Da REDAÇÃO*
Hospitais relatam aumento de óbitos, enquanto médicos e famílias enfrentam escassez extrema de alimentos
A fome severa se espalha pelo enclave palestino de Gaza, já devastado pela guerra, segundo reportagem publicada pelo The New York Times em 24 de julho de 2025. A reportagem é assinada por Rawan Sheikh Ahmad (de Haifa), Isabel Kershner (de Jerusalém), Abu Bakr Bashir (de Londres) e com imagens registradas por Saher Alghorra em Gaza.
O relato traz histórias como a do jovem Atef Abu Khater, de 17 anos, internado em estado grave por desnutrição. “Perdemos nossa renda na guerra. A comida está inacessível. Não há nada”, afirmou seu pai. Hospitais, como o Nasser e o Al-Shifa, relatam um aumento acentuado de casos fatais, sobretudo entre crianças.
O Dr. Ahmed al-Farra, chefe da ala pediátrica do Hospital Nasser, afirmou que ele próprio também passa fome. “Estou falando com vocês como autoridade de saúde, mas também estou em busca de farinha para alimentar minha família”, disse. Ele relatou um aumento recente no número de crianças morrendo por desnutrição, como o caso de Siwar Barbaq, de 11 meses, que pesa menos de 4 quilos, menos da metade do peso esperado para sua idade.
ONU alerta para colapso alimentar em Gaza
Segundo o Programa Mundial de Alimentos da ONU, um terço da população de Gaza passou vários dias sem comer. A crise, dizem os especialistas, já atingiu “novos e surpreendentes níveis de desespero”.
Yahia al-Najjar, um bebê de quatro meses, morreu no Hospital Americano em Khan Younis por desnutrição severa. Segundo sua tia, a mãe da criança não conseguia produzir leite suficiente devido à própria fome, e a família não tinha acesso à fórmula infantil.
Cenas de pessoas exaustas demais para caminhar são cada vez mais comuns. Profissionais de saúde relatam que trabalham com o estômago vazio. Mohammad Saqr, chefe de enfermagem do Complexo Médico Nasser, contou que, apenas em uma tarde, 25 mulheres e 10 crianças pediram glicose intravenosa, um alívio temporário para a fome. “Alguns chegam tremendo de fome”, disse. A equipe médica está exausta e comendo quantidades mínimas.
Acusações múltiplas e solução distante
Desde o fim do cessar-fogo em março de 2025, Israel reforçou o bloqueio ao enclave. Durante cerca de 80 dias, impediu completamente a entrada de mercadorias. O governo israelense afirma que comida suficiente está chegando e culpa o Hamas e organizações humanitárias por má gestão e desvios.
Do outro lado, agências da ONU e grupos independentes afirmam que Israel restringe a entrada de suprimentos e não oferece rotas seguras para os comboios. A maioria dos confrontos com vítimas ocorreu próximo aos pontos de distribuição administrados por contratados privados sob a Fundação Humanitária de Gaza, uma iniciativa apoiada por Israel.
Enquanto isso, as negociações para um novo cessar-fogo seguem estagnadas. A fome, alertam os especialistas, terá efeitos de longo prazo. “A desnutrição infantil afeta o crescimento, a cognição e o desenvolvimento emocional”, explica o Dr. Abu Salmiya, diretor do Hospital Al-Shifa.
*Com informações do The New York Times. Clique no link para acessar a matéria completa.
Foto da capa: Ahmed Jihad Ibrahim Al-arini/Anadolu via Getty Images
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