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Espaço Plural

Discurso de Lula na ONU toca em questões sensíveis do mundo
RED

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) na terça-feira, 19. Em seu discurso, afirmou que o combate à fome, às desigualdades sociais e às mudanças climáticas são os principais desafios dos líderes mundiais neste momento. Esta foi a oitava vez do presidente discursando na cúpula. O cientista Político e professor de Relações Internacionais, Pedro Costa Júnior, destaca a habilidade e a genialidade política de Lula, que o coloca como líder do sul global. O professor acredita que os tratados no discurso foram o suficiente, sem necessidade de acrescentar nada. "O Lula coloca no debate não só as questões de poder que são debatidas entre Estados Unidos e China como se fosse a única questão do mundo e ele pauta as questões internacionais a partir da desigualdade e da fome. E é muito bom que os Estados Unidos ouça o que o Lula tem a dizer porque ele está tocando na questão mais sensível do mundo", afirma citando as palavras dos ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil. O também cientista político e professor de Relações Internacionais, Bruno Lima Rocha, afirma que o conjunto de assuntos tratados por Lula, desde Julian Assange até a questão da fome, foi uma surpresa. "Quando ele fala da fome no planeta, pode até soar meio naive, meio inocente, mas em sendo quem é, com a assessoria que tem e com o embaixador Celso Amorim do lado, o que ele tá dizendo? Ele tá dizendo que torrando os recursos não renováveis e especulando com bens de primeira necessidade, não há governança que dê jeito. É impossível, vai ter problema o tempo inteiro". Assista ao programa completo: [embed]https://www.youtube.com/watch?v=rn-beRUsRgc&ab_channel=RedeEsta%C3%A7%C3%A3oDemocracia[/embed] O programa Espaço Plural vai ao ar no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha. Foto: Ricardo Stuckert/PR. Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

Politica

CPI do MST: Salles apresenta relatório incompleto e governistas contestam
RED

O relator não disponibilizou todas as informações referentes aos indiciamentos sugeridos O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), apresentou o seu relatório na manhã desta quinta-feira (21) em meio a incertezas sobre o documento. Salles não disponibilizou todas as informações referentes aos indiciamentos sugeridos. Segundo a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), por exemplo, há documentos e anexos que não foram disponibilizados. Tais documentos, cita o próprio relatório, trazem detalhes das “condutas supostamente perpetradas por cada um dos agentes indicados”, com “os nomes das testemunhas, datas aproximadas dos fatos narrados, locais e descrição de cada conduta”, ou seja, informações “necessárias ao indiciamento dos indicados”, afirma Bomfim. Ainda assim, o congressista bolsonarista aponta para os indiciamentos do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Gonçalves Dias, do líder da Frente Nacional de Lutas, José Rainha Vitória, entre outros nomes. Estava previsto o pedido de indiciamento do deputado Valmir Assunção (PT-BA). Mas, após acordos que apontam para a aprovação do relatório, o nome de Assunção foi retirado. Apesar disso, a aprovação do relatório não está garantida. Relatório paralelo Bomfim e outros 14 congressistas da base do governo discutem a apresentação de um relatório paralelo, no qual não apontam para indiciamentos e saem em defesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “A comissão foi instaurada sem um objeto determinado, com o único objetivo de criminalizar os movimentos sociais que atuam no campo brasileiro”, o que ficou “demonstrado através dos requerimentos apresentados e debates ocorridos durante as sessões. Não se encontrou qualquer evidência de crime por parte destes movimentos”, afirmam os deputados no relatório alternativo divulgado pela CNN Brasil. Bomfim afirma, no entanto, que o objetivo da base "é derrotar o relatório do Salles, e não tentar confrontar [os bolsonaristas] com nenhum outro [parecer] porque a gente sabe que a maioria [governista] que se consolidou é uma maioria muito frágil, não ideológica, então, não haveria motivo pra gente arriscar também um texto nosso". Votação do relatório Os membros da CPI devem votar o relatório de Salles na próxima terça-feira (26), para quando oficialmente está previsto o fim da comissão. Os parlamentares de extrema direita, que dominam a presidência do colegiado, no entanto, não têm garantida a vitória do relatório de Salles. "Depois que o Salles ler o relatório, nós vamos pedir vista, e aí provavelmente ele vai chamar para a próxima terça a reunião de votação. Vamos continuar na mesma estratégia de tentar derrotar o relatório dele e fazer com que a CPI encerre sem parecer", disse ao Brasil de Fato o deputado Nilto Tatto (PT-SP), um dos membros titulares da CPI. Para Tatto, a CPI “cometeu um monte de atropelos do ponto de vista regimental e cometeu também crimes. Isso acabou criando um clima entre membros da CPI de que foi dinheiro jogado fora, tempo desperdiçado e que essa comissão nunca deveria ter existido. Então, a melhor forma de mostrar isso para a sociedade é simplesmente deixar ela terminar sem relatório", argumenta o petista. O calendário oficial da comissão previa o fim dos trabalhos para a última quinta (14), mas um ato assinado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), empurrou o prazo para a próxima terça (26). Com a tendência de pedido de vista, o que é comum nas comissões legislativas em geral, a projeção é de que os trabalhos se encerrem mesmo somente no último dia do calendário oficial. Matéria do Brasil de Fato. Foto: Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

