Planalto busca recompor relação com o Congresso enquanto Hugo Motta fala em “estabilização” e aposta no diálogo em 2026

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Brasília (DF), 18/12/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá entrevista coletiva durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerra 2025 tentando reorganizar sua relação com o Congresso Nacional após um ano marcado por embates políticos, derrotas legislativas e desgaste na articulação com as cúpulas da Câmara e do Senado. A avaliação no Planalto é de que o recesso parlamentar pode reduzir a temperatura dos conflitos, enquanto novas frentes de tensão passam a se concentrar na relação entre o Legislativo e o Judiciário.

Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), avalia que a relação com o governo chega ao fim do ano em um patamar mais estável. Segundo ele, apesar das divergências acumuladas ao longo de 2025, o diálogo com o presidente Lula foi mantido e há expectativa de maior aproximação política em 2026, último ano do atual mandato.

Motta afirma que os conflitos não romperam os canais institucionais e atribui os desgastes à dinâmica própria da relação entre Poderes. Para o deputado, Câmara e Executivo precisam avançar na construção de consensos, mesmo em um cenário de independência e disputas pontuais. Ele também destaca que projetos considerados estratégicos pelo governo foram aprovados ao longo do ano, apesar das diferenças públicas.

Antifacções, ruídos políticos e desgaste público

Um dos episódios mais emblemáticos da crise entre Planalto e Câmara envolveu a tramitação do projeto que cria um marco legal de combate ao crime organizado, conhecido como PL Antifacções. A escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), opositor do governo e ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, como relator da proposta, gerou forte reação de integrantes do Executivo.

O desconforto aumentou após críticas públicas da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ao texto do projeto, classificadas nos bastidores como excessivas. Aliados de Motta interpretaram o episódio como uma tentativa de desgastar politicamente a presidência da Câmara, ampliando a distância entre o deputado e a cúpula governista.

A tensão se refletiu em gestos políticos, como a ausência de Motta em eventos do governo no Palácio do Planalto e o rompimento temporário com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). Ambos os episódios ocorreram no segundo semestre e evidenciaram o grau de desgaste da relação institucional.

Mudança no Turismo e gesto de reaproximação

Na reta final do ano, o governo passou a investir em sinais de recomposição política. Um dos principais foi a troca no comando do Ministério do Turismo, com a saída de Celso Sabino e a indicação de Gustavo Feliciano, nome apoiado por parte da bancada do União Brasil.

Hugo Motta declarou ter dado apoio pessoal à nomeação, destacando sua relação política com Feliciano e avaliando que a escolha pode contribuir para melhorar a articulação do governo no Congresso. A mudança é vista como parte de um movimento mais amplo do Planalto para fortalecer laços com partidos do centrão e reduzir resistências internas.

Crise muda de eixo e pressões se deslocam para o STF

Enquanto Executivo e Legislativo ensaiam um reposicionamento, a tensão política tem se deslocado para a relação entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Operações recentes da Polícia Federal, autorizadas por ministros da Corte, atingiram parlamentares de diferentes partidos e campos ideológicos, reacendendo críticas à judicialização da política.

Lideranças do Congresso passaram a questionar o impacto das investigações sobre a autonomia do Legislativo, especialmente em casos ligados à destinação de emendas parlamentares. O STF, por sua vez, sustenta que as apurações seguem critérios legais e não fazem distinção política entre investigados.

Perspectiva incerta para 2026

Apesar do discurso de estabilização, o cenário para 2026 permanece aberto. O ano eleitoral tende a reduzir o ritmo das votações e aprofundar disputas políticas, ao mesmo tempo em que temas como segurança pública, emendas parlamentares e limites entre os Poderes devem seguir no centro do debate.

A tentativa de reaproximação entre Planalto e Congresso indica menos confronto direto, mas não elimina os impasses estruturais que marcaram a relação ao longo de 2025 — apenas reposiciona os focos de tensão no tabuleiro institucional.


Com informações da Folha de S.Paulo e do g1/GloboNews.

Imagem destacada: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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