Lula no NYT: democracia e soberania do Brasil são inegociáveis

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Da REDAÇÃO da RED sobre texto originalmente publicado no The New York Times

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou neste domingo (14/09/2025) um artigo de opinião no The New York Times, intitulado “Brazilian Democracy and Sovereignty Are Nonnegotiable” (“A democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis” em tradução livre), no qual rebate as medidas unilaterais do governo Donald Trump contra o Brasil. O texto busca estabelecer um diálogo direto com o presidente norte-americano Donald Trump, em meio à escalada de tensões bilaterais provocada pelas tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros.

Em tom firme, Lula afirma que está disposto ao diálogo, mas que não abrirá mão da soberania nacional nem da democracia, criticando as tentativas de Washington de usar pressões econômicas para influenciar a política interna brasileira. “As diferenças ideológicas não podem impedir governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns”, afirmou o presidente.


Os principais pontos do artigo

Diálogo e firmeza

Lula afirmou que sua experiência sindical e política sempre o ensinou a ouvir todos os lados:

“Ao longo de décadas de negociação, primeiro como líder sindical e depois como presidente, aprendi a ouvir todos os lados e a levar em conta todos os interesses em jogo. Por isso, examinei cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump para impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.”


Crítica ao neoliberalismo

Em um dos pontos mais contundentes, Lula lembrou a trajetória dos Estados Unidos na defesa do receituário neoliberal dos anos 1990 e destacou que o Brasil sempre alertou para seus efeitos nocivos:

“Quando, no passado, os Estados Unidos levantaram a bandeira do neoliberalismo, o Brasil alertou para seus efeitos nocivos. Ver a Casa Branca finalmente reconhecer os limites do chamado Consenso de Washington, uma prescrição política de proteção social mínima, liberalização comercial irrestrita e desregulamentação generalizada, dominante desde a década de 1990, justificou a posição brasileira.”


Tarifas de Trump: “remédio errado”

Ao comentar o tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, Lula reconheceu a legitimidade de preocupações com empregos nos EUA, mas considerou a medida equivocada e sem base econômica:

“A recuperação dos empregos americanos e a reindustrialização são motivações legítimas. (…) Mas recorrer a ações unilaterais contra Estados individuais é prescrever o remédio errado. O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico.”

Segundo ele, os EUA acumulam superávit de US$ 410 bilhões no comércio bilateral nos últimos 15 anos e têm a maior parte de suas exportações ao Brasil livres de tarifas.


Tentativa de golpe de 8 de janeiro

Lula também fez referência direta à condenação dos golpistas no Supremo Tribunal Federal e às tentativas de Donald Trump de instrumentalizar o caso em favor de Jair Bolsonaro:

“Tenho orgulho do Supremo Tribunal Federal (STF) por sua decisão histórica (…) As investigações revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente e a um ministro do STF. As autoridades também descobriram um projeto de decreto que teria efetivamente anulado os resultados das eleições de 2022.”


Regulação das big techs

Respondendo a críticas dos EUA sobre suposta censura digital, Lula rebateu de forma dura:

“Todas as plataformas digitais, nacionais ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar regulamentação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção de nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio.”


Amazônia e meio ambiente

O artigo também aborda a agenda ambiental e os avanços recentes no combate ao desmatamento:

“Nos últimos dois anos, reduzimos a taxa de desmatamento na Amazônia pela metade. (…) Mas a Amazônia ainda estará em perigo se outros países não fizerem a sua parte na redução das emissões de gases de efeito estufa.”


Mensagem final a Trump e ao mundo

Encerrando, Lula enviou um recado diplomático, mas assertivo:

“Quando os Estados Unidos viram as costas para uma relação de mais de 200 anos, como a que mantêm com o Brasil, todos perdem. Não há diferenças ideológicas que impeçam dois governos de trabalharem juntos em áreas nas quais têm objetivos comuns.”


O que significa este gesto diplomático

O artigo publicado em um dos jornais mais influentes do mundo é visto como um movimento altivo, mas pragmático. Lula tenta dialogar diretamente com a opinião pública americana e, ao mesmo tempo, sinalizar ao governo Trump que não cederá em pontos fundamentais da soberania brasileira.

Na prática, o texto busca isolar a narrativa trumpista de que as tarifas teriam justificativa econômica e recolocar a disputa no terreno político, expondo o caráter punitivo e de pressão externa que ameaça as instituições brasileiras.


Clique aqui para ler artigo original no The New York Times


Foto da capa: Presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Ricardo Stuckert/PR


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Uma resposta

  1. Parabéns Presidente Lula, por começar a arrancar a máscara desse imperialista manipulado por dinheiro!! Nunca fomos De Fato, uma Colônia dos EUA e eu prefiro estar morta se isso for acontecer!! Ainda bem que estou velha e doente!!

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