Da REDAÇÃO*
O renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 80 anos. Considerado um dos maiores nomes da fotografia mundial, Salgado construiu uma carreira sólida ao longo de cinco décadas, com imagens que retrataram o trabalho humano, os deslocamentos populacionais e a preservação ambiental em diversas partes do planeta.
Salgado começou a fotografar profissionalmente em 1973, após abandonar a carreira de economista. Desde então, dedicou-se integralmente à fotografia documental. Suas imagens em preto e branco, com forte carga estética e emocional, tornaram-se sua marca registrada e renderam a ele prêmios e exposições em diversos países.
Uma de suas fotografias mais emblemáticas foi feita em Serra Pelada, no Pará, nos anos 1980. A imagem mostra milhares de garimpeiros cobertos de lama, em um cenário caótico e simbólico da exploração humana. A cena virou referência mundial do fotojornalismo e está entre as mais conhecidas da história da fotografia brasileira.
Salgado explicava sua opção por trabalhar apenas em preto e branco como uma forma de se concentrar no essencial da imagem:
“Nada no mundo tem essas duas cores. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitia fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia”, afirmou em 2013.
Em 2023, ele resumiu sua visão da fotografia de maneira clara:
“A fotografia é o espelho da sociedade.”
Entre seus projetos mais importantes estão:
- “Trabalhadores” (1993): retrato do esforço humano em diversas formas de trabalho ao redor do mundo.
- “Êxodos” (2000): registro de refugiados, imigrantes e deslocados forçados por guerras, fome e crises econômicas.
- “Gênesis” (2013): série que documenta regiões ainda preservadas da intervenção humana, com foco na biodiversidade e nos povos tradicionais.
- Instituto Terra: fundado por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado, em Minas Gerais, o instituto é referência em recuperação ambiental da Mata Atlântica.
Sebastião Salgado deixa uma obra extensa que combina engajamento social, excelência técnica e uma profunda sensibilidade. Seu legado continuará inspirando fotógrafos, ambientalistas e defensores dos direitos humanos em todo o mundo.
Foto de capa: Sebastião Salgado posa para foto na Somerset House, em Londres, durante entrevista sobre prêmio em reconhecimento a sua carreira dado pela Organização Mundial de Fotografia /Benjamin Cremel/AFP