Geral

Inmet prevê chuva acima da média na região Sul durante primavera; estação começa sábado (23)
RED

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou o prognóstico climático para a primavera que começa no próximo sábado, 23. O órgão aponta para a continuidade da influência do fenômeno El Niño, provocando temperaturas acima da média e baixo volume de chuva. A região Sul deve registrar mais precipitação que as demais regiões. Ainda no Sul, somente o Rio Grande do Sul não deverá registrar temperaturas acima do normal. A previsão é que o estado gaúcho tenha temperaturas amenas em razão dos dias consecutivos de chuva. O acúmulo de água pode favorecer o início da safra de grãos, mas também deixa o estado em alerta para enchentes e deslizamentos de terra. Com as últimas chuvas, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul vem emitindo avisos sobre a alta dos níveis dos rios. As demais regiões do país podem registrar chuvas abaixo da média histórica e temperaturas altas. Nesta última semana de inverno, o Brasil passará uma onda de calor com temperaturas variando entre 40 e 45°C. [caption id="attachment_11176" align="aligncenter" width="967"] (a) Climatologia de precipitação (chuva) e (b) temperatura média do ar para o trimestre outubro, novembro e dezembro. Período de referência: 1981 – 2010. Fonte: INMET.[/caption] O El Niño provoca o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. No Brasil, o evento causa seca no Nordeste, temperaturas acima da média no Sudeste e altos volumes de chuva no Centro-Oeste e no Sul. A intensidade do fenômeno deve ficar entre moderada e forte nos próximos meses. "É importante destacar que o clima no Brasil não é apenas influenciado pela atuação desse fenômeno, pois existem outros fatores a serem considerados, que também interferem nas condições de tempo e clima no País, podendo atenuar ou intensificar os efeitos do El Niño, fatores esses também considerados nas previsões climáticas. Nesse sentido, o acompanhamento e a atenção constantes das condições observadas e da previsão climática são extremamente necessárias, especialmente nas regiões produtoras", ressalta o Inmet. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil. Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.


