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Internacional

Chamado de fascista por seu ex-chefe de gabinete, Donald Trump ameaça usar o aparato de Estado para perseguir e esmagar adversários políticos
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Por BERNARDO MELLO FRANCO* Em artigo de opinião publicado no O Globo no domingo, 03 de novembro de 2024, o jornalista Bernardo Mello Franco analisa a possibilidade de Donald Trump vencer as eleições que estão em curso hoje nos Estados Unidos. Donald Trump já avisou: se voltar à Casa Branca, vai usar o aparato do Estado para perseguir e esmagar adversários políticos. Na reta final da campanha, o republicano elevou o tom das ameaças. Disse que o “inimigo interno” ofereceria mais perigo aos Estados Unidos que a Rússia ou a China. O ex-presidente fincou sua nova candidatura numa plataforma de vingança. Quer acertar contas com políticos, militares e servidores que se opuseram a seu projeto autocrático. Nas palavras do general John Kelly, seu ex-chefe de gabinete, Trump deseja retornar com poderes de ditador. “Sem dúvida, ele se enquadra na definição geral de um fascista”, resumiu o militar da reserva. Na terça-feira, os americanos vão às urnas eleger o próximo presidente. Será uma escolha existencial, com consequências para todo o planeta. Nas últimas semanas, a democrata Kamala Harris reforçou os alertas de que a democracia está em jogo. A questão é saber se esse discurso será capaz de sensibilizar eleitores que ainda se dizem indecisos. Há seis dias, o jornal The New York Times publicou uma ampla pesquisa sobre a satisfação dos americanos com o regime democrático. O resultado mostrou um país dividido: 49% concordaram que a democracia representa bem os interesses do povo, mas 45% disseram o contrário. Os pesquisadores do Siena College também mediram o humor dos eleitores com os ocupantes do poder. Para a ampla maioria (62%), o governo só está preocupado em cuidar dos próprios interesses e proteger as elites. Apenas 33% acreditam que o sistema atenda o povo e o país. O mal-estar com a democracia cria terreno fértil para populistas com vocação autoritária. Isso ajuda a entender a força eleitoral de Trump, que se apresenta como um líder capaz de resolver problemas complexos num passe de mágica. Nos últimos dias, sua campanha martelou o mote “Trump will fix it” (“Trump vai consertar isso”). Como a propaganda não explica o que é “isso”, o eleitor pode projetar qualquer coisa que o aflija: a angústia com a inflação, o medo da guerra, o incômodo com a ascensão de negros e latinos. O comício que lotou o Madison Square Garden, domingo passado, foi marcado por cenas de racismo explícito. Um humorista definiu Porto Rico, arquipélago caribenho que exporta mão de obra para os EUA, como uma “ilha flutuante de lixo”. O âncora Tucker Carlson debochou da origem étnica de Kamala, filha de uma indiana e de um negro nascido na Jamaica. Famoso por estimular o ódio contra imigrantes, o ex-presidente voltou a prometer deportações em massa. Ele já acusou estrangeiros de aterrorizarem famílias americanas e “envenenarem o sangue” do país. Qualquer semelhança com a retórica de autocratas da décadas de 1930 não parece ser mera coincidência. Em entrevista à revista The Atlantic, John Kelly disse ter ouvido de Trump que ele gostaria de ter generais “como os de Hitler”. Publicado originalmente n'O Globo do dia 03 de novembro de 2024 Foto da capa: Donald Trump e Kamala Harris/BBC News Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.  

Internacional

Os Estados Unidos e a Cúpula dos BRICS, em Kazan
RED

Por Williams Gonçalves* A ordem internacional liberal construída pelos Estados Unidos em Dumbarton Oaks e Bretton Woods, ancorada na ONU, no Banco Mundial (BIRD), no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no dólar como moeda internacional, recebe, na 16ª Cúpula do BRICS, em Kazan, realizada de 22 a 24 neste mês de outubro de 2024, a mais contundente contestação em toda sua existência. Sob a liderança do anfitrião do encontro, Vladimir Putin, representantes de 36 Estados, entre membros efetivos e convidados, além de representantes de seis organizações internacionais, reuniram-se para discutir mudanças na ordem internacional, de modo a trabalhar pelo reconhecimento da multipolaridade do sistema internacional e a buscar justiça nas relações entre os Estados, em lugar de regras. O encontro, que nas palavras do chefe de Estado da Rússia, Vladimir Putin, reuniu o Sul Global e o Leste Global, representou, por assim dizer, o mais sério desafio jamais lançado contra a preponderância dos Estados Unidos nas relações internacionais. Esta não é a primeira contestação da ordem internacional que os Estados Unidos e seus aliados europeus enfrentam. Outras já foram lançadas. Em meados da década de 1970, no contexto da primeira crise do petróleo, os países do então denominado Terceiro Mundo propuseram uma Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI). O objetivo maior do movimento era corrigir distorções do comércio internacional. Objetivamente, tratava-se de impedir o maior enriquecimento dos países ricos às expensas do empobrecimento dos países pobres. Os países do Terceiro Mundo obtiveram como resultado a criação do Sistema Geral de Preferências (SGP), pelo qual se protegia os países pobres, mediante fixação de cotas e estabelecimento de preços mínimos, da especulação que os países mais ricos promoviam com seus produtos primários. A mudança da ordem, todavia, não aconteceu. Pelo contrário. Em resposta a essa movimentação do Terceiro Mundo, os Estados Unidos e o Reino Unido, então liderados por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, comandaram um movimento de orientação conservadora que sustou a contestação da ordem internacional e agravou a clivagem global. (Arquivo) Representantes de países das Nações Unidas se sentam em fileiras com cartazes com os nomes de seus países, como Togo, Tailândia, Suécia, Suazilândia, Sudão, Sri Lanka, Espanha e África do Sul, entre outros. Um projeto de declaração sobre o estabelecimento de uma nova ordem econômica internacional (NOEI) é adotado por um comitê ad hoc da sexta sessão especial da Assembleia Geral da ONU, em 1º de maio de 1974 (Crédito: Teddy Chen/Nações Unidas. Fonte: Foreign Policy) Uma contestação diferente das outras A contestação, a que hoje se assiste, difere significativamente das anteriores. Na atual, o processo foi deslanchado por cinco grandes países em ascensão econômica, entre os quais se destaca a China, que reúne todas as condições para, em um futuro não muito distante, tornar-se a principal economia do mundo, vanguardista em ciência e em tecnologia, bem como grande potência nuclear-militar. Os demais quatro países são o Brasil, a Rússia, a Índia e a África do Sul. A fundamental diferença em relação às contestações da ordem internacional anteriores consiste na reunião de cinco países representativos de diferentes pontos de vista: dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e potências nucleares (China e Rússia); dois países mais populosos do mundo (Índia e China); um país sul-americano (Brasil) e um africano (África do Sul). São cinco países representativos da diversidade étnica, religiosa e cultural da humanidade, com um passado comprometido