Na última semana, a Polícia Federal (PF) cumpriu mandatos de busca e apreensão e revelou o esquema de venda ilegal de joias por ex-integrantes do governo de Jair Bolsonaro. Os bens foram dados de presente em viagens oficiais, mas pertencem ao Estado brasileiro e não ao ocupante do cargo de presidência.
A organização criminosa, como foi classificada, é acusada de peculato (desvio de recursos públicos) e de lavagem de dinheiro. Mais um caso grave envolvendo a gestão de Jair Bolsonaro abre espaço para análise das consequências na configuração da direita e da extrema direita no país.
Para o cientista político, analista da Arko Advice Pesquisa, consultor político e professor visitante na ESPM-POA, Carlos Borenstein, os impactos existem pela soma das investigações. “O Instituto DataFolha classifica como bolsonarismo raiz gira, que gira em torno de 12 – 15% do eleitorado, esse nicho tende a seguir de forma cega o Bolsonaro. Mas eu acho que essa sucessão de escândalos acabam prejudicando o capital político do ex-presidente junto ao eleitorado mais de centro, aquele eleitor que é despolitizado”.
O doutor em Ciência Política e professor da Pós-Graduação na Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS), Rodrigo Gonzales, faz uma diferenciação entre a aliança bolsonarista e a direita.
“Eu diria que o bolsonarismo recebe um tiro se não fatal, mas bastante dolorido que prejudica não só as pretensões do ex-presidente, como mancha o nome da família como um todo em termos de aliança política. No entanto, o espaço para uma aliança política de direita conservadora no Brasil continua existindo e provavelmente que alguém, como o governador de Minas, o governador de São Paulo, vai tentar ocupar esse espaço como novo defensor da moral e dos bons costumes”, apontou o professor.
Além da diferença entre os grupos políticos o cientista político e diretor da RED, Benedito Tadeu César, também pontou a bandeira anticorrupção usada durante a campanha de 2018 e 2022 pelo bolsonarismo.
“Acredito que isso vai causar um grande estrago na figura pública do Bolsonaro, dos seus familiares, da sua esposa, que posavam de impolutos . A gente não pode esquecer que, não obstante todas as evidências anteriores de corrupção envolvendo a família, Bolsonaro sempre dizia que não havia nenhuma evidência de corrupção no seu governo, que ele era impoluto. E não vamos nos esquecer que historicamente no Brasil, a direita sempre que conseguiu chegar ao poder foi porque usou a bandeira da luta anticorrupção”, explicou.
Assista ao programa completo:
O programa Espaço Plural vai ao ar no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha.
Foto: Agência Brasil.
Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.