Procedimento padrão da PM: atirar para matar, jamais prender…

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Por CARLOS EDUARDO PESTANA GUIMARÃES*

Sendo honesto, alguém acredita que são casos isolados quando soldados profissionais fantasiados de polícia da PM (Prontos pra Matar) paulista ou de qualquer outro estado, atiram, torturam e matam pessoas? Se quase todos sabem que as chamadas balas perdidas que atingem as cabecinhas de crianças, mulheres ou qualquer outra pessoa nas favelas, comunidade, periferias são na verdade projéteis com direção e endereço certo, como aceitar que vidas continuem sendo ceifadas por agentes do Estado, por militares de todos os tipos e nada, e absolutamente nada é feito para acabar com isso?

Algo parecido com o genocídio em Gaza, na Palestina, onde milhões pedem um cessar fogo e fica por isso mesmo. Milhares de crianças, mulheres, jornalistas e pessoal médico continuam sendo massacrados, trucidados pelos soldados nazissionistas de IsraHell e tudo bem, está normalizado, mais um “reality show” acontecendo. No caso brasileiro, os soldados profissionais da PM perderam qualquer medo, escrúpulo, vergonha, fazem o que fazem por saberem que são impunes, protegidos pelo governo e judiciário, que nada acontecerá, no máximo uma reprimenda, ficar um tempo nos trabalhos administrativos e logo-logo estão de volta às ruas matando como sempre.

Policiais civis durante a operação no Jacarezinho, Zona Norte do Rio — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Essa é a realidade dura e crua. E não só para as PM, mas também para a chamada Polícia Civil, que de civil só tem o nome. Na verdade, é um grande cartório para receber e preencher Boletins de Ocorrência (BO) que não resultarão em nada, e para justificar as matanças, chacinas, execuções que os soldados da PM fazem rotineiramente. Cada vez mais militarizadas, também fazem suas execuções por aí, talvez numa competição macabra com a PM para ver quem mais mata impunemente. As duas corporações são mestres na tortura, também…

Tem as Guardas Civil Metropolitana (GCM) nesse macabro torneio de quem mais tortura e mata. Em princípio foram criadas para atuarem como guardas do patrimônio das cidades, mas hoje se tornaram um “puxadinho” das PM em quase tudo. Cada vez mais militarizadas, atuam também na repressão dita policial na verdade totalmente militar nos municípios. Atuam de forma semelhante às PM reprimindo, matando, torturando também com impunidade do Estado. De vez em quando, aparece a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no páreo, matando alguma pessoa inocente, recebendo uma bala “perdida” na cabecinha. A Polícia Federal, até o momento, talvez por ser a única força realmente policial no país, seus membros parecem atuarem dentro da lei, não são matadores, mas policiais. Prendem para a justiça julgar. Até quando? Sabe-se lá…

De concreto, dos que sofrem com as execuções dos soldados profissionais e congêneres, muita lamentação, muita raiva, muita falação, acusações de todos os lados e fica por isso mesmo. Gente negra, pobre, miserável, moradores das favelas, comunidades e periferias não tem voz nenhuma. Por exemplo, no enterro de uma vítima dos assassinos de uniformes, soldados profissionais da PM apareceram para impedir que acontecesse o velório e acabaram batendo, espancando todos presentes. Vai ver que era algum medo de que os falecidos voltem para se vingar. Como já estão mortos, tiros e balas nada podem fazer contra essas almas penadas à procura de alguma justiça.

Crédito: Pin it

Aliás, coisa que não existe é justiça, nem adianta procurar que não vai encontrar. Quando funciona é para inocentar os jagunços uniformizados ou não dos crimes que cometeram. Estavam apenas cumprindo com o dever, atiraram porque os elementos estavam reagindo à prisão, tentando tirar a arma de alguém e por isso balearam para matar. Azar, né? Ou então, por serem negros, facilmente confundidos com bandidos, criminosos, acabaram recebendo uma saraivada de uns 300 tiros dos soldados do exército (pode acontecer também com soldados da aeronáutica e da marinha, a soldadesca é a mesma) em frente de um quartel qualquer da cidade.

Quando são julgados, caso raro, acabam sendo inocentados pois estavam se defendendo de um provável bandido, alguém suspeito e por isso mandaram bala. Matam uma pessoa a partir de uma suspeita, de um preconceito, de um estereótipo. É negro, é bandido. Tem que matar. Afinal, essa é a lógica militar, jamais policial. Qualquer inimigo, esteja onde estiver, seja quem for (especialmente se for negro, pobre ou indígena) a regra é simples: atirar para matar. Matando, tudo bem, estava apenas cumprindo com o dever e com o adestramento que recebeu. A novidade agora é o novo procedimento de atirar em quem está gravando as ações dos soldados profissionais. Filmou, levou bala. Assim, os próximos que filmarem os soldados matando, que fiquem espertos. Podem ser executados também. Simples assim. Tendeu?

*Carlos Eduardo Pestana Magalhães (Gato) é Jornalista, sociólogo, membro da Comissão Justiça paz de São Paulo, do Grupo Tortura Nunca Mais e da Geração 68 Sempre na Luta

Foto da capa: Pin it

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

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