Da REDAÇÃO
Morreu nesta sexta-feira, 5 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro, o cineasta e historiador Silvio Tendler, aos 75 anos, em decorrência de uma infecção generalizada. Internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, sua morte foi confirmada por sua filha, Ana Rosa Tendler.
Deixou uma filha, um neto, e um legado com mais de cem obras, além de inúmeros amigos, ex-alunos e admiradores. O velório será realizado no domingo, 7 de setembro de 2025, às 11h, no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro.
Trajetória e contribuição
Nascido no Rio de Janeiro em 12 de março de 1950, Tendler ingressou cedo no movimento cineclubista, chegando a presidir a Federação de Cineclubes do Rio em 1968. Seu primeiro documentário, sobre a Revolta da Chibata, foi feito naquele ano, mas acabou destruído pela ditadura.
Estudou História em Paris, cursando especialização em Cinema e História na Sorbonne e Documentário Aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet. Após retornar ao Brasil, em 1976 fundou a produtora Caliban Produções e, no ano seguinte, começou a lecionar Cinema e História na PUC-Rio, onde atuou por mais de 40 anos.
Reconhecido como “o cineasta dos sonhos interrompidos” ou “o cineasta dos vencidos”, Tendler dedicou sua obra a retratar figuras históricas cuja trajetória foi marcada por rupturas políticas — como Juscelino Kubitschek, João Goulart, Carlos Marighella, Castro Alves e Tancredo Neves.
Entre suas obras mais emblemáticas estão:
- Os Anos JK – Uma Trajetória Política (1980), relato de Juscelino Kubitschek que reuniu cerca de 800 mil espectadores;
- O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), que se tornou o documentário brasileiro mais visto da época, com 1,8 milhão de espectadores;
- Jango (1984), sobre João Goulart, parte da chamada “Trilogia Presidencial”, visto por mais de 1 milhão de espectadores;
- Tancredo: A Travessia (2011), terceira parte desta trilogia;
- Outros títulos notáveis incluem Glauber – O Filme, Labirinto do Brasil (2003), Encontro com Milton Santos: O Mundo Global Visto do Lado de Cá (2006), Utopia e Barbárie (2009), além da série Os Advogados contra a Ditadura (2014).
Apaixonado pelo cinema e pela história, Tendler buscou reviver memórias, questionar o presente e plantar sementes de justiça social. Suas obras, além de sucesso de público, são marcos na preservação da memória política brasileira.
Foto da capa: Silvio Tendler, cineasta – MST Divulgação
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