* Facetas do descalabro, do genocídio da população palestina executado com frieza e método pelo estado israelense: * O primeiro ministro de Israel diz que abordar a solução de dois Estados agora é … fútil … * Saldo macabro: em 24 horas, de quarta para quinta-feira (06/08 para 07/08), 138 palestinos civis foram assassinados pelas forças armadas israelenses. * Tensão entre Eyal Zamir, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e o primeiro ministro B. Netanyahu. Zamir tentou resistir à expansão da guerra em Gaza. * Além da fome, Gaza enfrenta o pesadelo da sede e da falta de água.
* Da agência CAPJPO-EuroPalestine: ’’Uma imprensa complacente repete as declarações alucinatórias de líderes israelenses que teriam votado a favor de um novo plano de “conquista completa” da Faixa de Gaza e, em particular, da capital do território palestino, a Cidade de Gaza. Mas que “conquista”? Há alguns dias, Israel também falou em “ocupar” esse campo de concentração, agora um campo de extermínio, ao qual impôs um bloqueio terrestre, aéreo e naval, há pelo menos 18 anos.’’
* Esta semana, o governo francês proibiu manifestações defronte da embaixada de Israel em Paris, denunciando mais uma vez o massacre praticado em Gaza e na Cisjordânia. Mas as manifestações de solidariedade ao povo palestino foram transferidas para os chamados belos quarteirões da capital, como Saint-Philippe Du Roule, bairro animado, repleto de cafés, lojas e restaurantes, e para o Barbès. Já a loja da companhia aérea El Al amanheceu com a fachada pichada de tinta vermelha, de sangue. (EuroPalestine).
* O historiador americano/palestino, Rashid Khalidi, 76 anos, cancelou seu curso já agendado na Universidade de Colúmbia devido ao acordo da instituição com o governo Donald Trump, que transformou o local, segundo ele escreve em carta à reitora interina Claire Shipman: ‘’ (…) De uma universidade que era um local de livre investigação e aprendizagem em uma sombra do que era antes; uma anti – universidade, um lugar de medo e aversão’’.
* Rashid Khalidi é professor aposentado de Colúmbia e autor de obras premiadas sobre o Oriente Médio e a questão da Palestina. Entre elas, The Iron Cage: The Story of the Palestinian Struggle for Statehood (2008) e o recém – traduzido Palestina: Um século de guerra e resistência (1917–2017), da Editora Todavia, publicado em 2024.
* Bom programa para este fim de semana: assistir algum (ou alguns) dos 42 filmes da coleção Pais no Cinema | Ausências & Presenças, montada pela plataforma Filmicca. São longas e curtas-metragens que tratam dos diversos aspectos da relação entre pais e filhos. Histórias que se passam em épocas e culturas diferentes. Alguns desses belos clássicos:A Árvore dos Tamancos, deErmanno Olmi; Pai, de István Szabó;Ordet (A Palavra), de Carl Dreyer. A relação completa aqui: www.filmicca.com.br
* A Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, foi a grande estrela da Flip, a Feira do Livro de Paraty. A Ministra reuniu mais de 600 pessoas para ouvi-la, e após a sua palestra foi festejada nas ruas da cidade, nos cafés e no restaurante onde almoçou. Mauro Munhoz, diretor da Associação Casa Azul e cofundador da Flip, comenta: ‘’Nunca eu vi uma recepção tão afetuosa do público a uma autoridade’’.
* O historiador e professor da Universidade de Exeter, Ilan Pappé, foi outro convidado que levou grande público ao debate da Flip organizado pela professora da USP, Arlene Clemesha – apesar das pressões sionistas para cancelar a sua presença.
* Já na abertura da Festa Literária Pirata das Editoras Independentes, a FLIPEI, em São Paulo, onde esteve em seguida, Pappé chamou à ação estudantes e professores: ” Como acadêmico eu peço a vocês, que são professores e que estão nas universidades do Brasil e no Sul global, que falem sobre a realidade Palestina e que ela está ocupada pelo estado israelense, que é um Estado colonial’’. (…) ‘’ Nós precisamos ensinar a história do que acontece na Palestina nas universidades porque assim essa história chegará aos livros nas escolas, e chegará à mídia”.
* Livros de Ilan Pappé traduzidos e publicados no Brasil: A maior prisão do mundo: uma história dos territórios ocupados por Israel na Palestina e Brevíssima História do conflito Israel-Palestina, ambos deste ano, da Ed. Elefante; Dez mitos sobre Israel (Tabla,2022); A limpeza étnica da Palestina (Sundermann), de 2012, e História da Palestina moderna (Caminho), de 2007.
* No próximo dia 12 o Senado Federal promove o seminário Democracia em perspectiva na América Latina e no Brasil, com a participação do cientista político americano Steven Levitsky. Objetivo: aprofundar o debate sobre os desafios enfrentados pelas democracias na América do Sul e a importância do fortalecimento democrático. Participam a historiadora e cientista política Heloísa Starling, da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, e o senador Randolfe Rodrigues, presidente do Conselho Editorial do Senado.
