Richarlison é ídolo dentro e fora do campo

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Foto de Richarlison no jogo contra a Sérvia - Lucas Figueiredo/CBF. 

Com 25 anos, atualmente o atacante atua no Tottenham, na Inglaterra, e é campeão olímpico com a seleção de 2021, carregando a camisa 9.

Richarlison de Andrade, mais conhecido como ‘Pombo’, marcou os dois gols do Brasil na partida de estreia na Copa do Qatar e virou destaque nas redes sociais, porém, não só pelo talento, mas por ser um dos poucos jogadores que se posiciona política e socialmente, defendendo, inclusive, políticas públicas, como a vacinação na pandemia, em um meio majoritariamente de direita.

Ao marcar o primeiro gol contra a Sérvia no jogo de ontem, Galvão Bueno repetiu algumas vezes: “Richarlison é o cara”, e o narrador perdeu a voz de tanto gritar em comemoração ao segundo gol de voleio do ‘Pombo”. Nas redes sociais, não faltaram elogios ao Camisa 9, destacando, ente várias qualidades, sua humildade.

Se no campo ele é atacante, fora dele o jogador atua em duas posições: avança para defender os direitos do povo. Politizado, Richarlison já se posicionou publicamente sobre diversas questões que atingem os brasileiros, como o apagão que afetou o Amapá e as queimadas no Pantanal.

Alguns portais, inclusive, tem o classificado como “o ídolo que o brasileiro merece depois de tanto sofrimento”, se referindo à pandemia de covid-19 e a conjuntura política conturbada do país.

Em 2020, Richarlison concedeu entrevista à coluna do Ancelmo Goes no Globo, onde conta, entre outras coisas, sobre seu lado engajado. Confira alguns trechos que estão rolando nas redes sociais nesta sexta-feira:

“Ultimamente, em toda entrevista que eu dou, uma pergunta é certa: ‘Por que você se posiciona?’ Mas talvez o melhor fosse ‘Por quem você se posiciona?’ É muito importante que isso fique claro.

As pessoas de onde eu venho não têm voz e nem vez. Poucos, até hoje, procuraram saber o que é importante ou o que falta para que elas vivam melhor. No Brasil é assim, muitos só recebem atenção em época de eleição.

Falando nisso, vocês sabem, eu nunca tive um partido político. Para ser sincero, nem me interesso, porque não preciso de um para saber que é errado faltar energia elétrica por 22 dias em um estado inteiro. Ou ainda que é um direito básico ter comida na mesa, saúde, educação e moradia.

Também nunca entrei num laboratório. Ainda assim, eu posso dizer a todos que a ciência é a nossa única saída em todos os momentos. Eu vejo isso no meu dia a dia como jogador. Meu corpo precisa da ciência e da medicina para que eu possa fazer o que mais amo.

Bom, eu sequer terminei meus estudos. Mas não é necessário um diploma para enxergar que muita gente é intimidada, encurralada e morta pelo racismo todos os dias no Brasil. Li numa matéria que 75% da população pobre é preta, e que 76% das pessoas mortas todos os anos também são pretas. Coincidência? Não precisa ser o rei da matemática para concluir o óbvio.

É por isso que todos os dias agradeço a Deus pela oportunidade e por não ter virado estatística. O futebol me salvou!

É por isso que eu falo, me posiciono e mostro a minha indignação: pelo mínimo de dignidade e igualdade para todos os brasileiros que não tiveram a mesma sorte que eu.

Espero ter respondido à questão”.


Foto de Richarlison no jogo contra a Sérvia – Lucas Figueiredo/CBF.

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