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Programas – de 5 a 11 de outubro
Programas – de 5 a 11 de outubro
Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
*O programa é votar. Voto presencial, voto eletrônico, em qualquer circunstância; mas não deixar de votar em candidatos que apresentam propostas concretas e factíveis e não queiram fazer da política mais uma forma de conseguir emprego fácil, às nossas custas. Projetos básicos relativos à saúde, educação, habitação, segurança e, também como prioridade, o meio ambiente. Não à oposição neofascista e aos candidatos malandros e de ocasião.
*O programa é refletir sobre um mundo que se encontra em transição há mais de dez anos; pensar nas sombrias apostas que nos cercam atualmente e nas palavras do renomado jornalista paquistanês Tarik Ali, autor de diversos livros publicados em português: “Nasrallah entendeu Israel melhor do que a maioria. Seu sucessor terá que aprender rápido. Para matar Hassan Nasrallah, um dos líderes mais populares da resistência (e não apenas entre os xiitas), as Forças Armadas de Israel teve que destruir vários prédios, lançar ataques terroristas por meio de dispositivos de mensagens e, mais uma vez, matar centenas de inocentes, lançando pelo menos quinze bombas fabricadas nos EUA.”
*Um dos editores da New Left Review, Tarik Ali conclui: “Benjamin Netanyahu deu a ordem para imolar os prédios no sul de Beirute enquanto estava nos Estados Unidos para discursar na Assembleia Geral da ONU. Só para esfregar na cara. O verdadeiro ‘relacionamento especial’ é sagrado e eterno. Hassan Nasrallah não descansará em paz.”
*O programa é ler o que dizem os correspondentes da BBC News em Jerusalém, Yolande Knell e Toby Luckhurst, esta semana: “A aldeia palestina de Battir, Patrimônio Mundial da Unesco, onde antigos terraços de vinhedos e jardins de oliveiras são irrigados por uma fonte natural e a vida segue inalterada há séculos, é o mais novo ponto de discórdia sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada. Israel aprovou a formação de um novo assentamento judeu no local, desapropriando terras privadas para a construção de novas casas de colonos.” (…) “Eles estão roubando nossas terras para construir seus sonhos sobre a nossa catástrofe”, diz Ghassan Olyan, dono de uma das propriedades confiscadas. (…) “Todos os assentamentos na Cisjordânia são considerados ilegais com base no Direito Internacional, mas Israel não está de acordo”, relembra a BBC.
*Uma moção do Conselho Universitário da Unicamp repudia atos de violência contra populações civis no Oriente Médio e condena brutais atrocidades na Faixa de Gaza. A moção exige um urgente cessar-fogo a fim de que seja estancada a “barbárie genocida na região”. Outra moção, esta do Conselho Universitário da Unirio, de dias atrás, se declara contra o genocídio do povo palestino “praticado diante de câmeras e televisionado para todo o mundo”.
*A escritora, poeta e jornalista Dora Incontri lembra o aniversário, comemorado dia 02 de outubro, Dia Internacional da Não-Violência, de Mahatma Gandhi, líder da não-violência. Trecho do seu texto, A Sombra das Guerras, no site GGN: “Pouco aprendemos com ele até agora. Que Gandhi e outros mártires da paz nos inspirem caminhos de saída para a humanidade.” Dora é autora de cerca de 30 livros sobre educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo das editoras Comenius, Ática e Scipione. A data de 02 de outubro é celebrada como Dia Internacional da Não-Violência.
*Informação que a mídia praticamente despreza: a agência Moody’s rebaixou a classificação de crédito de Israel para A2, embora ainda dentro do grau de investimento. A agência se mostra preocupada com os gastos do país em conflitos e com o aumento dos riscos estatais, e já alertou que novos rebaixamentos podem ocorrer se as tensões com o Hezbollah escalarem para um conflito em grande escala.
*Dia 16, inauguração do Centro de Estudos Palestinos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e da Cepal, às 17h30, no auditório Nicolau Sevcenko. Na ocasião será lançado o livro/diário de Atef Abu Saif, escritor e sobrevivente do genocídio em Gaza, com título Quero estar acordado quando morrer. O autor foi ministro da Cultura da Autoridade Nacional Palestina, mora em Ramallah, na Cisjordânia, e se encontrava trabalhando em Gaza, no dia 7 de outubro de 2023. Estarão presentes na reunião, Milton Hatoum, Francisco Rezek e Paulo Sergio Pinheiro. (Ed. Elefante).
*O arador das águas é o livro da professora, jornalista e tradutora libanesa Hoda Barakat, que vive em Paris desde 1852. O tema: a protagonista, Niqula, herda do pai não apenas uma loja de tecidos, mas uma espécie de código têxtil, uma lente pela qual ele pode compreender o mundo. Entre os escombros de uma Beirute devastada, no porão de sua loja, Niqula reconstruirá, pela lembrança, as sagas da sua família. (Ed. Tabla).
*A personagem Mafalda completou 60 anos domingo passado. Foi criada pelo desenhista argentino Quino e ambientada em Buenos Aires, no caso, um símbolo do universo. Mafalda é um contraponto para expor, discutir, denunciar, reclamar, ou também enaltecer, através do humor e da ironia, temas que envolvem feminismo, moralismo, autoritarismo, educação, cultura, poder, repressão, censura, dominação, exploração.
