O poder do dinheiro, da ignorância e da crueldade

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Por NUBIA SILVEIRA*

Numa de suas colunas em O Globo, José Eduardo Agualusa afirmou que Donald Trump nasceu de alma torta. Portanto, ele acredita que o presidente norte-americano tem alma. Só que ela não funciona bem. Ao contrário do escritor angolano, creio que Trump, Benjamim Netanyahu, Nayib Bukele, Bolsonaro e sua prole, entre tantos outros, são exemplos de seres humanos desprovidos de alma. Não têm caráter, sentimentos (bons) nem consciência. São incapazes de discernir entre o certo e o errado. Para eles, o que interessa é ter vassalos, que não os contestem. Ao contrário, que assediem, humilhem, ataquem, destruam o outro, seja ele quem for, para que obtenham mais e mais vantagens políticas e econômicas.

Vale ressaltar que o líder desta manada truculenta é o norte-americano. Rodeado de assessores tão ricos e autoritários quanto ele, pisoteia a democracia do seu e de outros países, desrespeita os direitos humanos e promove a desinformação. Com a desculpa de tornar a América, palavra usada como sinônimo de Estados Unidos, novamente grande. Meta que planeja cumprir à custa de nações, historicamente, parceiras dos norte-americanos. Os exemplos da destruição, causada por estes homens, com bolsos cheios de dinheiro próprio ou alheio, sem instrução, cultura histórica e piedade são de conhecimento de todos nós. Vejamos:

1.Netanyahu transformou a resposta ao ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, numa vingança pessoal e desproporcional, que o ajuda a se manter no poder e a fugir da Justiça. Ninguém nega a atrocidade, sem precedentes, sofrida pelos israelenses: o Hamas matou, num só dia, 1.200 pessoas e fez reféns outras 251. A resposta de Israel, no entanto, prevê a extinção dos palestinos, tanto em Gaza quanto na Cisjordânia, onde colonos israelenses invadem comunidades palestinas, matam os que resistem à destruição de casas e escolas, expulsam famílias de seus lares e transformam a terra “conquistada” em novos assentamentos de colonos judeus. E, assim, com esta brutalidade, o país aumenta seu território.

Em 21 meses de guerra declarada aos palestinos da Faixa de Gaza – não apenas ao Hamas, mas a toda população –, Israel deixa claro o seu objetivo de exterminar os inimigos. As forças israelenses mataram, até agora, mais de 60 mil gazenses, a maioria mulheres e crianças, e feriram 146.269. Neste momento, a principal arma de Israel é a fome e a sede. O mundo vê, aterrorizado, fotos de crianças tão famélicas quanto àquelas encontradas nos campos de concentração nazistas: elas são pele e osso. A estatística da subnutrição é assustadora: 1,9 milhão de moradores da Faixa de Gaza vivem em situação de crise alimentar. A desnutrição aguda atinge em torno de 100 mil mulheres e crianças.

Em apenas um dia, seis palestinos, sendo duas crianças, morreram em decorrência da fome. Na segunda-feira, 28, o número de mortes por subnutrição aumentou para 14. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, dos 74 óbitos, causados pela desnutrição, este ano, 63 ocorreram em julho. Entre eles, 24 crianças menores de cinco anos, uma com mais de cinco anos e 38 adultos. De outubro de 2023 a julho de 2025, faleceram por fome extrema 127 pessoas, incluindo 85 crianças. Para completar o horror, Gaza conta com o maior número de crianças amputadas per capita do mundo.

Este cenário macabro se deve não apenas aos bombardeios e à ação das forças terrestres, mas também à proibição total, anunciada em março, da entrada no enclave de ajuda humanitária. Sem ela, era evidente que os palestinos acabariam morrendo de fome. Em maio, foi permitida a entrega controlada de alimentos pela Fundação Humanitária de Gaza, criada e aprovada por israelenses e norte-americanos. Os pontos definidos para a distribuição de comida foram atacados mais de uma vez, provocando mortes entre os que acreditaram serem estes locais, criados pelo próprio governo de Israel, protegidos de ataques mortíferos. No início de julho mais de 170 organizações não governamentais exigiram a saída da Fundação oficial, devido à morte, causada pelas armas israelenses, desde o final de maio, de 500 pessoas nos centros de ajuda humanitária e nas rotas de transporte, sob a segurança (?) de forças de Israel.