com a luta pelo desenvolvimento econômico-social e que trabalham em favor da desconcentração do poder mundial. A posição de defensor da ordem internacional dos Estados Unidos se vê, hoje, mais fragilizada, na medida em que a proposta do grupo BRICS vem ganhando adesões de países importantes. Ao grupo original somaram-se, na última reunião, mais cinco países. São eles: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Além desses recém incorporados, 36 Estados aguardam resposta à sua solicitação de ingresso. O enfraquecimento da posição dos Estados Unidos se deve ao fato de esses países desempenharem papel muito importante na economia mundial do petróleo. A inscrição como Estado indispensável das decisões relativas à questão da energia, base da economia industrial, é o que explica a polêmica em torno do veto brasileiro à inclusão da Venezuela no grupo, o que merece considerações à parte. Outra diferença muito importante da contestação da ordem internacional conduzida pelo BRICS, em relação ao passado, é que a atual contestação não reclama que os países do Grupo dos 7, Estados Unidos à frente, levem em consideração as reivindicações dos países em desenvolvimento e introduzam reformas na ordem de modo a atendê-las. No presente, o BRICS está se encarregando de construir a nova ordem à margem da ordem em vigor. Isto é, não está trabalhando para destruir a ordem internacional atual, tampouco para reformá-la. Todo o processo aponta na direção de tornar a ordem internacional isolada e irrelevante, até que a substituição aconteça por cooptação como algo inevitável. Esse processo de construção à margem teve início quando, por proposta da então presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foram criados o Banco do BRICS (Novo Banco de Desenvolvimento) e o Arranjo Contingente de Reservas: o primeiro, com a função de financiar projetos dos países em desenvolvimento; e o segundo, com a missão de ser um fundo de estabilização monetária. Oficialmente criadas na 6ª Cúpula do BRICS, em Fortaleza (Ceará, Brasil), em julho de 2014, as duas instituições constituem alternativas ao Banco Mundial e ao FMI que se oferecem aos países em desenvolvimento para a execução de projetos de infraestrutura (BATISTA JR., 2015, 33-38). Desdolarização e multilateralismo para uma nova hegemonia Realizada no formato expandido, a Cúpula de Kazan reuniu 35 países e seis organizações internacionais sob o lema Fortalecendo o Multilateralismo para um Desenvolvimento Justo e Seguro. Numerosas reuniões em grupos e em formato bilateral foram realizadas, havendo sido as discussões concentradas em três áreas principais: política e segurança; comércio e investimento; intercâmbios culturais e humanitários. Cada um desses países tem seu próprio caminho de desenvolvimento, modelos distintos de crescimento econômico e ricas história e cultura. É, obviamente, essa diversidade civilizacional e combinação única de tradições nacionais que fundamentam a força e o enorme potencial para cooperação não apenas dentro do BRICS, mas também dentro do círculo mais amplo de países com ideias semelhantes que compartilham os objetivos e os princípios do grupo. No total, a cúpula foi formada por mais de 200 eventos, organizados em 13 cidades russas, constituídos por “reuniões de ministros setoriais, conferências, seminários e o Fórum Empresarial, além dos Jogos Esportivos”. O documento final do encontro, Declaração de Kazan, composto de 134 parágrafos, concentra os esclarecimentos sobre os três temas debatidos nas reuniões: Ampliação da Cooperação para a Estabilidade e a Segurança Global e Regional (“Enhancing Cooperation for Global and Regional Stability and Security”); Promoção da Economia e das Finanças para um Desenvolvimento Global Justo (“Fastering Economic and Financial for Just Global Development”); Fortalecimento das Trocas entre os Povos para o Desenvolvimento Social e Econômico (“Strengthening People-to-People Exchange for Social and Economic Development”). Na coletiva de imprensa, em que prestou contas à opinião pública sobre os trabalhos realizados em Kazan, o presidente V. Putin declarou que: “Cada um desses países tem seu próprio caminho de desenvolvimento, modelos distintos de crescimento econômico e uma rica história e cultura. É obviamente essa diversidade civilizacional e combinação única de tradições nacionais que fundamentam a força e o enorme potencial para cooperação não apenas dentro do BRICS, mas também dentro do círculo mais amplo de países com ideias semelhantes que compartilham os objetivos e princípios do grupo”. Entre todas as questões abordadas nas reuniões do BRICS, a que maior interesse tem despertado é a relativa à desdolarização da economia mundial. Isto porque, a propriedade da moeda de trânsito internacional constitui a pedra de toque da hegemonia desfrutada pelos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial. Ao desbancar a libra esterlina dessa condição, os Estados Unidos, mesmo depois de haver abandonado o padrão ouro em 1971, detêm o privilégio de emitir o dólar. Em vista disso, o trabalho que os financistas do BRICS vêm desenvolvendo no sentido de usar as moedas nacionais em suas negociações e a expectativa existente em torno de um acordo para a composição de uma cesta de moedas nos negócios internacionais, escapando assim do sistema de pagamentos que tem o dólar como moeda de referência, representa, na verdade, um golpe direto na preponderância dos Estados Unidos na economia mundial. Nas palavras de Putin, na mesma coletiva, “continuaremos a aprimorar a comunicação interbancária e a trabalhar na criação de mecanismos para pagamentos em moedas nacionais que sejam imunes a riscos externos”. Passo em falso do Itamaraty Na entrevista coletiva, o presidente Putin também anunciou a renovação do mandato de Dilma Rousseff na Presidência do Banco do BRICS. Essa renovação exprime o reconhecimento do trabalho que a ex-presidente do Brasil vem realizando à frente do Banco. Além de Dilma Rousseff estar muito prestigiada por Putin e Xi Jinping, aos quais agrada a maneira como vem se conduzindo na Presidência do Banco, a decisão é consistente com a Presidência que o Brasil vem exercendo do G20, bem como pelo fato de o Brasil ser o próximo país a sediar a Cúpula do BRICS. (Arquivo) Cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o NBD, em 13 abr. 2023, em Xangai (Crédito: Ricardo Stuckert/PR. Fonte: CNN Brasil) Por fim, cabe assinalar que a participação do Brasil na cúpula foi cercada de muita polêmica. Isto porque o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representando o presidente Lula, ausente por razões de saúde, vetou o ingresso da Venezuela no grupo. Desse modo, o envolvimento do Brasil na contestada eleição presidencial da Venezuela, acompanhando a posição adotada pelos Estados Unidos, foi levada para fora do continente sul-americano. O veto brasileiro causou grande constrangimento, em virtude do forte apoio que os venezuelanos vêm recebendo tanto da Rússia como da China, uma vez que seu país, grande produtor de petróleo de alta qualidade, sofre intensas pressões políticas e econômicas dos Estados Unidos com vistas a depor o governo de orientação político-ideológica chavista de Nicolás Maduro. Além disso, a posição brasileira representa a ruptura com um país que, histórica e igualmente, vê a integração regional como objetivo político de muito valor. *  Williams Gonçalves é Professor Titular de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (PPGEM-EGN). Doutor em Sociologia, também é pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU). Entre outros livros, é autor de A China e a nova ordem internacional (Editora Ayran, 2023). ** Revisão e edição: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 31 out. 2024. Foto da capa: BRICS 2024 - Fonte: Russian International Affairs Council Publicado originalmente no Observatório Político dos Estados Unidos Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Com esperanças renovadas, Cuba celebra entrada no Brics+
