Da REDAÇÃO
O vazamento de áudios entre Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, somado à descoberta de um rascunho de pedido de asilo político à Argentina, provocou uma tempestade política no Brasil e gerou ampla repercussão internacional. As conversas revelam tensões internas, estratégias de contenção e fragilidades crescentes no entorno do ex-presidente.
Áudios vazados: insultos e rachas expostos
Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram Silas Malafaia chamando Eduardo Bolsonaro de “babaca” e aconselhando cautela com suas declarações, especialmente em relação a questões internacionais como o tarifaço dos EUA. Em outro trecho, Eduardo xinga o próprio pai, acusando-o de traição.
Apesar do conteúdo ofensivo, Eduardo gravou um vídeo minimizando os atritos e reafirmando apoio ao pastor. Disse que Malafaia está sendo perseguido e que “tamo junto, pastor Silas Malafaia… o senhor está sofrendo os últimos atos desse regime”.
Carlos Bolsonaro, por sua vez, tentou suavizar a crise dizendo que os áudios revelam apenas desabafos familiares e não configuram qualquer crime. Flávio Bolsonaro também tratou os episódios como “fofocas” e disse que os xingamentos ocorreram no “calor da emoção”, tendo sido seguidos por pedidos de desculpas.
Tentativa de asilo na Argentina
Durante a mesma operação, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de 33 páginas de um pedido de asilo político a Javier Milei, presidente da Argentina. O documento teria sido salvo em fevereiro de 2024, poucos dias após a retenção do passaporte do ex-presidente, e alega “perseguição política, risco pessoal e ameaça de prisão arbitrária”.
O governo argentino afirmou não ter recebido oficialmente qualquer pedido de asilo. A existência do rascunho, porém, levou o ministro do STF Alexandre de Moraes a intimar a defesa de Bolsonaro a esclarecer o risco de fuga em até 48 horas.

Repercussão na imprensa internacional
A imprensa mundial deu destaque ao plano de fuga e à crise interna do bolsonarismo:
- The Guardian e Financial Times destacaram o conteúdo do rascunho de asilo e os argumentos usados por Bolsonaro para justificar o pedido.
- The New York Times enfatizou os vínculos entre Bolsonaro e Milei e as estratégias internacionais de Eduardo para proteger o pai.
- Clarín e La Nación, da Argentina, detalharam o suposto uso do Pacto de San José como base jurídica.
- Le Monde e Al Jazeera apontaram riscos à democracia brasileira e compararam o caso a episódios de erosão institucional em regimes autoritários.
Presidenciáveis da extrema direita na berlinda
A desmoralização pública de Jair Bolsonaro coloca em xeque não apenas sua liderança política, mas também a estratégia dos presidenciáveis da extrema direita que tentam herdar seu eleitorado. Nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo) se veem diante de uma encruzilhada: manter a fidelidade ao ex-presidente pode significar se contaminar com os escândalos; romper, por outro lado, implica risco de rejeição entre a base mais fiel do bolsonarismo.
Tarcísio, até agora o mais cotado para disputar a presidência em 2026 com apoio do clã Bolsonaro, tem mantido silêncio sobre os áudios e o pedido de asilo. Zema, mais discreto, evita se envolver diretamente.
A dúvida no meio político é se algum desses nomes conseguirá construir viabilidade própria sem depender da sombra — agora pesada — de Bolsonaro. O vácuo de liderança na extrema direita está aberto, mas qualquer passo em falso pode custar caro nas urnas.
Ilustração da capa: Jair Bolsonaro, Silas Malafaia e Eduardo Bolsonaro, áudios vazados e pedido de exílio na Argentina – Imagem gerada por IA ChatGPT
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