Trabalho escravo no mundo moderno

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Por ANGELO CAVALCANTE*

Os dados são sempre imprecisos, mas se estima que o mundo tenha, comporte e tolere cerca de cinquenta milhões de pessoas em efetiva situação de escravidão.

Erra feio quem pensa que essa lástima é marca única e exclusiva do subdesenvolvimento de feição colonial do Brasil, aliás, é preciso fazer justiça… O drama brasileiro nem é dos piores.

A entidade britânica Fundação Free Walk que tem a expertise de detectar e traduzir essas infames e compulsórias modalidades de trabalho, denuncia que há trabalho escravo por toda – TODA – Europa, isso inclui o “encanto” dos países nórdicos.

Nós, os brasileiros, estamos na posição média nesse ranqueamento do inferno; contamos com algo como um milhão de escravizados modernos e situados, sobretudo, em atividades agrícolas e na pecuária.

Estamos atrás da “terra da liberdade” dos Estados Unidos e que sorve, bebe do sangue e da vida de quase dois milhões de escravizados.

Bom… Os escravos modernos acontecem, por exemplo, na forma de exploração sexual, muitos desses seres humanos são migrantes ilegais, sem um miserável papel e que lhe conte o nome e é justamente nessa “desinstitucionalização” dos indivíduos que homens, mulheres e crianças se tornam presas fáceis de criminosos de todos os tipos e intenções.

A Free Walk conta que a cada quatro escravizados, um é necessariamente UMA criança de até dez anos.

É mais que absurdo… É extermínio!

No geral, a prostituição que apetece em países como Portugal, Espanha, França ou Alemanha, não raro envolvendo rapazes e moças do Brasil, é uma ramificação criminal de máfias tremendas e fatais a envolver, inclusive, escravidão de estrangeiros e estrangeiras.

Em 2024, o senhor Tomoya Obotoka, o relator especial da ONU para a investigação de trabalho escravo, denunciou formalmente o “elevado e civilizado” Canadá por, imaginem vocês, trabalho escravo.

Sabem esses anúncios na internet e que contam que a “população do Canadá está envelhecendo e por isto está admitindo estrangeiros e blá-blá-blá…”?

Pois é… Isca, estratégia e chamariz para trabalho escravo no “lindinho” país canadense.

Bom… Não é eventualidade, caso esporádico ou casualidade… O trabalho escravo em suas múltiplas feições já é o principal esteio gerador de valor e sobrevalor a alimentar e retroalimentar a máquina do capital.

São milhões e bilhões de horas trabalhadas sem uma moeda de cego; sem uma botina para proteger os pés desse ou daquele infeliz, uma luva rota e velha para cuidar das mãos, um miúdo intervalo de descanso para uma lágrima sossegada.

Por fim, a Free Walk , conta que as ondas de flexibilização das legislações do trabalho mundo afora, ação e objeto direto da devastação neoliberal e que explode com o mundo, são motores essenciais para essas expansivas vergonhosas da escravidão e que opera em todos os cantos, beiras e latitudes desse planeta sofrido.

Abram o olho!


*Angelo Cavalcante_ – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.

Foto de capa:   Divulgação MPT

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