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Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, comemorou na sexta-feira (25/10) a inclusão do país no Brics+, um dia após o encerramento da cúpula do bloco na Rússia. “Cuba tem a honra de ingressar como país parceiro nos Brics, cinco letras e uma grande esperança para os países do Sul, no árduo caminho rumo a uma ordem internacional mais justa, democrática, equitativa e sustentável”, escreveu o líder cubano no X. O chanceler cubano também se manifestou sobre a entrada do país no bloco. Bruno Rodríguez afirmou que o Brics traz esperança para que os países do Sul Global possam alcançar "uma ordem internacional mais justa". O diplomata representou Cuba na cúpula do Brics+ deste ano. A ampliação do grupo foi um dos principais temas da 16ª cúpula dos Brics, realizada de 22 a 24 deste mês em Kazan, Rússia. Segundo o Kremlin, após as discussões entre os integrantes, 13 países foram escolhidos para integrar o bloco. A lista final será anunciada quando todos os países convidados aceitarem o convite e iniciarem o processo de adesão ao Brics+. Na prática, os países que ingressarem como parceiros terão uma participação mais limitada nas decisões, com a palavra final em casos de divergência sempre reservada aos membros plenos do grupo. “Cuba, ao ser aceita como um país parceiro dos Brics, reafirma o seu interesse e compromisso em associar-se e trabalhar em conjunto com os seus membros na defesa do multilateralismo, da paz, do Direito Internacional e da construção de uma agenda de desenvolvimento e cooperação que responda às prioridades do Sul”, escreveu o ministro das Relações Exteriores cubano no X.   Com informações do Metróp0les. Foto: Wu Hong Pool/AFP Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.          


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Golpistas do 8 de Janeiro monitoravam segurança de Lula e planejavam raptar presidente, revela o Estadão

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Golpistas do 8 de Janeiro monitoravam segurança de Lula e planejavam raptar presidente, revela o Estadão
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Por RAYANDERSON GUERRA*, no ESTADÃO** A Polícia Federal recuperou arquivos eletrônicos apagados do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que revelam o levantamento dos nomes, das rotinas e do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo o portal UOL. As evidências e provas da tentativa de golpe que acarretaram no ataque do 8 de Janeiro, escondidas nas nuvens da internet, foram restauradas com a utilização de um software israelense, como adiantou a colunista do Estadão Eliane Cantanhêde. O conteúdo das mensagens revela ainda que os seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também foram monitorados. De acordo com o UOL, o planejamento do golpe de Estado previa a abordagem e captura de Lula e de Moraes pelos golpistas. O grupo se preparava para a eventualidade de um confronto armado com os seguranças do presidente e do ministro. Após as novas descobertas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu mais 60 dias para as investigações da PF, que depois serão analisadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e devem parar no Supremo em 2025.   O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República tenente-coronel Mauro Cid ao deixar presídio Foto: Wilton Junior/Estadão Inquérito ‘em via de conclusão’ De acordo com a PGR, a investigação sobre a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro em um plano de golpe para se manter no poder “encontra-se em via de conclusão”. A informação está em parecer enviado ao STF. Agora, a PGR deverá aguardar os novos desdobramentos dos conteúdos encontrados no celular de Cid para levar o caso adiante. Até o momento, há dois indícios que complicam a situação de Bolsonaro. O primeiro é um áudio enviado por Mauro Cid que sugere que o ex-presidente ajudou a redigir e editar uma minuta de golpe. O segundo é o depoimento do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que atribui a Bolsonaro a articulação de reuniões com comandantes das Forças Armadas para discutir “hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sítio em relação ao processo eleitoral”. O ex-presidente foi intimado, mas ficou em silêncio no depoimento. A PF marcou audiências simultâneas, para evitar a combinação de versões e pegar eventuais contradições nas respostas. Quando a força-tarefa de delegados ficou frente a frente com os investigados, 15 deles decidiram não responder às perguntas. *Rayanderson Guerra é jornalista **Notícia originalmente publicada no site do Estadão no dia 08/11/2024 Foto da capa: O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens - Imagem: Dida Sampaio/Estadão Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Entrevista: Boulos paga o preço da ‘esquerda legal’ que discute gênero e raça e deixou pobres na direita, diz Jessé Souza

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Entrevista: Boulos paga o preço da ‘esquerda legal’ que discute gênero e raça e deixou pobres na direita, diz Jessé Souza
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Crítico do protagonismo das pautas identitárias, sociólogo diz que campo progressista terá que lutar para reconquistar o eleitor pobre, que se sente valorizado pelo bolsonarismo Por EDUARDO GRAÇA no O Globo A entrevista com o sociólogo Jessé Souza, publicada pelo O GLOBO, traz uma análise crítica sobre o papel da esquerda nas eleições municipais e o crescimento do "pobre de direita". Jessé, conhecido por suas obras como "A Elite do Atraso" e "A Ralé Brasileira", destaca que os mais pobres foram seduzidos pela narrativa neoliberal e religiosa das igrejas evangélicas e pela "Teologia da Prosperidade", que oferece aos indivíduos uma esperança de ascensão pessoal, ao invés de discutir as questões estruturais da desigualdade. Ele critica a esquerda por não conseguir se comunicar com esse eleitorado, deixando de disputar o campo político e social nas periferias, principalmente em áreas com forte presença evangélica. Para Jessé, essa inação deixou um vácuo que foi preenchido pela direita, que construiu uma relação de identificação e pertencimento com os eleitores mais pobres, em particular nas regiões Sul e Sudeste. Segundo ele, o bolsonarismo e, mais recentemente, figuras como Pablo Marçal, capitalizam o ressentimento, a raiva e a busca por reconhecimento social de uma massa de eleitores que antes se sentia desvalorizada. Além disso, o sociólogo identifica um