Sidônio Palmeira errou?

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Por CARLOS EDUARDO BELLINI BORENSTEIN*

Desde que assumiu a Secretaria de Comunicação Social (Secom), em 14 de janeiro, o publicitário Sidônio Palmeira aumentou a exposição do presidente Lula (PT). Além de conceder mais entrevistas aos veículos de comunicação, Lula intensificou as viagens pelo país. A maior exposição do presidente passa pelo diagnóstico de que Lula é a grande marca do governo.

Embora Sidônio esteja correto nesta premissa – Lula é o grande símbolo do governo, já que até agora não há uma agenda de país que supere os limites do projeto lulista – a maior exposição do presidente parece ter sido um erro.

A pesquisa do instituto Quaest divulgada nessa quarta-feira (2) apontou que 56% dos entrevistados desaprovam o governo Lula. A aprovação é de 41%. Comparado a janeiro, quando havia sido realizado o último levantamento da Quaest, a desaprovação cresceu 7 pontos. Nesse mesmo período, a aprovação caiu 6 pontos. Mais do que isso, a popularidade de Lula está em queda desde outubro do ano passado.

Nos últimos cinco meses, a desaprovação do governo cresceu 11 pontos, saltando de 45% para 56%, enquanto a aprovação caiu 10 pontos, despencando de 52% para 41%. Considerando que Lula perde popularidade entre segmentos estratégicos do projeto lulista – eleitores com Nordeste; com renda de até 2 salários mínimos; ensino fundamental; mulheres; e pretos – estamos diante de uma mudança estrutural na opinião pública.

Não por acaso, de acordo com a Quaest, 1) 53% dos entrevistados avaliam que o terceiro mandato de Lula é pior que os anteriores; 2) 43% acham o governo Lula pior que a gestão Jair Bolsonaro; 3) 81% querem que Lula faça um governo diferente nos próximos dois anos; e 4) 71% consideram que Lula não está cumprindo as promessas de campanha;

Ao contrário do que acreditava o governo em janeiro, quando substituiu o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) por Sidônio Palmeira, o problema do governo não passa pela comunicação. Mesmo com o governo apostando na comunicação dos números positivos do crescimento do PIB e da geração de empregos, a percepção da opinião pública caminha em outra direção.

De acordo com a Quaest, 1) 56% entendem que a economia está no rumo errado; 2) 88% dizem que o preço dos alimentos no supermercado subiu; 3) 53% consideram que está mais difícil conseguir emprego; e 4) 81% afirmam que hoje o poder de compra é menor que há um ano.

Esta falta de confiança dos eleitores, mesmo os mais fiéis a Lula, com o presidente tem relação com a economia, principalmente o preço dos alimentos. Diante desta conjuntura, ao aumentar a exposição de Lula, Sidônio Palmeira deixou o presidente politicamente mais vulnerável.

Como bem analisou o marqueteiro João Santana, em entrevista ao jornal O Globo, em 12 de março, Lula “é um grande ativo de comunicação, mas não pode ser o único. Achar que colocá-lo para falar mais é uma bala de prata que pode ter efeito contrário”.

Ao expor Lula, a comunicação do governo está deixando o presidente “desprotegido”, sobretudo nas redes sociais, que são dominadas pela direita, acentuando a crise de imagem em curso, que vai além da economia.


*Carlos Eduardo Bellini Borenstein, Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

Foto de capa:   Ricardo Stuckert/PR

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