Paulinho da Força é oficializado relator de projeto que reduz penas de condenados por golpe

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Brasília (DF), 16/09//2025  - Sessão da Câmara dos Deputados. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), oficializou nesta quinta-feira (18) a escolha do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator do projeto de lei que trata da redução de penas para condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro e para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Motta anunciou a decisão em suas redes sociais, afirmando ter “certeza de que ele conduzirá as discussões do tema com o equilíbrio necessário”. Segundo o parlamentar, a ideia é buscar uma solução capaz de pacificar o país, “com respeito às instituições, o compromisso com a legalidade e levando em conta também as condições humanitárias das pessoas envolvidas”.

Proximidade com Moraes e peso político

A escolha de Paulinho considerou sua proximidade com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ambos se conhecem desde a época em que Moraes atuava como advogado em São Paulo, e se aproximaram ainda mais quando trabalharam contra a proposta do voto impresso, defendida por Bolsonaro em 2021, durante a gestão de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Essa relação é vista como estratégica para viabilizar as negociações do projeto entre o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto.

Reação política

O nome do relator foi recebido com críticas da direita, que lembrou seu histórico como sindicalista. Já aliados defenderam a indicação, destacando a capacidade de Paulinho de dialogar com diferentes espectros políticos, além de sua posição considerada de centro, marcada por críticas tanto a Lula (PT) quanto a Bolsonaro.

Conteúdo do projeto

Paulinho deverá apresentar um parecer alinhado à proposta do centrão, que prevê a redução das penas aplicadas aos condenados, mas sem anistia geral. O texto já circula nos bastidores e inclui:

  • Abolição violenta do Estado democrático de Direito: pena passaria de 4–8 anos para 2–6 anos.
  • Golpe de Estado: pena atual de 4–12 anos seria reduzida para 2–8 anos.
  • As duas punições não se somariam mais — apenas o crime mais grave seria considerado.
  • Acusados de agir em contexto de multidão só seriam punidos se comprovada a atuação em conjunto com os articuladores do golpe, o que poderia beneficiar parte dos condenados de menor envolvimento nos atos de 8 de janeiro.

Esse desenho difere da proposta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que prevê penas mais duras para líderes e financiadores, mas mais brandas para participantes de menor relevância.

Impacto para Bolsonaro

Se aprovado, o projeto pode reduzir em 6 anos e 8 meses a pena de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF. O ex-presidente foi considerado culpado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado.

Com a nova legislação, Bolsonaro poderia pedir revisão da sentença e reforçar a possibilidade de cumprir a pena em regime domiciliar, argumento já aceito por ministros do STF em razão de sua idade e estado de saúde.

Calendário e negociações

Ainda não há data definida para a votação. Paulinho sinalizou a interlocutores que poderia apresentar seu parecer já nesta sexta-feira (19), mas aliados avaliam que as negociações podem levar até 15 dias. O centrão pressiona o PT e partidos de esquerda a apoiarem a proposta, alegando que a redução de penas seria um “mal menor” diante da anistia ampla defendida por bolsonaristas.

Petistas resistem ao acordo e classificam qualquer medida de perdão como afronta à democracia.

Bastidores e futuro político

Segundo relatos, ministros do STF consideram constitucional a redução das penas, mas alertam que uma anistia ampla seria derrubada pela Corte. Nos bastidores, líderes do centrão avaliam que a medida também pode abrir espaço para um acordo político: garantir que Bolsonaro não vá para um presídio comum e, em troca, conquistar seu apoio à candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) em 2026.

Tarcísio já declarou que, caso eleito, seu primeiro ato seria conceder indulto ao ex-presidente.

Foto destacada: Lula Marques/Agência Brasil

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