* Steven Levitsky é professor e pesquisador da Universidade de Harvard e seus trabalhos versam sobre democratização, autoritarismo, partidos políticos e instituições fracas. É coautor do conhecido livro Como as democracias morrem, com o cientista político Daniel Ziblatt, onde analisa como alguns regimes democráticos podem entrar em colapso não apenas através de golpes militares, mas por meio de erosões promovidas por líderes eleitos que minam as instituições democráticas por dentro. Um tema mais do que atual para o Brasil conhecer e debater. (Agência Senado).
* Do Ministro Gilmar Mendes, em palestra no Instituto Esfera Brasil, de São Paulo, desfazendo intrigas e negando desconforto no Supremo Tribunal Federal com a decisão do Ministro Alexandre de Moraes determinando a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. “ Moraes tem toda a nossa confiança e apoio”.
* Grande surpresa, a ausência de filmes brasileiros na relação oficial de filmes anunciados esta semana para apresentação no 82º. Festival Internacional de Cinema de Veneza, de 27 de agosto a 09 de setembro. Antes, Ainda Estou Aqui recebeu o Leão de Ouro de Melhor Roteiro e ganhou Cannes e Berlim. Agora, justamente neste momento tão positivo do nosso cinema, com uma safra de produções espetacular, Veneza ignora, por exemplo, O Último Azul e O Agente Secreto, grandes lançamentos brasileiros de 2025. De modo geral, Veneza também ignorou qualquer produção latino-americana deste ano no certame.
* Em compensação, O Último Azul, de Gabriel Mascaro, Urso de Prata no Festival de Berlim, será exibido no Festival de Toronto 2025 e estreia nas nossas telonas no próximo dia 28/08. Antes, no próximo dia 13, abre o 53º. Festival de Cinema de Gramado, que vai até o dia 23.
* Três leituras de inverno: Tecnofeudalismo – O que Matou o capitalismo, de Yanis Faroufakis, sobre o que ele chama de ‘’novos senhores feudais’’, da Editora Crítica; o trabalho de João Moreira Salles, Arrabalde: Em Busca da Amazônia, (Companhia das Letras), e Cânone Imperial de Flavio Kothe, (Ed. Cajuína), que vem a ser a continuidade de O Cânone colonial, e onde o autor defende a literatura como arte e trata de um eventual temor reverencial diante de autores consagrados.
* A visitar. Irá até 26 de setembro a exposição Constituinte do Brasil Possível idealizada pelo Projeto Linha de Cor, inaugurada no Rio de Janeiro pelo Conselho Nacional de Justiça. Com 21 obras de artistas negros de diversos estados do país, a mostra foi visitada por nada menos que 30 mil pessoas quando passou por Brasília. A sua ideia central: o que poderia ter sido o Brasil com uma constituição possível, se, no dia 14 de maio de 1888 as pessoas negras que estavam sendo libertadas tivessem participado do projeto de reconstrução do país. A produtora e idealizadora da exposição, Mariana Luíza, lembra que a exposição traz um convite para que todos conheçam as possibilidades de um país em que todos participem. “O Brasil possível representado com beleza por nossos artistas não é fruto de delírios utópicos. Nossos artistas apresentam projetos reais de nação que foram negligenciados por acadêmicos, congressistas, juristas e por vários governos’’.
* Geopolítica do Genocídio em Gaza, do professor argentino Martin Martinelli, é uma análise específica a partir dos eventos de 2023 e traz conceitos como genocídio, apartheid, resistência, transição hegemônica e Guerra Situada Híbrida Global (GGHS), com meios militares e econômicos. O autor é coordenador do Grupo Palestina e América Latina, do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais/ CLACSO. (Edição Batalla de Ideas).
* Desalojada pela Prefeitura de São Paulo de modo inadmissível, a menos de uma semana da sua realização, a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes/Flipei, no entanto, mantém a sua programação até o próximo domingo (10/08), em diversos espaços culturais de São Paulo. Nos Campos Elíseos (Galpão Elza Soares, Casa Luis Gama e Café Colombiano), na Bela Vista e no Bixiga.
* ‘’Crise de civilidade’’ foi o eufemismo usado pelo Ministro Luis Roberto Barroso, após a falta de decoro dos parlamentares golpistas que obstruíram os trabalhos da Câmara e do Senado Federal ocupando o Congresso, esta semana. Segundo ele, ‘’ está havendo uma deterioração do ambiente institucional‘’. O Ministro aventa a hipótese de se aposentar após o fim do seu mandato na presidência do STF, em setembro, quando seria aberta nova vaga para o presidente Luiz Inácio Lula indicar um nome ao STF ainda em seu atual mandato.
* Trump congelou R$ 3,2 bi da Universidade da Califórnia por ‘antissemitismo’. A UCLA declara que os recursos são usados para financiar bolsas de estudos e o reitor Julio Frenk informou, em nota pública, que as áreas mais afetadas serão as de ciência, saúde e energia. “Se esses fundos de pesquisa continuarem suspensos, a situação será devastadora para a UCLA e para os norte-americanos”, ele afirma. Mais uma ação autoritária, e mais: irracional, de um governo ditatorial, nesse caso contra as manifestações pró-Palestina.
* Voz corrente no cotidiano de Nova Iorque confirma a sensação de que Trump mantém o Brasil na sua mira, mas acaba acertando o bolso dos americanos: ‘’ A inflação vai explodir”, comenta-se nas ruas de Manhattan.
*Léa Maria Aarão Reis é jornalista.
lustração de capa: Marcos Diniz




