Programas – de 21 a 27 de março

translate

arzh-CNenfrdeitjaptruesyi

Por LÉA MARIA AARÃO REIS*

*O programa é conseguir romper o silêncio ruidoso que atinge as universidades, seus estudantes e professores, e as populações das cidades brasileiras que não conseguem se reunir para condenar de modo organizado e justo o genocídio ampliado da população da Palestina estendido a partir do massacre na Faixa de Gaza até as terras do território da Cisjordânia ocupada pelo atual governo do Estado de Israel.

*Em Jerusalém, a polícia de ocupação israelense emitiu ordem proibindo a jornalista palestina Latifa Abdel Latif de entrar na Mesquita de Al-Aqsa, na Cidade Velha, um dos lugares mais sagrados do Islã, durante uma semana e com possibilidade de extensão da interdição até seis meses. Latifa também será convocada pelas forças israelenses para interrogatório na próxima semana.

*Outra jornalista palestina, Bayan Al-Ja’bari, grávida de alto risco, foi interrogada durante horas e colocada em prisão domiciliar junto com o marido, o jornalista Mohammed Al-Sadiq. O casal e os filhos foram expulsos, no fim de fevereiro passado, da Al-Aqsa. (CAPJPO-Europalestina).

*“Gaza não faz esquecer o martírio atual da Cisjordânia” é o lema atual dos palestinos, apesar dos assassinatos, das prisões em massa, das demolições de residências e das famílias expulsas diariamente de suas propriedades. Enquanto isto, a UNRWA, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente é atacada nas reuniões da ONU e um agressivo lobby do governo israelense se infiltra no Parlamento Europeu.

*Em São Paulo, supostos sionistas picharam o banheiro da PUC com ameaças ao professor Reginaldo Nasser, único docente de origem árabe no Departamento de Relações Internacionais da universidade. “PUC não é pra árabe. A PUC é nossa. A reitoria é nossa”, diz a pichação. O professor Nasser já tomou as providências para apuração. “Me sinto ameaçado”, ele diz. “O único descendente de árabe lá sou eu”.

*O programa é aplaudir e participar da indignação dos centros acadêmicos, coletivos e entidades estudantis da Universidade de Brasília que solicitam providências à reitoria da UnB e repudiam, em carta pública, a ameaça da extrema direita em seus campi. No dia 10 deste mês houve invasão do campus Darcy Ribeiro causando pânico na comunidade acadêmica. Quatro dias depois, a depredação do Centro Acadêmico de Artes Visuais.

*Os movimentos Tudo que Nóis Tem É Nóis; os coletivos Kizomba, Afronte, UJS, Paratodos; a União Nacional dos Estudantes, estudantes independentes e membros dos centros acadêmicos de Serviço Social e de Veterinária estão preocupados com o avanço das organizações de extrema-direita na UnB. “A escalada do discurso de ódio é fomentado por setores extremistas e reacionários que tentam acabar com as universidades públicas no país”, eles alertam.

*Acaba de ser lançado o livro com relatos de filhos de militantes e intelectuais de esquerda, perseguidos políticos da ditadura, mortos, assassinados, desaparecidos, torturados e exilados, neste ano de comemoração dos 40 anos do fim da ditadura civil-militar no Brasil. O lançamento nacional de Crianças e exílio – Memórias de infâncias marcadas pela ditadura militar ocorreu no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. As organizadoras da obra são as professoras Helena Dória Lucas de Oliveira e Nadejda Marques, do grupo de autores(as) do trabalho. Entre os/as depoentes, Claudia Lamarca, filha do capitão Carlos Lamarca, desertor em 1969, guerrilheiro contra o regime e morto em uma emboscada, e Daniel Souza, filho de Herbert José de Souza, o Betinho, exilado no Chile (Carta Editora).

*Um dos principais programas da semana é manter olho vivo no próximo dia 25, quando o Supremo Tribunal Federal, após o aceite de denúncia contra o inelegível, iniciará o seu julgamento por parte da Procuradoria Geral da União.

*O livro Europa Central – a História Fascinante de uma Região Decisiva terá noite de autógrafos no próximo dia 02 de abril, na Livraria da Travessa, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Autora, a historiadora Janaína Martins Cordeiro, professora de História Contemporânea da UFF, Universidade Federal Fluminense. Tema realmente fascinante desse trabalho: a história da Europa Central, palco de impérios, violências, revoluções democráticas e culturas sofisticadas; pequenos países que se encontram nessa denominação regional, desconhecidos por muitos, mas que não são coadjuvantes (Ed. Contexto, pré-venda na Amazon).

