Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
*Julgamento histórico a partir do qual o objetivo é erradicar o pernicioso hábito nacional de energúmenos fardados e à paisana golpearem a democracia brasileira de tempos em tempos. O programa é rememorar duas frases de votos contundentes nesse julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal daqueles desatinados que participaram do quebra-quebra de 8 de janeiro, em Brasília. Da Ministra Carmen Lúcia: “Ditadura mata, ditadura vive da morte, não apenas da sociedade, da democracia, mas de seres humanos de carne e osso” (Brasil 247).
*Do Ministro Flavio Dino: “No dia 1º de abril de 1964 também não morreu ninguém. Mas centenas e milhares morreram depois. Golpe de Estado mata. Não importa se no dia, no mês seguinte ou alguns anos depois” (Brasil 247).
*Sem Anistia é a legenda do grande Ato para o qual estão sendo convocadas as populações de Feira de Santana, na Bahia; de Campo Grande, em Mato Grosso, Fortaleza, São Luis, Minas Gerais, Belém, Recife, de São Paulo – concentração na Praça Oswaldo Cruz e outra no Masp; Rio de Janeiro, em Niterói, Aterro do Flamengo, Feira da Glória, Praça da República e Volta Redonda. Iniciativa das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. No sábado (29), domingo (30), segunda (31) e terça, 1º de abril.
*Dia 1º de abril de 1964. Trecho do último discurso do então Presidente João Goulart, na Associação dos Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar, no Automóvel Clube do Rio de Janeiro, relembrado em texto do professor aposentado da UFRJ Lincoln Pena. “Tenso e falando de improviso Jango alertou para a manipulação dos ‘grupos de pressão que hoje controlam facções políticas, agências de publicidade e órgãos de cúpula das classes empresariais’. Foi a última aparição em público do presidente constitucional, que seria deposto 48 horas depois” (Trecho do documentário Jango, de Silvio Tendler).
*Programa: no domingo, 30/03, será mais uma vez comemorado o Dia da Terra, memória de um dia de 1976 em que as forças militares israelenses mataram seis jovens palestinos que se encontravam entre os milhares que protestavam contra a expropriação de suas terras. Em Paris, a marcha começará às 14 horas de amanhã, 29/03, na Place de La Republique. Em Nova Iorque a manifestação será na Union Square, dia 30, com o lema ‘Nós Permaneceremos, nós Voltaremos’. No dia 5/04, marcha em Washington com os lemas ‘Pare com o genocídio Agora’ e ‘Embargo de Armas, Palestina Livre.
*Na livraria Expressão Popular, na Alameda Nothman, em São Paulo, uma anunciada ‘intifada editorial’, amanhã, 29/03, presta homenagem ao Dia da Terra Palestina, à sua resistência, memória e sua cultura. A partir das 15 horas, encontros, palestras e debates com Salem Nasser, Arlene Clemesha, Marcelo Buetto, Isildinha Baptista Nogueira e Rima Zahra.
*Sem aviso prévio, Israel bombardeou o Hospital Nasser em Khan Younis, no último fim de semana, destruindo o departamento cirúrgico. No seu interior estavam o cirurgião norteamericano Mark Perlmutter, as doutoras Tammy Abughnaim e Tanya AJ-Hassan, e o médico Feroze Sidhwa. Perlmutter tem declarado em entrevistas à TV France 24: “O mundo ocidental está pagando pelas bombas que queimam crianças até a morte. Está pagando pelas balas que despedaçaram essas crianças. Somos cúmplices disso” .
*O médico pediatra Hussam Abu Safiya, sequestrado por Israel do Hospital Kamal Adwan há vários meses, continua sendo torturado e submetido a interrogatórios intermináveis apesar das quatro costelas quebradas, de um olho cego e de batimentos cardíacos anormais (CAPJPO EuroPalestine/19 deste mês).
