Da REDAÇÃO
Áudios obtidos pela Polícia Federal revelam que o pastor Silas Malafaia não apenas aconselhava Jair Bolsonaro — ele dava ordens. As mensagens interceptadas mostram o ex-presidente acatando instruções políticas claras de Malafaia, que envolviam desde críticas ao próprio filho, Eduardo Bolsonaro, até ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF), passando pela tentativa de usar sanções internacionais como moeda de troca por anistia. Paralelamente, a PF localizou um rascunho de carta com pedido de asilo político para a Argentina, escrito e salvo no celular de Bolsonaro.
Malafaia chama Eduardo de “babaca” e dá lição em Bolsonaro
Em um dos áudios, Malafaia repreende Jair Bolsonaro por falas nacionalistas de Eduardo Bolsonaro, que classificou como prejudiciais:
“…vem teu filho babaca falar merda!… Dei-lhe um esporro, cara… mandei um áudio a ele de arrombar. E disse para ele: a próxima que tu fizer, eu faço um vídeo e te arrebento.”
A frase revela não só a influência direta sobre o ex-presidente, mas também o tom de autoridade com que o pastor se dirige à família Bolsonaro.
Pastor dita estratégia: anistia em troca do fim das tarifas
Malafaia orienta Bolsonaro a associar publicamente a imposição de tarifas dos EUA à necessidade de anistia política no Brasil. Em outro trecho, ele afirma:
“É só resolver a questão da anistia que isso acaba!… Tu vai ficar bonito, dando uma de bacana ainda.”
Em vez de atacar abertamente o STF, Malafaia aconselha um discurso moderado com apelo emocional:
“Você, como estadista, deve dizer: ‘Eu não quero ver ministros do STF nem suas famílias sendo retaliadas’.”
Orientações contra Alexandre de Moraes
Malafaia ainda orienta Bolsonaro a gravar vídeos mencionando censuras atribuídas ao ministro Alexandre de Moraes e a enviar o material para Donald Trump:
“Você tem que citar Alexandre Moraes… a gente transforma em ar, manda lá para o Donald Trump…”
Segundo a Polícia Federal, as mensagens revelam uma tentativa de internacionalizar a narrativa de perseguição, utilizando figuras como Trump para reforçar a pressão política.
A carta de asilo político à Argentina
No celular de Bolsonaro, a PF encontrou um arquivo digital de 33 páginas com um pedido de asilo político à Argentina, redigido em fevereiro de 2024, dois dias após a apreensão de seu passaporte.
O texto começa com uma citação bíblica e alega perseguição política e risco à integridade do ex-presidente. Um trecho diz:
“Sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos.”
O documento não foi assinado nem enviado oficialmente, mas havia sido salvo e editado no celular de Bolsonaro. A última modificação foi feita por Fernanda Bolsonaro, nora do ex-presidente.
O documento menciona a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, além de artigos do Código Penal brasileiro. Também apresenta argumentos jurídicos e políticos para justificar o pedido.
A carta inclui ainda trechos como:
“De início, devo dizer que sou, em meu país de origem, perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos. No âmbito de tal perseguição, recentemente, fui alvo de diversas medidas cautelares…”
A carta foi editada digitalmente em um arquivo do Word (.docx), sem data final ou assinatura. A PF identificou que a última edição foi realizada por Fernanda Bolsonaro, esposa de Flávio Bolsonaro.
Ascendência de Malafaia sobre Bolsonaro
As investigações indicam que Malafaia não atuava apenas como conselheiro religioso. Ele era articulador político, orientava gravações, determinava conteúdo de vídeos e coordenava ações com o objetivo de influenciar decisões judiciais e obter apoio político.
“Você não vai xingar STF, você não vai esculhambar Alexandre de Moraes, mas você pode se colocar sim (e deve)…”
Segundo relatório da PF, o pastor exercia controle sobre a estratégia de comunicação da família Bolsonaro, sugerindo até mesmo os horários e as falas a serem usadas nas redes sociais. Malafaia indicava como articular campanhas dissimuladas, que poderiam parecer espontâneas, e promovia narrativas para embasar ações em defesa do ex-presidente.
A PF classificou a atuação de Malafaia como sendo de “orientador estratégico” do grupo político, com papel direto na elaboração de falas, conteúdo de vídeos e até manobras para influenciar o Judiciário.
Link para ouvir os áudios
A íntegra dos áudios trocados entre Silas Malafaia e Jair Bolsonaro está disponível no perfil oficial da Polícia Federal: Ouça a íntegra dos áudios no Instagram do Ploc Social.
Foto da capa: Foto montagem feita por IA ChatGPT sobre foto de Gabriel Silva/Estadão Conteúdo
Tagas: Malafaia Bolsonaro, áudios Malafaia, carta asilo Argentina, STF Alexandre Moraes, anistia política, golpe Bolsonaro, influência Malafaia, censura STF, asilo Milei, investigação PF
Uma resposta
Malacheia ou malapesada ou malaotario, são os nomes desse verme diabólico.