Que nunca mais aconteça!

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Por ANGELO CAVALCANTE*

Não, o texto da Anistia não fora produzido pelo pleno da OAB; por devotados clérigos da comissão de justiça e paz da Arquidiocese de São Paulo; não fora concebido por intelectuais das melhores e mais honradas cátedras de direitos humanos do país, tampouco é fruto de algum consenso da associação de vítimas da ditadura de 1964.

Olha o susto… Isso e que chamamos de Anistia, foi uma “sacada” do general Leônidas Pires Gonçalves e de outros oficiais e que deram forma para um documento, um “libera geral!” para assassinos, torturadores, ladrões e pedófilos da ditadura brasileira.

Gonçalves e seus cortesãos foram geniais!

Identificaram que a treva militaresca caminhava inexoravelmente para seu fim com um passivo político, econômico e social, de fato, oceânico.

Na incapacidade de reverter ou mesmo mitigar o caos em que deixaram o Brasil correram por, de novo, chantagear lideranças civis; o papo foi reto: sem anistia os civis não voltam!

Bom… A Lei da Anistia ou Lei 6.683 fora, desse modo, sancionada pelo presidente da época, o general João Batista Figueiredo, em 28 de agosto de 1979.

Tem que por volta de 1984/1985, o povo brasileiro estava cansado, arreado, alquebrado e saturado da mera e miúda presença da tirania verde-oliva; sem muitas questões e indagações… Todo mundo assumiu o desesperador brado de certa “anistia ampla, geral e irrestrita”.

E assim foi…

Desde 1964, a quantidade de crimes cometida por agentes de Estado é um “listão” e que não tem fim…

O texto do documento, saído integralmente da surdina e das intimidades dos quartéis, fora aprovado na íntegra e uma outra história começa…

Pois sim… Sabem os assassinos de Rubens Paiva? Foram solenemente liberados; os torturadores de Dilma Roussef, Amelinha Teles e milhares de outras mulheres foram integralmente liberados; assassinos de militantes do movimento estudantil? Liberados e premiados com a liberdade; militares que roubaram, torturaram, mataram e espezinharam com a vida e a rotina de milhares de camponeses do Araguaia foram agraciados com a plena e frugal vida em liberdade.

Brilhante Ustra, o ” macho-man ” de Bolsonaro e que tinha gozo ao socar ratos e cobras nos orifícios femininos ou em seccionar os mamilos das meninas, segundo essa Lei, foi liberado de apuros ou de qualquer responsabilidade.

Sim… Carlinhos, o mais jovem preso político da ditadura, uma criança de quatro anos incompletos e que, na sua idade adulta, só encontrou paz no suicídio, foi injustiçado na Anistia; seu torturador, um monstro… Foi plenamente anistiado!

Ainda hoje, centenas de corpos seguem desaparecidos; sem roteiro, sem rumo ou qualquer paradeiro. Muitos dos desaparecidos eram militantes da esquerda, outros tantos só estavam no lugar errado e na hora errada.

Seus assassinos foram perdoados pelo estratagema da “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita”.

E o sangue segue escorrendo, a dor não passa, o ressentimento, a mágoa e o pior dos ódios, aquele que é silencioso, que não se anuncia ou que se diz… Explode no peito de milhares e milhares de brasileiros e brasileiras.

Em síntese… Quarenta e cinco anos depois, o frenesi da “Anistia Ampla, Geral e Irrestrita” deu forma para impunidades de todos os tipos, frequências e tamanhos, além de criar uma cultura política brutal e cínica onde o nosso máximo se restringe a “empurrar” lixos, perversões e malfeitos para debaixo do tapete da história.

É como se a história fosse se aquietar, se amansar ou nos permitir para qualquer tipo de futuro…

Não irá!

A grita de bandidos, alienados, depredadores e terroristas que operaram por precipitar o país em uma ditadura em pleno 2023 só pode ser explicada em nossa trágica e auto-destrutiva tradição de ignorar o que não pode ser ignorado; de desconsiderar o que é central e essencial e de perdoar o que jamais pode ser perdoado.

Essa atual e infame proposta de “Anistia 2.0” é uma afronta, um acinte e sua mera cogitação ofende os mais sinceros e verdadeiros esforços pela edificação da civilização do Brasil.

Terroristas jamais podem ser anistiados!

NUNCA MAIS!


*Angelo Cavalcante_ – Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.

Foto de capa: Juca Martins

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