Artigo

Saúde e educação em risco

Artigo

Saúde e educação em risco
RED

De PAULO KLIASS* O complexo processo de superação da ditadura militar em nosso País só foi plenamente concluído com a adoção de uma nova carta constitucional. Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada aquela que o deputado federal Ulysses Guimarães chamava de Constituição Cidadã. O parlamentar eleito pelo PMDB/SP presidiu os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, evento que coroou o fim do período autoritário iniciado com o golpe de 1º de abril de 1964. Porém, além de enterrar aquela triste fase da tragédia política e social, o novo texto também lançava as bases de um projeto de sociedade porvir, com uma inegável preocupação com o bem-estar de sua população e com o futuro de uma nação desenvolvida e justa. O desenho inovador completará 35 anos de vigência no mês que vem. No entanto, desde o início de sua vigência a nova Constituição contou com a oposição dos setores vinculados ao grande capital e ao sistema financeiro. Assim, ao longo dessas três décadas e meia os descontentes poderosos patrocinaram uma série de emendas e alterações no texto maior. O objetivo declarado sempre foi o de reduzir o espaço para o protagonismo do Estado e estimular a transferência ao setor privado daquelas responsabilidades pela oferta de serviços públicos e direitos de cidadania. Essa estratégia de privatização se apoia na entrega de setores de atividade típica do Estado ao capital e no estrangulamento das capacidades do setor público em continuar cumprindo com suas missões de oferecer políticas públicas à maioria da população.  Um dos mecanismos concebidos pelos constituintes para assegurar as condições para implementar as políticas sociais consideradas essenciais foi a vinculação expressa de recursos orçamentárias para as mesmas. Mais do que isso, nossa Constituição prevê que a Lei Orçamentária Anual seja composta por 3 peças: i) orçamento fiscal; ii) orçamento de investimento das empresas estatais; e, iii) orçamento da seguridade social. Este último deve conter o detalhamento de receitas e despesas da previdência social, da saúde e da assistência social. No entanto, desde o início da vigência da nova ordem essa importante organização das finanças públicas tornou-se letra morta e o orçamento da seguridade social converteu-se, na prática, em uma mera rotina para cumprimento formal da exigência constitucional. Constituição de 1988 e os avanços sociais. Por outro lado, a Carta contém também dispositivos para viabilizar a montagem e a sobrevivência dos sistemas das políticas sociais. Trata-se de destinar de forma direta recursos financeiros para a previdência social, para a saúde e para a educação. No primeiro caso, temos a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos, com recolhimento dos empregados e dos empregadores. No caso da saúde, o art. 198 da Constituição estabelece que a União deve aplicar no sistema um mínimo de 15% da receita corrente líquida do mesmo exercício. No que se refere à educação, o art. 212 prevê que a União destine o equivalente a 18% das receitas auferidas com impostos para as diferentes áreas do sistema educacional. Essas garantias de recursos orçamentários sempre foi objeto de crítica por parte das correntes ortodoxas da economia e dos “especialistas” em finanças públicas a serviço dos interesses do capital. Ao clamar contra esse tipo de “dirigismo” a favor dos serviços públicos, os proponentes da privatização e da austeridade fiscal recorrem à imagem do engessamento da peça orçamentária e sugerem a desconstitucionalização de tais medidas. Afinal, a lógica da extração de superávit primário a todo custo e a implementação de outras medidas como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o extinto teto de gastos e o atual novo arcabouço fiscal apontam para a necessidade de reduzir as despesas de natureza social. Tudo passou a ser resumido na pérola falaciosa e tendenciosa: “a Constituição não cabe no Orçamento”. A realidade dessas mais de 3 décadas foi o crescimento paulatino da oferta de serviços privados de previdência, de saúde e de educação. A redução do teto dos benefícios previdenciários abriu um enorme campo para o crescimento dos planos de previdência complementar, seja por meio dos planos individuais oferecidos pelas instituições abertas, seja através dos fundos de previdência fechado. Na área da saúde, apesar da enorme contribuição e da brava resistência oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os sucessivos governos sempre cederam às pressões dos grandes grupos privados nacionais e internacionais. Assistiu-se a uma impressionante elevação do número de beneficiários de planos de saúde privada, além de um aumento expressivo da quantidade de hospitais particulares. Pouco a pouco os serviços de saúde são transformados em mercadorias, em uma dinâmica que atende mais a critérios de avaliação como preço e lucratividade dos empreendedores