erro na priorização das pautas identitárias pela esquerda. Embora sejam fundamentais, ele argumenta que essas discussões não são suficientes para reconquistar os eleitores pobres, que se sentem desamparados diante da desigualdade material e da falta de políticas públicas eficazes que toquem diretamente suas vidas. Jessé sugere que a esquerda deveria aprender com Getúlio Vargas, que validou as classes trabalhadoras e criou um senso de pertencimento, algo que a direita tem feito, mesmo de maneira distorcida. Ele conclui que, se a esquerda não voltar a disputar o voto dos pobres, explicando de forma clara as injustiças sociais e estruturais, corre o risco de perder relevância, assim como aconteceu com o PSDB. O sociólogo enfatiza que o eleitorado pobre não se mobiliza apenas por questões econômicas, mas também por uma necessidade de valorização moral e social, algo que a direita tem conseguido oferecer, enquanto a esquerda fica restrita a um discurso "legal" e desconectado das reais angústias das classes populares. Leia, abaixo, a íntegra da matéria de O Globo. Em “O pobre de direita — a vingança dos bastardos”, o sociólogo Jessé Souza, 64 anos, autor de, entre outros, “A elite do atraso”, “A ralé brasileira” e “A classe média no espelho”, defende ser impossível entender o apelo do bolsonarismo aos menos privilegiados sem levar em conta dois fatores: de um lado, o racismo regional no país, com a enorme identificação “dos pobres brancos do sul e de São Paulo” com o ex-presidente Jair Bolsonaro; de outro, a inação da esquerda, “que nem mais tenta disputar áreas periféricas com grande presença das igrejas evangélicas”. Eleições 2024: Número de prefeituras da esquerda despenca em 12 anos e desafia partidos Prévias da direita: Governadores a herdeiros de Bolsonaro testam seus cacifes no segundo turno Voz destacada da esquerda na academia e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no governo Dilma Rousseff (PT), Souza critica o protagonismo dado pelos partidos de esquerda às pautas identitárias. Para o professor da Universidade Federal do ABC, este foi um “erro completo” e uma das razões pelas quais Guilherme Boulos (PSOL) teve muito menos votos no domingo do que a soma do prefeito Ricardo Nunes (MDB), dono da máquina municipal, e de Pablo Marçal (PRTB), em franjas da cidade nas zonas Sul (Paralheiros, Grajaú), Norte (Brasilândia, Lauzane Paulista), Leste (Sapopemba e Vila Prudente) e até Oeste (Lapa). Veja a seguir os principais trechos da entrevista com o GLOBO: Nunes e Marçal chegaram na frente em áreas periféricas nas zonas Sul, Norte e Leste em São Paulo. Foi o voto do “pobre de direita”? Sem dúvida. Passamos por um processo de idiotização das pessoas e de inação dos que deveriam fazer um trabalho de base de qualidade. Quando comecei a entrevistar, para o livro, há alguns anos, pessoas das periferias de São Paulo, me desesperei. O quadro já era o de “tá dominado” pela Teologia da Prosperidade, neoliberal e reacionária. O Datafolha mostra que 84% dos eleitores de Marçal devem migrar para Nunes no segundo turno. O quão ideológico é esse voto? O pastor evangélico é uma espécie de coach e Marçal escancarou a faceta neoliberal do neopentecostalismo, com a ética da prosperidade e o culto vazio à capacidade do indivíduo. A esquerda até pode reconquistar esse eleitor, mas, para isso, precisará mostrar a ele que as limitações estruturais do empreendedorismo popular estão ligadas à retenção do capital na Faria Lima. Marçal é um “Coringa” (referência ao personagem dos quadrinhos), mimetiza os anseios do pobre remediado que sonha com o apagamento mágico, por ele prometido, da pobreza. É um “político Bets”, que soube interpretar anseios dos pobres de direita. Esses eleitores identificaram nele a raiva e o ressentimento, mesmo sem que lhes fosse dada explicação alguma sobre as razões dessa injustiça social. Candidatos similares a Marçal se multiplicarão? Marçal se tornou referência nacional e me chamou atenção a irmandade de sua visão de mundo com a da Faria Lima, uma aliança extremamente perigosa ao unir muito dinheiro a muita penetração popular. Ele será a cara do Brasil em um futuro próximo se nada for feito institucionalmente para garantir o cumprimento das regras democráticas. Marçal precisa ser considerado inelegível após o que fez. Isso não evitará que outros candidatos sigam sua cartilha, mas eles precisarão serem mais cuidadosos, menos ameaçadores. E, com sorte, comunicadores com menos domínio do público. A esquerda foi incapaz de conversar com o “pobre de direita” nas eleições municipais? Foi. A esquerda errou, e muito. Não procurou, com louváveis exceções, conquistar os corações e as mentes dos mais pobres. Se você não apresenta nada minimamente organizado e sequer tenta ir às periferias urbanas e rurais, o trabalho das igrejas evangélicas, marcado pelo anti-esquerdismo, ganha sentido político ainda mais explícito. No vazio que foi criado pela falta de mobilização e disputa de narrativas, a esquerda perdeu campo. Não estou otimista, creio que isso se aprofundará mais. Nesse sentido, o senhor escreve que se criou um eleitorado cativo entre os pobres que, apesar de não conseguirem nenhuma mudança econômica prática com seu voto, vivem a violência da extrema direita como expressão de suas angústias e ressentimentos… A chave, para a direita, é a de fazer com que o pobre se acredite valorizado, respeitado, quando antes era permanentemente humilhado, vinte e quatro horas por dia. Muitas vezes, literalmente, sem nem o nome do pai na certidão de nascimento. Ele aceita assim como possibilidade de salvação ser celebrado e reconhecido por ser honesto, “de bem”, poder vencer por conta própria. No balanço, é uma reação muito mais moral do que econômica, ainda que passe pelo material. As igrejas evangélicas ofereceram a doutrina, montaram a solidariedade interna e a base social para se enfrentar a injustiça social. Porém, e aí está a chave para a esquerda, repito: jamais é objeto de discussão os porquês da injustiça. A meritocracia dos coaches responde que é culpa de sua própria incompetência… Como se viu com Marçal. Uma explicação que não é real, mas de fácil entendimento. Em nenhum estrato sócio-econômico a meritocracia é tão entranhada quanto entre os mais pobres. A aposta na direita passa pela aceitação da culpabilidade da vítima. Esquece-se a falta de acesso à Educação e à Saúde, e, tão ou mais importante, a herança da escravização. O senhor identifica componente racial regional no voto do pobre de direita, que teria sido fértil para o bolsonarismo… O pobre de direita de São Paulo ao Rio Grande do Sul vê no ex-presidente Jair Bolsonaro um semelhante. Nestes estados, a maioria das pessoas se identifica como branca. Já no restante do país, com maioria de pobres mestiços e pretos, a identificação não é tão direta. Bolsonaro consegue expressar o sentimento social do branco que trabalha duro e crê estar bancando o outro pobre, o do norte, o menos branco, com assistencialismo, com o Bolsa Família. No caso dos pobres de direita negros e evangélicos do Sudeste e do Sul, há o imenso desejo de embranquecer. Sem exceção, nas entrevistas com os pobres de direita, me deparei com o racismo entranhado. Eu, que sou potiguar, ouvi seguidamente que “nordestino é preguiçoso”. Bolsonaro