Por que eleger direções das escolas é mais EFICIENTE?

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Por MARCIA BARBOSA*

O serviço público possui uma maior estabilidade e isonomia salarial quando comparado ao emprego privado. Consequentemente, estratégias tradicionais do capital, como a competição e a premiação financeira por meio de bônus, não são alternativas viáveis.
          Mas o que promove a eficiência do serviço público? Recentemente, um estudo da União Europeia mostrou que os ingredientes mais importantes para a eficiência da governança pública são: liberdade e democracia [1]. Estes são elementos-chave para criar um senso de pertencimento, o qual, por sua vez, estimula a capacidade de negociação e cooperação no setor [2]. Como o salário para um mesmo cargo é igual, o esforço para executar adequadamente uma tarefa surge do sentimento de se sentir proprietário ou proprietária da instituição e de ser parte da definição dos rumos institucionais.

           A escola não é uma linha de montagem. Ela não forma cidadãos idênticos, mas, a partir de um programa comum mínimo, cria nuances culturais que dialogam com a região onde se localiza. Essa formação heterogênea, que respeita a comunidade, ocorre por meio da cooperação entre professores(as), demais servidores(as), alunos(as) e famílias. Esse processo transcultural só é viável com liberdade e democracia. Ao reconhecer que democracia, diversidade e respeito à cultura local são instrumentos de eficiência, as escolas municipais de Porto Alegre realizam há anos um processo de escolha de suas direções que envolve uma votação com a participação da comunidade: professores, demais servidores, estudantes e pais.

           Recentemente, a Prefeitura de Porto Alegre decidiu que passaria a indicar diretamente a gestão das escolas. Esse modelo pretende alcançar uma eficiência de gestão copiada do mundo corporativo, mas irá gerar duas consequências: homogeneidade e falta de democracia. Como aprendemos com Darwin, a homogeneidade não é resiliente e não constroi a diversidade, que  em conjunto com a democracia são elementos fundamentais para a eficiência [1,3].

          Por que eleger as direções das escolas? Porque é mais democrático e gera diversidade, sinônimos de resiliência e de eficiência..


Referências

[1] Camelia Negri, Gheorghița Dincă. Public sector’s efficiency as a reflection of governance quality, an European Union study.  PLoS One 18(9):e0291048 (2023). Acesso em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0291048.

[2] Robin Bouwman, Sandra van Thiel, Ad van Deemen and Etiënne Rouwette.  Cooperation and Competition in Public-Sector Negotiations: A Laboratory Experiment Public Performance and Management Reviews 42(5), 1164–1185 (2019). Acesso em: https://doi.org/10.1080/15309576.2018.1553720.

[3] Vivian Hunt Dennis, Layton Sara Prince. Diversity Matters, McKinsey & Company, 2015. Acesso em: https://www.mckinsey.com/insights/organization/~/media/2497d4ae4b534ee89d929cc6e3aea485.ashx


*Marcia Barbosa  é Professora do Instituto de Física da UFRGS.

Foto de capa: Reprodução

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