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Agenda de Lula em Porto Alegre leva multidão para as ruas da capital

Agenda de Lula em Porto Alegre leva multidão para as ruas da capital

Eleições 2022 por RED
21/10/2022 00:31 • Atualizado em 21/10/2022 18:09
Agenda de Lula em Porto Alegre leva multidão para as ruas da capital

Cerca de 70 mil pessoas caminharam com Lula em atividade que encerrou na Praça da Matriz. 

Nesta quarta-feira, 19, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpriu agenda em Porto Alegre em sua terceira visita ao estado neste ano e a primeira no segundo turno das eleições.

Lula veio acompanhado do seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e sua companheira Janja. Também participaram das atividades personalidades como a ex-presidenta Dilma Rousseff, Olívio Dutra, o deputado que foi candidato a governador do estado Edegar Pretto (PT), Manuela D’Ávila e outros  parlamentares gaúchos do PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB, partidos que compõem a frente ampla liderada pelo ex-presidente.

Seu primeiro compromisso em solo gaúcho foi uma coletiva aberta à imprensa concedida no Hotel Plaza São Rafael, que durou cerca de 25 minutos. Logo após, Lula saiu em caminhada que reuniu cerca de 70 mil pessoas pelas ruas centrais de Porto Alegre.

Solidariedade ao Seu Jorge

Antes de abrir para as perguntas, Lula se manifestou sobre o caso de Racismo sofrido pelo cantor Seu Jorge em um Clube de Porto Alegre.  “Quero demonstrar minha solidariedade ao Seu Jorge, a mais recente vítima do preconceito nesse país. Todas as pessoas democratas precisam rejeitar e repudiar qualquer gesto de preconceito. Não podemos admitir”, afirmou o candidato.

Medidas de recuperação econômica e social do país

A partir das perguntas dos repórteres, Lula listou uma série de medidas econômicas que serão adotadas caso ele seja eleito, com destaque para a equiparação dos salários entre homens e mulheres (proposta de Simone Tebet – MDB, que saiu em seu apoio neste segundo turno) e a definição de garantias a trabalhadores de transporte por aplicativos.

Também pontua que pretende acabar com os chamados “bicos”, ou seja, com os trabalhos eventuais com nenhuma garantia. “Não é normal abandonar o trabalhador à própria sorte”, disse Lula, ao se referir que o governo deve proteger os trabalhadores e suas famílias criando oportunidades de empregos com direitos.

Outro ponto destacado por Lula, caso eleito, é o incentivo ao financiamento de micro, pequenos e médios empreendedores a partir dos bancos públicos. “Temos que incentivar a criatividade dos nossos empreendedores (…) É preciso deixar de ser apenas exportador de commodities para voltar a ser exportador de conhecimento”, defende.

Ele ainda cita que possui propostas para o setor de turismo, para que a população em geral “possa voltar a andar de avião” e explorar a vocação turística de todas as regiões. E também o diálogo que Geraldo Alckimin tem feito com empresários dos mais diversos setores.

Foto de Celina Carvalho

Agronegócio e Amazônia

Questionado sobre o eventual lançamento de uma carta ao agronegócio – nicho favorável a Bolsonaro, assim como fez aos evangélicos na manhã de quarta, rejeitou a hipótese e lembrou que o seu governo liberou mais financiamentos para o setor  do que o atual presidente.

— Não é possível fazer campanha com carta para todos os setores. Qualquer oposição que o agro tenha a mim e ao PT não é por conta de quando fui governo. O problema do agro conosco não é de dinheiro. Pode ser ideológico, de concepção. Não vamos permitir a ocupação desordenada da Amazônia, de nenhum bioma. Tenho clareza de que o homem do agronegócio não tem interesse em desmatamento e queimada da Amazônia. Quem tem esse interesse são os transgressores. Cuidar do clima, hoje, é tão importante quanto qualquer outra atividade econômica — disse Lula.

Ele afirma que hoje o Brasil possui cerca de 30 milhões de hectares degradados, e que essas terras forem recuperadas, a produção de grãos do país pode ser duplicada sem mexer na Amazônia.

