Um ambiente para negócios: por que os mercados de carbono não podem evitar a catástrofe climática?

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Por PEDRO PAULO ZAHLUTH BASTOS*

Os mercados de carbono são apresentados como solução climática, mas suas limitações estruturais questionam sua eficácia. A Nota de Economia #12 do Projeto Transforma analisa como a compensação de emissões favorece grandes poluidores sem garantir cortes reais, defendendo regulação e planejamento estatal.

Os mercados de carbono ganharam destaque nas últimas décadas como uma solução baseada em mecanismos de mercado para reduzir emissões e enfrentar as mudanças climáticas. No entanto, sua efetividade é amplamente questionada. Essa é a discussão central da Nota de Economia #12 do Projeto Transforma, intitulada “Um ambiente para negócios: por que os mercados de carbono não podem evitar a catástrofe climática”, escrita por Pedro Paulo Zahluth Bastos. O documento analisa criticamente o funcionamento desses mercados, demonstrando como sua lógica de compensação favorece grandes emissores sem garantir reduções efetivas na poluição global.

A nota explora a evolução dos mercados regulados e voluntários de carbono desde o Protocolo de Kyoto (1997) e aponta as limitações estruturais que impedem sua eficácia como ferramenta principal da política climática. O estudo demonstra que a precificação do carbono, embora amplamente adotada, não tem sido capaz de induzir a transição energética necessária para mitigar os impactos ambientais.

O autor destaca que, na prática, o sistema de créditos de carbono permite que empresas e países continuem emitindo gases de efeito estufa ao compensar emissões por meio da compra de permissões ou projetos de reflorestamento, que nem sempre resultam em absorção real de carbono. Além disso, a baixa elasticidade-preço da demanda por combustíveis fósseis e o predomínio de interesses corporativos nos mercados de carbono reduzem sua capacidade de produzir efeitos significativos na redução global de emissões.

A nota também analisa as consequências desse modelo para países em desenvolvimento, mostrando como essas nações muitas vezes se tornam fornecedoras de créditos de carbono sem garantir benefícios reais para suas populações ou políticas ambientais eficazes. Segundo o autor, a dependência desses mercados para enfrentar a crise climática pode resultar em falsas soluções, adiando mudanças estruturais necessárias nos sistemas produtivos e energéticos.

Com base em evidências empíricas e análise teórica, o autor defende que a mitigação das mudanças climáticas exige políticas públicas ativas, regulação mais rigorosa das emissões e investimentos estatais em infraestrutura sustentável. A publicação propõe que a transição para uma economia de baixo carbono deve se basear em planejamento governamental coordenado, em vez de depender exclusivamente de mecanismos de mercado.

A publicação integra os esforços do Projeto Transforma do Instituto de Economia da Unicamp para promover debates qualificados sobre questões econômicas e climáticas.


Publicado originalmente em Transforma Economia.

*Pedro Paulo Zahluth Bastos é Professor associado do IE-UNICAMP, onde coordena o Cecon – Centro de Estudos de Conjuntura e Política EconômicaAutor, entre outros livros, de A era Vargas: Desenvolvimentismo, economia e sociedade (Ed. Unicamp). [https://amzn.to/3RxhzIe]

Foto de capa: Reprodução

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