*”O que está acontecendo diante de nossos olhos em Gaza, com o consentimento da comunidade internacional, é a coisa mais chocante que já vi na minha vida; e já cobri 18 guerras e três genocídios. Agora, temos uma catástrofe absoluta que vai além de qualquer forma de crueldade”. De Janine Di Giovani, jornalista, correspondente de guerra, escritora e pesquisadora do Jackson Institute for Global Affairs de Yale.
*Comemorando dez anos da inauguração do busto de Rubens Paiva na Praça Lamartine babo, defronte do prédio do DOI-CODI, na Tijuca. A homenagem às vítimas da ditadura de 1964 foi intitulada Ocupa Rubens Paiva – Tortura Nunca Mais. Um processo em andamento visa transformar o prédio onde se praticava torturas em um Museu da Memória em homenagem às vítimas, presos políticos da ditadura civil-militar.
*Exposição de 18 trabalhos de cartunistas intitulada Minha Gaza Minha Vida, até 19 de abril no Clube da Cultura de Porto Alegre, av. Ramiro Barcelos, uma realização da revista Grifo. A mostra é a continuação da exposição Sinta-se em Gaza, no mesmo local, em 2024.
*O documentário brasileiro Copan é o único filme latino-americano na competição oficial do CPH:DOX 2025, o Festival Internacional de Documentários de Copenhague, que termina neste fim de semana. O festival é considerado pela crítica internacional o mais importante no gênero e retrata a disputa pela administração do prédio histórico Copan, de São Paulo, um projeto de Oscar Niemeyer, durante o período da última campanha presidencial. Carine Wallauer, ex-moradora do Copan durante sete anos, é a diretora.
*Ministro Celso Amorim, ex-Chanceler das Relações Exteriores, indagado se o futuro das relações internacionais do país será definido por uma nova divisão global Trump-Xi Jinping-Putin: “Brasil é Sul Global e um dos nossos desafios, nessa divisão do mundo, é não ser colônia de ninguém”.
*O programa é estar atento à campanha nacional de vacinação contra a influenza que se inicia dia 7 de abril. A meta é imunizar 90% dos grupos prioritários, crianças de 6 meses, menores de 6 anos, idosos, gestantes, pessoas com doenças crônicas, com deficiência, profissionais de saúde e professores.
*De Paulo Nogueira Batista Jr.: “(…) Pelo que se pode depreender desses dois primeiros meses de governo, Trump não conseguirá interromper a decadência dos EUA. Ele próprio, grosseiro e prepotente, despreparado e arrogante, é um sintoma dessa decadência. Como nas tragédias gregas, as tentativas de escapar do destino leva a comportamentos que aceleram a sua realização”.
*Sugestões de leituras oportunas: Livro Memórias afetivas: desaparecidos políticos, organizado por Maria Helena Soares de Souza. É fruto das relações, vivências e amizades nascidas ou intensificadas ao longo de cinco anos de encontros entre familiares de desaparecidos políticos, possivelmente sepultados clandestinamente na Vala de Perus. (Editora Alameda 2020). Livro Desaparecidos políticos – prisões, sequestros, assassinatos, de 1979, organização de Reinaldo Cabral e Ronaldo Lapa. (Edições Opção /Co-Edição do Comitê Brasileiro pela Anistia-RJ). Livro Ausências Incorporadas: Etnografia entre Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil, de Desirée de Lemos Azevedo (Editora Unifesp 2018). Por Trás das Chamas de Carlos Tibúrcio, Nilmário Miranda e Pedro Tierra (Hamilton Pereira) (Editora Expressão Popular). Livro Dos Filhos deste Solo – Mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar: a responsabilidade do Estado, de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio (Editora Perseu Abramo, 1ª. edição 1999).
Publicado originalmente no Fórum 21.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz
Uma resposta
Ótimo evento. Fiquei com a inveja criativa de poder trazê-lo a Salvador. O que vcs acham?