Por LÉA MARIA AARÃO REIS*
*O programa é furar a bolha da mídia corporativa, informando: milhares de manifestantes se reuniram no dia 12, diante do Tribunal Federal de Nova York, durante a audiência do ativista palestino e graduado pela Universidade de Columbia, Mahmoud Khalil, preso em casa por sua atuação no movimento estudantil pró-palestino. Em carta, o grupo condena as ações recentes do governo norte-americano contra estudantes e ativistas imigrantes. “Ao longo da história, a repressão aos movimentos estudantis sempre foi um prenúncio de ataque mais amplo aos direitos democráticos e civis fundamentais no resto do país”, afirma o texto. Protestos semelhantes ocorreram em Washington e outras cidades, antes da prisão e da tentativa de deportação ilegal de Khalil – um residente permanente do país –, bloqueada pela corte de Manhattan.
*A mobilização popular sobre os violentos acontecimentos na Cisjordânia e em Gaza continua crescendo, de Nova York até Seul, passando pela Suécia e pelo Reino Unido. Em Gaza, Israel segue assassinando civis, a ajuda humanitária foi bloqueada por 11 dias, a eletricidade foi cortada e o ocupante também incendeia depósitos de alimentos. Na Cisjordânia, invadida pelo exército de ocupação, diariamente são assassinados homens, mulheres e crianças, e milhares de palestinos são expulsos de suas casas. Neste sábado, 15/03, em Paris, haverá concentração e início de mais uma marcha de protesto e denúncia, às 14 horas, na Praça da Fonte dos Inocentes, em Les Halles. (Europalestine).
*Violando a liberdade de culto, as tropas israelenses bloquearam o acesso a todas as mesquitas da Palestina no dia 07/03, primeira sexta-feira do Ramadã. Apenas homens com mais de 55 anos e mulheres acima dos 50 tiveram permissão para entrar na mesquita de Jerusalém. (Europalestine).
*A força da resistência. Forças de ocupação israelenses invadiram a histórica Mesquita Al-Nasr, na Cidade Velha de Nablus, antes de incendiá-la parcialmente. Logo após a invasão, chamas e fumaça saíam de partes do prédio, um monumento secular e cultural. Mas, mesmo no cenário desolador, dezenas de palestinos realizaram orações em meio aos escombros da Al-Nasr, apenas algumas horas depois do fogo. (Europalestine).
*”A chamada questão judaica sempre esteve e está no centro da história contemporânea. Não é de se estranhar que o judaísmo tenha lançado ao marxismo os maiores desafios à sua capacidade explicativa e transformativa”, diz a apresentação do professor Samuel Kilsztajn ao livro Marxismo e judaísmo: história de uma relação difícil, de autoria da professora e historiadora Arlene Clemesha. A obra rememora as metamorfoses dessa controvertida trajetória, “desde o ensaio Sobre a questão judaica, de Karl Marx, até o clássico trabalho de Abraham Léon, escrito em pleno desenvolvimento do Holocausto, o qual tiraria a vida do seu autor”, ressalta Kilsztajn, professor em Economia Política da PUC-SP e autor de Do socialismo científico ao socialismo utópico, entre outros livros. (Ed. Boitempo).
*Duas leituras necessárias: Bolsonarismo: Da guerra cultural ao terrorismo doméstico, de João Cezar de Castro Rocha, que analisa os mecanismos que sustentam o bolsonarismo e seu impacto na guerra cultural na sociedade brasileira. E Governo Bolsonaro: retrocesso democrático e degradação política, organizado por Leonardo Avritzer, Fábio Kerche e Marjorie Marona, que “ajuda a compreender o bolsonarismo como movimento e forma de governo, e seus impactos nas políticas públicas, na saúde das instituições e na vida da população brasileira”, sublinham os editores. (Ambos da Ed. Autêntica).
*O filme Milton Bituca Nascimento estreia no próximo dia 20 nos cinemas, com grande expectativa. A diretora Flavia Moraes define o artista: “Milton não é só um artista gigante; ele é o Brasil profundo”. Aguardamos.
