahia, acaba de ser lançada pela Editora da Unicamp. O autor revisita as principais teorias raciais desenvolvidas na cidade de Salvador a partir da década de 1930 e se baseia em estudos de quatro antropólogos estrangeiros: o casal Frances e Melville Herskovits, Edward Franklin Frazier e Lorenzo Turner. *Grande lançamento inaugurando a temporada de festas de fim de ano. Especulação cinematográfica, de autoria de Quentin Tarantino, um dos maiores cineastas de sua geração, chega às livrarias brasileiras no dia 4 de dezembro. O celebrado diretor de sucessos como Kill Bill e Pulp Fiction vai compartilhar com o público os seus pensamentos e suas opiniões sobre a sétima arte. Teoria do cinema, críticas de filmes, relatos dos diferentes períodos da história dos Estados Unidos, as mudanças mais marcantes na sociedade assim como sua fascinante história pessoal estão no livro que com certeza será um sucesso literário e cinematográfico. Tradução de André Czarnobai, da Editora Intrínseca, o volume já se encontra em pré-venda. *Narrativas Negras está na plataforma Filmicca com filmes dirigidos por cineastas negros e com protagonismo negro. Entre curtas e longas, filmes de ficção, documentários e animação. A coleção inclui filmes sobre o racismo e o colonialismo como a conhecida produção biográfica Frantz Fanon – Pele Negra, Máscara Branca; obras-primas do diretor senegalês Djibril Diop Mambéty como A Pequena Vendedora de Sol, Hienas, e Preciosa Ivie e Supa Modo. *O jornalista Jamil Chade nos lembra: “Em Gaza, em 2023, é também a nossa própria humanidade que é soterrada nos escombros a cada morte de uma criança. A utopia da paz enterrada em valas comuns”. *E Jean-Luc Godard já convidava a pensar e lembrar, na sua sabedoria: “O esquecimento do extermínio faz parte do extermínio”. *A Pallas Editora lança, neste final de ano, Era uma vez um quintal, de Andreia Prestes, ilustrado por Paula Delecave. As ilustrações são com fotos do álbum da família da autora, neta de Luís Carlos Prestes pelo lado materno e de João Massena Melo, por parte de pai, sobre quem a trama se desenvolve. Lançamento dia 10 de dezembro, às 11h00, na Janela Livraria do Jardim Botânico, no Rio. O leitor viaja com a autora até uma casa em Cascadura, subúrbio carioca, onde há cerca de sete décadas mora dona Ecila, 94 anos, avó de Andreia e viúva de Massena. *Sobre o desaparecimento de cidadãos e cidadãs durante a ditadura civil-militar no Brasil, Andreia Prestes comenta: “Esse tipo de violência praticada pelo Estado – o desaparecimento – é também uma estratégia de silenciamento. Digo pela minha família: ainda é muito difícil falar sobre esse desaparecimento”, lamenta. *Sobre velhice e sexo, a jornalista e escritora Tania Camargo Celidonio está lançando Mistérios e Aflições da sexualidade na velhice, sábado (25), na Hilário Livraria, no Largo da Prainha, em Copacabana. A roda de conversa programada para a festa será com Graça Lago, que lembra, parodiando o samba: “Estamos velhos, mas ainda não morremos”. Com ela, Mario Lago Filho. *O ativista do Comitê de Luta do Crato, Guilherme Beserra, lançou um novo livro infantil, Lenito e o Casaco de 2 Francos: A História Não Contada das Fábricas. A obra é dirigida ao público infantil e ambientada na Normandia, na França. Relata a história de Lenito, personagem que se vê diante de um ‘casaco de 2 francos’ e a partir daí embarca em jornada de descobertas e amizades onde as crianças são levadas a um mundo no qual as máquinas das fábricas tecem não apenas roupas, mas também histórias de pessoas fortes e corajosas. Parte dos recursos arrecadados com a venda do livro é destinada à Ação Entre Amigos Vai Pra Cuba! O livro está disponível na Amazon (clique aqui). *Democracia para quem? Volume que reúne palestras proferidas em 2019 por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –, no seminário internacional Democracia em Colapso promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo, editora que em dezembro próximo coloca essa obra no seu Clube do Livro do mês. Os temas: capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros. *No volume, Angela Davis afirma que não pode haver democracia sem a luta histórica das mulheres negras: “Quando as mulheres negras se moveram em direção à liberdade, elas nunca representaram apenas elas mesmas”. Patrícia Hill Collins diz que não faz diferença pensar em liberdade para pessoas negras sem pensar no que isso significa para homens negros quanto para mulheres negras. E a italiana Silvia Federici observa a resistência das mulheres na defesa dos bens comuns: “Elas defendem seus bens quando defendem a floresta, a terra ou as águas de uma empresa da mineração ou de petróleo. Elas dizem que a Terra pertence a todos e a todas”. *O ministro do Supremo Dias Toffoli sugeriu a Bolsonaro deixar o país antes da posse de Lula: este é um dos detalhes que se encontram no livro O Tribunal – Como a Suprema Corte se uniu ante a ameaça autoritária, do jornalista Felipe Recondo (Prêmio Esso de Jornalismo de 2012) e do também jornalista e advogado Luiz Weber.  Lançamento recente, há uma semana, pela Editora Companhia das Letras. *Os concertos Candlelight voltam a iluminar lugares especiais no Rio de Janeiro: o Museu do Amanhã, (dia 26), o Teatro PRIO, no Jóquei Clube (01de dezembro) e a Igreja de São Francisco da Penitência (dia 8). *Atenção: amanhã, domingo, é o último dia da Flip, a Festa Literária de Paraty que emplaca a sua 21ª edição. A homenageada oficial deste ano é Pagu. Com ela, todas as mulheres resistentes e guerreiras desse país. **Jornalista carioca. Foi editora e redatora em programas da TV Globo e assessora de Comunicação da mesma emissora e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Foi também colaboradora de Carta Maior e atualmente escreve para o Fórum 21 sobre Cinema, Livros, faz eventuais entrevistas. É autora de vários livros, entre eles Novos velhos: Viver e envelhecer bem (2011), Manual Prático de Assessoria de Imprensa (Coautora Claudia Carvalho, 2008), Maturidade – Manual De Sobrevivência Da Mulher De Meia-Idade (2001), entre outros. As informações acima são fornecidas por editoras, produtoras e exibidoras. A imagem é uma montagem do site Fórum21. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected] . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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