(Série “A Guerra às Drogas: o preço da proibição” — Artigo 5 de 5)
Da REDAÇÃO – texto produzido com o auxílio da IA ChatGPT
A guerra às drogas não é apenas um desastre social e humanitário — é também um abismo fiscal e econômico.
O proibicionismo custa caro, não arrecada nada e perpetua desigualdades.
Enquanto o Estado gasta bilhões em repressão e prisões, o mercado clandestino movimenta somas colossais, sem pagar um centavo em impostos.
A legalização e a regulação, defendidas por especialistas em saúde pública, economia e direitos humanos, propõem inverter essa equação: substituir o custo pelo investimento e o medo pela racionalidade.
O tamanho do mercado ilegal
Segundo a UNODC e o Banco Mundial, o mercado global de drogas ilícitas movimenta entre US$ 320 e 500 bilhões por ano — o equivalente a 1% do PIB mundial.
No Brasil, estimativas do Instituto Igarapé e do IPEA apontam que a economia das drogas ilícitas poderia movimentar entre R$ 15 e 20 bilhões anuais se formalizada e tributada.
Esses valores hoje alimentam organizações criminosas, lavagem de dinheiro e corrupção institucional.
Cada real gasto na repressão fortalece a economia paralela, que se adapta rapidamente às mudanças legais e tecnológicas — das rotas de cocaína à dark web.
A economia da proibição
A manutenção do modelo proibicionista sustenta um verdadeiro complexo industrial da repressão:
- Sistemas penitenciários lotados e custosos;
- Aparelhos policiais e judiciais em expansão contínua;
- Contratos privados de segurança, vigilância e tecnologia;
- Empresas que constroem e operam presídios;
- Indústrias bélicas e de equipamentos de controle social.
No Brasil, o sistema prisional custa mais de R$ 20 bilhões por ano.
Cada preso representa um gasto médio mensal de R$ 2 a R$ 3 mil — a maior parte deles encarcerados por delitos não violentos relacionados a drogas.
Esse dinheiro poderia financiar escolas, hospitais e programas de prevenção.
O sistema é um negócio estável: quanto mais prisões, maior o orçamento.
E o crime, paradoxalmente, se alimenta da própria guerra que deveria combatê-lo.
A desigualdade racial e social do encarceramento
Os números são cristalinos.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024), 67% da população carcerária brasileira é negra, e 32% está presa por crimes de drogas.
Mais da metade tem menos de 30 anos e não possuía antecedentes criminais.
A proibição, portanto, não é neutra: ela escolhe quem vai preso.
O usuário branco, de classe média, é tratado como “dependente químico”.
O jovem negro da periferia é classificado como “traficante”.
O encarceramento destrói famílias, desestrutura comunidades e retira do mercado de trabalho milhares de pessoas — reduzindo a base produtiva e a arrecadação tributária.
O custo econômico da desigualdade se soma ao custo moral da injustiça.
O potencial da regulação tributada
Modelos de legalização e regulação mostram que é possível converter gasto em receita e violência em cidadania.
- Estados Unidos: arrecadaram mais de US$ 15 bilhões em impostos desde 2014 com a legalização da cannabis em diversos estados.
- Canadá: obteve cerca de 4 bilhões de dólares canadenses em cinco anos, com destinação obrigatória a saúde e educação.
- Uruguai: redireciona parte dos lucros da cannabis legal para campanhas de prevenção e programas sociais.
Projeções conservadoras indicam que o Brasil poderia arrecadar R$ 5 a 6 bilhões anuais com a regulação tributada da cannabis — o suficiente para cobrir os custos de todos os CAPS-AD (Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas) do país.
Mais do que dinheiro, trata-se de racionalidade fiscal e social: a receita gerada poderia financiar tratamento, pesquisa, prevenção, habitação e reinserção social, transformando um círculo vicioso de punição em ciclo virtuoso de investimento público.
Proibição versus regulação: o balanço fiscal e social
| Dimensão | Proibição | Regulação / Legalização |
|---|---|---|
| Tributação | Inexistente; mercado clandestino | Arrecadação tributária com destinação social |
| Custo público | Elevado: repressão, prisões, justiça | Reduzido: investimentos em saúde e educação |
| Violência | Alta; controle do crime organizado | Redução da criminalidade e do mercado ilegal |
| Desigualdade | Aumenta com encarceramento seletivo | Diminui com inclusão e prevenção |
| Transparência | Nula; economia subterrânea | Controle, fiscalização e rastreabilidade |
| Sustentabilidade | Déficit crônico | Superávit social e fiscal |
A engrenagem da exclusão
O proibicionismo é uma política fiscal regressiva: cobra caro dos pobres e poupa os ricos.
A elite consome drogas em segurança; os pobres pagam com a liberdade e, muitas vezes, com a vida.
O sistema penal virou instrumento de tributação perversa, em que o “imposto” é a prisão.
A regulação, ao contrário, cria condições para distribuir riqueza e justiça, taxando a produção e o consumo, e destinando parte dos recursos para quem mais sofreu com a proibição — as comunidades marginalizadas e os usuários criminalizados.
O preço da guerra e o valor da paz
A guerra às drogas é uma das políticas públicas mais onerosas e menos eficientes da história moderna.
Ela falhou em reduzir o consumo, fortaleceu o crime organizado, enriqueceu bancos e fabricantes de armas, e empobreceu sociedades inteiras.
A legalização regulada — com controle de qualidade, tributação e investimento em prevenção — é o caminho não apenas mais justo, mas também mais inteligente do ponto de vista econômico.
Ela transforma a repressão em cuidado, o gasto em receita, e o medo em cidadania.
A escolha é simples, mas decisiva: seguir pagando o preço da guerra ou começar a colher os frutos da razão.
Encerramento da série
Com este quinto texto, a Rede Estação Democracia (RED) conclui a série “A Guerra às Drogas: o preço da proibição”, que percorreu os caminhos da história, da política, da justiça, da saúde e da economia dessa que é uma das maiores contradições do mundo contemporâneo.
O debate não termina aqui — ele apenas começa a sair das sombras.
Ilustração da capa: O custo da proibição – Imagem gerada por IA ChatGPT
Leia também os artigos anteriores:
0. Série Especial: A Guerra às Drogas — o Preço da Proibição
1. Introdução: A guerra às drogas e o preço da proibição
2. O império da proibição: a gênese política da guerra às drogas
3. Cárcere e punição: os mínimos obrigatórios e o encarceramento em massa
4. Saúde e redução de danos: quando o cuidado substitui a punição




