Lula alerta para risco de guerra na América do Sul e diz que intervenção na Venezuela seria “catástrofe humanitária”

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Foz do Iguaçu (PR), 20/12/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sessão Plenária da Cúpula de Presidentes e Chefes de Delegação dos Estados Partes do Mercosul e dos Estados Associados. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Uma das declarações mais contundentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste fim de semana foi o alerta sobre os riscos de uma escalada militar na América do Sul diante das ameaças de intervenção dos Estados Unidos na Venezuela. Durante discurso na cúpula do Mercosul, realizada neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), Lula afirmou que uma ação armada contra o país vizinho teria consequências humanitárias graves e abriria um precedente perigoso no cenário internacional.

Ao tratar do tema diante de chefes de Estado e delegações dos países do bloco, o presidente brasileiro chamou atenção para o aumento da presença militar norte-americana na região e para o que classificou como uma pressão extrarregional sobre a soberania sul-americana. Segundo Lula, a história recente do continente já demonstrou os impactos duradouros de conflitos armados impostos de fora.

Para o presidente, uma intervenção militar na Venezuela poderia desencadear uma guerra de proporções imprevisíveis, afetando diretamente a estabilidade política, econômica e social da região. Lula destacou que o cenário atual representa um teste aos limites do direito internacional e reacende tensões que a América do Sul tenta superar há décadas.

Cerco militar e impacto econômico

As declarações ocorrem em meio ao aumento da tensão no entorno do território venezuelano. Tropas e embarcações militares dos Estados Unidos intensificaram sua atuação no Mar do Caribe, sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Na prática, a movimentação inclui ações que dificultam a circulação de navios petroleiros venezuelanos, afetando diretamente a principal fonte de receita do país.

A Venezuela detém uma das maiores reservas de petróleo do mundo, e qualquer bloqueio prolongado ao escoamento da produção representa um forte impacto sobre sua economia. Desde setembro, ataques a embarcações na região já resultaram em dezenas de mortes, ampliando o clima de instabilidade e preocupação internacional.

Nos últimos dias, declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevaram ainda mais a tensão. Ao mencionar a possibilidade de ampliar a presença militar na região, Trump afirmou que a Venezuela estaria “cercada” e condicionou uma eventual redução da pressão à devolução de bens e recursos que, segundo ele, teriam sido “tomados” do país norte-americano.

Brasil aposta na via diplomática

Diante do agravamento do cenário, Lula reforçou a defesa de uma solução negociada e afirmou que o Brasil tem atuado para evitar um conflito armado. O presidente revelou que manteve conversas telefônicas tanto com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, quanto com Donald Trump, colocando o país à disposição para mediar o diálogo.

Segundo Lula, a proximidade geográfica e a extensa fronteira entre Brasil e Venezuela tornam ainda mais urgente a busca por uma saída diplomática. O presidente disse ter manifestado disposição para dialogar com diferentes governos da região e com os Estados Unidos, caso isso contribua para reduzir as tensões.

O chefe do Executivo também levantou questionamentos sobre os reais interesses por trás da ameaça de intervenção militar, afirmando que a derrubada do governo venezuelano não pode ser analisada de forma isolada. Para Lula, é fundamental compreender os fatores econômicos e geopolíticos envolvidos na crise.

Alerta permanente

Ao encerrar sua fala, Lula indicou que seguirá acompanhando de perto a situação e que pretende retomar o contato com o governo norte-americano antes do Natal. O presidente também orientou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a permanecer em alerta nas próximas semanas, caso o quadro de tensão se agrave.

A manifestação do presidente brasileiro reforça a posição histórica do Brasil em defesa da soberania dos países latino-americanos e da resolução pacífica de conflitos, em um momento em que o risco de militarização volta a preocupar a região.


Imagem destacada: Ricardo Stuckert/PR

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