*Em 2023, a Cinemateca Brasileira organizou a primeira edição da mostra itinerante A Cinemateca é Brasileira. A programação percorreu o país levando filmes que perpassam diferentes momentos históricos ao longo de mais de 120 anos de história e uma seleção de 19 títulos que foi exibida em 15 cidades brasileiras. Agora, a Cinemateca realiza a segunda edição da A Cinemateca é Brasileira – Resistências Cinematográficas, desde o início deste mês até julho de 2025, com filmes sobre a vocação democrática do país e sua resistência a retrocessos autoritários; em especial o regime civil-militar com início há 60 anos.
*Este ano, os filmes da Cinemateca serão mostrados no Festival do Rio (3/13 de outubro), no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza (12/26 de outubro), e no Cine Bangüê, em João Pessoa (13/22 de outubro). Para o próximo ano estão confirmadas temporadas em Curitiba, Recife, Belém, Porto Velho, Brasília, Manaus, Porto Alegre e Garanhuns (PE). Alguns dos filmes: O que é isso companheiro, Cidadão Boilensen, Opinião Pública, Prafrente Brasil, ABC da Greve, Eles não usam Black tie.
*Dia 11 de outubro, último dia da Feira do Livro de Porto Alegre, o professor Hildebrando Pereira, da cidade de Canoas, lança seu romance policial, A Passarela da Cabeça, que se passa na cidade-irmã de Porto Alegre a partir de um fato real, em 1976. O escritor deixa com seus personagens a tarefa de elucidar o crime e recria com cuidado Canoas e Porto Alegre na época em que o assassinato foi cometido. (Ed. BesouroBox).
*Silviano Santiago chegando aos 88 anos e festejado pela Biblioteca Virtual do Pensamento Social, a BVPS, com o lançamento de uma edição especial com fragmentos do segundo caderno de O grande relógio do mundo, ainda em produção. Nele, o crítico e romancista mineiro arrisca desconstruir o eurocentrismo em uma comparação inédita entre Marcel Proust e Machado de Assis. Na última segunda-feira, dia 30/09, Silviano lançou, na Travessa Ipanema, no Rio de Janeiro, o primeiro caderno da série de O grande relógio: A que hora o mundo recomeça (Editora Nós).
*A cantora e compositora moçambicana Lenna Bahule faz show de lançamento do seu mais recente trabalho, o EP (de duração de 4/6 minutos) Nadawi, segundo capítulo da trilogia sonora Kumlango. O público paulistano poderá ouvir ao vivo essas novas canções em espetáculo do Sesc Bom Retiro, hoje (04/10) e amanhã (05/10).
*Importante: A Ministra da Cultura Margareth Menezes e o diretor de assuntos europeus e internacionais do CNC, Centre National du Cinéma et de L’image Animée, Jérémie Kessler, assinaram ontem (03/10) um acordo de cooperação audiovisual inédito entre Brasil e França. Solenidade no Armazém da Utopia, sede do Festival do Rio e do RioMarket, o evento de mercado do festival. Trata-se de uma das iniciativas do Ano França-Brasil 2025 para promover obras brasileiras em território francês e vice-versa, e trocar experiências e conhecimentos relacionados à educação no campo cinematográfico e audiovisual relacionados a políticas públicas e ações para preservação, conservação, restauração e divulgação de obras audiovisuais.
*O Capital no Antropoceno: qual a relação entre capitalismo, sociedade e natureza? Nesse livro, o filósofo japonês Kohei Saito procura interpretar estudos de Marx diante dos problemas ambientais do século XXI. A mensagem central da obra é esta: o sistema capitalista dominante, de alta financeirização e de busca ilimitada do lucro, está destruindo o planeta. Apenas um novo sistema, com a produção social e a partilha da riqueza como objetivos centrais, é capaz de reparar os danos que foram causados até aqui. O Capital no Antropoceno é best-seller com mais de 500 mil exemplares vendidos no Japão, e publicado na Espanha, China, Coreia do Sul, Alemanha, França, Taiwan, Reino Unido e Estados Unidos. (Ed. Boitempo).
*Na semana passada, o brasileiro Baby recebeu o prêmio Abraço, concedido ao melhor filme do Festival de Biarritz. Na mesma semana, o diretor Marcelo Caetano recebeu outro prêmio, de melhor filme queer latino no Encontro de Festivais LGBTQIA+ Ibero-Americanos. Baby estreia no Rio de Janeiro, dia 07, no cinema Estação Net Gávea.
*Poucas semanas depois de estrear nos cinemas Motel Destino, o diretor Karim Aïnouz deu início às filmagens de Rosebush Pruning, seu segundo longa-metragem internacional, rodado na Espanha, após Firebrand de 2023. “Estou muito animado para dar vida a esse roteiro audacioso e instigante que desafia nossas noções de família tradicional e de patriarcado”, comemora o cineasta, filho de mãe brasileira e pai argelino. Aïnouz é também o autor do clássico Madame Satã.
*Jornalista
Foto: Divulgação
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