Após a pressão de países como França e o Reino Unido, que anunciaram apoio à criação de um Estado Palestino, Canadá, Alemanha e Austrália, Israel anunciou, no domingo, 27, a interrupção, por 10 horas diárias, das ações militares na Faixa de Gaza, para a entrada de comboios com alimentos, água, remédios, combustíveis. Até quando a ONU e ONGs poderão ajudar os palestinos a superarem a fome e as doenças? Ninguém sabe. Segundo as autoridades israelenses, “até segunda ordem”. Funcionários da ONU calculam que a pausa humanitária durará, no máximo, uma semana. E reclamam que ainda há entraves burocráticos, dificultando a entrada no enclave de ajuda humanitária. O que tem chegado não é suficiente para dirimir a fome. É bom lembrar que o governo de Netanyahu já rompeu unilateralmente tréguas acordadas com os palestinos.

Na segunda, 28, duas ONGs israelenses, reconhecidas pela defesa dos direitos humanos, a B”Tselem e a Médicos pelos Direitos Humanos, afirmaram que o país comete genocídio em Gaza, como já disse a Anistia Internacional. Seus relatórios sustentam que Israel ataca civis, simplesmente por pertencerem a um grupo, o dos palestinos. Priva os gazenses de assistência médica, educação e outros direitos básicos. Restringe a entrada de alimentos no enclave. E força o deslocamento de quase dois milhões de pessoas, repetindo o ocorrido em 1948, quando da criação do Estado de Israel. Naquele ano, foram expulsos cerca de 800 mil palestinos, moradores de 400 a 500 vilas. O êxodo forçado é conhecido por Nakba, que em árabe significa catástrofe ou desastre.

Ao protesto das duas organizações não governamentais de Israel, seguiu-se a declaração emitida por 30 personalidades israelenses, lideradas pelo jornalista Yuval Abraham, codiretor de Sem Chão (No Other Land), premiado com o Oscar 2025, de melhor documentário. O documento exige que a comunidade internacional aplique “sanções drásticas” a Israel até que o governo Netanyahu termine com a “brutal” campanha militar contra os palestinos. “Nosso país – afirma a declaração – está matando de fome a população de Gaza e expulsando milhões de palestinos do enclave.”

A maior surpresa desta segunda foi a declaração de Trump, sócio de Netanyahu na destruição palestina. O norte-americano afirmou que há fome em Gaza. Alertou, no entanto, que fazia a declaração “com base no que vi na televisão. Aquelas crianças parecem muito famintas. Isto é fome de verdade. Não se consegue falsificar isto”. Israel, no entanto, segue negando as acusações de que está usando a fome como arma de guerra.

Além da evidência do genocídio que Israel vem impondo aos palestinos, o país alardeia seu desejo de tomar posse da Faixa de Gaza. Para isso vem patrolando os escombros deixados pelos bombardeios, que atingiram, indiscriminadamente, casas, edifícios, escolas, hospitais, abrigos, prédios da ONU. As forças terrestres preparam o terreno para que ali seja construída, como propôs Trump (e aceitou Netenyahu), uma nova Riviera. Sem quaisquer escrúpulos, o presidente norte-americano publicou numa rede social o vídeo, feito por IA, mostrando como seria a nova Faixa de Gaza, um negócio que lhe renderia mais alguns milhares – ou milhões? – de dólares.

Mortes & lucros

A relação entre negócios e genocídio – por que não usar a palavra holocausto até hoje destinada a definir apenas a dor dos judeus, vítimas de genocídio durante a segunda guerra mundial? – é mostrada no relatório, de 27 páginas, intitulado Da Economia de Ocupação para a Economia de Genocídio. O trabalho é assinado pela jurista italiana Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, desde 2022.

Albanese cita mais de 60 empresas que lucram com o extermínio dos palestinos. Entre elas estão desde indústrias armamentistas a empresas de tecnologia. Segundo o relatório, as armas produzidas pela Lockheed Martin foram usadas em Gaza. Entre as empresas que fornecem maquinário pesado, utilizado por Israel na destruição de propriedades tanto em Gaza quanto na Cisjordânia, estão a Caterpillar Inc. e a HD Hyundai.