*Outro programa é atentar para mais uma frase infeliz do atual presidente norte-americano D. Trump: “Gaza não está mais lá; hoje é só escombros”. Escombros e também, ele deveria acrescentar, “a lembrança dos 50 mil palestinos civis assassinados na região durante a guerra apoiada, financiada e armada pelos Estados Unidos desde o governo democrata e agora, com os republicanos”, como lembram, em texto de sua autoria, Roberto Amaral e Pedro Amaral.

*A deputada Luiza Erundina lançando uma ação com o objetivo de sacudir “o marasmo do ambiente político”, segundo ela. O grupo Sementes da Esperança é uma iniciativa de mobilização que procura retomar, com encontros em centenas de núcleos, o debate sobre o futuro do país. No manifesto inaugural de Sementes da Esperança, a observação: “A esperança, essa sim, é revolucionária e sempre brota como semente. Não sementes dormentes, mas sementes teimosas que costuram a vida como quem tece um tapete de flores; um manto de cores que há de cobrir o mundo de esperança”.

*Nas livrarias, a sétima edição do livro histórico de Simone de Beauvoir, Cerimônia do Adeus, relançada há dois meses pela Editora Nova Fronteira. Também relançado o clássico de Beauvoir, Memórias de uma Moça Bem Comportada.

*Está entre os finalistas da 12ª edição do Prêmio Platino, maior premiação do cinema Ibero-Americano, Arca de Noé, a animação infantil produzida no Brasil. Dezesseis países estão competindo com esse filme para receber o prêmio, dia 27 de abril, em Madri. Arca de Noé esteve em cartaz durante nove semanas no Brasil e foi visto por um público de 375 mil espectadores. É baseado na obra musical de Vinicius de Moraes e dirigido por Sérgio Machado e Alois di Leo. Os dubladores dos personagens são estrelas e astros da nossa música, teatro e cinema.

*Outro relançamento: o volume A Coluna Prestes, de Anita Leocádia Prestes, fruto da tese de doutorado da autora e considerada a mais completa obra de pesquisa sobre o assunto. É baseada em “sólida formação teórica e aparato documental em grande parte inédito à época de sua primeira edição”, ressalta a Editora Boitempo. Disponível também em e-book.

*Um filme clássico dos anos 80, Onda Nova, estreia nas telonas, no próximo dia 27, após ser censurado pela ditadura civil-militar de 1964, e em seguida restaurado. O cenário é a Boca do Lixo, a direção é de Martins e Garcia e a trama trata da saga das jogadoras de um fictício Gayvotas Futebol Clube, time de futebol feminino fundado no ano em que o esporte foi finalmente regulamentado no Brasil. As personagens enfrentam preconceitos de gênero e sexualidade dentro e fora de campo enquanto se preparam para um confronto contra a seleção italiana. No elenco, Carla Camurati e Cristina Mutarelli com participações especiais de Regina Casé, Caetano Veloso e do locutor Osmar Santos.

*Também nos cinemas a partir do dia 27 e encerrando o denominado ‘Mês da Mulher’, Câncer com Ascendente em Virgem, apresentando a história da personagem Clara, interpretada por Suzana Pires, professora que recebe o diagnóstico de câncer de mama e começa, a partir de então, a olhar para a sua vida e para as suas relações sob uma nova perspectiva. Longa-metragem misto de comédia e drama dirigido por Rosane Svartman.

*A Editora Contexto acaba de dar início a um ciclo de lives com autores da sua Coleção História na Universidade apresentada pela professora Anelize Vergara. A mais recente foi a do professor Fernando Pureza, autor do livro História da Ásia. “É impossível falar em desenvolvimento tecnológico de ponta sem considerar os países asiáticos, região central para o comércio e a política internacionais”, segundo ele. A obra fala sobre a ação do imperialismo inglês, descolonização e protagonismo asiático.

*O grupo Força para Crescer – Pontos de Leitura acaba de inaugurar uma nova biblioteca comunitária no Morro Santa Marta, em Botafogo, Rio de Janeiro. O projeto pretende fortalecer o acesso à leitura, à cultura e educação além de criar novas chances de aprendizado e promover o fortalecimento de vínculos comunitários. A biblioteca do Santa Marta é mais uma que se junta ao grupo das bibliotecas de Angra dos Reis, Guapimirim, São Gonçalo, Niterói, Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu, Magé e Maricá. Os espaços são equipados para receber saraus, sessões de narração de histórias e oficinas.


Publicado originalmente no Fórum 21.

*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.

lustração de capa: Marcos Diniz

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia..

Gostou do texto? Tem críticas, correções ou complementações a fazer? Quer elogiar?

Deixe aqui o seu comentário.

Os comentários não representam a opinião da RED. A responsabilidade é do comentador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress