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Eventos climáticos extremos podem se tornar mais comuns, alertam especialistas

Eventos climáticos extremos podem se tornar mais comuns, alertam especialistas

Espaço Plural por RED
15/09/2023 15:10
Eventos climáticos extremos podem se tornar mais comuns, alertam especialistas

O alerta para as mudanças climáticas vêm sendo feitos há muitos anos por pesquisadores e ativistas do meio ambiente. Órgãos internacionais também chamam atenção para os eventos extremos causados pela ação humana contra a natureza. Neste ano, países do hemisfério norte estão convivendo com fortes ondas de calor e a América do Sul está sob influência do El Niño, podendo vier a ser um Super El Niño.

O Rio Grande do Sul, especificamente, tem registrado uma sequência de ciclones extratropicais desde junho, sendo que o último deixou 46 mortos no estado. Eventos desta magnitude podem se tornar cada vez mais comuns, como afirma Francisco Milanez, especialista em Análise de Impactos Ambientais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

“A mudança climática está introduzindo alguns tipos de coisas que nós não tínhamos aqui como ciclones e entrando território adentro com grande agressividade. E nós estamos com uma desregulação climática oriunda, em grande parte, do desmatamento e quebra do ciclo da água da Amazônia que é o ciclo de água doce mais importante do mundo e que vem irrigar o Rio Grande do Sul, que já teve três anos de seca”, explica.

O especialista também lembra da importância da cobertura vegetal para a retenção da água da chuva. “Há 50 anos essa mesma chuva não causaria um décimo desse dano. Em Muçum, para se ter uma ideia, um dos locais mais atingidos, foi a cidade que mais desmatou nos últimos anos, segundo levantamento do S.O.S Mata Atlântica. Não é a troca de nada. Ora, os municípios que estão na zona alta e, portanto, inclinada desmataram, desprotegeram seus morros. As florestas são a melhor forma de fazer a água entrar no solo. Reter ela, segurar, fazer ela escorrer lentamente e, automaticamente, alimentar os lençóis freáticos que é quem vai nos dar a fontes e a regularidade de água o ano inteiro”.

Além dos extremos, as mudanças climáticas e péssimo manejo da biodiversidade comprometem a qualidade dos alimentos, segundo Luciana Bauer, membro da Associação do Juízes pela Democracia (AJD) e especialista em Direito Ambiental.

“A FAO [Organização para a Alimentação e Agricultura], pelo menos há quatro anos, fez um relatório muito profundo sobre o efeito de proteico e de teor alimentício dos vegetais frente ao aquecimento global. E teve um resultado bem preocupante, dizendo que não somente íamos ter quebras de safras, como o conteúdo nutricional, principalmente proteico dos vegetais tava diminuindo drasticamente. Então, vai ter hora que toda uma plantação de soja não vai conseguir alimentar rebanhos inteiros”, afirma.

“Esse conteúdo nutricional que se perde como vai alimentar oito milhões de pessoas? Então, estamos num momento dramático da humanidade, quando o chefe da ONU fala, realmente, vamos fazer alguma porque essa a década de fazer alguma coisa, acho que o Rio Grande do Sul diante desse desastre também tem que começar a se unir e não só esperar do governador ou do presidente Lula. Se unir na cidade, os municípios se unirem, as procuradorias dos municípios se unirem. Vai ter uma hora que vai ter tanta seca e alagamento que os seguros não vão mais cobrir”, completa.

Assista ao programa completo:

O programa Espaço Plural vai ao ar no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha.


Foto: Mauricio Tonetto/Governo RS.

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