Na área de tecnologia, aparecem Alphabet, Amazon, Microsoft, IBM e Palantir Technologies. Estas empresas seriam responsáveis pelo “aparato de vigilância de Israel e a destruição em curso em Gaza”. Controladora do Google, a Alphabet defende o contrato de serviços na nuvem assinado com o governo israelense, no valor de 1,2 bilhão de dólares. Segundo a empresa, o negócio não inclui operações militares ou de inteligência. Já a Palantir, de acordo com o relatório da ONU, fornece às Forças Armadas de Israel ferramentas de IA. O texto não diz como a Inteligência Artificial é usada pelos militares.

Em entrevista ao jornalista e professor Chris Hedges, publicada no site Outras Palavras, Albanese relata sua indignação ao ouvir o que dizem Estados-membros da ONU, quando propõe medidas contra Israel. “Eles dizem: “Ah, mas você realmente espera que boicotemos Israel?”. Ela complementa:

– A um Estado não cabe boicotar, mas tem a obrigação de não ajudar, não cooperar, não comercializar com Israel, não enviar armas, não comprar armas, não fornecer tecnologia militar, não adquirir tecnologia militar. Isso não é um ato de caridade: é sua obrigação. Há uma grande indiferença dos Estados-membros, mesmo os que parecem ter mais princípios, com a violação completa da lei internacional E a única coisa que vem à mente deles é: “Você acha que vamos realmente isolar Israel?” Sim, sim, o fato de que eles estão realmente relutantes mostra o quão longe estamos da solução da questão.

2.O jornal espanhol El País, em sua edição de sábado, 26, e O Estado de S. Paulo, na de segunda, 28, publicaram a história de terror vivida por 252 venezuelanos deportados dos Estados Unidos. Eles entraram algemados no avião que, segundo as autoridades norte-americanas, os levaria para Caracas. Mentira da administração Trump. Pousaram em El Salvador e foram levados para o Cecot – Centro de Confinamento do Terrorismo, a megaprisão inaugurada há dois anos, em Tecoluca, pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele. A prisão de segurança máxima, com capacidade para 40 mil presos (apesar disto, até 100 detentos são colocados numa mesma cela), se destina ao confinamento perpétuo de membros de gangues do país. Agora, serve também para torturar imigrantes deportados com violência pelo governo norte-americano.

Por seis milhões de dólares, Bukele aceitou, numa negociação secreta, receber, pelo período de um ano, imigrantes expulsos por Trump, sob a acusação de serem supostamente terroristas e criminosos comuns. O pintor Julio González Jr, de 36 anos, conta que o grupo foi forçado a entrar no ônibus que os levou ao Cecot. Ali foram recepcionados por um funcionário encapuzado que lhes dizia: “Bem-vindos a El Salvador, seus filhos da puta”. Os venezuelanos permaneceram na prisão de Bukele por quatro meses, sem direito à defesa, contato com advogados e familiares. Nesse período de encarceramento, foram espancados, chutados e insultados. Dormiram em camas de ferro. Os torturadores salvadorenhos divulgaram vídeos em que os venezuelanos eram mantidos agachados, o que aconteceu em grande parte do tempo em que estiveram no Cecot.

Num dos piores dias que passou na prisão, Angel Bolívar Cruz, de 26 anos, foi levado, ajoelhado e algemado, para o lugar conhecido por poço, buraco ou ilha, onde pisaram em suas mãos, lhe deram pontapés no peito, bateram em suas costas com uma mangueira e o deixaram no escuro. As marcas que restaram em seu corpo são testemunhas do inferno em que viveu. Angel foi levado ao poço por duas vezes. Razões para as torturas: pedir para banhar-se e participar do protesto do grupo, que exigia ser melhor tratado.

Ysqueibel Peñaloza Chirinos, de 25 anos, narra:“Ficamos encerrados as 24 horas do dia. A única maneira de passar o tempo era de conversarmos entre nós. Mas por conversarmos, falar um pouco mais alto ou demorar em devolver a xícara em que comíamos, éramos castigados e nos batiam”. Darwin Hernández Carache, 30 anos, diz ter pensado que jamais voltaria a ver sua família.