é traduzido no livro como a expressão atual deste pobre de direita. Mas o avanço de Marçal não sinaliza fratura no bolsonarismo neste estrato? Não. O racismo reprimido seguirá guiando este voto para o bolsonarismo, com sua arminha voltada para o jovem preto, a partir da pauta da segurança, tão cara a esses eleitores. Os pobres são os que mais sofrem com os preconceitos que a elite criou para oprimi-los. Ele acredita que é um incapaz. E aí ou ele usa essa "faca envenenada” nele mesmo ou no “outro pobre”. Esse “outro pobre” é o maconheiro, o macumbeiro, o LGBTQUIA+, o nordestino, o que vota no PT, o bandido, cabe tudo naquele que é percebido como transgressor. O lulismo ainda consegue tocar o eleitorado pobre acima de São Paulo, mais mestiço, que foi crucial para derrotar Bolsonaro em 2022. Mas esse voto passa por um processo de criminalização. De que modo? Esse eleitor sofre, desde a Lava-Jato, com a pecha de ser cúmplice da corrupção. E o pobre prefere morrer a ser corrupto. O voto na esquerda teria sido uma burrice, mais uma prova da incapacidade do andar de baixo. Isso está entranhado em muitos pobres de direita hoje. O senhor critica o protagonismo das pautas ditas identitárias pela esquerda. Isso a teria distanciado ainda mais dos eleitores mais pobres? Sim. Foi um erro completo. E Boulos está pagando o preço desse equívoco agora em São Paulo. Não basta essa esquerda “legal”, que discute gênero e raça. Ainda importa contar ao eleitor por que um cidadão ganha R$ 100 mil enquanto outro R$ 100, porque há pessoas tão diferentemente aparelhadas para a competição social, para além das diferenças de gênero e raça. Se não perceber isso logo, a esquerda deixar este pobre na direita. O identitarismo ecoa na classe média e na elite, não no pobre, jogado na lata de lixo pelo preconceito racial e agora vítima de racismo cultural. Não se ganha eleição no Brasil sem o voto da maioria pobre e a esquerda precisa pelo menos tentar voltar a disputar este voto. Sei que vou levar cacetada, mas está na hora de o PT aprender com Getúlio Vargas. O senhor defende um encontro do PT com o varguismo? Sim. Validar esse pobre é importante. É o que Getúlio fez, inclusive do ponto de vista racial. Para redimir o humilhado, é preciso celebrar suas virtudes, afirmar que eles não são lixo, o que a direita faz hoje, ainda que de modo enviesado. O PT nasceu dando de ombros para a herança getulista, opondo o sindicato livre ao peleguismo trabalhista. Tudo bem. Mas, sendo simplista, PT e PSDB são mais parecidos do que imaginamos, nascidos de braços diversos da mesma elite paulista com pendores social-democratas. Quem ofereceu a face popular ao PT foi o Lula. Depois dele, o PT pode estar destinado à mesma — pouca — relevância do PSDB hoje. A não ser que volte a conversar com os pobres. E não só pela ótica econômica. Como assim? É ilusão o governo Lula achar que as pessoas irão espontaneamente, em 2024, identificar no aumento real do salário-mínimo um projeto do PT. Não é assim que funciona a cabeça humana na sociedade contemporânea, e muito menos a transmissão de ideias e de informação. A esquerda precisa fazer o que fiz ao escrever este livro: ir à periferia e se desesperar. O Bolsa Família foi importantíssimo, mas a esquerda não ofereceu o escape da humilhação que é estar na posição de delinquente no mundo de hoje. O pobre que ganha R$ 4 mil criminaliza o “nordestino miserável que mama no Bolsa Família” e crê de fato que o sustenta. Friso, só há um jeito de se sair da armadilha do pobre de direita e disputar de verdade seu voto: explicar a ele as razões das injustiças sociais e de sua escolha momentânea equivocada por um moralismo repressor. Artigo publicado originalmente em O Globo. Foto da capa: Fórum Nacional/INAE- Instituto de Altos Estudos Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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Lula abre a 79ª Assembleia Geral da ONU. Veja íntegra e principais pontos do discurso

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Lula abre a 79ª Assembleia Geral da ONU. Veja íntegra e principais pontos do discurso
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Chefe de Estado brasileiro abre evento anual da ONU com discurso abrangente, em que defendeu mudanças na instituição e energia no combate a crises vividas pela humanidade Por Agência Gov O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (24). A seguir, reproduzimos a íntegra do discurso, que pode também ser acompanhado em vídeo, ao final deste texto. Logo na abertura do discurso, Lula saudou a delegação palestina, presente pela primeira vez na história da sessão de abertura da Assembleia Geral. "Dirijo-me em particular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessão de abertura, mesmo que ainda na condição de membro observador. E quero saudar a presença do presidente Mahmmoud Abbas", disse Lula. Foi intensamente aplaudido. Na sequência, ao citar a difícil aprovação das recomendações do Pacto do Futuro, debatidas no dia anterior à abertura da assembleia, Lula destacou o "paradoxo" vivido pela atual composição estrutural e decisória da ONU. Lula voltaria a citar a necessidade de reforma do organismo multilateral ao longo do discurso, para fazer frente às "mudanças vertiginosas" vividas pelo mundo. "Adotamos anteontem, aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro. Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo. Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes". O presidente brasileiro atacou a primazia dos gastos com armamentos, em detrimento do combate às desigualdades e às emergências climáticas: "Testemunhamos alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas. 2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram 2,4 trilhões de dólares. Mais de 90 bilhões de dólares foram mobilizados com arsenais nucleares. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima. O que se vê é o aumento das capacidades bélicas. O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra". Guerras Além de citar o conflito na Ucrânia e no Oriente Médio, Lula ressaltou as guerras no Sudão e no Iêmen, que já atingem 30 milhões de pessoas, seja por morte, fome ou deslocamentos forçados. Sugeriu à plateia que a proposta de paz preparada pelo Brasil e pela China para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia continua sobre a mesa. Lula criticou duramente a extensão da guerra no Oriente Médio e alertou para a possibilidade de um conflito generalizado. "Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo", afirmou o presidente. Mudanças climáticas Ao abordar a questão climática, Lula não se furtou aos problemas enfrentados neste momento pelo Brasil, ao mesmo tempo em que destacou os esforços que seu governo tem feito para superá-los. "Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global. 2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna", disse. Ao citar o Brasil, Lula falou das enchentes no Sul e aos incêndios florestais, e afirmou: "O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais". Citou o aspecto criminoso dos incêndios no país: "Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental. Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado", afirmou. Lula assegurou que o Brasil vai zerar o desmatamento até 2030 e defendeu que as populações indígenas e dos territórios afetados sejam ouvidas e façam parte das decisões sobre o clima. Lula destacou também que o Brasil passou a desenvolver combustíveis renováveis há cinco décadas, quando o mundo ainda não priorizava o tema. Cuba, Haiti e extremismo de direita Lula afirmou ser inaceitável que Cuba continue a figurar em lista de países terroristas e que por isso enfrente sanções e isolamento. Lembrou que o Haiti necessita de esforço dos países e da ONU para estabelecer a "inadiável" ordem pública e empreender um processo de reconstrução. Ao falar de democracia, Lula defendeu que provisionar o que as populações precisam para viver bem é algo imperativo, inclusive para responder a aventuras extremistas ou a teorias ultraliberais: "No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento. Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência". Lula continuou: "No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado. O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação". O líder brasileiro ressaltou que o baixo crescimento econômico da América Latina precisa ser enfrentado, inclusive com cooperação internacional, para garantir a tarefa distributiva e de justiça social que cabe às democracias. IA e plataformas anárquicas Lula defendeu que as plataformas digitais e a tecnologia de inteligência artificial precisam de regulação nos planos nacionais e internacionais. "O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras", destacou. "Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital", completou, em clara referência a episódios como a recente recusa do X em obedecer a legislação brasileira. Sobre a inteligência artificial, o presidente chamou a atenção para o potencial destruidor de um mecanismo concentrado na mãos de poucos e com uso sem regras: "Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra. Necessitamos de uma governança intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento". "Plano Marshall às avessas" Em referência ao plano de reconstrução da Europa recém-saída da 2ª Guerra Mundial, Lula disse que, 79 anos após, o que o mundo testemunha atualmente é um "Plano Marshall às avessas", em que as regras financeiras forçam países e setores mais empobrecidos a enriquecer continuamente uma pequena parcela do mundo. "As condições para acesso a recursos financeiros seguem proibitivas para a maioria dos países de renda média e baixa. O fardo da dívida limita o espaço fiscal para investir em saúde e educação, reduzir as desigualdades e enfrentar a mudança do clima. Países da África tomam empréstimo a taxas até 8 vezes maiores do que a Alemanha e 4 vezes maior que os Estados Unidos. É um Plano Marshall às avessas, em que os mais pobres financiam os mais ricos.  Sem maior participação dos países em desenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva", frisou Lula. Reforma tributária global e a fome Em contraponto ao sistema que criticou, Lula defendeu novas regras que tributem as grandes fortunas, de modo a financiar parte do enfrentamento aos desafios mais urgentes do planeta. "Enquanto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucro de 1,8 trilhão de dólares nos últimos dois anos. A fortuna dos 5 principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre. Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global". Líder reconhecido mundialmente por sua luta contra a fome das populações, Lula deu destaque ao desafio de erradicar a subnutrição. "O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas. O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persiste em partes da América Latina. Mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo", denunciou. Lula insistiu que a fome é uma questão sobretudo política: "Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo. Mas a fome não é resultado apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos. Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemos em 2014". Reforma da ONU e mulher na Secretaria-Geral Lula defendeu que a ONU precisa de amplas mudanças para adaptá-la ao mundo contemporâneo. Mas o fez ressaltando a importância do organismo internacional. O presidente, em retrospectiva, lembrou que, no entanto. a ONU está defasada:  "Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente. Apenas quatro emendas foram aprovadas, todas elas entre 1965 e 1973. A versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade. Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento", afirmou. Lula foi novamente aplaudido pelo plenário ao defender equilíbrio de gênero nos cargos de direção da ONU e reclamar da ausência de uma mulher no cargo de Secretaria-Geral: "Inexiste equilíbrio de gênero no exercício das mais altas funções. O cargo de Secretário-Geral jamais foi ocupado por uma mulher". Neste momento, as câmeras destacaram a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva na plateia. Próxima a ela, estavam também os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira, além do assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim. O presidente brasileiro conclamou a ONU a se renovar e manter-se à frente dos desafios globais. "Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação, restituindo à Organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de foro universal. Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta". Em seguida, Lula propôs mudanças concretas: •a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade real de inspirar as instituições financeiras. •a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais. •o fortalecimento da Comissão de Consolidação da Paz. •a reforma do Conselho de Segurança, com foco em sua composição, métodos de trabalho e direito de veto, de modo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas.   Leia a íntegra do discurso: "Meus cumprimentos ao presidente da Assembleia Geral, Philemon Yang. E também quero saudar o secretário-geral António Guterres e cada um dos Chefes de Estado e de Governo e delegadas e delegados presentes. Dirijo-me em particular à delegação palestina, que integra pela primeira vez esta sessão de abertura, mesmo que ainda na condição de membro observador. E quero saudar a presença do presidente Mahmmoud Abbas. Senhoras e Senhores, Adotamos anteontem, aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro. Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e diálogo. Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde. Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional. Vivemos momento de crescentes angústias, frustrações, tensões e medo. Testemunhamos alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas. 2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram 2,4 trilhões de dólares. Mais de 90 bilhões de dólares foram mobilizados com arsenais nucleares. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima. O que se vê é o aumento das capacidades bélicas. O uso da força, sem amparo no Direito Internacional, está se tornando a regra. Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem confrontos generalizados. Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz. O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria. Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades. Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo. Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a quase trinta milhões de pessoas. Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo chegará a 300 milhões. Em tempos de crescente polarização, expressões como “desglobalização” se tornaram corriqueiras. Mas é impossível “desplanetizar” nossa vida em comum. Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos não cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global. 2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna. Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de mortes e de destruição. No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais. Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental. Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime organizado. Reduzimos o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030. Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas. Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia. O Brasil sediará a COP-30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática. Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio. O Brasil desponta como celeiro de oportunidades neste mundo revolucionado pela transição energética. Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa. 90% da nossa eletricidade provêm de fontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica. Fizemos a opção pelos biocombustíveis há 50 anos, muito antes que a discussão sobre energias alternativas ganhasse tração. Estamos na vanguarda em outros nichos importantes como o da produção do hidrogênio verde. É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Senhor presidente, Na América Latina vive-se desde 2014 uma segunda década perdida. O crescimento médio da região nesse período foi de apenas 0,9%, metade do verificado na década perdida de 1980. Essa combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade resulta em efeitos nefastos sobre a paisagem política. Tragada por disputas, muitas vezes alheias à região, nossa vocação de cooperação e entendimento se fragiliza. É injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis. No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento. No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento. Brasileiras e brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. A democracia precisa responder às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o desemprego e a violência. No mundo globalizado não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as dificuldades de um continente depauperado. O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital. O Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis sem abdicar de fundamentos macroeconômicos sadios. A falsa oposição entre Estado e mercado foi abandonada pelas nações desenvolvidas, que voltaram a praticar políticas industriais ativas e forte regulação da economia doméstica. Na área de Inteligência Artificial, vivenciamos a consolidação de assimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber. Avança a concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países. Interessa-nos uma Inteligência Artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra. Necessitamos de uma governança intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento. Senhor presidente, As condições para acesso a recursos financeiros seguem proibitivas para a maioria dos países de renda média e baixa. O fardo da dívida limita o espaço fiscal para investir em saúde e educação, reduzir as desigualdades e enfrentar a mudança do clima. Países da África tomam empréstimo a taxas até 8 vezes maiores do que a Alemanha e 4 vezes maior que os Estados Unidos. É um Plano Marshall às avessas, em que os mais pobres financiam os mais ricos. Sem maior participação dos países em desenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial não haverá mudança efetiva. Enquanto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucro de 1,8 trilhão de dólares nos últimos dois anos. A fortuna dos 5 principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre. Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global. Os dados divulgados há dois meses pela FAO sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores. O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas. O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas ele também persiste em partes da América Latina. Mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo. Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo. Mas a fome não é resultado apenas de fatores externos. Ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos. Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemos em 2014. Só em 2023, retiramos 24 milhões e 400 mil pessoas da condição de insegurança alimentar severa. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que lançaremos no Rio de Janeiro em novembro, nasce dessa vontade política e desse espírito de solidariedade. Ela será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo. Todos os que queiram se somar a esse esforço coletivo são bem-vindos. Senhor presidente, senhoras e senhores, Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente. Apenas quatro emendas foram aprovadas, todas elas entre 1965 e 1973. A versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade. Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento. Inexiste equilíbrio de gênero no exercício das mais altas funções. O cargo de Secretário-Geral jamais foi ocupado por uma mulher. Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século XXI com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação, restituindo à Organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de foro universal. Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta. Sua reforma deve compreender os seguintes objetivos: •a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade real de inspirar as instituições financeiras. •a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais. •o fortalecimento da Comissão de Consolidação da Paz. •a reforma do Conselho de Segurança, com foco em sua composição, métodos de trabalho e direito de veto, de modo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas. A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente em consultas no G77, no G20, no BRICS e na CELAC, no CARICOM, entre tantos outros espaços. Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação. Mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global. A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder. Neste plenário ecoam as aspirações da humanidade. Aqui travamos os grandes debates do mundo. Neste foro buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta. Recai sobre a Assembleia Geral, expressão maior do multilateralismo, a missão de pavimentar o caminho para o futuro. Muito obrigado."   Acompanhe a cobertura especial do Canal Gov O chefe de Estado brasileiro é tradicionalmente o primeiro a discursar em reconhecimento ao papel do diplomata e advogado Oswaldo Aranha na construção da organização. Aranha, que foi ministro da Fazenda de Getulio Vargas, presidiu a ONU em 1947 e 1948 e teve participação importante na decisão que recomendou a criação do Estado de Israel e de um Estado Palestino, em 1947.  

