O hálito da peste

Por ANGELO CAVALCANTE*

Brincava com meu filho no quintal de casa e de repente, senti um ranço no ar; era como se fora uma fina mistura ácida com, digamos assim, odores putrefatos. Mais… era como se estivesse sob minhas narinas a catinga, o degradante e o repulsivo de carne estragada.

Bom… O ar que se respira em Itumbiara sempre é problema, sobretudo, se considerarmos os vultosos derrames dos agro-venenos nas extensas lavouras de soja, cana ou sorgo e praticadas nessa baixada.

Pois bem, fui às lidas do trabalho e ao acessar notícias e informes do dia fui avisado da vinda do deputado federal da ultra-direita, Gustavo Gayer, em Itumbiara.

Aí comecei a entender do odor! Traduzi das razões do miasma!

O apodrecido e que flutuava no areado de Itumbiara era o prenúncio, o infortúnio e o mau agouro da vinda desse indivíduo nessa cidade.

Ora, Gayer, dentre os piores parlamentares de uma já decadente e arruinada Câmara dos Deputados, é o pior!

Esse sujeito, é improdutivo, preguiçoso, raivoso, mentiroso e, óbvio, assume sem disfarce ou cerimônia as teses do nazismo ou neonazismo.

Nas redes sociais ataca populações negras, insulta os povos de África, desconsidera fenômenos históricos e decisivos como a colonização, a escravização e o genocídio de povos inteiros.

Sem qualquer letramento sobre aspectos e determinações históricas acerca do desenvolvimento/subdesenvolvimento, opina com o fígado, sugere com o intestino grosso e avalia temas centrais e estratégicos apartir do próprio colo e de sua respectiva região retal.

É uma sandice descontrolada e sem qualquer possibilidade de aproveitamento.

Golpista nato e inveterado, é desses que faz coro para despautérios clássicos e correntes ao estilo: “as urnas eletrônicas são fraudadas”; “o motim de 08/01 foi coisa da esquerda” ou; “Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes”.

E temos que aturar!

Já é velho e muito bem anunciado, mas vale repetir: o sistema eleitoral brasileiro é o mais ágil, confiável e seguro do planeta; o modelo técnico e administrativo de nossos pleitos é imensamente melhor do que a proposta inglesa, alemã, francesa ou americana. Ao contrário, nós transferimos, garantimos consultoria dessa tecnologia para esses países.

Sobre a intentona fascista e golpista do “08 de janeiro”, a Polícia Federal do Brasil, aliás, das maiores e mais bem preparadas polícias do mundo, repassou uma galáxia de provas contra criminosos de alto coturno do Exército Brasileiro ao STF; do mesmo modo, são fartas e incontestes as provas contra o núcleo UM, o núcleo central e diretivo, gerido por Bolsonaro e que, claro, concebeu e ativou o que seria, de fato, um golpe de Estado contra a vida nacional.

A outra gagueira de Gayer é sobre o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

É preciso ter claro que, em que pese a gritaria política e militante da extrema direita, essa gente nunca e jamais fora capaz de apresentar, de apontar efetivas falhas processuais contra os encaminhamentos e decisões de Moraes.

Bolsonaro e seu bando, reparem bem, puderam se defender das mais distintas formas; seus advogados tiveram pleno e completo acesso ao calendário desse processo; acessaram, do mesmo modo, os autos dessa peleja; tiveram tempo respeitoso e satisfatório para constituir estratégias de defesa, jamais foram impedidos de estar com os reus e, sobretudo, foram partes presentes e aderentes em todo o transcurso dos processos.

Essa demora e que, não raro, nos impacienta, é o tempo da justiça, é o tempo da civilização, dos direitos humanos e da garantia da efetiva realização do contraditório visando o impeditivo do mal maior da injustiça.

É o que estamos a ver e a viver!

Gayer, um marginal de gravatas, diferentemente do que se possa pensar, atenta contra direitos constitucionais adquiridos e arrancados da pedra, do fogo e do ferro que flameja.

É uma vergonha sob qualquer lado, dimensão ou aspecto!

É um corpo sem cabeça, é um zumbi moderno e que se ergue contra qualquer valor moderno, humano, libertário e civilizador.

Por fim, o PT, a esquerda local e a cidadania de Itumbiara tem o dever e a obrigação de registrar repulsa e indignação pela infame e decadente presença desse nazista nesse chão de pobres e trabalhadores.

Sem esquecer… A palavra escrita muda o mundo e fascistas são – sempre são! – inimigos da humanidade.

*Angelo Cavalcante é economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.

Foto de capa: Reprodução