A contribuição quacker para a democracia

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  1. Por EDELBERTO BEHS*

A democracia representativa, como hoje configurada, deve muito de sua concepção a um grupo religioso: os quackers. O grande defensor de um estado democrático, da liberdade religiosa e pacifista, foi o pensador quaker William Penn, cuja Constituição da Pensilvânia, por ele escrita, foi a base para a Constituição dos Estados Unidos.

Quackers passaram a ser reconhecidos como defensores da paz, de se recusarem a participar de guerras e conflitos armados e de não prestar juramento, defenderem o uso de roupas simples, e de tratar todas as pessoas como iguais.

A história do movimento quacker é muito interessante. Seu fundador foi William Fox. Insatisfeito com os ensinamentos da Igreja Anglicana, ele defendia uma instituição sem pompas e dizia que as pessoas podiam ter uma experiência direta com Cristo, sem a ajuda do clero ordenado. Criou, assim, a Sociedade dos Amigos.

Levado em 1650 ao tribunal sob a acusação de blasfêmia religiosa, Fox teria recorrido, perante os magistrados Gervase Bennet e Nathaniel Barton, a versículo bíblico que indicava “tremei” perante as palavras do Senhor. O juiz Bennet, segundo a Wikipédia, ridicularizou William Fox chamando-o de “quacker”, que em inglês quer dizer “tremedor”.

Seguidores de William Fox, os “quackers”, foram perseguidos na Inglaterra. Muitos migraram para a América do Norte em busca de paz. Mas também aí passaram a ser perseguidos, desta feita pelos puritanos. Muitos dos seus seguidores foram expulsos de Boston e outros enforcados, como a inglesa Mary Dyer, em 1660, uma das quatro mulheres quackers executadas, conhecidas como as mártires de Boston.

O pacifista William Penn levou uma proposta ao rei inglês Carlos II: por conta das dívidas que o rei tinha para com o seu pai, o almirante e político Sir William Penn, ele as pagaria cedendo uma colônia na América. Depois de alguma negociação, o rei concordou com a proposta, mas impôs uma condição, a revelia de William filho: que a colônia fosse conhecida pelo nome do seu pai.

Nascia assim a colônia da família Penn, a Pensilvânia, onde os quackers puderam desfrutar de liberdade religiosa, sob um regime republicano, democrático e igualitário. William Penn também definiu o nome da capital: Filadélfia, adotando as palavras do grego “filos” (amor) e “adelfos” (irmãos). Ou seja, a cidade do amor fraterno.

William firmou tratado de paz com o povo iroquês, que vivia na região da Pensilvânia, que perdurou por 70 anos, até depois de sua morte. Benjamin Franklin, lembra o escritor português Rui Tavares em “Agora, agora e mais agora”, convenceu a assembleia da Pensilvânia a abandonar o pacifismo radical dos quakers. A Pensilvânia cria então um exército e entra em guerra contra os lenapes.

 

 

*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).

Foto de capa: IA

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

 

 

 

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