O jornal Washington Post descobriu que muitos dos presos em El Salvador cumpriam as regras de imigração dos EUA. Pelo menos dois deles haviam sido aprovados pelo Departamento de Estado para viver nos EUA como refugiados. E quatro tinham proteções contra deportação. A investigação do jornal comprova que Trump pisa na Constituição americana e desconhece as ordens da Justiça. Ele e Bukele estão unidos no combate aos direitos humanos. O outro, aquele que não está do seu lado, não tem qualquer valor. Nem direito de ter sua vida respeitada.

Os venezuelanos foram liberados e seguiram para sua terra natal depois que Washington e Caracas chegaram a um acordo: a troca dos deportados pelos Estados Unidos por dez norte-americanos, presos na Venezuela.

3.O líder mundial da maldade antecipou em dois dias a confirmação do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Ao citar Bolsonaro e Paulo Figueiredo anunciou sanções ao ministro Alexandre de Moraes, a sobretaxa às exportações brasileiras foi amenizada. Cerca de 700 produtos, que representam 43% do que é vendido aos norte-americanos, ficaram fora da lista. Outros foram tarifados em 10%. Pescado, frutas, carnes e café, 50%. As novas taxas começarão a ser cobrados a partir de 6 de agosto.

Com as sanções a Alexandre de Moraes, Trump pretende interferir no Judiciário, para que seu comparsa Jair Bolsonaro não seja punido, nem preso, pelos seus crimes contra a democracia. O presidente Lula reagiu: “É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira”. A pretensão do presidente dos EUA já vinha sendo anunciada há algum tempo e comemorada pelo filho Zero Três do capitão. Eduardo Bolsonaro gravou vídeos se vangloriando de ter atingido o seu propósito junto ao governo Trump: punir os brasileiros em troca da liberdade do pai e de medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo processo que investiga a tentativa de golpe, liderada pelo ex-presidente, em 8 de janeiro de 2023. Jair Bolsonaro fez o que era esperado dele: repetiu aqui o que o norte-americano fez em 6 de janeiro de 2021, quando incentivou seus eleitores a invadirem o Capitólio, sede do Congresso, em Washington, para evitar a confirmação de Joe Biden como o novo presidente dos Estados Unidos. Ambos – Trump e Bolsonaro – basearam seus atos golpistas numa mentira, a de que as eleições haviam sido fraudadas.

Indignados, os brasileiros se uniram contra as chantagens de Trump. A imprensa rechaçou o seu propalado desejo de intrometer-se na política brasileira. Ao pedirem e aplaudirem a ingerência dos Estados Unidos nos nossos assuntos, o deputado Eduardo Bolsonaro, licenciado da Câmara Federal, e seu cúmplice Paulo Figueiredo, não negam suas hediondas ascendências. O pai do deputado, por exemplo, nunca se mostrou solidário com os pacientes de Covid, nem se desculpou pelos 700 mil mortos, vítimas da falta de vacina, de oxigênio e tratamento correto. Divertiu-se imitando os que sofriam de falta de ar. Na família do economista e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, o nome jamais esquecido pela nação é o do seu avô: João Figueiredo, o quinto e último presidente da ditadura militar (1979-1985).

À medida que os dias passavam, após o anúncio do tarifaço, agora, confirmado, a direita bolsonarista e a extrema-direita começaram a trabalhar intensamente para jogar no colo do presidente Lula a culpa pela decisão de Trump. Os editorais – opinião da empresa – e alguns colunistas esqueceram de reforçar que o Zero Três agia contra os interesses de seu país, algo que ele mesmo não se cansou de confirmar em vídeos, publicados nas suas redes sociais. Nesta quarta-feira, 30, porém, o conservador O Estado de S. Paulo levantou a voz: pediu a cassação do deputado. “Por atuar deliberadamente para prejudicar o Brasil, em nome dos interesses particulares de sua família, Eduardo Bolsonaro precisa ter cassado seu mandato de deputado federal. Trata-se da única reação cabível por parte de uma democracia digna do nome”, incitou o jornal. O Estadão lembrou ainda que “nesta semana, o deputado admitiu na caradura que está sabotando o esforço da comitiva de senadores brasileiros que viajou aos Estados Unidos para tentar abrir algum canal de diálogo com o Congresso e o governo americanos a fim de evitar as tarifas impostas por Trump”.

