Por MILTON BERNARDES*
A estiagem no Rio Grande do Sul não é um evento pontual, mas uma crise cíclica que desafia a resiliência de nossa agricultura familiar há décadas. Para muitos, a seca representa prejuízos irreparáveis, famílias inteiras que perdem suas colheitas, endividam-se e, em alguns casos, abandonam o campo. Para outros, no entanto, a estiagem parece ser um bom negócio. Mas a verdadeira pergunta que devemos fazer é: até quando vamos continuar reféns dessa realidade?
No Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), nossa resposta é clara: é hora de abandonar a postura reativa e construir um modelo de enfrentamento proativo, estruturado e sustentável. Foi com esse objetivo que, na última semana, estivemos reunidos com José Henrique Paim, diretor da Fundação Getulio Vargas (FGV), para iniciar uma parceria histórica que pode transformar a forma como lidamos com os impactos da seca no estado.
A FGV, reconhecida por sua excelência em pesquisas econômicas e modelagem de riscos, tem o conhecimento técnico necessário para subsidiar políticas públicas eficazes. Ao unirmos essa expertise acadêmica com a vivência e as necessidades dos agricultores familiares, podemos criar soluções concretas para mitigar os efeitos da estiagem e fortalecer nosso setor produtivo.
Entre as iniciativas propostas, destaca-se a criação de um Observatório da Estiagem e Agricultura Familiar, que permitirá o monitoramento contínuo dos impactos da seca e a formulação de estratégias antecipadas para lidar com o problema. Além disso, pretendemos desenvolver estudos sobre diversificação de culturas, implementar tecnologias de irrigação inteligente e capacitar agricultores para a gestão de crises climáticas.
A parceria entre o MDA/RS e a FGV não é apenas um projeto; é um marco para o futuro da agricultura familiar no estado. Estamos colocando nas mãos do poder público e dos agricultores ferramentas para que possamos enfrentar a seca de forma planejada e eficiente.
A estiagem e a enchente não pode mais ser um fator de desespero para uns e de vantagem para outros. Precisamos transformar esse cenário com inteligência, planejamento e compromisso com aqueles que sustentam a produção de alimentos no Brasil. O Rio Grande do Sul merece uma nova abordagem, e é isso que estamos construindo agora.
*Milton Bernardes é Superintendente do MDA/RS.
Foto da capa: Rodrigo Dindo
Respostas de 8
Excelente linha de pensamento
Qual é exatamente a diferença disso com aquilo que Melo e Leite fazem ao buscar consultorias de fora?
Parabéns Milton pela postura pró-ativa à frente da Superintendência do MDA no RS! O passo seguinte é mobilizar o enfoque territorial nas ações do monitoramento climático!
Uma pena ter que buscar consultorias de fora. Conhecemos a mesma história
Uma pena ter que apelar para consultorias de fora, novamente.
Porque uma instituição pública não é chamada para essa parceria.
Eu lendo as propostas, penso que, monitorar ajuda em q mesmo?? Não vi solução concreta na matéria e, o gasto com consultorias é muito alto e que na maioria das vezes termina em pizza, pois as soluções são de valor alto, e da-se qualquer desculpas e nada se é feito.prexisamos de solução imediata e concreta, eficaz e com competência e seriedade. Aplicar os recursos realmente na agricultura, e as verbas geralmente são fatiadas e quem menos é favorecido é o agricultor. Depois o papel aceita tudo e os meios de comunicação não favorecem quem realmente precisa.
Por quê não se busca a expertise de nossas universidades, como a UFRGS, por exemplo, para parceria?