Leite x Onyx

Sobre a disputa em segundo turno para o governo do Rio Grande do Sul, em que se enfrentam Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL), Lula disse que numa eleição, o povo deve escolher aquele candidato mais democrático e sensível às demandas da população, e, pelo que conhece da vida pública de Onyx Lorenzoni, ele não seria essa pessoa.

E termina afirmando: “O PT tem autonomia para fazer o que bem entende aqui, menos eleger o Onyx”.

Caminhada com o povo

Logo após sair da coletiva, Lula seguiu para o Largo dos Açorianos, ponto de partida da chamada “caminhada da vitória”, que passou pela Avenida Borges de Medeiros e Rua Riachuelo para chegar à Praça Marechal Deodoro – a Praça da Matriz, onde foram feitos os principais discursos. Do alto de um veículo, Lula foi conduzido entre cerca de 70 mil pessoas com bandeiras, faixas, camisetas e cartazes de diversos movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos.

Foto de Celina Carvalho

Além do discurso de Lula, lideranças políticas se manifestaram em um caminhão de som. A ex-presidenta Dilma Rousseff foi ovacionada ao dizer que o RS é um estado de mulheres e homens lutadores, corajosos e guerreiros. “Esse é o estado dos corações valentes. Eu tenho a honra de ser gaúcha de propósito. Sei que aqui é o estado que reconhece aqueles que lutam e o presidente lutou toda sua vida pelos direitos do povo brasileiro, pela democracia e soberania deste país”, disse.

Olívio Dutra, sempre muito aplaudido em suas manifestações, disse que o povo presente luta por um mundo com respeito e cuidado, em que se possa falar de política sem que isso cause desavenças. “Queremos a política como a arte de construir o bem comum, com o protagonismo das pessoas”, ressaltou. O ex-governador ainda afirmou que as pessoas tem que fazer parte dos governos e da construção de uma economia viável, justa e sustentável. “O orçamento não pode ser secreto, tem que ser participativo”, disse, criticando o modelo de emendas parlamentares em vigência.

Foto de Isabelle Rieger

Lula iniciou sua manifestação repudiando o racismo, convidando o público a levantar a mão em sinal de protesto contra o preconceito que o Seu Jorge sofreu em Porto Alegre. “Nós não podemos aceitar o racismo de jeito nenhum. Esse é um país de iguais, o preconceito é crime inafiançável e portanto a gente não pode aceitar o que fizeram com um artista, e mesmo que fosse um trabalhador mais humilde ele teria que ser respeitado. Eu sei que esse preconceito não é do povo de Porto Alegre, do povo gaúcho, esse preconceito é de uma minoria que não sabe respeitar a democracia”, disse.

E sua fala seguiu no tom de resgate da dignidade da população e a derrota do fascismo. O candidato lembrou que em seus 50 anos de vida política, nunca imaginou disputar uma eleição contra a mentira. “Não existe uma única coisa de verdade nas coisas que ele (Bolsonaro) fala”. Também criticou o retorno da fome no país durante o atual governo. “Esse país voltou a ter fome, 31 milhões de pessoas estão passando fome quando a gente tinha tirado o país do mapa da fome em 2014”, disse Lula.

O ex-presidente convocou a população para derrotar a direita e fazer o Brasil voltar a ser protagonista internacional. Mas lembrou não ser uma eleição fácil, principalmente pelo abuso da máquina pública feito por Bolsonaro. “Desde a Proclamação da República até o dia de hoje, se juntar todos os ex-presidentes, nós não utilizamos 10% do dinheiro que o Bolsonaro está utilizando para poder ganhar as eleições, é o Auxílio Brasil, o auxílio não sei das quantas. Eu quero dizer para vocês, qualquer dinheiro que cair na conta de vocês, peguem e gastem, e no dia 30 deem uma banana para eles e vote no 13. (…) A gente vai voltar a sorrir porque a gente vai viver dignamente, de forma decente. Eu estou nesta campanha jogando a minha vida”, assegurou Lula.

Foto de Isabelle Rieger

 

Por Gisele Agliardi.

Foto destacada de Celina Carvalho.

 

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