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Hezbollah chama explosões no Líbano de “declaração de guerra” e acusa Israel de massacre

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Hezbollah chama explosões no Líbano de “declaração de guerra” e acusa Israel de massacre
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Da Redação, com informações do site RT Brasil Nos dias 17 e 18 de setembro de 2024, uma série de explosões devastadoras sacudiu o Líbano, gerando uma grave crise humanitária e colocando a região em alerta máximo. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reagiu com firmeza, acusando Israel de estar pohttps://rtbrasil.com/noticias/5730-declaracao-guerra-hezbollah-explosoes-libano/r trás dos ataques, que ele chamou de "massacre" e "declaração de guerra". Em discurso televisionado, Nasrallah afirmou que as explosões tinham como alvo civis libaneses e que os ataques foram premeditados para causar o maior número de mortes possível em um curto espaço de tempo. De acordo com o líder do Hezbollah, Israel pretendia matar ao menos 5.000 pessoas em questão de minutos, atingindo áreas densamente povoadas como hospitais, mercados e residências. Ele descreveu o ataque como um "grande golpe humanitário e de segurança" sem precedentes na história do Líbano e possivelmente no mundo. "O inimigo queria matar milhares de pessoas em poucos minutos", afirmou Nasrallah, ressaltando que o Hezbollah já está conduzindo investigações internas para esclarecer os detalhes e responder ao que chamou de "agressão criminosa". A explosão de bombas pelo Líbano deixou um saldo de mais de 30 mortos e milhares de feridos, incluindo mulheres e crianças. Em meio à dor e destruição, o Hezbollah prometeu uma resposta contundente contra o que consideram um ato de terrorismo de Israel. Embora o governo israelense não tenha assumido a autoria dos ataques, informações divulgadas pelo The New York Times indicam que Tel Aviv estava envolvida. Fontes da inteligência israelense descreveram a operação como altamente coordenada, com dispositivos prontos para serem detonados em locais estratégicos no momento apropriado. O impacto das explosões foi devastador não apenas em termos de perdas humanas, mas também no aumento das tensões geopolíticas na região. O Pentágono manifestou seu temor de que o conflito entre Israel e o Líbano possa escalar rapidamente para uma guerra de grandes proporções. Com o Hezbollah prometendo vingança e o governo libanês intensificando seus esforços diplomáticos, a situação se torna cada vez mais delicada. A comunidade internacional observa com apreensão, temendo que um confronto aberto entre Israel e o Hezbollah leve o Oriente Médio a um novo ciclo de violência. Enquanto isso, a população libanesa enfrenta um cenário de destruição, incerteza e medo. As explosões atingiram áreas civis, destruindo infraestruturas essenciais, agravando a crise econômica e humanitária já enfrentada pelo país. O Hezbollah, que tem uma forte presença no sul do Líbano e é considerado uma das principais forças políticas e militares do país, está agora mobilizando seus recursos para responder às agressões, em um clima de crescente militarização. A acusação de Nasrallah de que Israel deliberadamente atacou alvos civis não é uma novidade no contexto do conflito entre os dois países, mas a intensidade e a amplitude dos ataques recentes marcaram um novo patamar de hostilidades. Com as explosões ocorrendo em sequência, a população libanesa foi pega de surpresa, o que aumenta o sentimento de vulnerabilidade e revolta. Além disso, a falta de uma resposta oficial de Israel sobre o envolvimento nos ataques gera ainda mais especulação e tensão. Para muitos libaneses, o silêncio de Israel só reforça a narrativa de que o país está por trás das explosões e planeja novos ataques. O temor de que a situação se agrave e novos bombardeios ocorram levou milhares de pessoas a deixarem suas casas em busca de segurança. O Líbano, já marcado por crises políticas, econômicas e sociais nos últimos anos, agora enfrenta mais um desafio à sua estabilidade. As explosões e as acusações mútuas entre Israel e Hezbollah podem provocar uma nova onda de violência que tem o potencial de desestabilizar ainda mais a região, já fragilizada por conflitos históricos e interesses geopolíticos globais. O futuro imediato do Líbano e do Oriente Médio depende agora das respostas militares e diplomáticas que virão nas próximas semanas. Com informações do site RT Brasil. Foto da capa: Hassan Nasrallah - líder do grupo xiita Hezbollah. Crédito AP

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