e menos a indicadores como qualidade de vida e saúde pública. Previdência, saúde e educação são sabotadas desde então. No setor educacional verificou-se um movimento semelhante, de forma que o capital privado expandiu sua participação em todos os níveis do sistema de educação, desde a infantil até a superior. Fundos financeiros nacionais e estrangeiros ampliaram de forma bastante agressiva sua presença no conjunto das atividades do setor. A tradição da educação pública e gratuita foi sendo substituída pela presença crescente do ensino privado e pago. A exemplo do que ocorre na saúde, os critérios que passam a nortear os rumos dos conglomerados são associados à lucratividade, de forma que o balanço entre custos e receitas dos empreendimentos educacionais são mais relevantes do que a qualidade do serviço oferecido. Pois agora, mais recentemente, a política de teto de gastos desde 2016 e a entrada em vigor do novo arcabouço fiscal durante este ano trouxeram de novo à agenda a questão dos pisos constitucionais de saúde e educação. À medida que a lógica da austeridade fiscal cega e burra ganha espaço, um dos resultados é a compressão generalizada das despesas orçamentárias não-financeiras. No entanto, a existência dos pisos vinculados às receitas da União assegura um mínimo de recursos para saúde e educação. Assim, a sanha austericida encontra um obstáculo nos dispositivos constitucionais que preveem essa garantia. Como o bolo total das despesas não pode crescer como deveria por conta das imposições do extinto teto escancarado e do novo teto disfarçado, as demais áreas sociais acabam sendo ainda mais comprimidas. Nem Guedes ousou eliminar os pisos da Constituição. E aí surgem os arautos do catastrofismo para apresentar soluções tão milagrosas quanto trágicas. Paulo Guedes falava em seus famoso “ 3Ds”: desestatizar, desvincular e desconstitucionalizar. Nesse roteiro de destruição completa do Estado, o ex ministro propunha privatizar todas as empresas estatais e eliminar as garantias mínimas para saúde e educação. Apesar de toda essa bravata, não conseguiu avançar o quanto desejava. Promoveu terra arrasada das instituições públicas, vendeu algumas estatais, mas não conseguiu mexer nos pisos de saúde educação. A grande surpresa, porém, tem sido a política econômica leva a cabo por Fernando Haddad no terceiro mandato de Lula. Para fazer referência ao título do artigo, causam apreensão nos setores progressistas as declarações de integrantes dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento apontando para necessidade de eliminar os tais “engessamentos”. Ao assumir para si o discurso derrotado da direita, o governo corre o risco de fazer o serviço sujo que os neoliberais e ortodoxos não ousaram ou não conseguiram implementar enquanto estiverem no poder. O atual Secretário do Tesouro Nacional já afirmou que será necessário eliminar essas garantias previstas na Constituição. Rogério Ceron, subordinado a Fernando Haddad, garantiu que o governo vai encaminhar uma PEC para solucionar esse “problema”. Mais recentemente o Secretário do Orçamento também caminhou no mesmo sentido, mas ofereceu uma saída ainda mais equivocada. Paulo Bijos, subordinado à Ministra Simone Tebet, sugeriu que o governo encaminhasse uma solicitação ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que o órgão de controle autorizasse o descumprimento daquilo que a Constituição obriga. Uma loucura! Lula precisa assumir o comando da economia. Mas as iniciativas em prol da austeridade não pararam por aí. A jogada mais recente foi uma emenda apresentada pelo deputado federal do Partido dos Trabalhadores à lei orçamentária para o presente ano. Zeca Dirceu (PT-PR) apresentou de última hora uma medida para liberar o governo de cumprir o mínimo de 15% para o total de gastos com a saúde em 2023. A malandragem foi estabelecer que deverão ser utilizados para o cálculo os valores das receitas da União estimadas em janeiro e não os valores reais da arrecadação federal, que vêm crescendo ao longo dos meses. Face a essa situação que mistura trapalhadas com doses de oportunismo e pitadas dos interesses pesados do capital privado, é fundamental que o Presidente Lula assuma para si a tarefa de orientação da política econômica. Ela já assistiu no passado a episódios semelhantes com Antonio Palocci e Joaquim Levy no comando do Ministério da Fazenda. Lula sabe que a implementação de seu programa de governo depende de uma flexibilização desta abordagem ortodoxa de austeridade fiscal a todo custo. Não combina com sua biografia substituir o “fazer 40 anos em 4” por medidas que vão colocar a pá de cal nos sistemas de saúde e educação públicas do Brasil. *Doutor em economia e membro da carreira de Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental do governo federal. Imagem em Pixabay. Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para [email protected]. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Artigo

