O que é metanol e por que é tão perigoso
- O metanol é um álcool simples, líquido, incolor mas altamente tóxico.
- É usado industrialmente em solventes, plásticos, tintas, combustíveis e outros insumos químicos.
- No organismo humano, o metanol é metabolizado em substâncias muito tóxicas — como formaldeído e ácido fórmico — que atacam o sistema nervoso central e especialmente o nervo óptico.10 ml podem causar cegueira, e cerca de 30 ml podem ser fatais.
Diferença entre metanol e o “álcool comum” (etanol)
- O etanol, presente nas bebidas alcoólicas (como cerveja, vinho e destilados regulares), é metabolizado pelo corpo em ácido acético — que pode ser usado como fonte de energia, desde que em doses controladas.
- Já o metanol, ao ser processado por enzimas do fígado, passa a compostos tóxicos que prejudicam células, especialmente as dos olhos.
- Em bebidas adulteradas, o metanol pode ser misturado ao etanol. Como o corpo metaboliza primeiro o etanol, os sintomas por metanol podem levar horas a surgir.
Como o metanol pode aparecer em bebidas e outros produtos
- Em destilação de bebidas alcoólicas, o metanol evapora primeiro — parte chamada “cabeça” — que deve ser descartada. Se não for, pode contaminar o produto final. Também pode ocorrer a mistura proposital do metanol nas bebidas para aumentar a quantidade e obter maior lucro.
- Produtos domésticos também podem conter metanol: solventes, removedores de tinta, combustíveis de uso doméstico, produtos de limpeza, líquidos de radiador, entre outros, mas, se manejados da maneira correta, não apresentam riscos.
- Cervejas fermentadas não passam pelo processo de destilação, por isso o risco de metanol nelas é praticamente nulo. O risco maior está nos destilados, como cachaça, vodca e uísque.
Sintomas de intoxicação por metanol
Os sinais costumam surgir 6 a 24 horas após a ingestão, o que pode atrasar o diagnóstico. Inicialmente, podem ser confundidos com ressaca. Entre os sintomas iniciais:
- Náusea e vômito
- Dores abdominais
- Dor de cabeça, tontura, fraqueza
- Em casos mais graves: visão turva, dificuldade para enxergar, perda da visão
- Sintomas avançados: falta de ar, convulsões, confusão mental, queda de pressão, coma ou morte
A alteração visual é um alerta crítico, porque indica que o nervo óptico está sendo afetado.
Por que a intoxicação pode levar à cegueira
- O ácido fórmico formado no corpo impede as células do nervo óptico de produzir energia, levando à falência dessas células. Isso pode provocar inchaço ou pressão interna no nervo óptico, com graves danos à visão.
Existe um limite seguro de metanol em bebidas?
- Sim. A regulamentação vigente (Instrução Normativa MAPA nº 13/2005) estipula até 20 mg/100 ml de álcool anidro — ou cerca de 0,25 ml de metanol por 100 ml de destilado — como limite máximo permitido.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação
Se você notar sintomas como sonolência, tontura, visão dupla ou perda de visão de 6 a 24 horas após consumo de bebida alcoólica, procure imediatamente atendimento médico.
O tratamento é hospitalar e envolve:
- Administração de etanol intravenoso como antídoto — ele compete com o metanol no fígado e reduz a conversão em substâncias tóxicas.
- Hemodiálise, nos casos mais graves, para remover o metanol do sangue e corrigir a acidose.
- Uso de ácido folínico, que ajuda a eliminar metabólitos.
- Futuramente, está prevista a disponibilidade no Brasil do fomepizol, um antídoto específico que bloqueia a enzima que transforma metanol em produtos tóxicos.
Como se proteger contra intoxicação por metanol
- Evite consumir bebidas de procedência duvidosa ou artesanais fora dos padrões.
- Cuidado com promoções muito baratas ou locais que não conheça.
- Prefira marcas reconhecidas e fabricadas legalmente.
- Não confie em aparência, cor ou cheiro — o metanol não pode ser identificado visualmente.
- Armazene produtos domésticos que contenham metanol longe de alimentos e fora do alcance de crianças, seguindo rigorosamente as instruções de uso.
- Em caso de suspeita de produto adulterado, denuncie às autoridades sanitárias e órgãos de vigilância (Anvisa, centrais toxicológicas).
Imagem destacada: Pixabay




