O papel essencial da sala de aula na próxima década

translate

arzh-CNenfrdeitjaptruesyi
arquivo_escola

Por EDELBERTO BEHS*

Se existe um lugar onde podemos intervir de forma a render dividendos para a sociedade, esse lugar é a sala de aula”, escreve o historiador holandês Rutger Bregman em “Utopia para Realistas”. “Se existe um lugar onde a busca por um mundo melhor deve começar, esse lugar é a sala de aula”, enfatiza.

Qual o educador, hoje, que tem uma proposta convincente diante dos avanços da tecnologia? “Não sabemos as consequências da IA no campo da educação, da psicologia”, admite outro historiador, Yuval Noah Harari, em entrevista para o jornalista português Pedro Pinto. A IA é diferente de todas as tecnologias anteriores “porque ela pode tomar decisões e pode criar conteúdos sozinha. Nunca lidamos com esse tipo de tecnologia”, destaca.

Por isso, afirmou Harari, “não temos ideia do que poderá vir a ser daqui a 10, 20 anos”. Mais incisivo, Bregman questiona os profetas educacionais do futuro que apontam “criatividade”, “poder de adaptação” e “flexibilidade” como os atributos essenciais para o século XXI. Ele entende que educadores fazem as perguntas erradas.

“O foco, invariavelmente, é nas consequências e não nos valores”, não em ideais, mas na “capacidade de resolver problemas”, dispara. “Quase sempre tudo gira em torno da seguinte questão: que tipo de conhecimentos e habilidades os estudantes de hoje precisam ter para serem contratados no mercado de trabalho em 2030?”, A pergunta deveria versar: “Que conhecimentos e habilidades queremos que os estudantes de hoje tenham em 2030?”

Assim, afirma Bregman, “estaríamos nos concentrando em guiar e criar”, além de ponderar “como queremos ganhar o nosso sustento” no futuro próximo.

Quando a humanidade sequer tem noção de quais profissões a IA extinguirá, quais permanecerão e quais novas serão criadas, a alternativa que ela tem para encarar esse seu grande concorrente de mercado criado por humanos será a cooperação, aponta Harari.

Será um desafio enorme para os que estão no comando das ações mundiais alcançar esse estágio. Se analisado pela perspectiva atual, será inalcançável, haja vista o que ocorre na Ucrânia. E certamente chineses, russos, estadunidenses, cada qual vai querer ter o robô mais potente, mais inteligente, mais interventor do que o seu concorrente.

O que precisamos para sobreviver? – perguntou o entrevistador a Harari. “A capacidade de mudar”. “Temos que reconstruir a nossa mente para sermos mais flexíveis, e isso é coisa que indivíduos não conseguem fazer sozinhos”, respondeu o historiador israelense. Parece que nem mesmo o perigo de uma guerra nuclear consegue “mudar” a mente dos comandantes, para que sejam mais flexíveis. Terão que recorrer a uma IA para mudar, salvar a casa comum?

A questão é lançada às universidades: como e o que vão oferecer a seus futuros estudantes? Numa sociedade que tende ao ócio, com postos de trabalho cada vez mais dominados por robôs superiores à habilidade e inteligência humanas, o que restará fazer? Quem sabe a previsão do escritor e inventor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) se concretizará: “O objetivo do futuro é o desemprego total para que possamos brincar”.

Voltemos aos escorregadores e balanços nas praças públicas!


*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).

Foto de capa:   Arquivo/ Agência Brasil

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia..

Gostou do texto? Tem críticas, correções ou complementações a fazer? Quer elogiar?

Deixe aqui o seu comentário.

Os comentários não representam a opinião da RED. A responsabilidade é do comentador.

Respostas de 2

  1. Voltaremosaos balancos e escorregadores das pracas publicas Amei essa utopia mas que estamos a caminho de tal proeza E necessário perdermos o medo e nao questionar um futuro que nao existe É como nos aventurarmos num mundo fora de nossos quintais com prudencia mas sem medo e enfrentarmos aventuras surpreendentes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress