Por JEFERSON MIOLA*
Abundaram acusações à imprensa pelo vazamento de assuntos debatidos no encontro reservado dos presidentes Lula e Xi Jinping na residência oficial do líder chinês.
A origem do problema, no entanto, não é a imprensa, mas sim a fonte da mídia dentro do próprio governo, que pode ser um ministro de Estado, que vazou a informação com o objetivo de detonar Janja.
Claro que a mídia aproveitou a circunstância para o esporte machista predileto de atacar a primeira-dama e, de sobra, estigmatizar como autoritária a posição do Lula sobre a regulamentação das big techs.
Não se trata de tomar partido contra ou a favor da primeira-dama, em relação a quem, desde o início do atual mandato, circulam críticas, quase sempre veladas, e ditas à boca miúda, dentro e fora do governo, sobre a interferência indesejável dela em assuntos do governo.
Neste caso concreto, no entanto, é inclusive impróprio dar principalidade à discussão sobre o papel político da Janja no governo, se é que tem algum, porque a questão central é outra.
Como disse Lula, o ocorrido é “muito grave”; uma “deslealdade”. “Inadmissível que pessoas escolhidas a dedo por mim para ir ao jantar quebrem a minha confiança”, afirmou.
O problema central, portanto, é que alguma alta autoridade do governo, presumivelmente um ministro de Estado, usou a mídia para um ato de vilania política.
Quem fez isso atirou pensando em alvejar Janja, mas acabou dando um tiro no governo, porque a bala acabou atingindo Lula.
Uma atitude de alguém que, além de desleal, não tem coragem de tratar francamente com Lula seu mal-estar em relação a eventuais inconveniências da Janja; e, então, covardemente usa a imprensa para atacá-la.
É equivocado se vilanizar os veículos do grupo Globo por publicarem uma informação em off recebida de uma fonte governamental, pois nesse enredo o vilão é quem vazou a informação.
Não há absurdo no fato da jornalista do grupo Globo publicar o conteúdo recebido, uma vez confirmada a veracidade e o interesse público ou político de publicá-lo. Por que razão, no entanto, autoridades do governo têm obsessão em oferecer off’s e em dar a primazia de assuntos de interesse público aos veículos da Rede Globo, são outros quinhentos.
Não surpreende como o conteúdo foi explorado pelo conjunto da mídia, com sensacionalismo ideológico barato, como se o Brasil estivesse baixando uma cortina de censura sobre as big techs em aliança com o totalitarismo comunista da China.
O que este episódio tem de grave, mais além de qualquer outro juízo de valor, é o vazamento do encontro reservado entre os dois chefes de Estado de duas potências proeminentes da geopolítica mundial.
O vazamento é ainda mais grave porque quem vazou é alguém que deveria primar pelo mais alto nível de honestidade e lealdade a Lula e à imagem do Brasil no mundo.
Quem teve a “pachorra” de vazar para a imprensa, como Lula disse, deveria ser demitido, porque perdeu a confiança necessária para continuar no cargo.
Originalmente publicado em seu blog.
*Jeferson Miola é jornalista.
Foto de capa: Reprodução entrevista coletiva
Respostas de 3
Já pensaram que pode ter sido alguém da delegação chinesa? Por que não?
Excelente texto. Apenas uma crítica em forma de pergunta: Por que a maioria de artigos e/ou de comentários publicizados precisam sempre mostrar seu anticomunismo? Seriam suas contínuas e sistemáticas declarações anticomunistas uma condição básica para ser publicado? Seria um forma de mostrar sua lealdade ao liberalismo brasileiro que nunca admite qualquer raciocínio mais técnico, mais responsável, sobre o número crescente de desabrigados, desempregados, esfomeados? Talvez a RED pudesse aprofundar tais temas, tais obsessões, tais compromissos com a sociedade comandada pelo mercado…
NUNCA LI, OUVI, ASSISTI ALGUEM FRITAR A ESPISA DE UM CHEFE DE ESTADO.
ASSISTI INDIGNADA E ENVERGONHADA SENADORES DESRESPEITAREM.A MIN..MARINA. NAO SAIU UM.PEDIDO DE CASSACAO.
VANJA E AUTENTICA, INTELIGENTE E LEAL A LULA.
TEM QUE VIAJAR COM MAQUIADOR E RASPAR AS MOEDAS DO LAGO DO PALACIO DO PLANALTO?
ESTOS PERDIDIS!