No mesmo dia em que o Estadão abriu fogo contra o filho traidor do capitão, ele voltou a comemorar as chantagens de Trump, que oficializou as novas tarifas sobre os produtos brasileiros. Agora, a justificativa do rei do mundo é de que o governo brasileiro representa uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos. O que Trump, realmente, deseja? Atacar o Brics, presidido pelo Brasil? Acabar com o PIX brasileiro? Apossar-se das terras-raras do Brasil? Recolocar no Palácio do Planalto Jair Bolsonaro que, durante o Fórum Econômico Mundial, de 2019, em Davos, ofereceu a Al Gore, ex-vice-presidente americano e Prêmio Nobel da Paz, as riquezas do subsolo brasileiro? “Temos muitas riquezas e gostariamuito de explorá-las junto com os Estados Unidos”, disse o então recém-empossado presidente do Brasil. Al Gore preferiu não responder e afastar-se do interlocutor. A oferta está eternizada num filme feito pelo documentarista alemão Marcus Vetter.

Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, traidores da pátria, também comemoraram, na quarta-feira, a aplicação de novas sanções ao ministro Alexandre de Moraes, alvo da Lei Magnitsky, que prevê o bloqueio de bens – contas bancárias, investimentos financeiros e imóveis – que o ministro, por ventura, tenha nos Estados Unidos. Podem ser bloqueados também cartões de crédito de bandeiras norte-americanas, ativos dolarizados, acessos a serviços como Gmail, Google Drive, Youtube e Google Pay.

Neste momento, é certo que os opositores de Lula comemoraram o poder maligno de Trump e o “acerto” da sabujice dos Bolsonaro e de Figueiredo, que querem transformar o Brasil numa colônia norte-americana. Imagino-os gritando que, agora, só resta a Lula baixar a cabeça e aceitar todas as imposições de Trump. Acho, ao contrário. Para o nosso bem, Lula deve manter a cabeça erguida. Esperar a fervura baixar. Quem pensa diferente, provavelmente, me acusará de esquerdinha, comunista, petista, termos usados como sendo ofensas dirigidas aos que defendem a soberania nacional e a democracia.

Para afirmar o que afirmo, me baseio no texto de Joseph Eugene Stiglitz, publicado no Valor Econômico, de terça-feira, 29. Prêmio Nobel de Economia, em 2002, e professor na Universidade de Columbia, Stiglitz acusa Trump de ignorar a Constituição de seu país, que “atribui exclusivamente ao Congresso o poder de impor tributos (e tarifas não são nada mais do que uma forma particular de imposto sobre bens e serviços importados)”. Segundo ele, “o Congresso dos EUA jamais aprovou tarifas como instrumento para forçar países a obedecer a ordens políticas de um presidente, e Trump não conseguiu citar nenhuma lei que lhe desse sequer uma mínima fachada para suas ações inconstitucionais”.

O Nobel de Economia afirma que “Lula está defendendo a soberania de seu país, não apenas no domínio do comércio exterior, mas também ao regular as plataformas tecnológicas controladas pelos EUA. Os oligarcas da tecnologia americana usam seu dinheiro e influência mundial para tentar forçar países a dar-lhes rédea livre em busca de lucros, o que inevitavelmente causa enormes danos, inclusive ao servir como canal de desinformação, seja intencional ou não intencional”.

Stiglitz conclui: “Devemos ter a esperança de que outros líderes, de países grandes e pequenos, demonstrem bravura semelhante diante da intimidação do país mais poderoso do mundo. Trump minou a democracia e o Estado de Direito nos EUA – talvez de forma irreversível. Não se pode permitir que faça o mesmo em outros lugares”.

Não se pode permitir que traidores do Brasil sigam agindo livremente, acobertados pelo poder de milionários, ignorantes e cruéis. Devemos resistir aos traidores e seus mandantes..


*Nubia Silveira é jornalista

Foto de capa: IA

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Respostas de 2

  1. Concordo contigo, Trump, Bolsonaro, Netanyahu e outros são corpos secos, sem almas. Se percebe em suas ações pelo mundo.

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