Bolsonaro espera um milagre que derrube a sua inelegibilidade e o salve da cadeia

Artigo

Bolsonaro espera um milagre que derrube a sua inelegibilidade e o salve da cadeia
RED

De CARLOS WAGNER* Vou abrir a nossa conversa repetindo o que tenho escrito a respeito do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) desde a semana seguinte em que começou a cumprir o seu mandato, em 1º de janeiro de 2019. Ele não é um gênio. Mas é um cara esperto, que sempre soube usar pessoas que o rodeiam e desfrutam do seu prestígio político para fazer o serviço sujo que o mantém competitivo na disputa política. Por enquanto, essa maneira de agir está dando certo. Prova disso é que o presidente do partido de Bolsonaro, Valdemar da Costa Neto, mantém o seu apoio ao ex-presidente e à ex-primeira-dama Michelle. O apoio significa pagar as contas do casal e os milionários honorários dos advogados que os defendem. Costa Neto é considerado uma velha raposa da política brasileira, como os editores nos tempos das barulhentas máquinas de escrever nas redações descreviam uma pessoa calejada na arte da disputa partidária. Ele já teria caído fora se tivesse avaliado que o risco Bolsonaro é grande o suficiente para prejudicar o partido. As manchetes diárias dos jornais indicam que o risco Bolsonaro cresce todos os dias. Vamos aos fatos. Uma sentença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o tornou inelegível por oito anos. Os líderes que fazem parte do círculo íntimo do ex-presidente apostam em duas hipóteses para reverter essa sentença. A primeira é encontrar no processo uma falha técnica que derrube a pena. A busca está sendo feita por experientes e caros advogados. A segunda aposta é que Donald Trump (republicano), aliado de Bolsonaro, seja eleito presidente dos Estados Unidos nas eleições de novembro de 2024. Se isso acontecer poderia se criar um ambiente favorável ao revigoramento do bolsonarismo. Esse revigoramento se traduziria em grandes manifestações públicas pedindo a derrubada da sentença do TSE. Antes de seguir a nossa conversa vou dar uma explicação que julgo necessária. Tudo que estou escrevendo não é opinião, são fatos que temos publicado e resultado de apuração que fiz junto a fontes. E o que chamo de líderes do círculo íntimo são pessoas como o general da reserva Braga Netto, candidato a vice na chapa de reeleição, os três filhos parlamentares de Bolsonaro – Carlos, vereador do Rio, Flávio, senador do Rio de Janeiro, e Eduardo, deputado federal por São Paulo –, Costa Neto e outros. Eles somam 12 pessoas que têm influência nas decisões do ex-presidente. Voltando a nossa conversa. Na condição de repórter não tenho como avaliar a possibilidade de dar certo ou errado as estratégias para derrubar a sentença do TSE. Porque as coisas na política são muito dinâmicas. O que era impossível se torna possível do dia para a noite. O que vejo são parlamentares bolsonaristas apostarem pesado na tentativa de revigorar as bases do ex-presidente. Por exemplo, na quinta-feira (14/09), o senador Jorge Seif (PL-SC) chorou e xingou, chamando de covarde o general de divisão da ativa do Exército Gustavo Henrique Dutra, durante depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro. Dutra é ex-comandante do Comando Militar do Planalto. Foi demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e está sendo investigado por sua participação nos atos terroristas de 8 de janeiro. O senador sabe de toda a história. Por que atacou o general que está sendo investigado por supostamente ter apoiado os bolsonaristas? Não se trata de um racha. É apenas uma estratégia do senador para ganhar espaço nas redes sociais. Nas últimas semanas tenho acompanhado manifestações de seguidores do ex-presidente contra oficiais das Forças Armadas, acusando-os de terem traído a tentativa de golpe. Essa tentativa de mobilizar as bases feita pelo senador Seif é uma gota de água em um oceano perante a imensa repercussão que vem tendo na opinião pública o julgamento dos quatro primeiros réus dos atentados de 8 de janeiro contra a democracia, que começou no dia 13 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF). Esses são os réus e suas sentenças: Aécio Lúcio Costa Pereira, 51 anos, condenado a 17 anos de prisão, sendo 15 em regime fechado; Thiago de Assis Mathar, 43, sentenciado a 14 anos; Matheus Lima de Carvalho Lázaro, 24, condenado a 17 anos; e Moacir José dos Santos, 52, que deverá ter a data do julgamento marcada durante esta semana – há matéria na internet. Além desses quatro existem outros 1.395 que serão julgados. O resultado do julgamento ocupou todo o espaço nobre da imprensa brasileira e repercutiu em vários cantos do planeta, em especial nos Estados Unidos, onde seguidores do ex-presidente Trump invadiram o Capitólio (prédio do Congresso americano) em 6 de janeiro de 2021 para impedir que Joe Biden (democrata) fosse declarado vencedor das eleições presidenciais – matérias na internet. A avaliação de especialistas é que o resultado do julgamento aumentou a hemorragia do prestígio político do ex-presidente. Costa Neto aposta que o prestígio político de Bolsonaro vai eleger muitos prefeitos e vereadores de grandes, médias e pequenas cidades nas eleições municipais do ano que vem. O julgamento dos envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro somado com o caso das joias (venda ilegal de presentes recebidos por Bolsonaro de autoridades estrangeiras) estão encurralando o ex-presidente. Os bastidores desses dois casos foram contados para a Polícia Federal (PF) na delação premiada feita pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Como disse na nossa conversa: as coisas na política acontecem muito rapidamente. Até a delação de Cid nenhuma das pessoas usadas pelo ex-presidente para fazer o serviço sujo tinha aberto a boca e contado a sua versão dos fatos. Seja lá qual for o calibre das revelações feitas pelo tenente-coronel (que precisam ser confirmadas pela investigação policial) a situação do ex-presidente perante a Justiça em nenhum momento da sua carreira política, que soma mais de três décadas, esteve tão complicada como no atual. Como sempre digo, ele é um cara esperto e sabe disso. Também sabe que tudo é possível na disputa política. Até uma situação que parece ser um milagre. *Jornalista e repórter investigativo. Publicado no blog Histórias Mal Contadas. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil. As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia. Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

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