A nova líder do Psol na Câmara, Talíria Petrone (Psol-RJ), ficou bem impressionada com a condução do novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), na primeira reunião. Ele prometeu um tempo de maior organização, com as sessões começando no horário, a definição com antecedência da pauta e a publicação dos projetos em discussão. Nada do que fazia seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). Não foram raras as vezes em que as sessões foram começar já entrada a noite, sem definição prévia do que seria votado e com os deputados reclamando que não tinham tido acesso aos relatórios do projeto. Para um partido pequeno, que está na minoria, tornava muito difícil estabelecer qualquer tipo de estratégia.

À mercê

Ficava ali o Psol à mercê do que queria Arthur Lira combinado com os parlamentares do seu grupo. De fato, no primeiro dia de sessão nesta terça-feira (4), Hugo Motta chamou a sessão logo no início da tarde. “Esperamos que siga”, disse Talíria ao Correio Político.

Ações

Assim, ficaria o Psol e outros partidos menores com maior possibilidade de interferir de alguma forma no debate. “Nós também fazemos parte da ampla base do governo”, lembrou ela. Muitas vezes, observa, isso parece ser esquecido com a pressão do Centrão.

Evitar a anistia será principal pauta do Psol

Como prometido, Motta começou a sessão no horário | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Talíria Petrone avalia que o grande embate no Congresso entre esquerda e direita neste ano de 2025 será o avanço ou não do projeto que concede anistia aos responsáveis pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, e que se pretende estender para dar anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Precisamos garantir que a extrema-direita seja derrotada”, prega ela. Ao se eleger, Hugo Motta teve o apoio de 17 partidos, do PT ao PL – não teve o apoio do Psol, que lançou o Pastor Henrique Vieira (RJ). Certamente, é preciso atenção para o que ele eventualmente negociou. Motta já sinalizou que deixará a decisão de pautar para os líderes.

Discurso

Para Talíria, o discurso de Hugo Motta ao vencer a eleição deu sinalizações importantes, ao mencionar a palavra “democracia” 29 vezes e se espelhar em Ulysses Guimarães como exemplo. Embora seja um conservador, Talíria espera agora tempos de maior democracia.

Costumes

Hugo Motta disse também que não pretende dar prioridade à pauta de costumes, cara à direita mais extrema. “Espero que os pontos que não são mobilizadores da sociedade toda não sejam mesmo prioridade”, diz ela. “A sociedade está cansada dessa divisão”.

“Comer”

“O povo quer comer”, resume Talíria. “É importante que, nesse sentido, nós consigamos avançar nas promessas de campanha do presidente Lula de maior crescimento e igualdade social”. Para a líder do Psol, 2025, nesse sentido, deve ser “o ano de colher frutos”.

Lula

O Psol nasceu como dissidência do PT no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Durante bom tempo, fez oposição. Agora, faz parte do governo. “O Psol está vivo”, diz Talíria. Mas, segundo ela, nesse momento é projeto é apoiar Lula. “Precisamos dele em 2026”.

 

*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade

Publicado originalmente no Correio da Manhã

Foto de capa: Talíria espera condução menos autoritária com Motta | Foto: José Cruz/Agência Brasil

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