Trump e Lula se reúnem na Malásia e iniciam negociações para reduzir tarifas entre EUA e Brasil

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Lula e Trump se reúnem na Malásia - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Da REDAÇÃO

O encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), realizado neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a 47ª Cúpula da ASEAN, abriu uma nova fase nas relações entre os dois países, fortemente tensionadas por tarifas comerciais elevadas e sanções mútuas.

O que foi discutido

Durante o encontro, realizado à margem da cúpula asiática, os dois governos acordaram que suas equipes técnicas iniciarão imediatamente negociações para tratar de tarifas impostas pelos EUA aos produtos brasileiros e de sanções aplicadas a autoridades brasileiras. “Nós concordamos que as nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e sanções contra autoridades brasileiras”, afirmou Lula em postagem nas redes sociais após o encontro.

Entre os principais pontos:

  • Em agosto, os EUA elevaram tarifas para cerca de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros, justificando a medida como retaliação a uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
  • O Brasil solicitou que as tarifas fossem suspensas enquanto as negociações avançam, embora não haja confirmação pública de que os EUA aceitaram essa condição.
  • Trump manifestou otimismo: “Acho que podemos fazer alguns acordos bastante bons para os dois países.”
  • O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, estimou que as negociações podem ser concluídas “em algumas semanas”.
  • Também foi posto na mesa o papel do Brasil como mediador em crises internacionais, como a venezuelana. Lula entregou a Trump uma pasta vermelha com documentos que abordam a crise política e comercial e a disposição do Brasil de atuar como intermediador na questão da Venezuela.

Segundo relatos de bastidores apurados pelo jornal O Estado de S.Paulo, Trump demonstrou interesse pessoal na trajetória política e nos processos judiciais de Lula. Chegou a perguntar quanto tempo ele havia ficado preso e afirmou que o presidente brasileiro foi “perseguido”. Foram 580 dias de prisão. Trump também teria usado o termo “perseguido” para descrever os processos judiciais contra Lula, o que causou surpresa entre diplomatas brasileiros.

Lula, por sua vez, mencionou a condenação de Jair Bolsonaro para destacar a independência do Judiciário brasileiro e criticar sanções externas contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Repercussão na mídia e entre especialistas

A cobertura internacional realça que o encontro surge como uma tentativa de reaproximação após um dos momentos mais críticos das relações Brasil-EUA em décadas. O jornal espanhol El País qualificou o episódio como “uma das piores crises na relação entre EUA e Brasil em dois séculos”.

No Brasil, a ênfase está no simbolismo do diálogo, já que as altas tarifas e sanções vinham gerando impacto real, por exemplo sobre a cadeia de carnes exportadas e outras commodities que precisaram redirecionar seus mercados.

Alguns pontos levantados por analistas:

  • A convocação imediata das equipes negociais sinaliza vontade de reduzir a incerteza para exportadores e importadores brasileiros.
  • O fato de Trump, em meio à sua agenda voltada à Ásia, ter reservado um diálogo bilateral com o Brasil dá a Brasília uma nova visibilidade estratégica para os EUA.
  • A escassez de detalhes públicos — o encontro foi curto e muitas declarações foram vagas — gera cautela sobre os resultados práticos.
  • No plano interno, para Lula representa diversificação de interlocuções; para Trump, uma oportunidade de projetar papel diplomático mais amplo.

Especialistas observam, porém, que apesar do tom conciliador, o caminho à frente ainda é marcado por incertezas. A suspensão das tarifas, por exemplo, continua dependente da concordância norte-americana.

O que está em jogo para o Brasil

Para o Brasil, o encontro abre oportunidades como:

  • Redução ou eliminação de tarifas que vinham afetando diversos setores de exportação.
  • Retomada de diálogo direto com os EUA, importante para diversificação de mercados e equilíbrio comercial.
  • Reforço da imagem diplomática brasileira como ator global que dialoga além da América Latina.

Ainda assim, o êxito dependerá de rapidez e de compromissos concretos nas próximas etapas da negociação — que, embora anunciadas, ainda não têm cronograma ou garantias públicas.

Contexto mais amplo

O encontro se deu no âmbito da 47ª Cúpula da ASEAN, realizada em Kuala Lumpur, onde Trump também participava de negociações com países asiáticos. O momento geopolítico favorece o Brasil: num cenário de competição entre blocos, ter canais abertos com os EUA pode ampliar sua margem de manobra em áreas como comércio, meio ambiente e tecnologia.

Matéria atualizada para a inclusão de novas informações sobre os bastidores da reunião.

Foto da capa: Lula e Trump se reúnem na Malásia: Ricardo Stuckert/PR


Tags:
Trump, Lula, Brasil, Estados Unidos, tarifas comerciais, sanções, Kuala Lumpur, ASEAN, comércio internacional

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