Crítica do álbum “Namorados”, por Jorge Amado. Confira as imagens de Zoravia Bettiol

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Em 1969, Zoravia Bettiol lançava o álbum “Namorados”. Na época, a multiartista despontava como talento da arte da gravura no Brasil. Com isso, seu amigo, o escritor Jorge Amado, lhe enviou uma crítica sobre o que achou da coleção.

Confira na íntegra o texto de Jorge Amado, cedido gentilmente à RED por Zoravia. E mais abaixo, é possível acessar uma apresentação com as obras e seus detalhes técnicos.

Álbum Namorados, por Jorge Amado
Álbum tão belo, poucos se fizeram até hoje no Brasil, assim com tanta unidade e de tão alta qualidade, pois estamos ante uma gravadora que é mestre de seu ofício: Zoravia Bettiol. Gravura onde a beleza nasce do ofício e da poesia, da mão e do coração, da inteligência e do amor. Se a técnica é primorosa, ela não limita, no entanto, o sentimento, não leva a um preciosismo de forma, a uma dissolução de emoções. Ao contrário, no trabalho dessa moça gaúcha forte como um peão a delicada como uma provinciana, faladora e tímida, em seu trabalho o domínio da técnica é instrumento para criar e aprofundar sua visão lírica da vida, seu mundo mágico de infância surpreendente.
Os Namorados de Zoravia são seus filhos e são crianças do sul brasileiro e do céu do Rio Grande são essas cores e essa beleza de meninos e o mundo vegetal sempre presente. Quero dizer que há uma qualidade brasileira nessa gravadora cuja consciência de trabalho e certos rastros nos dão por vezes a sensação de ter sido formada na ordem e na responsabilidade da Europa. Não esqueçamos também a marca europeia do próprio Rio Grande do Sul, país de imigrantes, de gente rosada e alta. Apesar dessa marca, o que predomina no pampa, nas cidade gaúchas e na sua gente é o Brasil que é só e definitivo em sua democracia racial. Nosso sangue não é nem ariano, nem latino, nem grego e sim mescla de todos os sangues, felizmente.
Mundo de ingenuidade, de magia, de conto de fadas, e ao mesmo tempo sábio do conhecimento da vida vivida, esse da arte de Zoravia onde, se as crianças são os heróis, sua lição de paz e amor é válida para toda a humanidade, para cada um de nós. Como ninguém, Zoravia capta e transmite a atmosfera desse universo infantil onde o maravilhoso é o quotidiano e onde o insólito é o terra-a-terra. Suas gravuras nos libertam de um tempo e de um espaço imediatos e nos dão uma liberdade vital, somos de hoje e de ontem, partimos no amanhã com os meninos. Poder da arte, da criação: quando olhamos essas gravuras somos melhores, mais puros, mais capazes de compreender e estimar.
Hoje a gravura brasileira tem uma presença universal, uma afirmação de qualidade e originalidade. Os nomes são muitos diversos em suas tendências e em seu modo de ver a vida. Entre os primeiros nomes da nova geração de gravadores se situa , a meu ver, o de Zoravia Bettiol, tão pessoal ao ponto de nela não se sentir sequer a influência de seu marido Vasco Prado, mestre ele da geração precedente, abridor de caminhos.
Lá está Zoravia no banco do Parque Farroupilha com seus meninos, “Casaram e Foram Felizes a Vida Inteira”: sua mensagem é de amor, cada gravura sua é um ato de amor.
1969

Neste link é possível conferir as obras com seus detalhes técnicos.

A multiartista disponibilizou itens do ser acervo para venda. Os meios de contato para maiores detalhes e negociação são: email galeria@zoraviabettiol.com.br,  WhatsApp 51 99351-8143 e telefone fixo 51 3354-2456.

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