*O diretor François Ozon volta aos cinemas brasileiros no próximo dia 27 com Quando Chega o Outono, filme que mescla drama familiar e suspense psicológico, gênero no qual o cineasta francês é mestre. A trama acompanha Michelle, que vive a tranquilidade da aposentadoria em um vilarejo da Borgonha, até que sua filha Valérie decide deixar o filho aos seus cuidados durante as férias. A rotina aparentemente harmônica se quebra, e pequenos acontecimentos fazem ressurgir segredos do passado, colocando à prova laços familiares.
*O documentário Todo Dia é Dia de Feira revela os bastidores das feiras livres brasileiras. Com estreia nos cinemas no próximo dia 27, o filme dirigido por Silvia Fraiha acompanha a trajetória de quatro feirantes e revela a desigualdade social por trás das tradicionais feiras de rua.
*Programa: amanhã (15/03), a psicanalista Maria Rita Kehl estará em Belo Horizonte, às 11h30, para palestra e debate na Livraria Jenipapo.
*Em pré-lançamento, mais uma sugestão de leitura: de autoria de Mariana Joffily pesquisadora do CNPQ, e da professora de História Contemporânea da Universidade Gustave Eiffel, da França, Maud Chirio, intitulado Torturadores – Perfis e trajetórias de agentes da repressão na ditadura militar brasileira. Trata-se de um “corajoso perfil coletivo dos agentes que atuaram diretamente na repressão aos opositores do regime militar. Ancoradas em diversas fontes e em metodologias rigorosas, as autoras não ultrapassam os limites éticos e epistemológicos da historiografia; elas jogam luz no porão do regime”, escreve na apresentação do volume o professor de História do Brasil da USP Marcos Napolitano, autor de livros de referência: Como usar o cinema na sala de aula e Como usar a televisão na sala de aula.
*Estas são as designações de alguns dos capítulos do livro Torturadores: Por que se envolveram na repressão? Os interrogadores do DOI de São Paulo – quem eram? As listas de agentes do Estado acusados de torturadores, como foram treinados, como circulavam e como veem a si mesmos. Quais foram as motivações dos torturadores? (Editora Alameda, pré-venda a partir de 15/03).
*O filme Girassol Vermelho, com estreia no próximo dia 20, é inspirado no escritor mineiro Murilo Rubião, mestre do realismo fantástico no Brasil. A trama acompanha Romeu, um homem que deixa o passado para trás em busca de liberdade. Ao chegar a uma cidade estranha, encontra um sistema opressor que não permite questionamentos e o arrasta para interrogatórios e torturas. Delirante, Romeu percebe que perdeu seu maior valor – a liberdade – e se entrega a uma nova e ainda mais estranha viagem.
*O 53º Festival de Cinema de Gramado (13 a 23 de agosto) abriu inscrições para suas mostras competitivas. Serão selecionados oito longas-metragens brasileiros, cinco longas documentais e doze curtas-metragens. Inscrições até o dia 30 no site inscricoescinema.com.br.
*Excelente programa, o cinema no mundo do trabalho: assistir Fim de Turno, novo site-livro do crítico Carlos Alberto Mattos lançado em memória dos 130 anos de realização de La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon, com fascinantes menções a obras de Ken Loach, Lars Von Trier, Carlos Reichenbach, Harun Farocki, Michael Moore, Jean-Marie Straub, Helena Solberg, Luís Sérgio Person, Jia Zhang-ke, Humberto Mauro, René Clair, Andrzej Wajda, Peter Tcherkassky, Leon Hirszman, Michelangelo Antonioni, Renato Tapajós, Silvino Santos e muitos outros. Fim de Turno tem acesso livre e gratuito em fimdeturno.com e trailer no Vimeo (clique aqui).
*Nunca é pouco conhecer lances da história do Movimento dos Sem Terra, aqui no vídeo de oito minutos produzido para festejar o seu VII Congresso. Título: A arte de semear sonhos e luta! (clique aqui para assistir).
*Dia Internacional das Florestas, 21 de março. A data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2012, será comemorada no Festival Florestas em Cena, um conjunto de cerca de 200 eventos gratuitos realizados na França e nos seus territórios ultramarinos. E aqui? Como será comemorada a nossa biodiversidade florestal?
Publicado originalmente no Fórum 21.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz
