Por NANDI BARRIOS**
No capitalismo brasileiro “sem risco”, no neoliberalismo de “Estado mínimo para o povo e máximo para os ricos”, os grandes empresários (médios também) e latifundiários, em situações de catástrofes (cheias/alagamentos, estiagens prolongadas) ou sanções econômicas externas (“tarifaço” ianque), exigem ajuda do Governo Federal.
Entendo, que, num contexto onde a “grande mídia” está ao lado dos predadores econômicos e de ameaças / chantagens de desemprego, o Governo se obrigue a “planos de ajuda”. Mas não entendo a não exigência de contrapartidas.
No Rio Grande do Sul o agronegócio e outros empresários (setor imobiliário, indústria) são os principais responsáveis pela devastação ambiental (degradação de banhados, cursos d’água, campos e matas), uma das causas das mudanças climáticas e dos processos de erosão/assoreamento dos arroios e rios, que somam para os extravasamentos e alagamentos. Nas situações das cheias/alagamentos que afetaram o Estado, defendi que as ajudas federais deveriam ser acompanhadas de contrapartidas por parte dos devastadores beneficiados, como a recuperação de nossas proteções naturais, notadamente das matas ciliares. Mas não foi o que ocorreu.
Agora, no tarifaço ianque, o Governo Federal anuncia planos de contingência / ajuda aos empresários exportadores. Novamente defendo, que nos planos devem haver condicionantes, que viabilizem produtos, principalmente alimentos, mais baratos para o mercado interno. Estes produtos podem ser direcionados para cozinhas solidárias, cestas básicas, merenda escolar, povos indígenas e quilombolas e população pobre. Diante de indicativos (entrevistas) dados por estes empresários de que a produção pode (talvez prefiram, para não baixar preços) apodrecer, é urgente que parlamentares e dirigentes partidários comprometidos com o povo e dos movimentos sociais, atuem junto ao Governo Lula para que contrapartidas de abastecimento do mercado interno com produtos a preços baixos sejam exigidas.
*Nandi Barrios: Engenheiro florestal, com trabalhos em comunidades quilombolas e indígenas. Autor do livro “Entrevero Literário” (Editora Rígel, 2023) e coautor do livro Quilombo Macaco Branco – História e trajetória de uma comunidade negra do RS (Editora Rígel, 2024).
Foto de capa: CNA/Wenderson Araujo/Trilux





Uma resposta
Muito bom