*Palestina: Gaza e Cisjordânia. O genocídio na região continua depois do show de mau gosto montado para plateias idiotizadas anunciando fictícios (des)acordos firmados há uma semana em prol do cessar-fogo na Palestina. Caroline Willeman, coordenadora do grupo Médicos Sem Fronteiras, adverte que, esta semana, persistem a falta de alimentos, de água potável e de abrigos. Os bebês recém-nascidos, segundo Willeman, continuam sofrendo. Têm fome.
*Na Cisjordânia ilegalmente ocupada, o adolescente de 14 anos, Yamen Hammad, foi abatido pelas tropas do estado de Israel que impediram que uma ambulância resgatasse o garoto ferido, mas naquele momento ainda com vida. (CAPJPO-Europalestine)
*Novo documento da ONU, da relatora especial para a Palestina, Francesca Albanese, revela como a cumplicidade internacional transformou o genocídio em Gaza em crime internacional, e aponta para as responsabilidades de cerca de 60 países: EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a França, a Itália, o Canadá, a Austrália, Nova Zelândia, os Países Baixos, a Bélgica, a Espanha, Portugal, a Áustria, a República Checa, a Polônia, a Romênia, Dinamarca, Finlândia, a Suécia, a Noruega, a Grécia, o Chipre, a Suíça, a Irlanda, o Japão, Coreia do Sul e Singapura. Segundo o relatório eles são “diretamente cúmplices do genocídio em Gaza através da venda de armas, ajuda militar, proteção política, cooperação econômica e desinformação, permitindo a ofensiva israelita, bloqueando os cessar-fogos da ONU e promovendo a falsa narrativa da ‘autodefesa'”.
*Programa: relembrar 2006, a canção “Subúrbio”, de Chico Buarque, que amigos nos enviam e lembram muito bem: (…) Lá não tem claro-escuro/ A luz é dura/ A chapa é quente/ Que futuro tem aquela gente toda.
*Desde Metrópolis, de 1927, de Fritz Lang, a inteligência artificial é um espelho das ansiedades e esperanças humanas. Agora, a partir de grandes filmes da história do cinema, a Caixa Cultural do Rio de Janeiro apresenta, até 9 de novembro, a mostra “Do sonho à realidade: cinema e inteligência artificial”, com as diferentes formas de representação da tecnologia na sétima arte. A programação é gratuita e reúne clássicos e obras contemporâneas abordando tecnologia, consciência e imagem.
*O livro Olhares Cruzados pela Terra: MST 40 anos alimentando o Brasil está sendo lançado por ocasião das celebrações dos 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni, Rio Grande do Sul. O livro é fruto de ações educativas desenvolvidas em Escolas de Assentamento de cinco regiões do Brasil. Uma ação do Coletivo Imagem da Vida e a Rede Sul-Americana para as Migrações Ambientais (Resama) com a Equipe dos 40 anos do MST e do Setor de Educação. Para os interessados: https://drive.google.com/file/d/1AZ6eV1oPN353U1-yR09FUd2IXTJzHSTO/view?usp=sharing
*Do escritor e jornalista Marco Antonio Barbosa: “O crime organizado no Rio não está nas favelas. Está no Leblon, em Ipanema e nos condomínios da Barra da Tijuca — lavando dinheiro, comprando votos, financiando campanhas eleitorais, negociando cargos e leiloando sentenças judiciais” (…) “Quem governa o estado sabe disso tudo. Mas também sabe que matar favelados em nome da segurança pública rende votos. E ano que vem tem eleição”.
*Com duas temporadas concluídas, o seriado Ruptura (Severance) é boa sugestão disponível no streaming (na Apple TV). Seriado de ficção científica acompanha quatro trabalhadores de escritório envolvidos em uma tarefa aparentemente sem sentido, dentro de uma corporação gigantesca. Todos passaram por um procedimento mental que divide a sua consciência em duas partes. Dentro da empresa, não sabem quem eles são do lado de fora, e quando termina o expediente não se lembram do que fizeram, nem de com quem conviveram no trabalho. Uma barra.
*Observação essencial, programa de reflexão indispensável. Citamos trecho de artigo basilar do sociólogo Lizst Vieira: “A função da Polícia é prender, e não matar. Não há pena de morte no Brasil segundo a lei. Na prática, sempre existiu. Mas, do ponto de vista legal, essa matança é assassinato, é homicídio. Esse massacre no Rio de Janeiro foi um fracasso do ponto de vista operacional e uma chacina do ponto de vista dos direitos humanos. Mas, do ponto de vista político e eleitoral, creio que alcançou sua finalidade”.
*O representante do Brasil no Oscar 2026, O Agente Secreto, o filme de Kleber Mendonça Filho, finalmente estará nos cinemas brasileiros dia 6 de novembro. Trata da trajetória de um especialista em tecnologia, na casa dos 40 anos, que volta ao Recife em busca de um pouco de paz, mas percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.
*O volume Joana Evangelista, de Vange Leonel, chega às livrarias. Escrita em 2006, inédita até agora, a peça teatral mergulha nos abismos da fé, da sexualidade e da resistência. Inspirada em Joana d’Arc retrata uma heroína brasileira, médica, lésbica, trans masculina e convicta em seu direito de decidir. Evangelista é obra feminista e atual, ressalta a sua editora, Alameda.
Meu nome é Adam é o primeiro volume da trilogia Crianças do gueto, que narra a história de Adam, um vendedor de falafel muito especial. A história da Nakba e do povo palestino é narrada por meio da reconstrução da memória desse personagem, mas o autor, Elias Khoury, questiona: como restituir, na literatura, os crimes cujas vítimas estão muradas pelo silêncio?
*Já tem data marcada para estreia nos cinemas, dia 27 de novembro, do festejado Cyclone, inspirado na história real da escritora Maria de Lourdes Castro Pontes. É de autoria de Daise Mariani e narra a vida e obra da dramaturga conhecida como Miss Cyclone, uma figura feminina até aqui marginalizada pela história literária e pelo modernismo brasileiro. Daise também assina a produção, em companhia de Joana Mariani e Eliane Ferreira, e colabora no roteiro de Rita Piffer. Um time de mulheres da pesada que atualiza essa história na perspectiva do feminino e do feminismo atuais.
*A 20ª edição do Festival de Cinema Italiano chegou ao público celebrando duas décadas de exibição da cinematografia italiana. Na mostra, uma seleção especial com 12 estreias inéditas no país, mais uma retrospectiva de 12 obras italianas, clássicas. É um grande evento no qual mais de 90 cidades de todo o Brasil recebem esse tradicional Festival (e mais de 100 salas), até 29 de novembro. Mais informações no site oficial do Festival: https://festivalcinemaitaliano.com/
*A refletir. O responsável maior pela chacina da Penha e do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, conseguiu o palco do grande guignol do qual necessitava para continuar na política dos bons negócios, em 2026. Mas, atenção. Detalhe: seu sombrio palco eleitoral estará coalhado de caixões.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
Ilustração de capa: Marcos Diniz
